Entra técnico, sai técnico e ninguém sabe o que fazer com Neymar na seleção. Quando ele deixou no ar que poderia não jogar mais pelo Brasil após seu terceiro fracasso em Copas, no Catar, ano passado, não houve qualquer tipo de suplica pela sua permanência, ninguém cobrou o jogador e a vida na seleção brasileira seguia normalmente com Ramon até a chegada de Fernando Diniz.
Protocolar, Diniz disse ter tido uma “boa conversa” com Neymar e que “sentiu” nele vontade e muita disposição de continuar no grupo até 2026.
Mas não foi isso que o jogador mostrou na partida contra a Venezuela, a antes também, pelas sem graça e cada vez mais fraca Eliminatórias Sul-Americanas. Tanto não foi que Neymar levou um saco de pipoca na cabeça. Não há nada mais humilhante simbolicamente no futebol do que pipoca na cabeça. Era uma pipoca para Neymar e para o time todo, para as atuações individuais e coletivas, para a preguiça de correr em campo e para as reclamações do atacante sem ritmo.
Neymar virou um ‘mico’ na seleção brasileira. O problema é que ninguém sabe o que fazer com ele aos 31 anos e, como disse Diniz, cheio de energia para disputar a próxima Copa.
Nesta terça-feira, o Brasil visita o Uruguai em Montevidéu para o segundo confronto desta Data Fifa. Ganhar ou perder, empatar que seja, não tira da seleção sua condição de ‘quase classificada’ para 2026, uma vez que, agora, com 48 bandeiras na competição, os dez países da América do Sul têm direito a seis vagas diretas e mais uma sétima para a repescagem. O Brasil nunca ficou fora de uma Copa do Mundo, portanto, com ou sem Neymar, isso não vai acontecer.
A seleção brasileira não precisa de Neymar. Sua escolha em jogar na Arábia Saudita também já começa a demonstrar um Neymar mais lento, menos inventivo e sem a mesma competitividade de tempos atrás. Isso nada tem a ver com os seus 31 anos nas costas.Neymar foi bom para a seleção. Não é mais. Sua individualidade, acrescida de sua influência (negativa) para os outros jogadores, faz do elenco e da comissão técnica reféns de suas manhas e caprichos.
Nem mesmo a CBF se dispõe a mexer nesse vespeiro, repassando a tarefa para os treinadores. Tite não conseguiu, Ramon não precisou (o jogador estava machucado) e Fernando Diniz dá pinta de que já caiu na lábia do moço.
No passado, a seleção era bombardeada por agentes e empresários tentando arrumar uma camisa para seus clientes atletas. Os hotéis onde a delegação ficava eram verdadeiros ‘balcões de negócios’. Agora, esses agentes deram lugar aos promoters, que passam o período organizando festas a pedido e para os jogadores após as partidas nas cidades onde estão, ganhando ou perdendo o jogo. E sempre em nome do ‘dia de folga’.