Dois anos, um mês, 27 dias e 7.996 km separam as duas maiores estrelas da ginástica artística mundial da atualidade. A americana Simone Biles e a brasileira Rebeca Andrade são as duas referências na modalidade e dividem a atenção e as medalhas nas últimas competições. Nesta sexta-feira, dia 6, elas entram como favoritas para a conquista do ouro no individual geral no Mundial da Bélgica e tentarão mostrar, a cada movimento, que podem ser ainda melhores.
“As duas são muito talentosas e reúnem as características que a ginástica pede. A diferença da Biles são as inovações. A quantidade de elementos novos com o nome dela faz com que o mundo olhe mais para ela. Esse campeonato é praticamente o primeiro que as duas vão estar realmente se enfrentando em boas condições, fisicamente, mentalmente e prontas”, comentou Andrea João, comentarista de ginástica na CazéTV e professora universitária.
O Mundial de ginástica artística de 2023 é a quarta vez na carreira em que Simone Biles e Rebeca Andrade disputam a mesma competição. Antes, seja pela diferença de idade, lesões ou período fora dos torneios, sempre uma das ginastas não esteve presente. Nas classificatórias para a final do individual geral, Simone Biles mostrou que o período longe do esporte só lhe fez bem.
Com um total de 58.865, a americana avançou em primeiro lugar com quase dois pontos de vantagem para a segunda colocada, Shilese Jones, também dos Estados Unidos. Rebeca cometeu alguns erros, principalmente em sua apresentação nas barras, e se classificou para a final do individual geral com o quarto lugar. Sua pontuação foi de 56.599.
“Para a final, a Biles leva vantagem em relação às notas de dificuldade de suas apresentações e saltos contra a Rebeca e por causa dos exercícios arriscados que ela faz. Para superar a atleta americana, Rebeca terá de fazer uma competição quase que perfeita e aproveitar os vacilos da rival. Acho que o salto e o solo da Simone são um pouco melhor do que o da Rebeca. Na trave, temos de aguarda para ver o desempenho no dia. Nos demais aparelhos, elas são equiparadas”, entende Andrea.
Trajetória até 2023
Simone Biles chamou a atenção do planeta no Mundial de 2013, disputado na Bélgica também. Na ocasião, a ginasta americana aproveitou uma competição sem as grandes estrelas da época e conquistou seus primeiros dois títulos mundiais. A partir de então, ela caminhou e se consolidou como a grande estrela da modalidade. Com 25 medalhas em Mundiais, sendo 19 de ouro, a atleta dos Estados Unidos se tornou padrão de excelência no esporte.
Simone Biles comenta sobre seu retorno às competições
Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, Simone Biles chocou o mundo com a sua decisão de não competir. Depois de sete medalhas em 2016, sendo quatro delas de ouro, a americana preferiu priorizar sua saúde mental e abriu mão das provas no Japão. Sem a maior estrela, Rebeca Andrade aproveitou para se colocar definitivamente entre as melhores. Com um ouro e uma prata, a ginasta brasileira se tornou a primeira atleta mulher do País a sair de uma Olimpíada com mais de uma medalha.
Nos Mundiais seguintes, Rebeca Andrade aproveitou o momento olímpico. Com quatro medalhas, sendo duas de ouro, uma de prata e uma de bronze, nas edições de 2021 e 2022, a brasileira se credenciou como a atleta mais vitoriosa no período sem Simone Biles na ginástica artística.
Rebeca Andrade após se destacar na ginástica
“O mundo passou a ver a Rebeca em Tóquio. A Rebeca aproveitou a oportunidade no Japão e mostrou o que conseguia fazer. A Biles é dois anos mais velha e “apareceu” antes. Enquanto a Rebeca chegou para a Olimpíada do Rio, em 2016, começando ainda, a Biles era a favorita para quase tudo e ganhou quase tudo lá. A primeira grande competição que as duas estariam em pé de igualdade seria a Olimpíada de Tóquio e nós sabemos o que aconteceu com a americana”, disse Andrea João.
Mais encontros nas finais
Além da final do individual geral, Simone Biles e Rebeca Andrade se enfrentaram na final por equipes nesta quarta-feira, quando Simone Biles liberou os Estados Unidos ao ouro. O Brasil conquistou uma inédita prata. Além disso, a brasileira vai buscar o pódio no solo, no salto e na trave. Já a americana disputa as decisões do salto, solo, trave e barras assimétricas.
As finais do Mundial de Ginástica terão transmissão ao vivo nos canais SporTV 3, Canal Olímpico do Brasil e Cazé TV.