Presidente do COB promete reunião com skatistas para acalmar ânimos em meio a briga política


Exclusão da CBSk do quadro de federação internacional preocupa nomes de peso do esporte, mas Paulo Wanderley afirma ao ‘Estadão’ que não deixará preparação para Paris-2024 ser prejudicada

Por Bruno Accorsi
Atualização:

A Confederação Brasileira de Skate (CBSk) perdeu, na última quarta-feira, sua filiação à World Skate (WS), federação internacional reguladora do esporte no âmbito olímpico, por causa de uma briga política, e a situação despertou insegurança em muitos skatistas. Há o temor de que a preparação olímpica seja prejudicada e o receio de que o esporte seja gerido por pessoas de fora da cultura do skateboarding, mas o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Paulo Wanderley, afirma que não haverá prejuízo esportivo e está planejando uma reunião para tranquilizar os atletas.

Com a desfiliação da CBSk, a World Skate escolheu o COB como gestor do skate brasileiro até o final dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Depois disso, a ideia da federação internacional é que seja criada uma nova entidade a partir da Confederação Brasileira de Hóquei e Patins (CBHP), incluindo também o skate. É assim que funciona a própria WS, representante global das três modalidades. A parte da transformação não passa pelo COB, que vai atuar como um gestor independente e provisório, por isso espera conseguir apaziguar a situação.

“Essa defesa é natural e compreensível. Qualquer um de qualquer modalidade faria o mesmo”, disse Wanderley em entrevista exclusiva ao Estadão. “Talvez se tivessem mais entendimento do que se passa, os direitos de cada entidade, como funciona a estrutura, o que na verdade também não é problema dos atletas que têm de cuidar de treinamento, resultados. Se tivessem esse conhecimento, talvez estivessem mais calmos. Estamos prevendo uma reunião com os atletas em preparação olímpica, na próxima semana. Talvez os ânimos se acalmem. Não estou querendo tirar o pensamento de ninguém, o envolvimento que eles têm com a sua modalidade, até porque não vai mudar. Acho que caminha-se para um entendimento.”

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Paulo Wanderley é o presidente do Comitê Olímpico do Brasil. Foto: Alex Ferro/COB

Alguns dos principais skatistas do Brasil se manifestaram em apoio à CBSk, como já vinham fazendo anteriormente, quando a entidade brigava contra uma fusão com a CBHP imposta pela WS, que passou a exigir apenas uma representação de cada país em seu quadro. A recusa de se juntar à entidade de hóquei e patins foi um dos motivos da desfiliação, ápice da briga política entre as entidades.

Gabi Mazetto, que não foi aos Jogos de Tóquio, em 2021, porque teve de abandonar a corrida olímpica ao engravidar da filha Liz, foi uma das primeiras a se pronunciar. “Essa decisão injusta e não democrática abala meu preparo psicológico, técnico e físico para os Jogos Olímpicos. Durante a gravidez e hoje durante este processo da lesão, a equipe da CBSK sempre esteve presente, poderiam ter desacreditado em mim, mas eles me apoiaram e deram todo o suporte preciso. Sinto uma tristeza profunda ao ter que representar uma federação que nunca fez algo pelo skate, eu me mantenho leal ao skateboarding”, escreveu no Instagram.

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Medalhista de prata olímpico no park, Pedro Barros também defendeu a CBSk. Em nota, citou a entidade como responsável por tirar o skate da condição de “modalidade negligenciada e marginalizada” no País e criticou a exigência de fusão com a CBHP, dizendo que seria como o basquete começar a ser representado pela federação de vôlei.

“Existe uma cultura ligada a essas duas modalidades, e não seria justo com a comunidade do basquete, ou com a comunidade do vôlei, tratá-las da mesma maneira. Do mesmo jeito que não é justo fazer isso com o skate, ou qualquer outra modalidade que se sinta invadida ou não representada. No meu ponto de vista, a forma como isso tudo vem sendo conduzido é extremamente confuso, falta diálogo e não me parece nem razoável e nem democrático”, escreveu

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COB monta força-tarefa

A exigência de fusão partiu da World Skate, baseada nos estatutos da entidade, e não teve apoio ou objeção do COB, que se manteve neutro e seguiu a determinação da federação internacional quando notificado, postura respaldada pela Carta Olímpica, segundo Paulo Wanderley.

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“Não temos poder de intervir, de pedir, de nada… é internacional. Não há discussão, o assunto foi resolvido entre eles. Aí sim, o que é competência nossa: proteger a modalidade e os atletas. É isso que o Comitê Olímpico se propõe a fazer - e já fez em outras situações, não igual, mas em circunstâncias semelhantes, que não poderia, por exemplo, receber recurso. O Comitê abraça a modalidade e continua com a sua preparação, eventos, normal, e é exatamente isso que o COB irá fazer com a modalidade, por sugestão da própria federação internacional”, disse o dirigente.

Para dar continuidade à preparação olímpica dos skatistas, além da reunião prevista para a próxima semana, o COB já definiu uma estrutura administrativa para auxiliar os atletas. Além dos supervisores da modalidade que faziam o ponto focal do Comitê com a CBSK, haverá um cargo de gestão ocupado por Tatiana Lobo, que exerceu diversos cargos diretivos dentro da própria CBSk.

“Nós estamos em negociação com uma ex-funcionária da confederação, que já está quase tudo definido, que será contratada pelo COB. Uma pessoa que é da modalidade, vivenciou a modalidade, tem trânsito com os atletas, com os treinadores. Ela será nossa gestora nesses assuntos, que é a Tatiana Lobo. Não queremos problema de relacionamento em relação a técnico, a atleta, da nossa parte. Estamos oferecendo, não muda nada”, explicou Paulo Wanderley.

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O COB, presidido por Paulo Wanderley, vai montar uma força-tarefa para solucionar problemas envolvendo o skate. Foto: Alex Ferro/COB

O presidente garante que a entidade manterá a neutralidade frente a possíveis novos desdobramentos. Em caso de uma reviravolta que devolva à CBSk o direito de ser representante brasileira junto à World Skate, Wanderley promete tratar a decisão como tratou a notificação da última quarta-feira.

“Isso é um problema da entidade internacional, não temos poder para dizer o que eles têm de fazer. O vínculo conosco é obedecer nosso estatuto, o resto é problema deles. Com relação a procurarem outros mecanismos, é direito pleno de qualquer um que se sentir prejudicado. Se é que eles vão entrar na Justiça internacional, enfim, o que for decidido, cumpra-se. Não tem nenhum problema. Chega aqui a liminar, a determinação… é legal, está aprovado? Cumpra-se. Obedecemos o que está preconizado na lei. Principalmente quando se trata de desenvolvimento olímpico, o que diz a Carta Olímpica”, afirmou.

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O Comitê Olímpico do Brasil também diz que não deixará faltar aporte financeiro ao skate nesta reta final de preparação e que repassará normalmente à modalidade os valores necessários por meio Programa de Preparação Olímpica (PPO), que tem R$ 44,6 milhões para distribuir em ações de apoio aos atletas de todas as modalidades em preparação para Paris-2024.

Em paralelo à preparação olímpica dos skatistas comandada pelo COB e à insatisfação da CBSk, a Confederação Brasileira de Hóquei e Patins (CBHp) está se organizando para agregar o skate e se tornar em uma “federação guarda-chuva”, com autonomia técnica, financeira e administrativa, conforme determinado pela WS. Até abril, tem de se provar em condições de montar a nova estrutura. O COB não participará desta transformação, mas não vê problema neste formato, apesar das diferenças de culturas das modalidades apontadas pelos atletas do skate.

“Eles se constituem, fazem suas normatizações e vêm solicitar a filiação ao COB, vai ter que ser feita uma nova filiação. Vai ser solicitado que eles apresentem registro de aceitação internacional, trâmites internos. Essa Confederação já é um membro vinculado, porque faz parte do programa pan-americano, com várias modalidades. Agora, a mesma entidade dirigir várias modalidades não é novidade no movimento olímpico, você tem a Confederação de Desportos Aquáticos. Ciclismo, por exemplo, tem modalidades que são olímpicas e que não. Muita gente não tem esse entendimento, acha que cada modalidade tem de ter uma confederação, mas não”, disse Paulo Wanderley.

A Confederação Brasileira de Skate (CBSk) perdeu, na última quarta-feira, sua filiação à World Skate (WS), federação internacional reguladora do esporte no âmbito olímpico, por causa de uma briga política, e a situação despertou insegurança em muitos skatistas. Há o temor de que a preparação olímpica seja prejudicada e o receio de que o esporte seja gerido por pessoas de fora da cultura do skateboarding, mas o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Paulo Wanderley, afirma que não haverá prejuízo esportivo e está planejando uma reunião para tranquilizar os atletas.

Com a desfiliação da CBSk, a World Skate escolheu o COB como gestor do skate brasileiro até o final dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Depois disso, a ideia da federação internacional é que seja criada uma nova entidade a partir da Confederação Brasileira de Hóquei e Patins (CBHP), incluindo também o skate. É assim que funciona a própria WS, representante global das três modalidades. A parte da transformação não passa pelo COB, que vai atuar como um gestor independente e provisório, por isso espera conseguir apaziguar a situação.

“Essa defesa é natural e compreensível. Qualquer um de qualquer modalidade faria o mesmo”, disse Wanderley em entrevista exclusiva ao Estadão. “Talvez se tivessem mais entendimento do que se passa, os direitos de cada entidade, como funciona a estrutura, o que na verdade também não é problema dos atletas que têm de cuidar de treinamento, resultados. Se tivessem esse conhecimento, talvez estivessem mais calmos. Estamos prevendo uma reunião com os atletas em preparação olímpica, na próxima semana. Talvez os ânimos se acalmem. Não estou querendo tirar o pensamento de ninguém, o envolvimento que eles têm com a sua modalidade, até porque não vai mudar. Acho que caminha-se para um entendimento.”

Paulo Wanderley é o presidente do Comitê Olímpico do Brasil. Foto: Alex Ferro/COB

Alguns dos principais skatistas do Brasil se manifestaram em apoio à CBSk, como já vinham fazendo anteriormente, quando a entidade brigava contra uma fusão com a CBHP imposta pela WS, que passou a exigir apenas uma representação de cada país em seu quadro. A recusa de se juntar à entidade de hóquei e patins foi um dos motivos da desfiliação, ápice da briga política entre as entidades.

Gabi Mazetto, que não foi aos Jogos de Tóquio, em 2021, porque teve de abandonar a corrida olímpica ao engravidar da filha Liz, foi uma das primeiras a se pronunciar. “Essa decisão injusta e não democrática abala meu preparo psicológico, técnico e físico para os Jogos Olímpicos. Durante a gravidez e hoje durante este processo da lesão, a equipe da CBSK sempre esteve presente, poderiam ter desacreditado em mim, mas eles me apoiaram e deram todo o suporte preciso. Sinto uma tristeza profunda ao ter que representar uma federação que nunca fez algo pelo skate, eu me mantenho leal ao skateboarding”, escreveu no Instagram.

Medalhista de prata olímpico no park, Pedro Barros também defendeu a CBSk. Em nota, citou a entidade como responsável por tirar o skate da condição de “modalidade negligenciada e marginalizada” no País e criticou a exigência de fusão com a CBHP, dizendo que seria como o basquete começar a ser representado pela federação de vôlei.

“Existe uma cultura ligada a essas duas modalidades, e não seria justo com a comunidade do basquete, ou com a comunidade do vôlei, tratá-las da mesma maneira. Do mesmo jeito que não é justo fazer isso com o skate, ou qualquer outra modalidade que se sinta invadida ou não representada. No meu ponto de vista, a forma como isso tudo vem sendo conduzido é extremamente confuso, falta diálogo e não me parece nem razoável e nem democrático”, escreveu

COB monta força-tarefa

A exigência de fusão partiu da World Skate, baseada nos estatutos da entidade, e não teve apoio ou objeção do COB, que se manteve neutro e seguiu a determinação da federação internacional quando notificado, postura respaldada pela Carta Olímpica, segundo Paulo Wanderley.

“Não temos poder de intervir, de pedir, de nada… é internacional. Não há discussão, o assunto foi resolvido entre eles. Aí sim, o que é competência nossa: proteger a modalidade e os atletas. É isso que o Comitê Olímpico se propõe a fazer - e já fez em outras situações, não igual, mas em circunstâncias semelhantes, que não poderia, por exemplo, receber recurso. O Comitê abraça a modalidade e continua com a sua preparação, eventos, normal, e é exatamente isso que o COB irá fazer com a modalidade, por sugestão da própria federação internacional”, disse o dirigente.

Para dar continuidade à preparação olímpica dos skatistas, além da reunião prevista para a próxima semana, o COB já definiu uma estrutura administrativa para auxiliar os atletas. Além dos supervisores da modalidade que faziam o ponto focal do Comitê com a CBSK, haverá um cargo de gestão ocupado por Tatiana Lobo, que exerceu diversos cargos diretivos dentro da própria CBSk.

“Nós estamos em negociação com uma ex-funcionária da confederação, que já está quase tudo definido, que será contratada pelo COB. Uma pessoa que é da modalidade, vivenciou a modalidade, tem trânsito com os atletas, com os treinadores. Ela será nossa gestora nesses assuntos, que é a Tatiana Lobo. Não queremos problema de relacionamento em relação a técnico, a atleta, da nossa parte. Estamos oferecendo, não muda nada”, explicou Paulo Wanderley.

O COB, presidido por Paulo Wanderley, vai montar uma força-tarefa para solucionar problemas envolvendo o skate. Foto: Alex Ferro/COB

O presidente garante que a entidade manterá a neutralidade frente a possíveis novos desdobramentos. Em caso de uma reviravolta que devolva à CBSk o direito de ser representante brasileira junto à World Skate, Wanderley promete tratar a decisão como tratou a notificação da última quarta-feira.

“Isso é um problema da entidade internacional, não temos poder para dizer o que eles têm de fazer. O vínculo conosco é obedecer nosso estatuto, o resto é problema deles. Com relação a procurarem outros mecanismos, é direito pleno de qualquer um que se sentir prejudicado. Se é que eles vão entrar na Justiça internacional, enfim, o que for decidido, cumpra-se. Não tem nenhum problema. Chega aqui a liminar, a determinação… é legal, está aprovado? Cumpra-se. Obedecemos o que está preconizado na lei. Principalmente quando se trata de desenvolvimento olímpico, o que diz a Carta Olímpica”, afirmou.

O Comitê Olímpico do Brasil também diz que não deixará faltar aporte financeiro ao skate nesta reta final de preparação e que repassará normalmente à modalidade os valores necessários por meio Programa de Preparação Olímpica (PPO), que tem R$ 44,6 milhões para distribuir em ações de apoio aos atletas de todas as modalidades em preparação para Paris-2024.

Em paralelo à preparação olímpica dos skatistas comandada pelo COB e à insatisfação da CBSk, a Confederação Brasileira de Hóquei e Patins (CBHp) está se organizando para agregar o skate e se tornar em uma “federação guarda-chuva”, com autonomia técnica, financeira e administrativa, conforme determinado pela WS. Até abril, tem de se provar em condições de montar a nova estrutura. O COB não participará desta transformação, mas não vê problema neste formato, apesar das diferenças de culturas das modalidades apontadas pelos atletas do skate.

“Eles se constituem, fazem suas normatizações e vêm solicitar a filiação ao COB, vai ter que ser feita uma nova filiação. Vai ser solicitado que eles apresentem registro de aceitação internacional, trâmites internos. Essa Confederação já é um membro vinculado, porque faz parte do programa pan-americano, com várias modalidades. Agora, a mesma entidade dirigir várias modalidades não é novidade no movimento olímpico, você tem a Confederação de Desportos Aquáticos. Ciclismo, por exemplo, tem modalidades que são olímpicas e que não. Muita gente não tem esse entendimento, acha que cada modalidade tem de ter uma confederação, mas não”, disse Paulo Wanderley.

A Confederação Brasileira de Skate (CBSk) perdeu, na última quarta-feira, sua filiação à World Skate (WS), federação internacional reguladora do esporte no âmbito olímpico, por causa de uma briga política, e a situação despertou insegurança em muitos skatistas. Há o temor de que a preparação olímpica seja prejudicada e o receio de que o esporte seja gerido por pessoas de fora da cultura do skateboarding, mas o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Paulo Wanderley, afirma que não haverá prejuízo esportivo e está planejando uma reunião para tranquilizar os atletas.

Com a desfiliação da CBSk, a World Skate escolheu o COB como gestor do skate brasileiro até o final dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Depois disso, a ideia da federação internacional é que seja criada uma nova entidade a partir da Confederação Brasileira de Hóquei e Patins (CBHP), incluindo também o skate. É assim que funciona a própria WS, representante global das três modalidades. A parte da transformação não passa pelo COB, que vai atuar como um gestor independente e provisório, por isso espera conseguir apaziguar a situação.

“Essa defesa é natural e compreensível. Qualquer um de qualquer modalidade faria o mesmo”, disse Wanderley em entrevista exclusiva ao Estadão. “Talvez se tivessem mais entendimento do que se passa, os direitos de cada entidade, como funciona a estrutura, o que na verdade também não é problema dos atletas que têm de cuidar de treinamento, resultados. Se tivessem esse conhecimento, talvez estivessem mais calmos. Estamos prevendo uma reunião com os atletas em preparação olímpica, na próxima semana. Talvez os ânimos se acalmem. Não estou querendo tirar o pensamento de ninguém, o envolvimento que eles têm com a sua modalidade, até porque não vai mudar. Acho que caminha-se para um entendimento.”

Paulo Wanderley é o presidente do Comitê Olímpico do Brasil. Foto: Alex Ferro/COB

Alguns dos principais skatistas do Brasil se manifestaram em apoio à CBSk, como já vinham fazendo anteriormente, quando a entidade brigava contra uma fusão com a CBHP imposta pela WS, que passou a exigir apenas uma representação de cada país em seu quadro. A recusa de se juntar à entidade de hóquei e patins foi um dos motivos da desfiliação, ápice da briga política entre as entidades.

Gabi Mazetto, que não foi aos Jogos de Tóquio, em 2021, porque teve de abandonar a corrida olímpica ao engravidar da filha Liz, foi uma das primeiras a se pronunciar. “Essa decisão injusta e não democrática abala meu preparo psicológico, técnico e físico para os Jogos Olímpicos. Durante a gravidez e hoje durante este processo da lesão, a equipe da CBSK sempre esteve presente, poderiam ter desacreditado em mim, mas eles me apoiaram e deram todo o suporte preciso. Sinto uma tristeza profunda ao ter que representar uma federação que nunca fez algo pelo skate, eu me mantenho leal ao skateboarding”, escreveu no Instagram.

Medalhista de prata olímpico no park, Pedro Barros também defendeu a CBSk. Em nota, citou a entidade como responsável por tirar o skate da condição de “modalidade negligenciada e marginalizada” no País e criticou a exigência de fusão com a CBHP, dizendo que seria como o basquete começar a ser representado pela federação de vôlei.

“Existe uma cultura ligada a essas duas modalidades, e não seria justo com a comunidade do basquete, ou com a comunidade do vôlei, tratá-las da mesma maneira. Do mesmo jeito que não é justo fazer isso com o skate, ou qualquer outra modalidade que se sinta invadida ou não representada. No meu ponto de vista, a forma como isso tudo vem sendo conduzido é extremamente confuso, falta diálogo e não me parece nem razoável e nem democrático”, escreveu

COB monta força-tarefa

A exigência de fusão partiu da World Skate, baseada nos estatutos da entidade, e não teve apoio ou objeção do COB, que se manteve neutro e seguiu a determinação da federação internacional quando notificado, postura respaldada pela Carta Olímpica, segundo Paulo Wanderley.

“Não temos poder de intervir, de pedir, de nada… é internacional. Não há discussão, o assunto foi resolvido entre eles. Aí sim, o que é competência nossa: proteger a modalidade e os atletas. É isso que o Comitê Olímpico se propõe a fazer - e já fez em outras situações, não igual, mas em circunstâncias semelhantes, que não poderia, por exemplo, receber recurso. O Comitê abraça a modalidade e continua com a sua preparação, eventos, normal, e é exatamente isso que o COB irá fazer com a modalidade, por sugestão da própria federação internacional”, disse o dirigente.

Para dar continuidade à preparação olímpica dos skatistas, além da reunião prevista para a próxima semana, o COB já definiu uma estrutura administrativa para auxiliar os atletas. Além dos supervisores da modalidade que faziam o ponto focal do Comitê com a CBSK, haverá um cargo de gestão ocupado por Tatiana Lobo, que exerceu diversos cargos diretivos dentro da própria CBSk.

“Nós estamos em negociação com uma ex-funcionária da confederação, que já está quase tudo definido, que será contratada pelo COB. Uma pessoa que é da modalidade, vivenciou a modalidade, tem trânsito com os atletas, com os treinadores. Ela será nossa gestora nesses assuntos, que é a Tatiana Lobo. Não queremos problema de relacionamento em relação a técnico, a atleta, da nossa parte. Estamos oferecendo, não muda nada”, explicou Paulo Wanderley.

O COB, presidido por Paulo Wanderley, vai montar uma força-tarefa para solucionar problemas envolvendo o skate. Foto: Alex Ferro/COB

O presidente garante que a entidade manterá a neutralidade frente a possíveis novos desdobramentos. Em caso de uma reviravolta que devolva à CBSk o direito de ser representante brasileira junto à World Skate, Wanderley promete tratar a decisão como tratou a notificação da última quarta-feira.

“Isso é um problema da entidade internacional, não temos poder para dizer o que eles têm de fazer. O vínculo conosco é obedecer nosso estatuto, o resto é problema deles. Com relação a procurarem outros mecanismos, é direito pleno de qualquer um que se sentir prejudicado. Se é que eles vão entrar na Justiça internacional, enfim, o que for decidido, cumpra-se. Não tem nenhum problema. Chega aqui a liminar, a determinação… é legal, está aprovado? Cumpra-se. Obedecemos o que está preconizado na lei. Principalmente quando se trata de desenvolvimento olímpico, o que diz a Carta Olímpica”, afirmou.

O Comitê Olímpico do Brasil também diz que não deixará faltar aporte financeiro ao skate nesta reta final de preparação e que repassará normalmente à modalidade os valores necessários por meio Programa de Preparação Olímpica (PPO), que tem R$ 44,6 milhões para distribuir em ações de apoio aos atletas de todas as modalidades em preparação para Paris-2024.

Em paralelo à preparação olímpica dos skatistas comandada pelo COB e à insatisfação da CBSk, a Confederação Brasileira de Hóquei e Patins (CBHp) está se organizando para agregar o skate e se tornar em uma “federação guarda-chuva”, com autonomia técnica, financeira e administrativa, conforme determinado pela WS. Até abril, tem de se provar em condições de montar a nova estrutura. O COB não participará desta transformação, mas não vê problema neste formato, apesar das diferenças de culturas das modalidades apontadas pelos atletas do skate.

“Eles se constituem, fazem suas normatizações e vêm solicitar a filiação ao COB, vai ter que ser feita uma nova filiação. Vai ser solicitado que eles apresentem registro de aceitação internacional, trâmites internos. Essa Confederação já é um membro vinculado, porque faz parte do programa pan-americano, com várias modalidades. Agora, a mesma entidade dirigir várias modalidades não é novidade no movimento olímpico, você tem a Confederação de Desportos Aquáticos. Ciclismo, por exemplo, tem modalidades que são olímpicas e que não. Muita gente não tem esse entendimento, acha que cada modalidade tem de ter uma confederação, mas não”, disse Paulo Wanderley.

A Confederação Brasileira de Skate (CBSk) perdeu, na última quarta-feira, sua filiação à World Skate (WS), federação internacional reguladora do esporte no âmbito olímpico, por causa de uma briga política, e a situação despertou insegurança em muitos skatistas. Há o temor de que a preparação olímpica seja prejudicada e o receio de que o esporte seja gerido por pessoas de fora da cultura do skateboarding, mas o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Paulo Wanderley, afirma que não haverá prejuízo esportivo e está planejando uma reunião para tranquilizar os atletas.

Com a desfiliação da CBSk, a World Skate escolheu o COB como gestor do skate brasileiro até o final dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Depois disso, a ideia da federação internacional é que seja criada uma nova entidade a partir da Confederação Brasileira de Hóquei e Patins (CBHP), incluindo também o skate. É assim que funciona a própria WS, representante global das três modalidades. A parte da transformação não passa pelo COB, que vai atuar como um gestor independente e provisório, por isso espera conseguir apaziguar a situação.

“Essa defesa é natural e compreensível. Qualquer um de qualquer modalidade faria o mesmo”, disse Wanderley em entrevista exclusiva ao Estadão. “Talvez se tivessem mais entendimento do que se passa, os direitos de cada entidade, como funciona a estrutura, o que na verdade também não é problema dos atletas que têm de cuidar de treinamento, resultados. Se tivessem esse conhecimento, talvez estivessem mais calmos. Estamos prevendo uma reunião com os atletas em preparação olímpica, na próxima semana. Talvez os ânimos se acalmem. Não estou querendo tirar o pensamento de ninguém, o envolvimento que eles têm com a sua modalidade, até porque não vai mudar. Acho que caminha-se para um entendimento.”

Paulo Wanderley é o presidente do Comitê Olímpico do Brasil. Foto: Alex Ferro/COB

Alguns dos principais skatistas do Brasil se manifestaram em apoio à CBSk, como já vinham fazendo anteriormente, quando a entidade brigava contra uma fusão com a CBHP imposta pela WS, que passou a exigir apenas uma representação de cada país em seu quadro. A recusa de se juntar à entidade de hóquei e patins foi um dos motivos da desfiliação, ápice da briga política entre as entidades.

Gabi Mazetto, que não foi aos Jogos de Tóquio, em 2021, porque teve de abandonar a corrida olímpica ao engravidar da filha Liz, foi uma das primeiras a se pronunciar. “Essa decisão injusta e não democrática abala meu preparo psicológico, técnico e físico para os Jogos Olímpicos. Durante a gravidez e hoje durante este processo da lesão, a equipe da CBSK sempre esteve presente, poderiam ter desacreditado em mim, mas eles me apoiaram e deram todo o suporte preciso. Sinto uma tristeza profunda ao ter que representar uma federação que nunca fez algo pelo skate, eu me mantenho leal ao skateboarding”, escreveu no Instagram.

Medalhista de prata olímpico no park, Pedro Barros também defendeu a CBSk. Em nota, citou a entidade como responsável por tirar o skate da condição de “modalidade negligenciada e marginalizada” no País e criticou a exigência de fusão com a CBHP, dizendo que seria como o basquete começar a ser representado pela federação de vôlei.

“Existe uma cultura ligada a essas duas modalidades, e não seria justo com a comunidade do basquete, ou com a comunidade do vôlei, tratá-las da mesma maneira. Do mesmo jeito que não é justo fazer isso com o skate, ou qualquer outra modalidade que se sinta invadida ou não representada. No meu ponto de vista, a forma como isso tudo vem sendo conduzido é extremamente confuso, falta diálogo e não me parece nem razoável e nem democrático”, escreveu

COB monta força-tarefa

A exigência de fusão partiu da World Skate, baseada nos estatutos da entidade, e não teve apoio ou objeção do COB, que se manteve neutro e seguiu a determinação da federação internacional quando notificado, postura respaldada pela Carta Olímpica, segundo Paulo Wanderley.

“Não temos poder de intervir, de pedir, de nada… é internacional. Não há discussão, o assunto foi resolvido entre eles. Aí sim, o que é competência nossa: proteger a modalidade e os atletas. É isso que o Comitê Olímpico se propõe a fazer - e já fez em outras situações, não igual, mas em circunstâncias semelhantes, que não poderia, por exemplo, receber recurso. O Comitê abraça a modalidade e continua com a sua preparação, eventos, normal, e é exatamente isso que o COB irá fazer com a modalidade, por sugestão da própria federação internacional”, disse o dirigente.

Para dar continuidade à preparação olímpica dos skatistas, além da reunião prevista para a próxima semana, o COB já definiu uma estrutura administrativa para auxiliar os atletas. Além dos supervisores da modalidade que faziam o ponto focal do Comitê com a CBSK, haverá um cargo de gestão ocupado por Tatiana Lobo, que exerceu diversos cargos diretivos dentro da própria CBSk.

“Nós estamos em negociação com uma ex-funcionária da confederação, que já está quase tudo definido, que será contratada pelo COB. Uma pessoa que é da modalidade, vivenciou a modalidade, tem trânsito com os atletas, com os treinadores. Ela será nossa gestora nesses assuntos, que é a Tatiana Lobo. Não queremos problema de relacionamento em relação a técnico, a atleta, da nossa parte. Estamos oferecendo, não muda nada”, explicou Paulo Wanderley.

O COB, presidido por Paulo Wanderley, vai montar uma força-tarefa para solucionar problemas envolvendo o skate. Foto: Alex Ferro/COB

O presidente garante que a entidade manterá a neutralidade frente a possíveis novos desdobramentos. Em caso de uma reviravolta que devolva à CBSk o direito de ser representante brasileira junto à World Skate, Wanderley promete tratar a decisão como tratou a notificação da última quarta-feira.

“Isso é um problema da entidade internacional, não temos poder para dizer o que eles têm de fazer. O vínculo conosco é obedecer nosso estatuto, o resto é problema deles. Com relação a procurarem outros mecanismos, é direito pleno de qualquer um que se sentir prejudicado. Se é que eles vão entrar na Justiça internacional, enfim, o que for decidido, cumpra-se. Não tem nenhum problema. Chega aqui a liminar, a determinação… é legal, está aprovado? Cumpra-se. Obedecemos o que está preconizado na lei. Principalmente quando se trata de desenvolvimento olímpico, o que diz a Carta Olímpica”, afirmou.

O Comitê Olímpico do Brasil também diz que não deixará faltar aporte financeiro ao skate nesta reta final de preparação e que repassará normalmente à modalidade os valores necessários por meio Programa de Preparação Olímpica (PPO), que tem R$ 44,6 milhões para distribuir em ações de apoio aos atletas de todas as modalidades em preparação para Paris-2024.

Em paralelo à preparação olímpica dos skatistas comandada pelo COB e à insatisfação da CBSk, a Confederação Brasileira de Hóquei e Patins (CBHp) está se organizando para agregar o skate e se tornar em uma “federação guarda-chuva”, com autonomia técnica, financeira e administrativa, conforme determinado pela WS. Até abril, tem de se provar em condições de montar a nova estrutura. O COB não participará desta transformação, mas não vê problema neste formato, apesar das diferenças de culturas das modalidades apontadas pelos atletas do skate.

“Eles se constituem, fazem suas normatizações e vêm solicitar a filiação ao COB, vai ter que ser feita uma nova filiação. Vai ser solicitado que eles apresentem registro de aceitação internacional, trâmites internos. Essa Confederação já é um membro vinculado, porque faz parte do programa pan-americano, com várias modalidades. Agora, a mesma entidade dirigir várias modalidades não é novidade no movimento olímpico, você tem a Confederação de Desportos Aquáticos. Ciclismo, por exemplo, tem modalidades que são olímpicas e que não. Muita gente não tem esse entendimento, acha que cada modalidade tem de ter uma confederação, mas não”, disse Paulo Wanderley.

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