Conheça o Team Trans, a primeira equipe de hóquei no gelo transgênero dos Estados Unidos


Formada em 2019, conta com atletas trans e não-binários, busca apoio da NHL e quer fomentar ambiente acolhedor no esporte; em 29 de janeiro, é celebrado Dia Nacional da Visibilidade Trans no Brasil

Por Murillo César Alves
Atualização:

Desde 2004, é celebrado no Brasil, em 29 de janeiro, o Dia Nacional da Visibilidade Trans. Em alusão à data, movimentos sociais e governos realizam eventos para debater a visibilidade e o combate à violência e à transfobia. No esporte, as pessoas transexuais ainda buscam reconhecimento e inclusão nas modalidades. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, Quinn, da seleção canadense feminina de futebol, se tornou a primeira atleta trans e não binária – que não se identifica como homem nem como mulher – a garantir uma medalha.

Na última década, e ao redor do mundo, aconteceram discussões acerca da inclusão de mulheres e homens trans em suas respectivas modalidades. Tiffany se tornou, em 2017, a primeira mulher transexual a disputar uma partida da Superliga Feminina de Vôlei, após receber permissão da Federação Internacional de Voleibol (FIVB). Vale ressaltar que, desde 2015, o COI permite que homens e mulheres trans compitam, sem restrição em suas categorias, desde que passem nos testes hormonais e físicos promovidos pelo Comitê.

Nos esportes coletivos, surgem equipes que buscam a inclusão desse setor da sociedade. Uma destas histórias tem origem em Boston, nos Estados Unidos, em 2019, com o hóquei no gelo, um dos esportes mais populares do país: Team Trans, formado a partir do amor pelo esporte, um coletivo gay de hóquei de Boston e uma conversa no bar de Nova York.

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Team Trans é a primeira equipe de hóquei dos EUA formada por atletas transgênero. Foto: Mark Sommerfeld/The New York Times

Formado em 1989, o Boston Pride Hockey (BPH) surgiu como o primeiro clube de hóquei LGBT+ da Nova Inglaterra, com um pequeno grupo de atletas que queriam participar dos eventos na região. Desde então, o coletivo desenvolveu uma comunidade inclusiva, que oferece um ambiente seguro e acolhedor para as pessoas se divertirem e competirem no esporte que amam. Uma destas competições, realizada em Nova York, em 2019, resultou no surgimento do Team Trans.

Após uma partida entre o BPH e o New York City Gay Hockey Association, os jogadores se encontraram em um bar, para celebrar o momento. “Desde o princípio, havia discussões junto com o BPH sobre a criação de um espaço seguro para atletas trans”, conta ao Estadão Mason LeFebvre, vice-presidente de comunicação e goleiro da equipe. No bar, em Nova York, em uma conversa casual, um dos fundadores da equipe revelou sua vontade, a membros do BPH, de fundar uma equipe inteiramente formada por pessoas trans.

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Poucos meses depois desta primeira interação entre membro, por meio das redes sociais e grupos no Facebook, o Team Trans se tornou realidade. Em novembro de 2019, com apoio do coletivo de Boston, disputou sua primeira série de jogos, em Cambridge, cidade em Massachusetts, EUA. Treze dos jogadores do elenco viajaram para disputar o torneio. Para a competição, a equipe utilizou as cores da bandeira trans (rosa, branca e azul) em seu uniforme, pago pelo BPH.

O Team Trans disputou suas primeiras partidas oficiais em 2019, contra o Boston Pride Hockey. Foto: Mark Sommerfeld/The New York Times

Falta de entrosamento entre os jogadores - o time realizou apenas uma sessão de treinamentos antes da partida - resultou em duas derrotas (4 a 3 e 8 a 3, respectivamente). Apesar dos resultados, as bases para o sucesso do time estavam estabelecidas. LeFebvre, hoje com 28 anos, se juntou à equipe cerca de um mês depois do primeiro evento oficial. Desde então, no quarto ano de existência da equipe, o Team Trans conta com atletas interessados em participar dos jogos e da organização. “Atualmente, temos o contato de mais de 300 atletas, sendo que 130 destes já disputaram alguma partida conosco”, conta LeFebvre.

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Para se manter vivo e sustentando os gastos com viagens, competições, tanto nos EUA quanto no Canadá, o time depende de doações. Uma destas vem da NHL, principal liga de hóquei no gelo dos Estados Unidos. Juntamente com o dinheiro, também apoia a equipe com divulgação de jogos, em seu site e nas redes sociais.

Impacto do Team Trans

Quando perguntado qual é a palavra que melhor descreveria o Team Trans, LeFebvre é categórico: “Família”. O intuito da equipe era, desde o princípio, formar um ambiente acolhedor para pessoas trans e não-binárias. Muitos dos jogadores citaram, ao longo dos anos, que a solidão no esporte, mesmo em ambientes LGBT+ como o BPH, foi um dos principais motivos para se juntar ao Team Trans.

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“O time oferece uma experiência transformadora para jogadores de hóquei transgêneros. Muitos se sentem deslocados, às vezes até indesejados, em vestiários com atletas predominantemente cis (têm o mesmo gênero do sexo com o qual nasceram), mesmo quando estes também fazem parte da comunidade LGBT+”, conta LeFebvre, um homem trans. “O Team Trans permite que os atletas transgêneros experimentem sua comunidade e se sintam confortáveis em um vestiário, possivelmente pela primeira vez em suas vidas.”

Mason LeFebvre, goleiro do Team Trans, considera a equipe sua segunda família. Foto: Reprodução/Instagram

Natural de Nova Hampshire, na costa leste dos Estados Unidos, LeFebvre se apaixonou pelo hóquei ainda na infância. “Aos seis anos, meu sonho era ser mascote da Universidade”, brinca. “Meus pais me apoiaram muito e suportaram os ringues de gelo mais frios e os piores momentos comigo para que eu pudesse jogar.”

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Desde que se juntou à equipe, o Team Trans se tornou uma segunda família para LeFebvre. “Pela primeira vez em minha vida me mudei para longe de casa, por causa das amizades que formei no time. Conheci tantas pessoas e experiências novas e formei uma segunda família”, relata.

“Eu acho que o Team Trans, junto com outras equipes no futebol, está ajudando a expandir a compreensão da sociedade sobre os atletas transgêneros”, reflete LeFebvre. “A esmagadora maioria nos apoia e está entusiasmada. Muitos ficam até surpresos ao saber que há jogadores trans suficientes para formar uma equipe.” No último torneio, realizado em Middleton, Wisconsin, em 2021, competiram seis equipes trans. “Nossa existência como equipe ajuda a normalizar nossa existência como indivíduos.”

Desde 2004, é celebrado no Brasil, em 29 de janeiro, o Dia Nacional da Visibilidade Trans. Em alusão à data, movimentos sociais e governos realizam eventos para debater a visibilidade e o combate à violência e à transfobia. No esporte, as pessoas transexuais ainda buscam reconhecimento e inclusão nas modalidades. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, Quinn, da seleção canadense feminina de futebol, se tornou a primeira atleta trans e não binária – que não se identifica como homem nem como mulher – a garantir uma medalha.

Na última década, e ao redor do mundo, aconteceram discussões acerca da inclusão de mulheres e homens trans em suas respectivas modalidades. Tiffany se tornou, em 2017, a primeira mulher transexual a disputar uma partida da Superliga Feminina de Vôlei, após receber permissão da Federação Internacional de Voleibol (FIVB). Vale ressaltar que, desde 2015, o COI permite que homens e mulheres trans compitam, sem restrição em suas categorias, desde que passem nos testes hormonais e físicos promovidos pelo Comitê.

Nos esportes coletivos, surgem equipes que buscam a inclusão desse setor da sociedade. Uma destas histórias tem origem em Boston, nos Estados Unidos, em 2019, com o hóquei no gelo, um dos esportes mais populares do país: Team Trans, formado a partir do amor pelo esporte, um coletivo gay de hóquei de Boston e uma conversa no bar de Nova York.

Team Trans é a primeira equipe de hóquei dos EUA formada por atletas transgênero. Foto: Mark Sommerfeld/The New York Times

Formado em 1989, o Boston Pride Hockey (BPH) surgiu como o primeiro clube de hóquei LGBT+ da Nova Inglaterra, com um pequeno grupo de atletas que queriam participar dos eventos na região. Desde então, o coletivo desenvolveu uma comunidade inclusiva, que oferece um ambiente seguro e acolhedor para as pessoas se divertirem e competirem no esporte que amam. Uma destas competições, realizada em Nova York, em 2019, resultou no surgimento do Team Trans.

Após uma partida entre o BPH e o New York City Gay Hockey Association, os jogadores se encontraram em um bar, para celebrar o momento. “Desde o princípio, havia discussões junto com o BPH sobre a criação de um espaço seguro para atletas trans”, conta ao Estadão Mason LeFebvre, vice-presidente de comunicação e goleiro da equipe. No bar, em Nova York, em uma conversa casual, um dos fundadores da equipe revelou sua vontade, a membros do BPH, de fundar uma equipe inteiramente formada por pessoas trans.

Poucos meses depois desta primeira interação entre membro, por meio das redes sociais e grupos no Facebook, o Team Trans se tornou realidade. Em novembro de 2019, com apoio do coletivo de Boston, disputou sua primeira série de jogos, em Cambridge, cidade em Massachusetts, EUA. Treze dos jogadores do elenco viajaram para disputar o torneio. Para a competição, a equipe utilizou as cores da bandeira trans (rosa, branca e azul) em seu uniforme, pago pelo BPH.

O Team Trans disputou suas primeiras partidas oficiais em 2019, contra o Boston Pride Hockey. Foto: Mark Sommerfeld/The New York Times

Falta de entrosamento entre os jogadores - o time realizou apenas uma sessão de treinamentos antes da partida - resultou em duas derrotas (4 a 3 e 8 a 3, respectivamente). Apesar dos resultados, as bases para o sucesso do time estavam estabelecidas. LeFebvre, hoje com 28 anos, se juntou à equipe cerca de um mês depois do primeiro evento oficial. Desde então, no quarto ano de existência da equipe, o Team Trans conta com atletas interessados em participar dos jogos e da organização. “Atualmente, temos o contato de mais de 300 atletas, sendo que 130 destes já disputaram alguma partida conosco”, conta LeFebvre.

Para se manter vivo e sustentando os gastos com viagens, competições, tanto nos EUA quanto no Canadá, o time depende de doações. Uma destas vem da NHL, principal liga de hóquei no gelo dos Estados Unidos. Juntamente com o dinheiro, também apoia a equipe com divulgação de jogos, em seu site e nas redes sociais.

Impacto do Team Trans

Quando perguntado qual é a palavra que melhor descreveria o Team Trans, LeFebvre é categórico: “Família”. O intuito da equipe era, desde o princípio, formar um ambiente acolhedor para pessoas trans e não-binárias. Muitos dos jogadores citaram, ao longo dos anos, que a solidão no esporte, mesmo em ambientes LGBT+ como o BPH, foi um dos principais motivos para se juntar ao Team Trans.

“O time oferece uma experiência transformadora para jogadores de hóquei transgêneros. Muitos se sentem deslocados, às vezes até indesejados, em vestiários com atletas predominantemente cis (têm o mesmo gênero do sexo com o qual nasceram), mesmo quando estes também fazem parte da comunidade LGBT+”, conta LeFebvre, um homem trans. “O Team Trans permite que os atletas transgêneros experimentem sua comunidade e se sintam confortáveis em um vestiário, possivelmente pela primeira vez em suas vidas.”

Mason LeFebvre, goleiro do Team Trans, considera a equipe sua segunda família. Foto: Reprodução/Instagram

Natural de Nova Hampshire, na costa leste dos Estados Unidos, LeFebvre se apaixonou pelo hóquei ainda na infância. “Aos seis anos, meu sonho era ser mascote da Universidade”, brinca. “Meus pais me apoiaram muito e suportaram os ringues de gelo mais frios e os piores momentos comigo para que eu pudesse jogar.”

Desde que se juntou à equipe, o Team Trans se tornou uma segunda família para LeFebvre. “Pela primeira vez em minha vida me mudei para longe de casa, por causa das amizades que formei no time. Conheci tantas pessoas e experiências novas e formei uma segunda família”, relata.

“Eu acho que o Team Trans, junto com outras equipes no futebol, está ajudando a expandir a compreensão da sociedade sobre os atletas transgêneros”, reflete LeFebvre. “A esmagadora maioria nos apoia e está entusiasmada. Muitos ficam até surpresos ao saber que há jogadores trans suficientes para formar uma equipe.” No último torneio, realizado em Middleton, Wisconsin, em 2021, competiram seis equipes trans. “Nossa existência como equipe ajuda a normalizar nossa existência como indivíduos.”

Desde 2004, é celebrado no Brasil, em 29 de janeiro, o Dia Nacional da Visibilidade Trans. Em alusão à data, movimentos sociais e governos realizam eventos para debater a visibilidade e o combate à violência e à transfobia. No esporte, as pessoas transexuais ainda buscam reconhecimento e inclusão nas modalidades. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, Quinn, da seleção canadense feminina de futebol, se tornou a primeira atleta trans e não binária – que não se identifica como homem nem como mulher – a garantir uma medalha.

Na última década, e ao redor do mundo, aconteceram discussões acerca da inclusão de mulheres e homens trans em suas respectivas modalidades. Tiffany se tornou, em 2017, a primeira mulher transexual a disputar uma partida da Superliga Feminina de Vôlei, após receber permissão da Federação Internacional de Voleibol (FIVB). Vale ressaltar que, desde 2015, o COI permite que homens e mulheres trans compitam, sem restrição em suas categorias, desde que passem nos testes hormonais e físicos promovidos pelo Comitê.

Nos esportes coletivos, surgem equipes que buscam a inclusão desse setor da sociedade. Uma destas histórias tem origem em Boston, nos Estados Unidos, em 2019, com o hóquei no gelo, um dos esportes mais populares do país: Team Trans, formado a partir do amor pelo esporte, um coletivo gay de hóquei de Boston e uma conversa no bar de Nova York.

Team Trans é a primeira equipe de hóquei dos EUA formada por atletas transgênero. Foto: Mark Sommerfeld/The New York Times

Formado em 1989, o Boston Pride Hockey (BPH) surgiu como o primeiro clube de hóquei LGBT+ da Nova Inglaterra, com um pequeno grupo de atletas que queriam participar dos eventos na região. Desde então, o coletivo desenvolveu uma comunidade inclusiva, que oferece um ambiente seguro e acolhedor para as pessoas se divertirem e competirem no esporte que amam. Uma destas competições, realizada em Nova York, em 2019, resultou no surgimento do Team Trans.

Após uma partida entre o BPH e o New York City Gay Hockey Association, os jogadores se encontraram em um bar, para celebrar o momento. “Desde o princípio, havia discussões junto com o BPH sobre a criação de um espaço seguro para atletas trans”, conta ao Estadão Mason LeFebvre, vice-presidente de comunicação e goleiro da equipe. No bar, em Nova York, em uma conversa casual, um dos fundadores da equipe revelou sua vontade, a membros do BPH, de fundar uma equipe inteiramente formada por pessoas trans.

Poucos meses depois desta primeira interação entre membro, por meio das redes sociais e grupos no Facebook, o Team Trans se tornou realidade. Em novembro de 2019, com apoio do coletivo de Boston, disputou sua primeira série de jogos, em Cambridge, cidade em Massachusetts, EUA. Treze dos jogadores do elenco viajaram para disputar o torneio. Para a competição, a equipe utilizou as cores da bandeira trans (rosa, branca e azul) em seu uniforme, pago pelo BPH.

O Team Trans disputou suas primeiras partidas oficiais em 2019, contra o Boston Pride Hockey. Foto: Mark Sommerfeld/The New York Times

Falta de entrosamento entre os jogadores - o time realizou apenas uma sessão de treinamentos antes da partida - resultou em duas derrotas (4 a 3 e 8 a 3, respectivamente). Apesar dos resultados, as bases para o sucesso do time estavam estabelecidas. LeFebvre, hoje com 28 anos, se juntou à equipe cerca de um mês depois do primeiro evento oficial. Desde então, no quarto ano de existência da equipe, o Team Trans conta com atletas interessados em participar dos jogos e da organização. “Atualmente, temos o contato de mais de 300 atletas, sendo que 130 destes já disputaram alguma partida conosco”, conta LeFebvre.

Para se manter vivo e sustentando os gastos com viagens, competições, tanto nos EUA quanto no Canadá, o time depende de doações. Uma destas vem da NHL, principal liga de hóquei no gelo dos Estados Unidos. Juntamente com o dinheiro, também apoia a equipe com divulgação de jogos, em seu site e nas redes sociais.

Impacto do Team Trans

Quando perguntado qual é a palavra que melhor descreveria o Team Trans, LeFebvre é categórico: “Família”. O intuito da equipe era, desde o princípio, formar um ambiente acolhedor para pessoas trans e não-binárias. Muitos dos jogadores citaram, ao longo dos anos, que a solidão no esporte, mesmo em ambientes LGBT+ como o BPH, foi um dos principais motivos para se juntar ao Team Trans.

“O time oferece uma experiência transformadora para jogadores de hóquei transgêneros. Muitos se sentem deslocados, às vezes até indesejados, em vestiários com atletas predominantemente cis (têm o mesmo gênero do sexo com o qual nasceram), mesmo quando estes também fazem parte da comunidade LGBT+”, conta LeFebvre, um homem trans. “O Team Trans permite que os atletas transgêneros experimentem sua comunidade e se sintam confortáveis em um vestiário, possivelmente pela primeira vez em suas vidas.”

Mason LeFebvre, goleiro do Team Trans, considera a equipe sua segunda família. Foto: Reprodução/Instagram

Natural de Nova Hampshire, na costa leste dos Estados Unidos, LeFebvre se apaixonou pelo hóquei ainda na infância. “Aos seis anos, meu sonho era ser mascote da Universidade”, brinca. “Meus pais me apoiaram muito e suportaram os ringues de gelo mais frios e os piores momentos comigo para que eu pudesse jogar.”

Desde que se juntou à equipe, o Team Trans se tornou uma segunda família para LeFebvre. “Pela primeira vez em minha vida me mudei para longe de casa, por causa das amizades que formei no time. Conheci tantas pessoas e experiências novas e formei uma segunda família”, relata.

“Eu acho que o Team Trans, junto com outras equipes no futebol, está ajudando a expandir a compreensão da sociedade sobre os atletas transgêneros”, reflete LeFebvre. “A esmagadora maioria nos apoia e está entusiasmada. Muitos ficam até surpresos ao saber que há jogadores trans suficientes para formar uma equipe.” No último torneio, realizado em Middleton, Wisconsin, em 2021, competiram seis equipes trans. “Nossa existência como equipe ajuda a normalizar nossa existência como indivíduos.”

Desde 2004, é celebrado no Brasil, em 29 de janeiro, o Dia Nacional da Visibilidade Trans. Em alusão à data, movimentos sociais e governos realizam eventos para debater a visibilidade e o combate à violência e à transfobia. No esporte, as pessoas transexuais ainda buscam reconhecimento e inclusão nas modalidades. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, Quinn, da seleção canadense feminina de futebol, se tornou a primeira atleta trans e não binária – que não se identifica como homem nem como mulher – a garantir uma medalha.

Na última década, e ao redor do mundo, aconteceram discussões acerca da inclusão de mulheres e homens trans em suas respectivas modalidades. Tiffany se tornou, em 2017, a primeira mulher transexual a disputar uma partida da Superliga Feminina de Vôlei, após receber permissão da Federação Internacional de Voleibol (FIVB). Vale ressaltar que, desde 2015, o COI permite que homens e mulheres trans compitam, sem restrição em suas categorias, desde que passem nos testes hormonais e físicos promovidos pelo Comitê.

Nos esportes coletivos, surgem equipes que buscam a inclusão desse setor da sociedade. Uma destas histórias tem origem em Boston, nos Estados Unidos, em 2019, com o hóquei no gelo, um dos esportes mais populares do país: Team Trans, formado a partir do amor pelo esporte, um coletivo gay de hóquei de Boston e uma conversa no bar de Nova York.

Team Trans é a primeira equipe de hóquei dos EUA formada por atletas transgênero. Foto: Mark Sommerfeld/The New York Times

Formado em 1989, o Boston Pride Hockey (BPH) surgiu como o primeiro clube de hóquei LGBT+ da Nova Inglaterra, com um pequeno grupo de atletas que queriam participar dos eventos na região. Desde então, o coletivo desenvolveu uma comunidade inclusiva, que oferece um ambiente seguro e acolhedor para as pessoas se divertirem e competirem no esporte que amam. Uma destas competições, realizada em Nova York, em 2019, resultou no surgimento do Team Trans.

Após uma partida entre o BPH e o New York City Gay Hockey Association, os jogadores se encontraram em um bar, para celebrar o momento. “Desde o princípio, havia discussões junto com o BPH sobre a criação de um espaço seguro para atletas trans”, conta ao Estadão Mason LeFebvre, vice-presidente de comunicação e goleiro da equipe. No bar, em Nova York, em uma conversa casual, um dos fundadores da equipe revelou sua vontade, a membros do BPH, de fundar uma equipe inteiramente formada por pessoas trans.

Poucos meses depois desta primeira interação entre membro, por meio das redes sociais e grupos no Facebook, o Team Trans se tornou realidade. Em novembro de 2019, com apoio do coletivo de Boston, disputou sua primeira série de jogos, em Cambridge, cidade em Massachusetts, EUA. Treze dos jogadores do elenco viajaram para disputar o torneio. Para a competição, a equipe utilizou as cores da bandeira trans (rosa, branca e azul) em seu uniforme, pago pelo BPH.

O Team Trans disputou suas primeiras partidas oficiais em 2019, contra o Boston Pride Hockey. Foto: Mark Sommerfeld/The New York Times

Falta de entrosamento entre os jogadores - o time realizou apenas uma sessão de treinamentos antes da partida - resultou em duas derrotas (4 a 3 e 8 a 3, respectivamente). Apesar dos resultados, as bases para o sucesso do time estavam estabelecidas. LeFebvre, hoje com 28 anos, se juntou à equipe cerca de um mês depois do primeiro evento oficial. Desde então, no quarto ano de existência da equipe, o Team Trans conta com atletas interessados em participar dos jogos e da organização. “Atualmente, temos o contato de mais de 300 atletas, sendo que 130 destes já disputaram alguma partida conosco”, conta LeFebvre.

Para se manter vivo e sustentando os gastos com viagens, competições, tanto nos EUA quanto no Canadá, o time depende de doações. Uma destas vem da NHL, principal liga de hóquei no gelo dos Estados Unidos. Juntamente com o dinheiro, também apoia a equipe com divulgação de jogos, em seu site e nas redes sociais.

Impacto do Team Trans

Quando perguntado qual é a palavra que melhor descreveria o Team Trans, LeFebvre é categórico: “Família”. O intuito da equipe era, desde o princípio, formar um ambiente acolhedor para pessoas trans e não-binárias. Muitos dos jogadores citaram, ao longo dos anos, que a solidão no esporte, mesmo em ambientes LGBT+ como o BPH, foi um dos principais motivos para se juntar ao Team Trans.

“O time oferece uma experiência transformadora para jogadores de hóquei transgêneros. Muitos se sentem deslocados, às vezes até indesejados, em vestiários com atletas predominantemente cis (têm o mesmo gênero do sexo com o qual nasceram), mesmo quando estes também fazem parte da comunidade LGBT+”, conta LeFebvre, um homem trans. “O Team Trans permite que os atletas transgêneros experimentem sua comunidade e se sintam confortáveis em um vestiário, possivelmente pela primeira vez em suas vidas.”

Mason LeFebvre, goleiro do Team Trans, considera a equipe sua segunda família. Foto: Reprodução/Instagram

Natural de Nova Hampshire, na costa leste dos Estados Unidos, LeFebvre se apaixonou pelo hóquei ainda na infância. “Aos seis anos, meu sonho era ser mascote da Universidade”, brinca. “Meus pais me apoiaram muito e suportaram os ringues de gelo mais frios e os piores momentos comigo para que eu pudesse jogar.”

Desde que se juntou à equipe, o Team Trans se tornou uma segunda família para LeFebvre. “Pela primeira vez em minha vida me mudei para longe de casa, por causa das amizades que formei no time. Conheci tantas pessoas e experiências novas e formei uma segunda família”, relata.

“Eu acho que o Team Trans, junto com outras equipes no futebol, está ajudando a expandir a compreensão da sociedade sobre os atletas transgêneros”, reflete LeFebvre. “A esmagadora maioria nos apoia e está entusiasmada. Muitos ficam até surpresos ao saber que há jogadores trans suficientes para formar uma equipe.” No último torneio, realizado em Middleton, Wisconsin, em 2021, competiram seis equipes trans. “Nossa existência como equipe ajuda a normalizar nossa existência como indivíduos.”

Desde 2004, é celebrado no Brasil, em 29 de janeiro, o Dia Nacional da Visibilidade Trans. Em alusão à data, movimentos sociais e governos realizam eventos para debater a visibilidade e o combate à violência e à transfobia. No esporte, as pessoas transexuais ainda buscam reconhecimento e inclusão nas modalidades. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, Quinn, da seleção canadense feminina de futebol, se tornou a primeira atleta trans e não binária – que não se identifica como homem nem como mulher – a garantir uma medalha.

Na última década, e ao redor do mundo, aconteceram discussões acerca da inclusão de mulheres e homens trans em suas respectivas modalidades. Tiffany se tornou, em 2017, a primeira mulher transexual a disputar uma partida da Superliga Feminina de Vôlei, após receber permissão da Federação Internacional de Voleibol (FIVB). Vale ressaltar que, desde 2015, o COI permite que homens e mulheres trans compitam, sem restrição em suas categorias, desde que passem nos testes hormonais e físicos promovidos pelo Comitê.

Nos esportes coletivos, surgem equipes que buscam a inclusão desse setor da sociedade. Uma destas histórias tem origem em Boston, nos Estados Unidos, em 2019, com o hóquei no gelo, um dos esportes mais populares do país: Team Trans, formado a partir do amor pelo esporte, um coletivo gay de hóquei de Boston e uma conversa no bar de Nova York.

Team Trans é a primeira equipe de hóquei dos EUA formada por atletas transgênero. Foto: Mark Sommerfeld/The New York Times

Formado em 1989, o Boston Pride Hockey (BPH) surgiu como o primeiro clube de hóquei LGBT+ da Nova Inglaterra, com um pequeno grupo de atletas que queriam participar dos eventos na região. Desde então, o coletivo desenvolveu uma comunidade inclusiva, que oferece um ambiente seguro e acolhedor para as pessoas se divertirem e competirem no esporte que amam. Uma destas competições, realizada em Nova York, em 2019, resultou no surgimento do Team Trans.

Após uma partida entre o BPH e o New York City Gay Hockey Association, os jogadores se encontraram em um bar, para celebrar o momento. “Desde o princípio, havia discussões junto com o BPH sobre a criação de um espaço seguro para atletas trans”, conta ao Estadão Mason LeFebvre, vice-presidente de comunicação e goleiro da equipe. No bar, em Nova York, em uma conversa casual, um dos fundadores da equipe revelou sua vontade, a membros do BPH, de fundar uma equipe inteiramente formada por pessoas trans.

Poucos meses depois desta primeira interação entre membro, por meio das redes sociais e grupos no Facebook, o Team Trans se tornou realidade. Em novembro de 2019, com apoio do coletivo de Boston, disputou sua primeira série de jogos, em Cambridge, cidade em Massachusetts, EUA. Treze dos jogadores do elenco viajaram para disputar o torneio. Para a competição, a equipe utilizou as cores da bandeira trans (rosa, branca e azul) em seu uniforme, pago pelo BPH.

O Team Trans disputou suas primeiras partidas oficiais em 2019, contra o Boston Pride Hockey. Foto: Mark Sommerfeld/The New York Times

Falta de entrosamento entre os jogadores - o time realizou apenas uma sessão de treinamentos antes da partida - resultou em duas derrotas (4 a 3 e 8 a 3, respectivamente). Apesar dos resultados, as bases para o sucesso do time estavam estabelecidas. LeFebvre, hoje com 28 anos, se juntou à equipe cerca de um mês depois do primeiro evento oficial. Desde então, no quarto ano de existência da equipe, o Team Trans conta com atletas interessados em participar dos jogos e da organização. “Atualmente, temos o contato de mais de 300 atletas, sendo que 130 destes já disputaram alguma partida conosco”, conta LeFebvre.

Para se manter vivo e sustentando os gastos com viagens, competições, tanto nos EUA quanto no Canadá, o time depende de doações. Uma destas vem da NHL, principal liga de hóquei no gelo dos Estados Unidos. Juntamente com o dinheiro, também apoia a equipe com divulgação de jogos, em seu site e nas redes sociais.

Impacto do Team Trans

Quando perguntado qual é a palavra que melhor descreveria o Team Trans, LeFebvre é categórico: “Família”. O intuito da equipe era, desde o princípio, formar um ambiente acolhedor para pessoas trans e não-binárias. Muitos dos jogadores citaram, ao longo dos anos, que a solidão no esporte, mesmo em ambientes LGBT+ como o BPH, foi um dos principais motivos para se juntar ao Team Trans.

“O time oferece uma experiência transformadora para jogadores de hóquei transgêneros. Muitos se sentem deslocados, às vezes até indesejados, em vestiários com atletas predominantemente cis (têm o mesmo gênero do sexo com o qual nasceram), mesmo quando estes também fazem parte da comunidade LGBT+”, conta LeFebvre, um homem trans. “O Team Trans permite que os atletas transgêneros experimentem sua comunidade e se sintam confortáveis em um vestiário, possivelmente pela primeira vez em suas vidas.”

Mason LeFebvre, goleiro do Team Trans, considera a equipe sua segunda família. Foto: Reprodução/Instagram

Natural de Nova Hampshire, na costa leste dos Estados Unidos, LeFebvre se apaixonou pelo hóquei ainda na infância. “Aos seis anos, meu sonho era ser mascote da Universidade”, brinca. “Meus pais me apoiaram muito e suportaram os ringues de gelo mais frios e os piores momentos comigo para que eu pudesse jogar.”

Desde que se juntou à equipe, o Team Trans se tornou uma segunda família para LeFebvre. “Pela primeira vez em minha vida me mudei para longe de casa, por causa das amizades que formei no time. Conheci tantas pessoas e experiências novas e formei uma segunda família”, relata.

“Eu acho que o Team Trans, junto com outras equipes no futebol, está ajudando a expandir a compreensão da sociedade sobre os atletas transgêneros”, reflete LeFebvre. “A esmagadora maioria nos apoia e está entusiasmada. Muitos ficam até surpresos ao saber que há jogadores trans suficientes para formar uma equipe.” No último torneio, realizado em Middleton, Wisconsin, em 2021, competiram seis equipes trans. “Nossa existência como equipe ajuda a normalizar nossa existência como indivíduos.”

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