A dor nas costas e o abandono nas oitavas de final de Wimbledon não abalaram a confiança de Bia Haddad Maia, após três meses de resultados de alto nível na Europa. De volta ao Brasil, a tenista número 1 do Brasil iniciou a fisioterapia, manteve a programação para a sequência da temporada e já projetou uma boa campanha no US Open, o quarto e último Grand Slam do ano, que começará no fim de agosto, em Nova York.
“Minhas costas estão bem melhor. Estou me sentindo bem. Foi uma contratura muito forte, pinçou um nervo. Na hora, foi muita dor. Já fui nos médicos, fiz uma bateria de exames, comecei a fisioterapia e a preparação física. Não vai afetar o meu calendário”, afirmou Bia, nesta quarta-feira, em entrevista coletiva.
Após fazer sua melhor campanha da carreira em Wimbledon, Bia voltará no WTA 1000 de Montreal, no Canadá, no próximo mês. Depois jogará em Cincinnati, nos Estados Unidos, em outro WTA 1000. E poderá até jogar duplas no US Open. Sua meta para Nova York é alcançar a segunda semana do torneio, como fez em Roland Garros e Wimbledon. “Penso sempre na segunda semana para pegar leve comigo. Mas acho que a pressão é sempre superar as primeiras rodadas porque ninguém quer ir embora cedo do torneio.”
Com longo histórico de lesão na carreira, Bia tratou os problemas físicos recentes com naturalidade. Ela sofre uma lesão muscular atrás do joelho direito logo no início da temporada de grama, em Nottingham. E, em Wimbledon, abandonou em razão de dores nas costas. Para a tenista, ambos os casos foram “fatalidades”.
“No primeiro caso, sofri um escorregão em quadra. E, no segundo, foi um problema incomum nas costas, que monitoro faz tempo”, disse a atual número 13 do mundo. “Foi uma dor muito forte. Foi triste, mas também foi uma surpresa porque foi um movimento muito simples, que faço várias vezes ao longo do dia durante anos”, lamentou a tenista, que não pretende fazer mudanças nos seus cuidados físicos.
Para Bia, as lesões das últimas semanas não têm relação com a sequência de jogos. Ela citou números para fundamentar sua avaliação. “Se fosse comparar 2022 com 2023, até Wimbledon, foram 41 jogos neste ano, contra 49 no ano passado, no mesmo período. Em duplas, foram 35 em 2022. Neste ano, foram 22. Fiz bem menos jogos nesta temporada. Me desgastei menos em comparação ao ano passado. Talvez o nível de exigência e de intensidade tenha sido maior, com jogos mais longos. Isso tudo pode acabar comprometendo mais o corpo.”
Ela também lembrou que a preparação para o jogo contra a casaque Elena Rybakina, seu maior desafio em Wimbledon até então, foi mais leve do que de costume. “Eu estava no meu melhor momento, eu estava feliz e me sentindo bem preparada. A carga de treino no dia anterior foi de 15 minutos e no jogo anterior também tinha sido curto”, lembrou.
PRESSÃO POR SER TOP 15
Bia minimizou a pressão por ter alcançado o Top 10 pela primeira vez, no mês passado. “Quando nos sentimos preparados, acabamos nos pressionando porque valorizamos o que fazemos e queremos fazer da melhor forma. Eu sentia mais pressão quando jogava torneios menores, com rivais de maior ranking e zero conhecimento sobre elas. Sempre enfrentei palcos grandes de uma forma mais gostosa, contra grandes jogadoras. Sempre trabalhei para estar naquele momento. Não estávamos falando de vida ou morte. Mas de sonho, que é coisa boa”, comentou.
Bia também usou a palavra “sonho” para se referir a um objetivo de médio prazo: participar da Olimpíada de Paris-2024, possivelmente até nas duplas. “É um sonho. Nunca participei, mas cresci valorizando a Olimpíada. No tênis, nós valorizamos também os Jogos Olímpicos. Vou buscar trabalhar duro e fazer o meu melhor para buscar a classificação”, declarou a brasileira, que não descarta uma dupla com Luisa Stefani na capital francesa, no próximo ano.