Cadeirante muda de vida com o tênis, surpreende com resultados e já sonha com Paris-2024


Leandro Pena, que sofre de agenesia congênita, um problema de má formação genética, atravessou o primeiro semestre quase invicto e conquistou o bronze inédito no Mundial

Leandro Pena nunca precisou ser tão humilde na vida. E olha que este mineiro de 32 anos está acostumado a andar de joelhos. Literalmente. O tenista cadeirante se tornou nos últimos meses uma das maiores apostas do esporte paralímpico brasileiro. Ele vem ganhando quase tudo, numa evolução muito acima das expectativas, e precisa até frear a empolgação daqueles que estão ao seu redor.

"Tento não absorver muito os elogios porque tudo está acontecendo muito rápido. Tento desacelerar. As pessoas dizem que tenho condições de estar entre os cinco melhores do mundo. Eu digo: ‘calma, deixa eu respirar aqui’. Ainda não entra na minha cabeça que posso estar entre os melhores do mundo", diz Pena, em entrevista ao Estadão.

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Leandro Pena se tornou nos últimos meses uma das maiores apostas do esporte paralímpico brasileiro Foto: Daniel Teixeira / Estadão

Mas, de fato, ele está entre os melhores. Neste ano, atravessou o primeiro semestre quase invicto. Ganhou tudo que jogou pelo Brasil e pela América do Sul, tanto em simples quanto em duplas. A cereja do bolo foi a medalha de bronze conquistada no Mundial, torneio entre nações equivalente à Copa Davis, ao lado do experiente catarinense Ymanitu Silva. Foi a primeira medalha do Brasil num Mundial em categoria profissional de tênis em cadeira de rodas.

“Não esperava ganhar tantos torneios porque joguei contra rivais muito mais experientes. As pessoas falam que o meu potencial é grande, mas eu não pensava em começar e já ganhar competições em sequência”, admite o tenista.

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No momento, Pena ocupa o 12º lugar do ranking da Federação Internacional de Tênis (ITF, na sigla em inglês) na categoria Quad. O tênis em cadeira de rodas conta ainda com a categoria Open, para atletas com limitações apenas nas duas pernas. A Quad inclui aqueles com restrições em três membros, caso de Pena.

O tenista, de fala mansa e sorriso fácil, conta que sofre de agenesia congênita, um problema de má formação genética. Ele nasceu sem parte das duas pernas, que se estendem até pouco além dos joelhos, e com apenas dois dedos na mão direita. Ele usa essa mesma mão para dar seus golpes poderosos dentro de quadra. Para tanto, improvisou uma espécie de luva que gruda a raquete no membro.

A luva foi desenvolvida pelo próprio tenista, que criou também as cintas que o prendem à cadeira de rodas. O resultado final ficou tão bom que ele vende o produto para outros cadeirantes. Pena também desenvolveu o pé de madeira de uma de suas próteses que usa para andar. 

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"Pessoal até me chama de 'MacGyver'", brinca o tenista, referindo-se ao personagem de uma série americana da década de 80, famoso por improvisar em soluções improváveis. Pena não resolve crimes em programas de TV, mas está acostumado a improvisos em sua vida, desde muito antes de o tênis entrar em sua vida.

Pena foi criado na zona rural da pequena Salto da Divisa, cidade mineira localizada às margens do Rio Jequitinhonha, quase na Bahia. Atualmente, a prefeitura registra 6.862 habitantes. Quando o tenista era criança, era muito menor, ele garante. "Tudo é mais difícil quando você tem deficiência na zona rural de uma cidade bem pequena", pondera.

Seu meio de locomoção era um skate improvisado. Depois, uma joelheira feita de pneu de carro. Com frequência, era carregado nas costas de sua mãe para ir até a escola. A cadeira de rodas não era uma possibilidade numa cidade de calçamento irregular. "Só com 14 anos eu descobri o que era uma prótese. Um suíço tinha um projeto social na cidade e me deu de presente."

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Ele só tira a prótese para jogar tênis, na cadeira de rodas, ou quando está em casa. À vontade, na companhia da esposa e do filho de cinco anos, Pena mantém o hábito de andar de joelhos. É quando recarrega as energias, entre um torneio e outro, numa rotina para a qual ainda tenta se acostumar.

EVOLUÇÃO

Pena precisou de apenas três anos para saltar do conhecimento zero em tênis para o 12º lugar no ranking da ITF. Ele começou a treinar somente em 2019. Estreou em competições em 2020, mas logo também sofreu as consequências da pandemia, que freou seu avanço. A primeira convocação pela Confederação Brasileira de Tênis (CBT) para defender o Brasil nos torneios internacionais acabou ficando para 2021.

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Em sua primeira participação na Copa do Mundo, torneio entre nações equivalente à Copa Davis, Pena fez boas partidas e voltou para casa sem medalha em 2021. Neste ano, foi convocado novamente e, desta vez, garantiu o bronze. 

Agora os treinos no Clube Esperia, na zona norte de São Paulo, tem uma nova motivação: os Jogos Paralímpicos de Paris, em 2024. “Não tinha nenhum grande objetivo quando comecei no tênis. Mas agora eu tenho. Quero ir para a Paralimpíada de 2024.” Para tanto, precisa estar entre os 12 melhores do mundo, exatamente sua posição atual no ranking.

Leandro Pena nunca precisou ser tão humilde na vida. E olha que este mineiro de 32 anos está acostumado a andar de joelhos. Literalmente. O tenista cadeirante se tornou nos últimos meses uma das maiores apostas do esporte paralímpico brasileiro. Ele vem ganhando quase tudo, numa evolução muito acima das expectativas, e precisa até frear a empolgação daqueles que estão ao seu redor.

"Tento não absorver muito os elogios porque tudo está acontecendo muito rápido. Tento desacelerar. As pessoas dizem que tenho condições de estar entre os cinco melhores do mundo. Eu digo: ‘calma, deixa eu respirar aqui’. Ainda não entra na minha cabeça que posso estar entre os melhores do mundo", diz Pena, em entrevista ao Estadão.

Leandro Pena se tornou nos últimos meses uma das maiores apostas do esporte paralímpico brasileiro Foto: Daniel Teixeira / Estadão

Mas, de fato, ele está entre os melhores. Neste ano, atravessou o primeiro semestre quase invicto. Ganhou tudo que jogou pelo Brasil e pela América do Sul, tanto em simples quanto em duplas. A cereja do bolo foi a medalha de bronze conquistada no Mundial, torneio entre nações equivalente à Copa Davis, ao lado do experiente catarinense Ymanitu Silva. Foi a primeira medalha do Brasil num Mundial em categoria profissional de tênis em cadeira de rodas.

“Não esperava ganhar tantos torneios porque joguei contra rivais muito mais experientes. As pessoas falam que o meu potencial é grande, mas eu não pensava em começar e já ganhar competições em sequência”, admite o tenista.

No momento, Pena ocupa o 12º lugar do ranking da Federação Internacional de Tênis (ITF, na sigla em inglês) na categoria Quad. O tênis em cadeira de rodas conta ainda com a categoria Open, para atletas com limitações apenas nas duas pernas. A Quad inclui aqueles com restrições em três membros, caso de Pena.

O tenista, de fala mansa e sorriso fácil, conta que sofre de agenesia congênita, um problema de má formação genética. Ele nasceu sem parte das duas pernas, que se estendem até pouco além dos joelhos, e com apenas dois dedos na mão direita. Ele usa essa mesma mão para dar seus golpes poderosos dentro de quadra. Para tanto, improvisou uma espécie de luva que gruda a raquete no membro.

A luva foi desenvolvida pelo próprio tenista, que criou também as cintas que o prendem à cadeira de rodas. O resultado final ficou tão bom que ele vende o produto para outros cadeirantes. Pena também desenvolveu o pé de madeira de uma de suas próteses que usa para andar. 

"Pessoal até me chama de 'MacGyver'", brinca o tenista, referindo-se ao personagem de uma série americana da década de 80, famoso por improvisar em soluções improváveis. Pena não resolve crimes em programas de TV, mas está acostumado a improvisos em sua vida, desde muito antes de o tênis entrar em sua vida.

Pena foi criado na zona rural da pequena Salto da Divisa, cidade mineira localizada às margens do Rio Jequitinhonha, quase na Bahia. Atualmente, a prefeitura registra 6.862 habitantes. Quando o tenista era criança, era muito menor, ele garante. "Tudo é mais difícil quando você tem deficiência na zona rural de uma cidade bem pequena", pondera.

Seu meio de locomoção era um skate improvisado. Depois, uma joelheira feita de pneu de carro. Com frequência, era carregado nas costas de sua mãe para ir até a escola. A cadeira de rodas não era uma possibilidade numa cidade de calçamento irregular. "Só com 14 anos eu descobri o que era uma prótese. Um suíço tinha um projeto social na cidade e me deu de presente."

Ele só tira a prótese para jogar tênis, na cadeira de rodas, ou quando está em casa. À vontade, na companhia da esposa e do filho de cinco anos, Pena mantém o hábito de andar de joelhos. É quando recarrega as energias, entre um torneio e outro, numa rotina para a qual ainda tenta se acostumar.

EVOLUÇÃO

Pena precisou de apenas três anos para saltar do conhecimento zero em tênis para o 12º lugar no ranking da ITF. Ele começou a treinar somente em 2019. Estreou em competições em 2020, mas logo também sofreu as consequências da pandemia, que freou seu avanço. A primeira convocação pela Confederação Brasileira de Tênis (CBT) para defender o Brasil nos torneios internacionais acabou ficando para 2021.

Em sua primeira participação na Copa do Mundo, torneio entre nações equivalente à Copa Davis, Pena fez boas partidas e voltou para casa sem medalha em 2021. Neste ano, foi convocado novamente e, desta vez, garantiu o bronze. 

Agora os treinos no Clube Esperia, na zona norte de São Paulo, tem uma nova motivação: os Jogos Paralímpicos de Paris, em 2024. “Não tinha nenhum grande objetivo quando comecei no tênis. Mas agora eu tenho. Quero ir para a Paralimpíada de 2024.” Para tanto, precisa estar entre os 12 melhores do mundo, exatamente sua posição atual no ranking.

Leandro Pena nunca precisou ser tão humilde na vida. E olha que este mineiro de 32 anos está acostumado a andar de joelhos. Literalmente. O tenista cadeirante se tornou nos últimos meses uma das maiores apostas do esporte paralímpico brasileiro. Ele vem ganhando quase tudo, numa evolução muito acima das expectativas, e precisa até frear a empolgação daqueles que estão ao seu redor.

"Tento não absorver muito os elogios porque tudo está acontecendo muito rápido. Tento desacelerar. As pessoas dizem que tenho condições de estar entre os cinco melhores do mundo. Eu digo: ‘calma, deixa eu respirar aqui’. Ainda não entra na minha cabeça que posso estar entre os melhores do mundo", diz Pena, em entrevista ao Estadão.

Leandro Pena se tornou nos últimos meses uma das maiores apostas do esporte paralímpico brasileiro Foto: Daniel Teixeira / Estadão

Mas, de fato, ele está entre os melhores. Neste ano, atravessou o primeiro semestre quase invicto. Ganhou tudo que jogou pelo Brasil e pela América do Sul, tanto em simples quanto em duplas. A cereja do bolo foi a medalha de bronze conquistada no Mundial, torneio entre nações equivalente à Copa Davis, ao lado do experiente catarinense Ymanitu Silva. Foi a primeira medalha do Brasil num Mundial em categoria profissional de tênis em cadeira de rodas.

“Não esperava ganhar tantos torneios porque joguei contra rivais muito mais experientes. As pessoas falam que o meu potencial é grande, mas eu não pensava em começar e já ganhar competições em sequência”, admite o tenista.

No momento, Pena ocupa o 12º lugar do ranking da Federação Internacional de Tênis (ITF, na sigla em inglês) na categoria Quad. O tênis em cadeira de rodas conta ainda com a categoria Open, para atletas com limitações apenas nas duas pernas. A Quad inclui aqueles com restrições em três membros, caso de Pena.

O tenista, de fala mansa e sorriso fácil, conta que sofre de agenesia congênita, um problema de má formação genética. Ele nasceu sem parte das duas pernas, que se estendem até pouco além dos joelhos, e com apenas dois dedos na mão direita. Ele usa essa mesma mão para dar seus golpes poderosos dentro de quadra. Para tanto, improvisou uma espécie de luva que gruda a raquete no membro.

A luva foi desenvolvida pelo próprio tenista, que criou também as cintas que o prendem à cadeira de rodas. O resultado final ficou tão bom que ele vende o produto para outros cadeirantes. Pena também desenvolveu o pé de madeira de uma de suas próteses que usa para andar. 

"Pessoal até me chama de 'MacGyver'", brinca o tenista, referindo-se ao personagem de uma série americana da década de 80, famoso por improvisar em soluções improváveis. Pena não resolve crimes em programas de TV, mas está acostumado a improvisos em sua vida, desde muito antes de o tênis entrar em sua vida.

Pena foi criado na zona rural da pequena Salto da Divisa, cidade mineira localizada às margens do Rio Jequitinhonha, quase na Bahia. Atualmente, a prefeitura registra 6.862 habitantes. Quando o tenista era criança, era muito menor, ele garante. "Tudo é mais difícil quando você tem deficiência na zona rural de uma cidade bem pequena", pondera.

Seu meio de locomoção era um skate improvisado. Depois, uma joelheira feita de pneu de carro. Com frequência, era carregado nas costas de sua mãe para ir até a escola. A cadeira de rodas não era uma possibilidade numa cidade de calçamento irregular. "Só com 14 anos eu descobri o que era uma prótese. Um suíço tinha um projeto social na cidade e me deu de presente."

Ele só tira a prótese para jogar tênis, na cadeira de rodas, ou quando está em casa. À vontade, na companhia da esposa e do filho de cinco anos, Pena mantém o hábito de andar de joelhos. É quando recarrega as energias, entre um torneio e outro, numa rotina para a qual ainda tenta se acostumar.

EVOLUÇÃO

Pena precisou de apenas três anos para saltar do conhecimento zero em tênis para o 12º lugar no ranking da ITF. Ele começou a treinar somente em 2019. Estreou em competições em 2020, mas logo também sofreu as consequências da pandemia, que freou seu avanço. A primeira convocação pela Confederação Brasileira de Tênis (CBT) para defender o Brasil nos torneios internacionais acabou ficando para 2021.

Em sua primeira participação na Copa do Mundo, torneio entre nações equivalente à Copa Davis, Pena fez boas partidas e voltou para casa sem medalha em 2021. Neste ano, foi convocado novamente e, desta vez, garantiu o bronze. 

Agora os treinos no Clube Esperia, na zona norte de São Paulo, tem uma nova motivação: os Jogos Paralímpicos de Paris, em 2024. “Não tinha nenhum grande objetivo quando comecei no tênis. Mas agora eu tenho. Quero ir para a Paralimpíada de 2024.” Para tanto, precisa estar entre os 12 melhores do mundo, exatamente sua posição atual no ranking.

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