Alexandre Pantoja, único brasileiro campeão do UFC: ‘Minha história ganha evidência com o título’


Lutador conquistou o cinturão do peso-mosca no UFC 290, diante do mexicano Brandon Moreno; ao ‘Estadão’, ele reflete sobre os caminhos que o transformaram no 21° campeão da organização

Por Murillo César Alves
Atualização:
Foto: Taba Benedicto/Estadão
Entrevista comAlexandre Pantojacampeão peso-mosca do UFC

“Lutador” é a palavra que melhor define Alexandre Pantoja, campeão dos pesos-mosca do Ultimate Fighter Championship (UFC) e único brasileiro com um título da organização. O próprio atleta se define assim, em um adjetivo que resume sua carreira no octógono e na vida. Após derrotar Brandon Moreno, no UFC 290, e se sagrar campeão da categoria, ele enalteceu sua família, que o colocou na posição onde está hoje.

Sereno e falante, Pantoja gosta de dissertar sobre os mais variados temas que o cercam. “Quando está ao meu alcance, eu falo mesmo”, brinca, em entrevista ao Estadão. Foi pelas mãos dele que o Brasil encerrou um jejum – breve, deve-se ressaltar – de títulos no UFC ao derrotar o mexicano no último evento. Atravessou uma lesão no joelho e foi surpreendido pelo rival no combate, mas sempre ressalta seu alicerce familiar para alcançar seus sonhos.

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Após decisão dividida do corpo de juízes em Nevada – fato que surpreendeu o brasileiro, natural de Arraial do Cabo, que tinha certeza de sua vitória ao fim do combate –, ele conversou com Joe Rogan, ainda no octógono. Ressaltou a importância de sua mãe e criticou seu pai, que o abandonou durante sua criação. “Minha história ganhou força, muito além da conquista”, afirma. A matriarca criou ele e seus irmãos por conta própria, desde quando Pantoja ainda tinha dez anos. Ele esteve na redação do Estadão com seu cinturão.

Alexandre Pantoja visitou a redação do Estadão nesta semana. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Aos 12, ingressou no MMA. Antes mesmo de sonhar com o UFC, tinha como foco suprir a ausência do pai em sua casa. Era uma forma de se colocar como um pilar, uma base na estrutura familiar do Arraial do Cabo. Mais de 20 anos desde que ingressou no mundo da luta, entrou para a seleta lista de brasileiros campeões da organização, o 21° brasileiro. Para chegar nesse ponto, o lutador se mudou para os Estados Unidos com a mulher, Gabryella Gouvêa, e trabalhou como motorista de aplicativo em seu início no MMA, para suprir a falta de dinheiro.

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“Isso (ser campeão do UFC) é um divisor de águas. Estou tomando essa responsabilidade de tornar o Brasil novamente campeão do UFC”. Pantoja ganhou a chance de disputar o cinturão para substituir Ray Borg. Em apenas três semanas, surpreendeu Moreno e derrotou o mexicano pela terceira vez na carreira. Nesta entrevista, o lutador visitou os estúdios e a redação do Estadão, em sua segunda visita à capital paulista, e comentou sobre temas que cercam sua carreira: herança familiar, dificuldades na preparação, falta de dinheiro e a conquista do cinturão, que encerrou o jejum brasileiro na modalidade.

É a segunda vez que você vem a São Paulo na vida e a primeira desde que foi campeão. Como é essa experiência?

Eu estou muito feliz e lisonjeado de estar sendo recebido aqui no Estadão, poder conhecer um pouco desse jornal que é tão importante para o nosso País. Eu vejo que São Paulo tem esse ar meio intelectual. Eu sou criado no Rio, no Arraial do Cabo, que é muito diferente de São Paulo. Basta uma sunga que você está vestido para ir a qualquer lugar. Aqui, em São Paulo, as pessoas se vestem muito bem. Querem estar sempre bem arrumadas. Eu me sinto muito feliz e lisonjeado de representar tantos lutadores brasileiros ao carregar este cinturão.

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E o que mudou na sua vida desde o UFC 290, quando conquistou o cinturão do peso-mosca?

Eu tenho uma história muito grande, de superação e batalha. Ao ganhar este título, ela ganha uma evidência muito forte. É muito importante para mim que ela ganhe esta evidência, pelas pessoas que estão por trás desta história. Eu sou o protagonista, tenho o privilégio de ser essa pessoa que conquistou o cinturão, mas é muita coisa que está por trás. Muitas pessoas me ajudaram, me deram um empurrão para eu poder chegar mais próximo do título; ao conquistar, elas se sentem campeãs mundiais também. Essa história de ganhar evidência foi a coisa mais importante para mim.

Quando você fala pela primeira vez após ser campeão, ainda no octógono, cita a importância da sua mãe e a ausência de seu pai na sua criação. O que pensou nesse momento e como observou a repercussão?

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A minha história se parece com muitas outras que nós vemos no Brasil. Apesar da minha luta com o Moreno ter sido intensa, cinco rounds, a minha história conseguiu ganhar uma evidência ainda maior do que a conquista, do que o combate em si. Naquele momento, abri meu coração, baixei a minha guarda. Minha mãe foi muito guerreira por ter criado eu e meus irmãos sozinha, caso que é rotineiro no Brasil. Depois, falo do meu pai, se ele está orgulhoso de mim agora. Onde ele estava durante tantos momentos que a gente precisou dele em nossas vidas? A relação de um marido e mulher pode acabar, mas com o filho é eterna. A minha fala, ao final da luta, foi para elevar o status da minha mãe como “Minha Heroína”.

Quando que sua vida teve essa reviravolta? Com sua mãe precisando cuidar da casa sozinha e como isso ocorreu?

Eu falo que aprendi muito cedo a me virar sozinho. Houve algumas brigas na minha casa que levaram à separação dos meus pais. Tenho uma visão de que foi aos dez anos que eles se divorciaram de fato, quando meu pai foi buscar a melhor vida que ele poderia ter; em contraponto, minha mãe ficou sozinha com meus irmãos, precisando cuidar da casa, pagar a comida, luz, aluguel e faltava muita coisa. Nós não tínhamos nosso pai ali, nos ajudando, mas eu sei que ele tem um amor muito grande pela gente e tenho um amor por ele, mas ele deixou essa ferida aberta.

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A ausência de seu pai foi um dos motivos para você entrar no MMA?

Quando meu pai sai de casa, eu vejo que alguém tem de assumir o papel de “homem da casa”. Muitas vezes meu irmão supriu essa ausência. Foi uma inspiração para mim durante muito tempo. Ele se tornou pai primeiro do que eu e enxerguei como uma forma de proteção para a nossa família, um exemplo. Em outros momentos, me coloquei à frente para defender minha irmã na rua. Isso acendeu em mim o meu desejo de estudar as artes marciais. Comecei a treinar aos 12 anos e fiz minha primeira luta aos 17.

Em diversas entrevistas você comentou que passou por dificuldades financeiras. Como superou?

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Dificuldade financeira eu tive a minha vida toda. Até o local de treinamento específico para o MMA no Rio levava três horas. Tinha dificuldades para me manter. Até chegar ao UFC, vivi em casas de amigos, tios, sempre pulando de um lugar para outro. Em um dado momento, fiz uma opção de investimento, na minha condição de atleta e nos meus filhos, e decidi me mudar para os Estados Unidos. Mas foi um investimento muito alto e chegou um momento que eu não conseguia me manter só com as lutas e treinamentos. Eu e minha mulher começamos a trabalhar no país, ela como faxineira e eu como motorista de aplicativo, até alcançarmos nossos objetivos. Isso não foi um sacrifício, o brasileiro tá acostumado a matar dois leões por dia. Por ganhar em dólar, nós poderíamos até voltar ao Brasil, mas decidimos permanecer pelo acompanhamento profissional nos EUA. Acho que foi por isso que consegui o cinturão.

Nessa semana, após conquistar o cinturão, você retornou ao Arraial do Cabo. Como você enxergou esse momento, em que volta à sua cidade, depois de vários anos, como campeão mundial?

Eu gosto de falar que Arraial do Cabo me tornou lutador. Sou criado em Copacabana, já treinava jiu-jitsu, mas em academias ao lado de adultos. Quando vou para a minha cidade, e começo a treinar com garotos da minha idade, desponto de uma forma incrível. As pessoas perceberam que tinham ali um material bruto e começaram a me incentivar a seguir no caminho da luta. Seja no Arraial do Cabo ou no Rio, as pessoas iam me acompanhar na luta. Sempre tive um apoio forte da cidade. Voltar com o cinturão é uma forma de agradecer a todos eles, poder retribuir e mostrar que também são campeões mundiais. Para mim também foi importante voltar. Em cima do caminhão de bombeiros, pude reviver o sentimento de ser campeão mundial várias vezes. A cada pessoa que passava, eu levantava o cinturão e me tornava campeão mundial novamente. Arraial é quase uma província de pescadores e mostrar para outros meninos que dá para chegar longe é importante.

Em relação ao combate, como analisa seu desempenho contra o Brandon Moreno? Onde acha que acertou e onde errou?

Meu treinamento foi muito bem feito para essa luta. Pude chegar pronto e tive a companhia da minha família na semana antes do combate. Mas quando o juiz fala “fight” e eu olho para o outro lado e vejo um atleta que já venci duas vezes, quis atropelar logo no começo e esqueço a técnica, vou só na vontade. Quis apressar muito as coisas, poderia entrar mais calmo, mas estava querendo ganhar. Essa vontade de vencer me atrapalhou um pouco. Deixei que ele me acuasse no octógono e ele me surpreendeu também. Eu lutei contra um campeão. Mas tiver de lutar por muita coisa e essa minha luta pela vida me deu um pouquinho a mais de força para sair com esse cinturão.

Justamente por essa força do Moreno, o combate não teve decisão unânime dos juízes. Você ficou surpreso com isso?

Muito surpreso, porque quando acabou a luta, eu tinha total certeza de que tinha sido campeão. Eu estava nas nuvens. Quando o Bruce Buffer fala “split decision, 49 x 46 Brandon Moreno”, a nuvem abriu e eu caí na terra. Passou pela minha cabeça que iam tomar minha vitória. Eu tinnha certeza de que tinha feito o suficiente para vencer. Claro que gostaria de ter feito mais, mas estava lutando contra um atleta de muito gabarito. Me dá um sentimento de muita frustração, mas depois ele fala “the new UFC champion” e eu volto para as nuvens.

Pantoja destaca que vitória no UFC o levou às "nuvens". Foto: Taba Benedicto/Estadão

Quais sentimentos passaram pela sua cabeça nesse momento, de ter a vitória confirmada?

Eu cheguei até o Sol, foi algo indescritível. Conversando com a minha mulher, antes da luta, pensava que não queria ter nada planejado para falar caso fosse campeão. Queria que viesse do coração e, realmente, foi algo do meu coração. Abri totalmente meu peito e pude ter meus filhos recebendo o cinturão comigo e a minha mulher. Foi um momento único na minha vida.

Você não era favorito e ‘fisgou’ o cinturão da rivalidade entre Moreno e Deiveson Figueiredo. Essa vitória tem um sabor especial por esses fatores?

Eu lutei bastante por esse espaço. Duas lutas antes, tinha lesionado meu joelho e lutei com ele lesionado. Esse foi um erro. Eu estava lutando praticamente com uma perna só no treinamento, porque meu joelho não aguentava. Chegaram a me oferecer uma disputa com o Moreno antes, mas tive de parar para realizar uma cirurgia e foram seis meses de recuperação. Não era o favorito para vencer no UFC 290, apesar de já ter vencido o rival outras duas vezes. Das 20 mil pessoas na arena, 19.950 estavam com o Moreno. Mas mostrei que seria realmente a minha noite.

Você cita a lesão no joelho como um fator importante na sua preparação. Acha que essa foi a principal dificuldade até a conquista?

Enxergo que a lesão foi um ponto que me potencializou. Fiquei só seis meses fora pela fisioterapia, quando eu pude estar mais tempo com a minha família. Foi um momento importante, porque sabia que assim que acabasse de me recuperar, teria de focar nos meus treinamentos. Eu não parei desde que fiz minha primeira luta no MMA, em 2007. Não parei até o cinturão. Foi algo enviado de Deus essa lesão.

Ainda é cedo, mas você vai ter de defender o cinturão em algum momento. As negociações com o UFC já começaram?

O telefone já tá começando a tocar. Não posso falar os adversários, mas me ofeceram um combate em uma data curta para mim. Eu até quero, mas primeiro preciso voltar à academia. Estou há dez dias sem treinar. É muito tempo para um atleta profissional de ponta.

Mas você tem um ‘adversário dos sonhos’ para enfrentar?

Eu não tenho. Acho que o sonho dos outros é lutar comigo. Eu tô no ápice da montanha, tenho de estar muito preparado e começar a trabalhar desde a fundação para chegar pronto para defender esse cinturão.

“Lutador” é a palavra que melhor define Alexandre Pantoja, campeão dos pesos-mosca do Ultimate Fighter Championship (UFC) e único brasileiro com um título da organização. O próprio atleta se define assim, em um adjetivo que resume sua carreira no octógono e na vida. Após derrotar Brandon Moreno, no UFC 290, e se sagrar campeão da categoria, ele enalteceu sua família, que o colocou na posição onde está hoje.

Sereno e falante, Pantoja gosta de dissertar sobre os mais variados temas que o cercam. “Quando está ao meu alcance, eu falo mesmo”, brinca, em entrevista ao Estadão. Foi pelas mãos dele que o Brasil encerrou um jejum – breve, deve-se ressaltar – de títulos no UFC ao derrotar o mexicano no último evento. Atravessou uma lesão no joelho e foi surpreendido pelo rival no combate, mas sempre ressalta seu alicerce familiar para alcançar seus sonhos.

Após decisão dividida do corpo de juízes em Nevada – fato que surpreendeu o brasileiro, natural de Arraial do Cabo, que tinha certeza de sua vitória ao fim do combate –, ele conversou com Joe Rogan, ainda no octógono. Ressaltou a importância de sua mãe e criticou seu pai, que o abandonou durante sua criação. “Minha história ganhou força, muito além da conquista”, afirma. A matriarca criou ele e seus irmãos por conta própria, desde quando Pantoja ainda tinha dez anos. Ele esteve na redação do Estadão com seu cinturão.

Alexandre Pantoja visitou a redação do Estadão nesta semana. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Aos 12, ingressou no MMA. Antes mesmo de sonhar com o UFC, tinha como foco suprir a ausência do pai em sua casa. Era uma forma de se colocar como um pilar, uma base na estrutura familiar do Arraial do Cabo. Mais de 20 anos desde que ingressou no mundo da luta, entrou para a seleta lista de brasileiros campeões da organização, o 21° brasileiro. Para chegar nesse ponto, o lutador se mudou para os Estados Unidos com a mulher, Gabryella Gouvêa, e trabalhou como motorista de aplicativo em seu início no MMA, para suprir a falta de dinheiro.

“Isso (ser campeão do UFC) é um divisor de águas. Estou tomando essa responsabilidade de tornar o Brasil novamente campeão do UFC”. Pantoja ganhou a chance de disputar o cinturão para substituir Ray Borg. Em apenas três semanas, surpreendeu Moreno e derrotou o mexicano pela terceira vez na carreira. Nesta entrevista, o lutador visitou os estúdios e a redação do Estadão, em sua segunda visita à capital paulista, e comentou sobre temas que cercam sua carreira: herança familiar, dificuldades na preparação, falta de dinheiro e a conquista do cinturão, que encerrou o jejum brasileiro na modalidade.

É a segunda vez que você vem a São Paulo na vida e a primeira desde que foi campeão. Como é essa experiência?

Eu estou muito feliz e lisonjeado de estar sendo recebido aqui no Estadão, poder conhecer um pouco desse jornal que é tão importante para o nosso País. Eu vejo que São Paulo tem esse ar meio intelectual. Eu sou criado no Rio, no Arraial do Cabo, que é muito diferente de São Paulo. Basta uma sunga que você está vestido para ir a qualquer lugar. Aqui, em São Paulo, as pessoas se vestem muito bem. Querem estar sempre bem arrumadas. Eu me sinto muito feliz e lisonjeado de representar tantos lutadores brasileiros ao carregar este cinturão.

E o que mudou na sua vida desde o UFC 290, quando conquistou o cinturão do peso-mosca?

Eu tenho uma história muito grande, de superação e batalha. Ao ganhar este título, ela ganha uma evidência muito forte. É muito importante para mim que ela ganhe esta evidência, pelas pessoas que estão por trás desta história. Eu sou o protagonista, tenho o privilégio de ser essa pessoa que conquistou o cinturão, mas é muita coisa que está por trás. Muitas pessoas me ajudaram, me deram um empurrão para eu poder chegar mais próximo do título; ao conquistar, elas se sentem campeãs mundiais também. Essa história de ganhar evidência foi a coisa mais importante para mim.

Quando você fala pela primeira vez após ser campeão, ainda no octógono, cita a importância da sua mãe e a ausência de seu pai na sua criação. O que pensou nesse momento e como observou a repercussão?

A minha história se parece com muitas outras que nós vemos no Brasil. Apesar da minha luta com o Moreno ter sido intensa, cinco rounds, a minha história conseguiu ganhar uma evidência ainda maior do que a conquista, do que o combate em si. Naquele momento, abri meu coração, baixei a minha guarda. Minha mãe foi muito guerreira por ter criado eu e meus irmãos sozinha, caso que é rotineiro no Brasil. Depois, falo do meu pai, se ele está orgulhoso de mim agora. Onde ele estava durante tantos momentos que a gente precisou dele em nossas vidas? A relação de um marido e mulher pode acabar, mas com o filho é eterna. A minha fala, ao final da luta, foi para elevar o status da minha mãe como “Minha Heroína”.

Quando que sua vida teve essa reviravolta? Com sua mãe precisando cuidar da casa sozinha e como isso ocorreu?

Eu falo que aprendi muito cedo a me virar sozinho. Houve algumas brigas na minha casa que levaram à separação dos meus pais. Tenho uma visão de que foi aos dez anos que eles se divorciaram de fato, quando meu pai foi buscar a melhor vida que ele poderia ter; em contraponto, minha mãe ficou sozinha com meus irmãos, precisando cuidar da casa, pagar a comida, luz, aluguel e faltava muita coisa. Nós não tínhamos nosso pai ali, nos ajudando, mas eu sei que ele tem um amor muito grande pela gente e tenho um amor por ele, mas ele deixou essa ferida aberta.

A ausência de seu pai foi um dos motivos para você entrar no MMA?

Quando meu pai sai de casa, eu vejo que alguém tem de assumir o papel de “homem da casa”. Muitas vezes meu irmão supriu essa ausência. Foi uma inspiração para mim durante muito tempo. Ele se tornou pai primeiro do que eu e enxerguei como uma forma de proteção para a nossa família, um exemplo. Em outros momentos, me coloquei à frente para defender minha irmã na rua. Isso acendeu em mim o meu desejo de estudar as artes marciais. Comecei a treinar aos 12 anos e fiz minha primeira luta aos 17.

Em diversas entrevistas você comentou que passou por dificuldades financeiras. Como superou?

Dificuldade financeira eu tive a minha vida toda. Até o local de treinamento específico para o MMA no Rio levava três horas. Tinha dificuldades para me manter. Até chegar ao UFC, vivi em casas de amigos, tios, sempre pulando de um lugar para outro. Em um dado momento, fiz uma opção de investimento, na minha condição de atleta e nos meus filhos, e decidi me mudar para os Estados Unidos. Mas foi um investimento muito alto e chegou um momento que eu não conseguia me manter só com as lutas e treinamentos. Eu e minha mulher começamos a trabalhar no país, ela como faxineira e eu como motorista de aplicativo, até alcançarmos nossos objetivos. Isso não foi um sacrifício, o brasileiro tá acostumado a matar dois leões por dia. Por ganhar em dólar, nós poderíamos até voltar ao Brasil, mas decidimos permanecer pelo acompanhamento profissional nos EUA. Acho que foi por isso que consegui o cinturão.

Nessa semana, após conquistar o cinturão, você retornou ao Arraial do Cabo. Como você enxergou esse momento, em que volta à sua cidade, depois de vários anos, como campeão mundial?

Eu gosto de falar que Arraial do Cabo me tornou lutador. Sou criado em Copacabana, já treinava jiu-jitsu, mas em academias ao lado de adultos. Quando vou para a minha cidade, e começo a treinar com garotos da minha idade, desponto de uma forma incrível. As pessoas perceberam que tinham ali um material bruto e começaram a me incentivar a seguir no caminho da luta. Seja no Arraial do Cabo ou no Rio, as pessoas iam me acompanhar na luta. Sempre tive um apoio forte da cidade. Voltar com o cinturão é uma forma de agradecer a todos eles, poder retribuir e mostrar que também são campeões mundiais. Para mim também foi importante voltar. Em cima do caminhão de bombeiros, pude reviver o sentimento de ser campeão mundial várias vezes. A cada pessoa que passava, eu levantava o cinturão e me tornava campeão mundial novamente. Arraial é quase uma província de pescadores e mostrar para outros meninos que dá para chegar longe é importante.

Em relação ao combate, como analisa seu desempenho contra o Brandon Moreno? Onde acha que acertou e onde errou?

Meu treinamento foi muito bem feito para essa luta. Pude chegar pronto e tive a companhia da minha família na semana antes do combate. Mas quando o juiz fala “fight” e eu olho para o outro lado e vejo um atleta que já venci duas vezes, quis atropelar logo no começo e esqueço a técnica, vou só na vontade. Quis apressar muito as coisas, poderia entrar mais calmo, mas estava querendo ganhar. Essa vontade de vencer me atrapalhou um pouco. Deixei que ele me acuasse no octógono e ele me surpreendeu também. Eu lutei contra um campeão. Mas tiver de lutar por muita coisa e essa minha luta pela vida me deu um pouquinho a mais de força para sair com esse cinturão.

Justamente por essa força do Moreno, o combate não teve decisão unânime dos juízes. Você ficou surpreso com isso?

Muito surpreso, porque quando acabou a luta, eu tinha total certeza de que tinha sido campeão. Eu estava nas nuvens. Quando o Bruce Buffer fala “split decision, 49 x 46 Brandon Moreno”, a nuvem abriu e eu caí na terra. Passou pela minha cabeça que iam tomar minha vitória. Eu tinnha certeza de que tinha feito o suficiente para vencer. Claro que gostaria de ter feito mais, mas estava lutando contra um atleta de muito gabarito. Me dá um sentimento de muita frustração, mas depois ele fala “the new UFC champion” e eu volto para as nuvens.

Pantoja destaca que vitória no UFC o levou às "nuvens". Foto: Taba Benedicto/Estadão

Quais sentimentos passaram pela sua cabeça nesse momento, de ter a vitória confirmada?

Eu cheguei até o Sol, foi algo indescritível. Conversando com a minha mulher, antes da luta, pensava que não queria ter nada planejado para falar caso fosse campeão. Queria que viesse do coração e, realmente, foi algo do meu coração. Abri totalmente meu peito e pude ter meus filhos recebendo o cinturão comigo e a minha mulher. Foi um momento único na minha vida.

Você não era favorito e ‘fisgou’ o cinturão da rivalidade entre Moreno e Deiveson Figueiredo. Essa vitória tem um sabor especial por esses fatores?

Eu lutei bastante por esse espaço. Duas lutas antes, tinha lesionado meu joelho e lutei com ele lesionado. Esse foi um erro. Eu estava lutando praticamente com uma perna só no treinamento, porque meu joelho não aguentava. Chegaram a me oferecer uma disputa com o Moreno antes, mas tive de parar para realizar uma cirurgia e foram seis meses de recuperação. Não era o favorito para vencer no UFC 290, apesar de já ter vencido o rival outras duas vezes. Das 20 mil pessoas na arena, 19.950 estavam com o Moreno. Mas mostrei que seria realmente a minha noite.

Você cita a lesão no joelho como um fator importante na sua preparação. Acha que essa foi a principal dificuldade até a conquista?

Enxergo que a lesão foi um ponto que me potencializou. Fiquei só seis meses fora pela fisioterapia, quando eu pude estar mais tempo com a minha família. Foi um momento importante, porque sabia que assim que acabasse de me recuperar, teria de focar nos meus treinamentos. Eu não parei desde que fiz minha primeira luta no MMA, em 2007. Não parei até o cinturão. Foi algo enviado de Deus essa lesão.

Ainda é cedo, mas você vai ter de defender o cinturão em algum momento. As negociações com o UFC já começaram?

O telefone já tá começando a tocar. Não posso falar os adversários, mas me ofeceram um combate em uma data curta para mim. Eu até quero, mas primeiro preciso voltar à academia. Estou há dez dias sem treinar. É muito tempo para um atleta profissional de ponta.

Mas você tem um ‘adversário dos sonhos’ para enfrentar?

Eu não tenho. Acho que o sonho dos outros é lutar comigo. Eu tô no ápice da montanha, tenho de estar muito preparado e começar a trabalhar desde a fundação para chegar pronto para defender esse cinturão.

“Lutador” é a palavra que melhor define Alexandre Pantoja, campeão dos pesos-mosca do Ultimate Fighter Championship (UFC) e único brasileiro com um título da organização. O próprio atleta se define assim, em um adjetivo que resume sua carreira no octógono e na vida. Após derrotar Brandon Moreno, no UFC 290, e se sagrar campeão da categoria, ele enalteceu sua família, que o colocou na posição onde está hoje.

Sereno e falante, Pantoja gosta de dissertar sobre os mais variados temas que o cercam. “Quando está ao meu alcance, eu falo mesmo”, brinca, em entrevista ao Estadão. Foi pelas mãos dele que o Brasil encerrou um jejum – breve, deve-se ressaltar – de títulos no UFC ao derrotar o mexicano no último evento. Atravessou uma lesão no joelho e foi surpreendido pelo rival no combate, mas sempre ressalta seu alicerce familiar para alcançar seus sonhos.

Após decisão dividida do corpo de juízes em Nevada – fato que surpreendeu o brasileiro, natural de Arraial do Cabo, que tinha certeza de sua vitória ao fim do combate –, ele conversou com Joe Rogan, ainda no octógono. Ressaltou a importância de sua mãe e criticou seu pai, que o abandonou durante sua criação. “Minha história ganhou força, muito além da conquista”, afirma. A matriarca criou ele e seus irmãos por conta própria, desde quando Pantoja ainda tinha dez anos. Ele esteve na redação do Estadão com seu cinturão.

Alexandre Pantoja visitou a redação do Estadão nesta semana. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Aos 12, ingressou no MMA. Antes mesmo de sonhar com o UFC, tinha como foco suprir a ausência do pai em sua casa. Era uma forma de se colocar como um pilar, uma base na estrutura familiar do Arraial do Cabo. Mais de 20 anos desde que ingressou no mundo da luta, entrou para a seleta lista de brasileiros campeões da organização, o 21° brasileiro. Para chegar nesse ponto, o lutador se mudou para os Estados Unidos com a mulher, Gabryella Gouvêa, e trabalhou como motorista de aplicativo em seu início no MMA, para suprir a falta de dinheiro.

“Isso (ser campeão do UFC) é um divisor de águas. Estou tomando essa responsabilidade de tornar o Brasil novamente campeão do UFC”. Pantoja ganhou a chance de disputar o cinturão para substituir Ray Borg. Em apenas três semanas, surpreendeu Moreno e derrotou o mexicano pela terceira vez na carreira. Nesta entrevista, o lutador visitou os estúdios e a redação do Estadão, em sua segunda visita à capital paulista, e comentou sobre temas que cercam sua carreira: herança familiar, dificuldades na preparação, falta de dinheiro e a conquista do cinturão, que encerrou o jejum brasileiro na modalidade.

É a segunda vez que você vem a São Paulo na vida e a primeira desde que foi campeão. Como é essa experiência?

Eu estou muito feliz e lisonjeado de estar sendo recebido aqui no Estadão, poder conhecer um pouco desse jornal que é tão importante para o nosso País. Eu vejo que São Paulo tem esse ar meio intelectual. Eu sou criado no Rio, no Arraial do Cabo, que é muito diferente de São Paulo. Basta uma sunga que você está vestido para ir a qualquer lugar. Aqui, em São Paulo, as pessoas se vestem muito bem. Querem estar sempre bem arrumadas. Eu me sinto muito feliz e lisonjeado de representar tantos lutadores brasileiros ao carregar este cinturão.

E o que mudou na sua vida desde o UFC 290, quando conquistou o cinturão do peso-mosca?

Eu tenho uma história muito grande, de superação e batalha. Ao ganhar este título, ela ganha uma evidência muito forte. É muito importante para mim que ela ganhe esta evidência, pelas pessoas que estão por trás desta história. Eu sou o protagonista, tenho o privilégio de ser essa pessoa que conquistou o cinturão, mas é muita coisa que está por trás. Muitas pessoas me ajudaram, me deram um empurrão para eu poder chegar mais próximo do título; ao conquistar, elas se sentem campeãs mundiais também. Essa história de ganhar evidência foi a coisa mais importante para mim.

Quando você fala pela primeira vez após ser campeão, ainda no octógono, cita a importância da sua mãe e a ausência de seu pai na sua criação. O que pensou nesse momento e como observou a repercussão?

A minha história se parece com muitas outras que nós vemos no Brasil. Apesar da minha luta com o Moreno ter sido intensa, cinco rounds, a minha história conseguiu ganhar uma evidência ainda maior do que a conquista, do que o combate em si. Naquele momento, abri meu coração, baixei a minha guarda. Minha mãe foi muito guerreira por ter criado eu e meus irmãos sozinha, caso que é rotineiro no Brasil. Depois, falo do meu pai, se ele está orgulhoso de mim agora. Onde ele estava durante tantos momentos que a gente precisou dele em nossas vidas? A relação de um marido e mulher pode acabar, mas com o filho é eterna. A minha fala, ao final da luta, foi para elevar o status da minha mãe como “Minha Heroína”.

Quando que sua vida teve essa reviravolta? Com sua mãe precisando cuidar da casa sozinha e como isso ocorreu?

Eu falo que aprendi muito cedo a me virar sozinho. Houve algumas brigas na minha casa que levaram à separação dos meus pais. Tenho uma visão de que foi aos dez anos que eles se divorciaram de fato, quando meu pai foi buscar a melhor vida que ele poderia ter; em contraponto, minha mãe ficou sozinha com meus irmãos, precisando cuidar da casa, pagar a comida, luz, aluguel e faltava muita coisa. Nós não tínhamos nosso pai ali, nos ajudando, mas eu sei que ele tem um amor muito grande pela gente e tenho um amor por ele, mas ele deixou essa ferida aberta.

A ausência de seu pai foi um dos motivos para você entrar no MMA?

Quando meu pai sai de casa, eu vejo que alguém tem de assumir o papel de “homem da casa”. Muitas vezes meu irmão supriu essa ausência. Foi uma inspiração para mim durante muito tempo. Ele se tornou pai primeiro do que eu e enxerguei como uma forma de proteção para a nossa família, um exemplo. Em outros momentos, me coloquei à frente para defender minha irmã na rua. Isso acendeu em mim o meu desejo de estudar as artes marciais. Comecei a treinar aos 12 anos e fiz minha primeira luta aos 17.

Em diversas entrevistas você comentou que passou por dificuldades financeiras. Como superou?

Dificuldade financeira eu tive a minha vida toda. Até o local de treinamento específico para o MMA no Rio levava três horas. Tinha dificuldades para me manter. Até chegar ao UFC, vivi em casas de amigos, tios, sempre pulando de um lugar para outro. Em um dado momento, fiz uma opção de investimento, na minha condição de atleta e nos meus filhos, e decidi me mudar para os Estados Unidos. Mas foi um investimento muito alto e chegou um momento que eu não conseguia me manter só com as lutas e treinamentos. Eu e minha mulher começamos a trabalhar no país, ela como faxineira e eu como motorista de aplicativo, até alcançarmos nossos objetivos. Isso não foi um sacrifício, o brasileiro tá acostumado a matar dois leões por dia. Por ganhar em dólar, nós poderíamos até voltar ao Brasil, mas decidimos permanecer pelo acompanhamento profissional nos EUA. Acho que foi por isso que consegui o cinturão.

Nessa semana, após conquistar o cinturão, você retornou ao Arraial do Cabo. Como você enxergou esse momento, em que volta à sua cidade, depois de vários anos, como campeão mundial?

Eu gosto de falar que Arraial do Cabo me tornou lutador. Sou criado em Copacabana, já treinava jiu-jitsu, mas em academias ao lado de adultos. Quando vou para a minha cidade, e começo a treinar com garotos da minha idade, desponto de uma forma incrível. As pessoas perceberam que tinham ali um material bruto e começaram a me incentivar a seguir no caminho da luta. Seja no Arraial do Cabo ou no Rio, as pessoas iam me acompanhar na luta. Sempre tive um apoio forte da cidade. Voltar com o cinturão é uma forma de agradecer a todos eles, poder retribuir e mostrar que também são campeões mundiais. Para mim também foi importante voltar. Em cima do caminhão de bombeiros, pude reviver o sentimento de ser campeão mundial várias vezes. A cada pessoa que passava, eu levantava o cinturão e me tornava campeão mundial novamente. Arraial é quase uma província de pescadores e mostrar para outros meninos que dá para chegar longe é importante.

Em relação ao combate, como analisa seu desempenho contra o Brandon Moreno? Onde acha que acertou e onde errou?

Meu treinamento foi muito bem feito para essa luta. Pude chegar pronto e tive a companhia da minha família na semana antes do combate. Mas quando o juiz fala “fight” e eu olho para o outro lado e vejo um atleta que já venci duas vezes, quis atropelar logo no começo e esqueço a técnica, vou só na vontade. Quis apressar muito as coisas, poderia entrar mais calmo, mas estava querendo ganhar. Essa vontade de vencer me atrapalhou um pouco. Deixei que ele me acuasse no octógono e ele me surpreendeu também. Eu lutei contra um campeão. Mas tiver de lutar por muita coisa e essa minha luta pela vida me deu um pouquinho a mais de força para sair com esse cinturão.

Justamente por essa força do Moreno, o combate não teve decisão unânime dos juízes. Você ficou surpreso com isso?

Muito surpreso, porque quando acabou a luta, eu tinha total certeza de que tinha sido campeão. Eu estava nas nuvens. Quando o Bruce Buffer fala “split decision, 49 x 46 Brandon Moreno”, a nuvem abriu e eu caí na terra. Passou pela minha cabeça que iam tomar minha vitória. Eu tinnha certeza de que tinha feito o suficiente para vencer. Claro que gostaria de ter feito mais, mas estava lutando contra um atleta de muito gabarito. Me dá um sentimento de muita frustração, mas depois ele fala “the new UFC champion” e eu volto para as nuvens.

Pantoja destaca que vitória no UFC o levou às "nuvens". Foto: Taba Benedicto/Estadão

Quais sentimentos passaram pela sua cabeça nesse momento, de ter a vitória confirmada?

Eu cheguei até o Sol, foi algo indescritível. Conversando com a minha mulher, antes da luta, pensava que não queria ter nada planejado para falar caso fosse campeão. Queria que viesse do coração e, realmente, foi algo do meu coração. Abri totalmente meu peito e pude ter meus filhos recebendo o cinturão comigo e a minha mulher. Foi um momento único na minha vida.

Você não era favorito e ‘fisgou’ o cinturão da rivalidade entre Moreno e Deiveson Figueiredo. Essa vitória tem um sabor especial por esses fatores?

Eu lutei bastante por esse espaço. Duas lutas antes, tinha lesionado meu joelho e lutei com ele lesionado. Esse foi um erro. Eu estava lutando praticamente com uma perna só no treinamento, porque meu joelho não aguentava. Chegaram a me oferecer uma disputa com o Moreno antes, mas tive de parar para realizar uma cirurgia e foram seis meses de recuperação. Não era o favorito para vencer no UFC 290, apesar de já ter vencido o rival outras duas vezes. Das 20 mil pessoas na arena, 19.950 estavam com o Moreno. Mas mostrei que seria realmente a minha noite.

Você cita a lesão no joelho como um fator importante na sua preparação. Acha que essa foi a principal dificuldade até a conquista?

Enxergo que a lesão foi um ponto que me potencializou. Fiquei só seis meses fora pela fisioterapia, quando eu pude estar mais tempo com a minha família. Foi um momento importante, porque sabia que assim que acabasse de me recuperar, teria de focar nos meus treinamentos. Eu não parei desde que fiz minha primeira luta no MMA, em 2007. Não parei até o cinturão. Foi algo enviado de Deus essa lesão.

Ainda é cedo, mas você vai ter de defender o cinturão em algum momento. As negociações com o UFC já começaram?

O telefone já tá começando a tocar. Não posso falar os adversários, mas me ofeceram um combate em uma data curta para mim. Eu até quero, mas primeiro preciso voltar à academia. Estou há dez dias sem treinar. É muito tempo para um atleta profissional de ponta.

Mas você tem um ‘adversário dos sonhos’ para enfrentar?

Eu não tenho. Acho que o sonho dos outros é lutar comigo. Eu tô no ápice da montanha, tenho de estar muito preparado e começar a trabalhar desde a fundação para chegar pronto para defender esse cinturão.

Entrevista por Murillo César Alves

Repórter de Esportes

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