Charles “Do Bronxs” Oliveira , recordista em finalização do UFC, foi uma das personalidades mais buscadas neste ano. Segundo o Google, o lutador foi o segundo atleta mais procurado no Brasil em 2022, atrás apenas de Richarlison, artilheiro da seleção brasileira na Copa do Mundo do Catar.
Ao Estadão, Charles afirma que vive seu melhor momento na carreira e trata da possibilidade de construir um legado no esporte, semelhante ao que Ayrton Senna fez na Fórmula 1. “Eu quero ser uma referência. Eu quero que continuem falando do Charles mesmo após minha aposentadoria ou até mesmo a morte, assim como Senna”, afirma. “A palavra chave para definir esse momento é gratidão.”
“São esses pequenos detalhes. Todo mundo sabe a minha história, a história do Charles, da comunidade para o mundo. Receber premiações e ser o segundo atleta mais visto do Google. Só perdi para o pombo”, brinca Do Bronx. “É importante deixar esse legado para outras gerações e outros atletas.”
Ao se tornar o segundo atleta mais buscado na internet em 2022, Charles afirma que “quebrou a bolha” do MMA, assim como outros atletas brasileiros já o fizeram: Senna, Oscar Schmidt, Guga, entre outros. “Fico muito feliz por esse reconhecimento dos brasileiros, por conseguir, de certa forma, ‘estourar’ essa barreira do UFC no País”, afirmou.
No último mês, do Bronxs foi premiado com a Cruz da Referência Nacional, dado pela Agência Nacional de Cultura, Empreendedorismo e Comunicação (Ancec), por seus feitos e vitórias no UFC em 2022. Neste ano, foram duas lutas, com uma vitória e um revés, mas que o transformaram em um personagem deste ano.
O Prêmio Cruz da Referência Nacional busca, segundo a Ancec, homenagear aqueles que se destacam em suas atividades, “tornando-se referência no que fazem.” A ideia é reconhecer os destaques do País, que ajudaram a reforçar a cultura e a identidade nacional na sociedade.
“É muito importante que as pessoas queiram escutar e se sintam inspiradas pela minha trajetória. Muitos lutadores me parabenizaram pelo feito.” Ao se comparar com Senna, Charles: “espero que tenha muitos anos ainda pela frente, mas que eu me torne referência. Pelos meus prêmios, pela minha luta e pela história. É isso que espero.”
Com a derrota para Makhachev em outubro, o brasileiro desperdiçou sua chance de reconquistar seu cinturão dos pesos médios, após perdê-lo na balança por estar acima do peso. Após a derrota, Charles anunciou uma pausa até 2023 para se recuperar de um ano intenso em 2022. Ele chegou a cogitar lutar no UFC Rio em janeiro, mas voltou atrás na possibilidade.
“Quem me acompanha, sabe que eu não tive 10% do meu potencial contra o Makhachev. Foram 15, 20 minutos, em que eu não consegui encaixar o meu combate”, conta Charles. “Infelizmente acontece. Minha preparação foi perfeita e eu estava preparado para trazer o cinturão de volta.” A ideia agora é fazer uma pausa na sequência de combates. “Tinha em mente lutar no Rio. Seria importante para mim e para o povo brasileiro, mas percebi que não é o momento. Vou ficar ao lado da minha família e amigos nos próximos meses.”
O plano de Charles para 2023 seguirá semelhante ao de 2022, com dois combates em mente. O primeiro, entre março e abril, e um segundo, no final do ano, com a disputa pelo cinturão - caso vença a primeira luta. “Vou voltar a treinar em janeiro para seguir no ritmo para os combates.”
Mesmo sem lutar, Do Bronxs pretende estar presente no UFC 283, que acontece em janeiro no Rio. Na luta principal, valendo o cinturão do peso-mosca, Deiveson Figueiredo enfrenta o campeão interino da divisão, Brandon Moreno. Será o quarto combate entre os lutadores na história. “Já falei diversas vezes com ele (Deiveson). O importante é que ele mantenha a cabeça no lugar, o potencial dele é enorme”, afirma Charles. “Ele tem uma das mãos mais pesadas que eu já vi na categoria. É um cara que faz acontecer. Se ele não brincar, tenho que certeza que vai fazer história.”