Aposentadoria do UFC, chegada de mais um filho, polêmicas envolvendo seu nome com o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Hall da Fama e, a partir desta sexta-feira, início de um novo capítulo em outra modalidade esportiva, o boxe. A vida de José Aldo nos últimos meses foi, segundo o próprio lutador, um misto de emoções, sensações e experiências. Mas um fato específico colocou o lutador no olho do furação da política brasileira: a iniciativa de hospedar em sua casa na Flórida por tempo indeterminado o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ao Estadão, José Aldo foi franco como sempre. Ele reforça que não enxerga como um erro alugar o imóvel ao ex-presidente da República e brinca que, caso Lula fosse à Flórida, também disponibilizaria sua residência ao atual presidente. O lutador tem duas propriedades na Flórida e já a emprestou a diversos amigos e personalidades do esporte.
Na conversa com o lutador, apesar de não se estender sobre o assunto, em nenhum momento José Aldo se constrangeu sobre abrir as portas de sua casa nos EUA para Bolsonaro, como se isso o fizesse diferente, melhor ou pior, do que qualquer outro brasileiro. Não entrou no mérito de sua opção política, tampouco acirrou qualquer briga partidária ou divisão que tomou conta do Brasil nos últimos quatro anos, quando Bolsonaro comandou o País.
“Vamos por partes: eu cederia a casa (ao Bolsonaro) normalmente de novo, sem problemas. Como já disse, diversos artistas globais, cantores, jogadores já ficaram na minha casa nos Estados Unidos. Todos que me conhecem, principalmente amigos, ficam na minha casa. Faria tudo de novo (hospedar Bolsonaro) sem nenhum problema”, disse ao Estadão.
José Aldo foi duramente criticado nas redes sociais por apoiadores de Lula e contrários à sua amizade com Bolsonaro. Nem isso o abalou ou o tirou do foco de seus novos objetivos na carreira e na vida, como estrear no boxe depois de brilhar no MMA por anos e acompanhar o nascimento do novo filho mais de perto. José Aldo continua o mesmo de sempre, desafiador e focado no que quer.
“Independentemente da opção política de cada um, tenho de pensar naquilo que vai ser bom para mim. Não vejo problema em as pessoas falarem que eu hospedei o presidente na minha casa. Eu até brinco com meus amigos próximos que, como tenho duas casas, eu hospedaria o outro presidente (Lula) sem problema algum se ele viesse à Flórida (assim como o Bolsonaro) também.”
Mais do que questões partidárias da política do Brasil, José Aldo disse que vê sua movimentação como a de um cidadão brasileiro que tem uma casa nos EUA e a aluga para fazer negócios, ganhar dinheiro. “No final, é tudo uma oportunidade de negócio. Nunca fiz nada de errado, nem escondi de ninguém o que estava fazendo. Não tenho medo nenhum de arranhar a minha imagem com isso. Só porque um jogador bebe ou fuma, eu vou ser contra o atleta? Isso para mim não faz sentido, desgostar de alguém que veste a camisa da nossa seleção brasileira... Eu sou fã do cara que me representa, como torcedor, no esporte que seja. Se formos julgar cada um pela sua vida pessoal, famoso ou anônimo, sempre terão coisas que desagradam algum grupo ou pessoa”, disse.
“Continuo o mesmo José Aldo de sempre, com as mesmas amizades, e nada dessa história com o Bolsonaro vai influenciar na minha cabeça ou meu jeito de ser.”
Bolsonaro o procurou nos EUA
O lutador disse que comprou as casas na Flórida porque a família adora a Disney. Um dos quartos é decorado com personagens do filme ‘Meu Malvado Favorito’. Ele já havia comentado que tempos atrás recebeu uma ligação de Bolsonaro e foi então que sugeriu ao ex-presidente se hospedar na sua casa durante a estadia no país americano. Bolsonaro deixou o Brasil no dia 30 de dezembro.
Em entrevista ao Flow Podcast, José Aldo explicou que ao recepcionar o ex-presidente, isso fez com que o imóvel valorizasse e multiplicasse sua procura para aluguel. Comentou em tom de brincadeira que pretende colocar uma placa na porta da casa com os dizeres: “Aqui ficou o presidente do Brasil”.
Na ocasião, admitiu saber das consequências de hospedar Bolsonaro, com quem já havia se encontrado em Brasília durante o mandato do então presidente, mas “deu de ombros”. Segundo ele, enxergou as possibilidades e os retornos pessoais que sua decisão poderiam resultar, sem pensar em “esquerda” ou “direita”, numa referência à política brasileira.