Felipe Massa pode ser declarado campeão mundial de Fórmula 1. Mais de 15 anos depois do fim da temporada de 2008, o piloto brasileiro montou um time estrelado de advogados para entrar com uma ação contra a Formula One Management, empresa que detém os direitos da F-1, e a Federação Internacional de Automobilismo (FIA), para tentar buscar justiça e ser declarado campeão. Mas qual a razão de Massa e sua equipe tentarem isso apenas agora?
O caso voltou aos jornais em março deste ano. Bernie Ecclestone, chefão da F-1 por quase 40 anos, fez importantes revelações sobre o caso do “Cingapuragate”, acidente que mudou os rumos da temporada, em entrevista ao site F1-Insider. Questionado sobre os títulos de Lewis Hamilton, o inglês afirmara que considerava Michael Schumacher o único heptacampeão da história da F-1 porque Hamilton não seria o campeão moral de 2008.
O inglês foi além e revelou que ficou sabendo sobre a batida intencional de Nelsinho Piquet ainda durante 2008. Essa informação é o grande fundamento das ações judiciais de Massa. O motivo é que, pelas regras da FIA, um campeonato não pode ter seus resultados alterados após finalizado. Desta forma, mesmo com Piquet confirmando que o acidente em Cingapura foi planejado, apenas em 2009, a declaração não pode ser usada pela defesa de Massa como argumento para buscar justiça.
“Max Mosley (então presidente da FIA) e eu fomos informados durante a temporada sobre o que havia acontecido na corrida de Cingapura. Nelsinho Piquet havia confessado ao pai, Nelson, sobre a ordem da equipe de acionar o safety car para ajudar Alonso a vencer. Implorei ao Nelson para manter a história em segredo”, afirmou Ecclestone, que é próximo do pai de Nelsinho - o inglês foi chefe de Nelson Piquet em sua época de piloto.
“Decidimos não fazer nada na época. Quisemos proteger a Fórmula 1 e salvá-la de um grande escândalo”, declarou Ecclestone, ao tentar justificar a decisão de não tomar nenhuma decisão sobre o caso ainda em 2008. “Tínhamos informação suficiente na época para investigar o caso. De acordo com o regulamento, teríamos de cancelar a corrida de Cingapura naquelas circunstâncias. Isso significa que aquela etapa não estaria contando para o campeonato. E aí Felipe Massa seria o campeão mundial, e não Lewis Hamilton.”
O conhecimento dos principais dirigentes da F-1 e da FIA sobre o caso ainda em 2008 também foi atestado pelo documentário “Mosley: É complicado”, lançado em 2021. O site Motorsport teve acesso a uma conversa em que Mosley admite estar ciente sobre a batida proposital, em trecho que acabou não entrando na versão final do documentário.
Em entrevista ao Estadão, em abril deste ano, Felipe Massa afirmou que poderia aceitar uma saída mais amena para o problema: a divisão do título de 2008. Na prática, ele e Hamilton seriam considerados os campeões daquela temporada. “Eu acho que, se isso acontecesse, eu não poderia deixar de dizer que foi feito justiça. O importante é que seja feita a justiça”, afirmou. A divisão de um título nunca aconteceu na história da F-1. Felipe Massa corre atualmente na Stock Car.