Drugovich na F-1 em 2024? Saiba como estão os brasileiros no mercado de pilotos do automobilismo


Paranaense, atualmente na reserva da Aston Martin, é o principal candidato nacional a assumir uma vaga na categoria para a próxima temporada, e o País tem mais representantes em evidência; veja

Por Fabio Tarnapolsky

O Brasil não tem um piloto titular na Fórmula 1 desde 2017, quando Felipe Massa fez sua última temporada completa na categoria. Desde então, o País teve somente participações em treinos livres ou com substituições em GPs específicos, caso de Pietro Fittipaldi em 2020, nos GPs de Sakhir e de Abu Dhabi, no lugar de Romain Grosjean. Nos últimos anos, a esperança de o Brasil ter um representante na “rainha” do automobilismo retornou com o título do paranaense Felipe Drugovich na Fórmula 2 em 2022 e sua ligação recente com a Williams. As chances de ele assinar com uma escuderia para 2024 são reais? Quem são os outros pilotos brasileiros nessa corrida?

De fato, o mais próximo de conseguir uma vaga é Drugovich. Desde que venceu a F-2 de maneira surpreendente com a MP Motorsport - o primeiro troféu da equipe na categoria - surgem, de tempos em tempos, especulações sobre um lugar no grid para ele, que não seria uma cara nova no paddock, já que é, desde o ano passado, piloto de desenvolvimento e reserva da Aston Martin e foi inscrito na temporada corrente também como reserva da McLaren. Nas últimas semanas, o nome do brasileiro foi ligado à Williams, escuderia que não deve manter Logan Sargeant para 2024. O preço da vaga já foi até estipulado.

Atual reserva e piloto de desenvolvimento da Aston Martin na F-1, Drugovich está em negociações com a Williams para 2024. Foto: Leandro França/Divulgação XP
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Enzo Fittipaldi é outro que corre por fora. Disputando a Fórmula 2 em 2023 pela Carlin, ele não está brigando por título, mas já demonstrou habilidade em pista, principalmente com as ultrapassagens, e faz parte da Academia da Red Bull, além de ter sobrenome de respeito no mundo da velocidade e forte apoio financeiro. Gabriel Bortoleto, campeão da Fórmula 3, deve primeiro subir para a F-2 e dificilmente terá o nome veiculado à F-1 em 2024, mas sua proximidade com Fernando Alonso e Alpine o colocam no páreo para o futuro.

O Estadão faz uma atualização do mercado da Fórmula 1. Reúne em um só lugar a situação dos brasileiros nas categorias de base da maior divisão do esporte a motor e o que esperar para os próximos anos.

Felipe Drugovich

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Drugovich pilotou a Aston Martin nos treinos livres da F-1 em Monza e agradou os chefes de equipe. Foto: Luca Bruno/AP Photo

É tradição da F-1 que os rumores de transferências para a temporada seguinte comecem no meio do calendário de disputa, no período chamado de silly season. Em 2023, não foi diferente, mas dessa vez com um atrativo especial para o Brasil: há notícias não oficiais de que Drugovich, campeão da F-2 em 2022 de forma dominante, em uma escuderia que não era cotada como de ponta, pode assumir uma vaga de titular.

A primeira equipe a se pensar para Felipe, naturalmente, seria a Aston Martin, visto que ele é, desde o ano passado, seu piloto de desenvolvimento e reserva. No entanto, os ingleses manterão o bicampeão Fernando Alonso e Lance Stroll para 2024. A McLaren, outra com a qual ele tem vínculo, também continuará com Lando Norris e Oscar Piastri como dupla. O único time com um assento disponível é a Williams, que ainda não renovou com Logan Sargeant. Drugovich negocia com os chefões da escuderia.

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Quero ser lembrado como um cara sincero, que esteve na Fórmula 1 por ele mesmo e representou o Brasil. O País precisa de alguém para ter essa sinceridade de chegar lá, ‘quebrar a cara’ e tentar ser um piloto melhor do que os que já estiveram antes. Quero fazer o meu melhor.

Felipe Drugovich, em entrevista exclusiva ao Estadão em maio.

De acordo com o F1-Insider, o custo da vaga gira em torno de 15 milhões de euros (cerca de R$ 79 milhões em conversão direta). Apesar de ser uma quantia considerável, o brasileiro e seus patrocinadores têm o investimento. Ralf Schumacher, irmão de Michael Schumacher e tio de Mick Schumacher, um de seus concorrentes, disse recentemente ao Sport1 que Felipe “espera (a vaga) com muito dinheiro”. Juntando isso ao fato de o chefe da Williams, James Vowles, ter elogiado seu desempenho nos treinos livres da F-1 em Monza, a contratação é vista nos bastidores como possível.

Enzo Fittipaldi

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Enzo Fittipaldi com Helmut Marko, 'chefão' da Red Bull. Brasileiro corre na Fórmula 2 e faz parte da academia de pilotos da atual campeã de construtores da Fórmula 1. Foto: Beto Issa/RF1

Único representante brasileiro na Fórmula 2, Enzo Fittipaldi está distante da disputa do título da categoria em 2023, mas é figurinha conhecida no paddock da Fórmula 1. Além de ser neto da lenda Emerson Fittipaldi, ele já passou por duas academias de pilotos: Ferrari e Red Bull, sendo a segunda, a atual. O estilo arrojado de pilotagem e habilidade nas ultrapassagens são seus grandes destaques.

Enzo, por pouco, não trocou o caminho da F-1 pelo da Indy. Em 2021, ele deixou o programa da Ferrari por ter ingressado na Indy Pro 500, um dos degraus de acesso à divisão americana. No entanto, às vésperas do início da F-3 daquele ano, acertou com a Charouz e foi confirmado na categoria. A partir dali, voltou a ficar em evidência. No período na equipe tcheca, que normalmente ocupa a ‘rabeira’ do grid, conquistou um pódio na F-3 e mais seis na F-2, até ser contratado pela Carlin para 2023, onde venceu uma vez e subiu ao pódio mais quatro vezes na temporada.

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Fazendo parte da academia da Red Bull, suas chances começariam pela AlphaTauri, equipe irmã da escuderia do atual campeão mundial Max Verstappen. No entanto, como ela já fechou com Daniel Ricciardo e Yuki Tsunoda para 2024, Enzo terá de ficar ao menos mais um ano na F-2 e lutar por um assento de piloto reserva ou de desenvolvimento. Ainda, encara a forte concorrência de Liam Lawson, que já correu na F-1 em 2023 e é o primeiro da fila no programa.

Gabriel Bortoleto

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Gabriel Bortoleto, campeão da F-3 em 2023, tem Fernando Alonso, bicampeão da F-1, como mentor, e é apoiado pela agência do espanhol. Foto: James Gasperotti/KTF Sports

Gabriel Bortoleto dominou as manchetes das categorias de base da Fórmula 1 nesta temporada com o título da Fórmula 3, conquistado a bordo da Trident. Vindo de uma família consagrada no automobilismo - seu irmão, Enzo Bortoleto, é CEO da equipe KTF, da Stock Car -, ele traz na bagagem bons resultados nos monopostos e um apoiador de respeito: Fernando Alonso. Isso mesmo, o piloto espanhol.

Desde 2022, quando Bortoleto foi um dos melhores pilotos da R-ace GP na Fórmula Regional Europeia (FRECA), a A14 Management, agência do bicampeão mundial, cuida de sua carreira. O piloto da Aston Martin foi, inclusive, “flagrado” assistindo a diversas corridas da temporada da F-3 da qual Gabriel foi campeão. Esse moral, além de render bons contatos no paddock, também o ajuda a aprimorar sua pilotagem.

No meu dia a dia ele sempre se preocupa em saber tudo o que está acontecendo e, nos finais de semana, me dá dicas valiosas de pilotagem. Ele é um cara bem tranquilo e me passa bastante confiança ter um bicampeão mundial ao meu lado.

Gabriel Bortoleto, em entrevista exclusiva ao Estadão em setembro.

Mesmo com o destaque de 2023, Bortoleto não deve pular etapas. O próximo objetivo do brasileiro é a Fórmula 2, último degrau antes da categoria máxima, e ele já tem negociações avançadas com equipes da divisão. Junto a isso, estreitará relações com a Alpine, já que o Banco BRB, seu patrocinador, anunciou em julho uma parceria com a escuderia francesa da F-1. Se vencer a F-2 em 2024, e dependendo do desempenho de Esteban Ocon e Pierre Gasly, atual dupla do time, o brasileiro é mais um candidato ao cockpit em 2025.

Caio Collet

Caio Collet fez parte da academia da Alpine até 2023 e correu a última temporada da Fórmula 3 pela Van Amersfoot Racing. Foto: Sebastiaan Rozendaal/Dutch Photo Agency

‘Outsider’ na Fórmula 3 em 2023, Caio Collet já foi considerado um dos brasileiros mais próximos da Fórmula 1 no passado recente, mesmo ainda não tendo disputado a F-2. Isso porque ele fazia parte da Academia da Alpine e é empresariado por Nicholas Todt, que agenciou Felipe Massa e também o ferrarista Charles Leclerc, dois nomes de peso da F-1.

Os números de Collet na base impressionam. Além de ter sido campeão da Fórmula 4 Francesa em 2018, foi vice-campeão da Fórmula Renault Eurocup em 2020, com múltiplos pódios e batendo recorde de corridas consecutivas na zona de pontuação. Na F-3, no entanto, mesmo com resultados de respeito, não foi um dos ponteiros.

Em três anos na categoria, o brasileiro venceu três corridas e teve como melhor classificação no campeonato o oitavo lugar de 2022. O ponto positivo é que ele foi, disparadamente, o melhor piloto da Van Amersfoot Racing em 2023. Como Collet deixou o programa da Alpine no início do ano, é improvável que esteja próximo da F-1 na próxima temporada, sendo a Fórmula 2, ou outras categorias maiores fora dos monopostos, mais realistas para 2024.

Para o futuro: Rafael Câmara e Pedro Clerot

Rafael Câmara faz parte da Academia da Ferrari e é presença constante no topo das categorias que disputa. Foto: Divulgação/Ferrari Driver Academy

Entre os representantes do País nas gerações mais novas, destacam-se Rafael Câmara e Pedro Clerot. O primeiro é integrante da Academia da Ferrari e terminou no top 3 de todos os campeonatos que disputou, estando atualmente na Fórmula Regional Europeia; o segundo foi o campeão da temporada inaugural da Fórmula 4 Brasileira e disputa a Fórmula 4 Espanhola em 2023.

Câmara, de 18 anos, foi um dos expoentes do kart europeu em 2021, o que lhe rendeu a chance nos monopostos. Desde então, foi vice-campeão da Fórmula 4 dos Emirados Árabes, terceiro colocado na Fórmula 4 Italiana, terceiro na Fórmula 4 ADAC (Alemã) e terceiro na Fórmula Regional do Oriente Médio. Na FRECA, ocupa o quarto lugar momentâneo e há a expectativa de que ele dispute a F-3 já em 2024, com o apoio da Ferrari.

Pedro Clerot foi campeão da F-4 Brasileira e começou a F-4 Espanhola dominando as corridas iniciais. Foto: Diederik van der Laan/ Dutch Photo Agency

Clerot, por sua vez, tem apenas 16 anos, mas já começou a carreira na Europa. Em 2022, ele venceu a primeira edição da F-4 Brasil de forma dominante e logo foi para a F-4 Espanha, onde começou ganhando as duas primeiras provas do calendário, mas caiu alguns lugares na classificação após sair com apenas um ponto de Jerez. Se terminar bem o ano, é possível que vá para as Fórmulas Regionais, dando mais um passo em direção à F-1.

O Brasil não tem um piloto titular na Fórmula 1 desde 2017, quando Felipe Massa fez sua última temporada completa na categoria. Desde então, o País teve somente participações em treinos livres ou com substituições em GPs específicos, caso de Pietro Fittipaldi em 2020, nos GPs de Sakhir e de Abu Dhabi, no lugar de Romain Grosjean. Nos últimos anos, a esperança de o Brasil ter um representante na “rainha” do automobilismo retornou com o título do paranaense Felipe Drugovich na Fórmula 2 em 2022 e sua ligação recente com a Williams. As chances de ele assinar com uma escuderia para 2024 são reais? Quem são os outros pilotos brasileiros nessa corrida?

De fato, o mais próximo de conseguir uma vaga é Drugovich. Desde que venceu a F-2 de maneira surpreendente com a MP Motorsport - o primeiro troféu da equipe na categoria - surgem, de tempos em tempos, especulações sobre um lugar no grid para ele, que não seria uma cara nova no paddock, já que é, desde o ano passado, piloto de desenvolvimento e reserva da Aston Martin e foi inscrito na temporada corrente também como reserva da McLaren. Nas últimas semanas, o nome do brasileiro foi ligado à Williams, escuderia que não deve manter Logan Sargeant para 2024. O preço da vaga já foi até estipulado.

Atual reserva e piloto de desenvolvimento da Aston Martin na F-1, Drugovich está em negociações com a Williams para 2024. Foto: Leandro França/Divulgação XP

Enzo Fittipaldi é outro que corre por fora. Disputando a Fórmula 2 em 2023 pela Carlin, ele não está brigando por título, mas já demonstrou habilidade em pista, principalmente com as ultrapassagens, e faz parte da Academia da Red Bull, além de ter sobrenome de respeito no mundo da velocidade e forte apoio financeiro. Gabriel Bortoleto, campeão da Fórmula 3, deve primeiro subir para a F-2 e dificilmente terá o nome veiculado à F-1 em 2024, mas sua proximidade com Fernando Alonso e Alpine o colocam no páreo para o futuro.

O Estadão faz uma atualização do mercado da Fórmula 1. Reúne em um só lugar a situação dos brasileiros nas categorias de base da maior divisão do esporte a motor e o que esperar para os próximos anos.

Felipe Drugovich

Drugovich pilotou a Aston Martin nos treinos livres da F-1 em Monza e agradou os chefes de equipe. Foto: Luca Bruno/AP Photo

É tradição da F-1 que os rumores de transferências para a temporada seguinte comecem no meio do calendário de disputa, no período chamado de silly season. Em 2023, não foi diferente, mas dessa vez com um atrativo especial para o Brasil: há notícias não oficiais de que Drugovich, campeão da F-2 em 2022 de forma dominante, em uma escuderia que não era cotada como de ponta, pode assumir uma vaga de titular.

A primeira equipe a se pensar para Felipe, naturalmente, seria a Aston Martin, visto que ele é, desde o ano passado, seu piloto de desenvolvimento e reserva. No entanto, os ingleses manterão o bicampeão Fernando Alonso e Lance Stroll para 2024. A McLaren, outra com a qual ele tem vínculo, também continuará com Lando Norris e Oscar Piastri como dupla. O único time com um assento disponível é a Williams, que ainda não renovou com Logan Sargeant. Drugovich negocia com os chefões da escuderia.

Quero ser lembrado como um cara sincero, que esteve na Fórmula 1 por ele mesmo e representou o Brasil. O País precisa de alguém para ter essa sinceridade de chegar lá, ‘quebrar a cara’ e tentar ser um piloto melhor do que os que já estiveram antes. Quero fazer o meu melhor.

Felipe Drugovich, em entrevista exclusiva ao Estadão em maio.

De acordo com o F1-Insider, o custo da vaga gira em torno de 15 milhões de euros (cerca de R$ 79 milhões em conversão direta). Apesar de ser uma quantia considerável, o brasileiro e seus patrocinadores têm o investimento. Ralf Schumacher, irmão de Michael Schumacher e tio de Mick Schumacher, um de seus concorrentes, disse recentemente ao Sport1 que Felipe “espera (a vaga) com muito dinheiro”. Juntando isso ao fato de o chefe da Williams, James Vowles, ter elogiado seu desempenho nos treinos livres da F-1 em Monza, a contratação é vista nos bastidores como possível.

Enzo Fittipaldi

Enzo Fittipaldi com Helmut Marko, 'chefão' da Red Bull. Brasileiro corre na Fórmula 2 e faz parte da academia de pilotos da atual campeã de construtores da Fórmula 1. Foto: Beto Issa/RF1

Único representante brasileiro na Fórmula 2, Enzo Fittipaldi está distante da disputa do título da categoria em 2023, mas é figurinha conhecida no paddock da Fórmula 1. Além de ser neto da lenda Emerson Fittipaldi, ele já passou por duas academias de pilotos: Ferrari e Red Bull, sendo a segunda, a atual. O estilo arrojado de pilotagem e habilidade nas ultrapassagens são seus grandes destaques.

Enzo, por pouco, não trocou o caminho da F-1 pelo da Indy. Em 2021, ele deixou o programa da Ferrari por ter ingressado na Indy Pro 500, um dos degraus de acesso à divisão americana. No entanto, às vésperas do início da F-3 daquele ano, acertou com a Charouz e foi confirmado na categoria. A partir dali, voltou a ficar em evidência. No período na equipe tcheca, que normalmente ocupa a ‘rabeira’ do grid, conquistou um pódio na F-3 e mais seis na F-2, até ser contratado pela Carlin para 2023, onde venceu uma vez e subiu ao pódio mais quatro vezes na temporada.

Fazendo parte da academia da Red Bull, suas chances começariam pela AlphaTauri, equipe irmã da escuderia do atual campeão mundial Max Verstappen. No entanto, como ela já fechou com Daniel Ricciardo e Yuki Tsunoda para 2024, Enzo terá de ficar ao menos mais um ano na F-2 e lutar por um assento de piloto reserva ou de desenvolvimento. Ainda, encara a forte concorrência de Liam Lawson, que já correu na F-1 em 2023 e é o primeiro da fila no programa.

Gabriel Bortoleto

Gabriel Bortoleto, campeão da F-3 em 2023, tem Fernando Alonso, bicampeão da F-1, como mentor, e é apoiado pela agência do espanhol. Foto: James Gasperotti/KTF Sports

Gabriel Bortoleto dominou as manchetes das categorias de base da Fórmula 1 nesta temporada com o título da Fórmula 3, conquistado a bordo da Trident. Vindo de uma família consagrada no automobilismo - seu irmão, Enzo Bortoleto, é CEO da equipe KTF, da Stock Car -, ele traz na bagagem bons resultados nos monopostos e um apoiador de respeito: Fernando Alonso. Isso mesmo, o piloto espanhol.

Desde 2022, quando Bortoleto foi um dos melhores pilotos da R-ace GP na Fórmula Regional Europeia (FRECA), a A14 Management, agência do bicampeão mundial, cuida de sua carreira. O piloto da Aston Martin foi, inclusive, “flagrado” assistindo a diversas corridas da temporada da F-3 da qual Gabriel foi campeão. Esse moral, além de render bons contatos no paddock, também o ajuda a aprimorar sua pilotagem.

No meu dia a dia ele sempre se preocupa em saber tudo o que está acontecendo e, nos finais de semana, me dá dicas valiosas de pilotagem. Ele é um cara bem tranquilo e me passa bastante confiança ter um bicampeão mundial ao meu lado.

Gabriel Bortoleto, em entrevista exclusiva ao Estadão em setembro.

Mesmo com o destaque de 2023, Bortoleto não deve pular etapas. O próximo objetivo do brasileiro é a Fórmula 2, último degrau antes da categoria máxima, e ele já tem negociações avançadas com equipes da divisão. Junto a isso, estreitará relações com a Alpine, já que o Banco BRB, seu patrocinador, anunciou em julho uma parceria com a escuderia francesa da F-1. Se vencer a F-2 em 2024, e dependendo do desempenho de Esteban Ocon e Pierre Gasly, atual dupla do time, o brasileiro é mais um candidato ao cockpit em 2025.

Caio Collet

Caio Collet fez parte da academia da Alpine até 2023 e correu a última temporada da Fórmula 3 pela Van Amersfoot Racing. Foto: Sebastiaan Rozendaal/Dutch Photo Agency

‘Outsider’ na Fórmula 3 em 2023, Caio Collet já foi considerado um dos brasileiros mais próximos da Fórmula 1 no passado recente, mesmo ainda não tendo disputado a F-2. Isso porque ele fazia parte da Academia da Alpine e é empresariado por Nicholas Todt, que agenciou Felipe Massa e também o ferrarista Charles Leclerc, dois nomes de peso da F-1.

Os números de Collet na base impressionam. Além de ter sido campeão da Fórmula 4 Francesa em 2018, foi vice-campeão da Fórmula Renault Eurocup em 2020, com múltiplos pódios e batendo recorde de corridas consecutivas na zona de pontuação. Na F-3, no entanto, mesmo com resultados de respeito, não foi um dos ponteiros.

Em três anos na categoria, o brasileiro venceu três corridas e teve como melhor classificação no campeonato o oitavo lugar de 2022. O ponto positivo é que ele foi, disparadamente, o melhor piloto da Van Amersfoot Racing em 2023. Como Collet deixou o programa da Alpine no início do ano, é improvável que esteja próximo da F-1 na próxima temporada, sendo a Fórmula 2, ou outras categorias maiores fora dos monopostos, mais realistas para 2024.

Para o futuro: Rafael Câmara e Pedro Clerot

Rafael Câmara faz parte da Academia da Ferrari e é presença constante no topo das categorias que disputa. Foto: Divulgação/Ferrari Driver Academy

Entre os representantes do País nas gerações mais novas, destacam-se Rafael Câmara e Pedro Clerot. O primeiro é integrante da Academia da Ferrari e terminou no top 3 de todos os campeonatos que disputou, estando atualmente na Fórmula Regional Europeia; o segundo foi o campeão da temporada inaugural da Fórmula 4 Brasileira e disputa a Fórmula 4 Espanhola em 2023.

Câmara, de 18 anos, foi um dos expoentes do kart europeu em 2021, o que lhe rendeu a chance nos monopostos. Desde então, foi vice-campeão da Fórmula 4 dos Emirados Árabes, terceiro colocado na Fórmula 4 Italiana, terceiro na Fórmula 4 ADAC (Alemã) e terceiro na Fórmula Regional do Oriente Médio. Na FRECA, ocupa o quarto lugar momentâneo e há a expectativa de que ele dispute a F-3 já em 2024, com o apoio da Ferrari.

Pedro Clerot foi campeão da F-4 Brasileira e começou a F-4 Espanhola dominando as corridas iniciais. Foto: Diederik van der Laan/ Dutch Photo Agency

Clerot, por sua vez, tem apenas 16 anos, mas já começou a carreira na Europa. Em 2022, ele venceu a primeira edição da F-4 Brasil de forma dominante e logo foi para a F-4 Espanha, onde começou ganhando as duas primeiras provas do calendário, mas caiu alguns lugares na classificação após sair com apenas um ponto de Jerez. Se terminar bem o ano, é possível que vá para as Fórmulas Regionais, dando mais um passo em direção à F-1.

O Brasil não tem um piloto titular na Fórmula 1 desde 2017, quando Felipe Massa fez sua última temporada completa na categoria. Desde então, o País teve somente participações em treinos livres ou com substituições em GPs específicos, caso de Pietro Fittipaldi em 2020, nos GPs de Sakhir e de Abu Dhabi, no lugar de Romain Grosjean. Nos últimos anos, a esperança de o Brasil ter um representante na “rainha” do automobilismo retornou com o título do paranaense Felipe Drugovich na Fórmula 2 em 2022 e sua ligação recente com a Williams. As chances de ele assinar com uma escuderia para 2024 são reais? Quem são os outros pilotos brasileiros nessa corrida?

De fato, o mais próximo de conseguir uma vaga é Drugovich. Desde que venceu a F-2 de maneira surpreendente com a MP Motorsport - o primeiro troféu da equipe na categoria - surgem, de tempos em tempos, especulações sobre um lugar no grid para ele, que não seria uma cara nova no paddock, já que é, desde o ano passado, piloto de desenvolvimento e reserva da Aston Martin e foi inscrito na temporada corrente também como reserva da McLaren. Nas últimas semanas, o nome do brasileiro foi ligado à Williams, escuderia que não deve manter Logan Sargeant para 2024. O preço da vaga já foi até estipulado.

Atual reserva e piloto de desenvolvimento da Aston Martin na F-1, Drugovich está em negociações com a Williams para 2024. Foto: Leandro França/Divulgação XP

Enzo Fittipaldi é outro que corre por fora. Disputando a Fórmula 2 em 2023 pela Carlin, ele não está brigando por título, mas já demonstrou habilidade em pista, principalmente com as ultrapassagens, e faz parte da Academia da Red Bull, além de ter sobrenome de respeito no mundo da velocidade e forte apoio financeiro. Gabriel Bortoleto, campeão da Fórmula 3, deve primeiro subir para a F-2 e dificilmente terá o nome veiculado à F-1 em 2024, mas sua proximidade com Fernando Alonso e Alpine o colocam no páreo para o futuro.

O Estadão faz uma atualização do mercado da Fórmula 1. Reúne em um só lugar a situação dos brasileiros nas categorias de base da maior divisão do esporte a motor e o que esperar para os próximos anos.

Felipe Drugovich

Drugovich pilotou a Aston Martin nos treinos livres da F-1 em Monza e agradou os chefes de equipe. Foto: Luca Bruno/AP Photo

É tradição da F-1 que os rumores de transferências para a temporada seguinte comecem no meio do calendário de disputa, no período chamado de silly season. Em 2023, não foi diferente, mas dessa vez com um atrativo especial para o Brasil: há notícias não oficiais de que Drugovich, campeão da F-2 em 2022 de forma dominante, em uma escuderia que não era cotada como de ponta, pode assumir uma vaga de titular.

A primeira equipe a se pensar para Felipe, naturalmente, seria a Aston Martin, visto que ele é, desde o ano passado, seu piloto de desenvolvimento e reserva. No entanto, os ingleses manterão o bicampeão Fernando Alonso e Lance Stroll para 2024. A McLaren, outra com a qual ele tem vínculo, também continuará com Lando Norris e Oscar Piastri como dupla. O único time com um assento disponível é a Williams, que ainda não renovou com Logan Sargeant. Drugovich negocia com os chefões da escuderia.

Quero ser lembrado como um cara sincero, que esteve na Fórmula 1 por ele mesmo e representou o Brasil. O País precisa de alguém para ter essa sinceridade de chegar lá, ‘quebrar a cara’ e tentar ser um piloto melhor do que os que já estiveram antes. Quero fazer o meu melhor.

Felipe Drugovich, em entrevista exclusiva ao Estadão em maio.

De acordo com o F1-Insider, o custo da vaga gira em torno de 15 milhões de euros (cerca de R$ 79 milhões em conversão direta). Apesar de ser uma quantia considerável, o brasileiro e seus patrocinadores têm o investimento. Ralf Schumacher, irmão de Michael Schumacher e tio de Mick Schumacher, um de seus concorrentes, disse recentemente ao Sport1 que Felipe “espera (a vaga) com muito dinheiro”. Juntando isso ao fato de o chefe da Williams, James Vowles, ter elogiado seu desempenho nos treinos livres da F-1 em Monza, a contratação é vista nos bastidores como possível.

Enzo Fittipaldi

Enzo Fittipaldi com Helmut Marko, 'chefão' da Red Bull. Brasileiro corre na Fórmula 2 e faz parte da academia de pilotos da atual campeã de construtores da Fórmula 1. Foto: Beto Issa/RF1

Único representante brasileiro na Fórmula 2, Enzo Fittipaldi está distante da disputa do título da categoria em 2023, mas é figurinha conhecida no paddock da Fórmula 1. Além de ser neto da lenda Emerson Fittipaldi, ele já passou por duas academias de pilotos: Ferrari e Red Bull, sendo a segunda, a atual. O estilo arrojado de pilotagem e habilidade nas ultrapassagens são seus grandes destaques.

Enzo, por pouco, não trocou o caminho da F-1 pelo da Indy. Em 2021, ele deixou o programa da Ferrari por ter ingressado na Indy Pro 500, um dos degraus de acesso à divisão americana. No entanto, às vésperas do início da F-3 daquele ano, acertou com a Charouz e foi confirmado na categoria. A partir dali, voltou a ficar em evidência. No período na equipe tcheca, que normalmente ocupa a ‘rabeira’ do grid, conquistou um pódio na F-3 e mais seis na F-2, até ser contratado pela Carlin para 2023, onde venceu uma vez e subiu ao pódio mais quatro vezes na temporada.

Fazendo parte da academia da Red Bull, suas chances começariam pela AlphaTauri, equipe irmã da escuderia do atual campeão mundial Max Verstappen. No entanto, como ela já fechou com Daniel Ricciardo e Yuki Tsunoda para 2024, Enzo terá de ficar ao menos mais um ano na F-2 e lutar por um assento de piloto reserva ou de desenvolvimento. Ainda, encara a forte concorrência de Liam Lawson, que já correu na F-1 em 2023 e é o primeiro da fila no programa.

Gabriel Bortoleto

Gabriel Bortoleto, campeão da F-3 em 2023, tem Fernando Alonso, bicampeão da F-1, como mentor, e é apoiado pela agência do espanhol. Foto: James Gasperotti/KTF Sports

Gabriel Bortoleto dominou as manchetes das categorias de base da Fórmula 1 nesta temporada com o título da Fórmula 3, conquistado a bordo da Trident. Vindo de uma família consagrada no automobilismo - seu irmão, Enzo Bortoleto, é CEO da equipe KTF, da Stock Car -, ele traz na bagagem bons resultados nos monopostos e um apoiador de respeito: Fernando Alonso. Isso mesmo, o piloto espanhol.

Desde 2022, quando Bortoleto foi um dos melhores pilotos da R-ace GP na Fórmula Regional Europeia (FRECA), a A14 Management, agência do bicampeão mundial, cuida de sua carreira. O piloto da Aston Martin foi, inclusive, “flagrado” assistindo a diversas corridas da temporada da F-3 da qual Gabriel foi campeão. Esse moral, além de render bons contatos no paddock, também o ajuda a aprimorar sua pilotagem.

No meu dia a dia ele sempre se preocupa em saber tudo o que está acontecendo e, nos finais de semana, me dá dicas valiosas de pilotagem. Ele é um cara bem tranquilo e me passa bastante confiança ter um bicampeão mundial ao meu lado.

Gabriel Bortoleto, em entrevista exclusiva ao Estadão em setembro.

Mesmo com o destaque de 2023, Bortoleto não deve pular etapas. O próximo objetivo do brasileiro é a Fórmula 2, último degrau antes da categoria máxima, e ele já tem negociações avançadas com equipes da divisão. Junto a isso, estreitará relações com a Alpine, já que o Banco BRB, seu patrocinador, anunciou em julho uma parceria com a escuderia francesa da F-1. Se vencer a F-2 em 2024, e dependendo do desempenho de Esteban Ocon e Pierre Gasly, atual dupla do time, o brasileiro é mais um candidato ao cockpit em 2025.

Caio Collet

Caio Collet fez parte da academia da Alpine até 2023 e correu a última temporada da Fórmula 3 pela Van Amersfoot Racing. Foto: Sebastiaan Rozendaal/Dutch Photo Agency

‘Outsider’ na Fórmula 3 em 2023, Caio Collet já foi considerado um dos brasileiros mais próximos da Fórmula 1 no passado recente, mesmo ainda não tendo disputado a F-2. Isso porque ele fazia parte da Academia da Alpine e é empresariado por Nicholas Todt, que agenciou Felipe Massa e também o ferrarista Charles Leclerc, dois nomes de peso da F-1.

Os números de Collet na base impressionam. Além de ter sido campeão da Fórmula 4 Francesa em 2018, foi vice-campeão da Fórmula Renault Eurocup em 2020, com múltiplos pódios e batendo recorde de corridas consecutivas na zona de pontuação. Na F-3, no entanto, mesmo com resultados de respeito, não foi um dos ponteiros.

Em três anos na categoria, o brasileiro venceu três corridas e teve como melhor classificação no campeonato o oitavo lugar de 2022. O ponto positivo é que ele foi, disparadamente, o melhor piloto da Van Amersfoot Racing em 2023. Como Collet deixou o programa da Alpine no início do ano, é improvável que esteja próximo da F-1 na próxima temporada, sendo a Fórmula 2, ou outras categorias maiores fora dos monopostos, mais realistas para 2024.

Para o futuro: Rafael Câmara e Pedro Clerot

Rafael Câmara faz parte da Academia da Ferrari e é presença constante no topo das categorias que disputa. Foto: Divulgação/Ferrari Driver Academy

Entre os representantes do País nas gerações mais novas, destacam-se Rafael Câmara e Pedro Clerot. O primeiro é integrante da Academia da Ferrari e terminou no top 3 de todos os campeonatos que disputou, estando atualmente na Fórmula Regional Europeia; o segundo foi o campeão da temporada inaugural da Fórmula 4 Brasileira e disputa a Fórmula 4 Espanhola em 2023.

Câmara, de 18 anos, foi um dos expoentes do kart europeu em 2021, o que lhe rendeu a chance nos monopostos. Desde então, foi vice-campeão da Fórmula 4 dos Emirados Árabes, terceiro colocado na Fórmula 4 Italiana, terceiro na Fórmula 4 ADAC (Alemã) e terceiro na Fórmula Regional do Oriente Médio. Na FRECA, ocupa o quarto lugar momentâneo e há a expectativa de que ele dispute a F-3 já em 2024, com o apoio da Ferrari.

Pedro Clerot foi campeão da F-4 Brasileira e começou a F-4 Espanhola dominando as corridas iniciais. Foto: Diederik van der Laan/ Dutch Photo Agency

Clerot, por sua vez, tem apenas 16 anos, mas já começou a carreira na Europa. Em 2022, ele venceu a primeira edição da F-4 Brasil de forma dominante e logo foi para a F-4 Espanha, onde começou ganhando as duas primeiras provas do calendário, mas caiu alguns lugares na classificação após sair com apenas um ponto de Jerez. Se terminar bem o ano, é possível que vá para as Fórmulas Regionais, dando mais um passo em direção à F-1.

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