Brasil poderá ter um piloto na F-1 em 2023? Veja o que pensa Felipe Drugovich


Ao 'Estadão', líder da Fórmula 2 argumenta que, mais do que um patrocínio forte, corredores brasileiros têm de ter 'hype dentro do paddock’ para voltar à categoria: Brasil não tem representante no grid desde a saída de Felipe Massa, em 2017

Por Ricardo Magatti e Marcos Antomil

O que falta para um piloto brasileiro voltar a correr na Fórmula 1? Na opinião de Felipe Drugovich, líder da Fórmula 2, mais do que um patrocinador forte por trás, a influência política faz a diferença quando o assunto é obter uma vaga na principal categoria do automobilismo mundial. "O pessoal fala que quer um brasileiro no grid, mas hoje prefere um americano ou pilotos de outras nacionalidades", diz o piloto de 22 anos.

Em entrevista ao Estadão, Drugovich, líder da Fórmula 2 com 180 pontos, 21 à frente do vice-líder, o francês Théo Pourchaire, explica o salto de rendimento que teve em relação à temporada passada e reconhece que, a despeito de sua performance de destaque nesta temporada, são remotas as suas chances de correr na Fórmula 1 em 2023. "Por enquanto, acho difícil uma vaga como titular, mas nunca se sabe", afirma o brasileiro, que, porém, não tem outros planos para o próximo ano.

Felipe Drugovich é líder da Fórmula 2 e almeja um posto na F-1 Foto: MP Motorsport
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"O meu sonho é representar o Brasil na Fórmula 1 um dia. Mostrar que o brasileiro é capaz de estar lá e andar bem de novo", reitera. O País não tem um piloto titular na principal categoria do automobilismo desde a saída de Felipe Massa, no fim de 2017. Pietro Fittipaldi, cabe lembrar, é piloto de testes da Haas na F-1. Em 2020, o neto do campeão Emerson Fittipaldi substituiu Romain Grosjean, que sofreu grave acidente no GP do Bahrein, em duas corridas.

Esperava-se que ele se tornasse titular depois que Nikita Mazepin foi alijado da equipe em razão das sanções da FIA decorrentes do conflito bélico entre Rússia e Ucrânia. Mas o brasileiro foi preterido pela escuderia americana, que escolheu trazer de volta o dinamarquês Kevin Magnussen. "A influência política é o que mais falta. O apoio financeiro também, além do 'hype' dentro do paddock. Os brasileiros me apoiam, mas quem manda é o pessoal lá dentro", argumenta Drugovich.

"Não são apenas os pilotos da Fórmula 2 que querem subir, há muitos que estão em outras categorias, como Fórmula E, Indy, sem contar com ex-pilotos da Fórmula 1 que ficam rondando o tempo inteiro e querem voltar. Quando você vai falar com uma equipe, fica sabendo que vários outros também estão tentando".

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O paranaense passou rapidamente por São Paulo na semana passada para participar de um evento da XP Investimentos, e está com a sua família em Maringá, sua cidade natal, antes de retornar à sua casa em Desenzano del Garda, no norte da Itália.

Felipe Drugovich analisa momento da carreira e fala sobre perspectivas para 2023 Foto: MP Motorsport

Grande parte dos pilotos começa a carreira no automobilismo influenciado pela família. Com você foi algo nessa linha, certo? Sua família é dona de uma empresa do ramo de peças para caminhões e ônibus e dois tios pilotavam na extinta Fórmula Truck.

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Essa paixão foi transmitida por eles. Foi o que me fez criar gosto pela coisa. Mas eles não me forçaram a fazer nada. Quando tinha oito anos, me perguntaram se queria testar um kart. Eu disse que sim e gostei muito. A partir dali, começaram a me levar para algumas corridas. Mas durante a minha carreira, meus familiares sempre falaram que eu não precisava continuar se eu não estivesse gostando. Essa influência que meus tios me deram foi muito legal. Com certeza transmitiu a paixão desde cedo. Acho que foi isso que me colocou numa posição de gostar do esporte.

Você está na terceira temporada na Fórmula 2 e lidera o campeonato com 21 pontos de vantagem. São quatro vitórias no ano. Na volta das férias, serão três corridas em sequência. O que falta para voltar a vencer e abrir uma distância mais confortável, retomando o que vinha fazendo no começo do ano?

Acho que a gente tem de evoluir como um todo, a equipe inteira. A gente não perdeu, os outros é que melhoraram muito. A gente pode aprender com os erros que cometemos nessa primeira parte do ano. Tem muita coisa que a gente pode melhorar. Melhoramos, mas os outros também melhoraram. Temos alguns passos para dar. Acho que essa pausa veio na hora certa pra analisar tudo que foi feito. Com certeza há pontos a serem melhorados. Não há nada específico. Acho que a gente tem que melhorar um pouco de tudo. Se isso acontecer, vamos voltar a ganhar corridas.

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A que atribui o salto de rendimento que teve na Fórmula 2 do ano passado para este?

Tudo se encaixou melhor neste ano. Eu voltei pra MP (Motorsport). A equipe está fazendo um ótimo trabalho. Gosto muito do carro e também da mentalidade da equipe, da forma como eles trabalham. Além disso, cito a parte mental. Ano passado, eu tinha velocidade, mas não era constante. Neste ano, foquei na parte mental para não jogar pontos fora e foi o que aconteceu. Toda a vez que eu estava na frente consegui pontos. Foi o que fez essa diferença para estar com essa vantagem na liderança.

Hoje, na sua visão, quais são suas chances de estar na Fórmula 1 no ano que vem, como titular ou reserva?

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Preciso esperar um pouco mais para ter uma noção melhor. Por enquanto, acho difícil uma vaga como titular, mas nunca se sabe. Meu objetivo é estar na Fórmula 1 o quanto antes possível, mas isso depende muito de como vou estar até lá. Hoje em dia, acaba sendo normal esperar um ano. A gente viu o (Oscar) Piastri. Realmente não tenho notícias de como vou estar ano que vem. Mas estou trabalhando para estar na Fórmula 1, seja como titular ou reserva.

Caso você não entre na Fórmula 1, tem algum outro plano em vista para 2023?

Não passa pela minha cabeça outro plano. Estou 100% focado na Fórmula 2 para encontrar uma vaga na Fórmula 1.

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A Alpine informou que o Oscar Piastri assumiria o cockpit, mas o australiano nega que esteja acertado com a equipe, gerando polêmica nos bastidores. Esse caso te surpreendeu? O que os pilotos mais jovens, como você, podem aprender com esta situação incomum?

É complicado pra ele. Acho que nem a Alpine contava que o Alonso fosse sair. Pra mim, não faz tanta diferença. Estou trabalhando para achar uma oportunidade na Fórmula 1. Acho que deveria haver um regulamento que desse uma vaga na Fórmula 1 ao vencedor da Fórmula 2.

O Brasil sempre teve tradição no automobilismo, mas vivemos um período sem brasileiros na F-1. O próximo piloto do País que chegar à F-1 vai se sentir pressionado ou terá um incentivo maior por correr na maior categoria do automobilismo mundial?

As duas coisas estão conectadas. O incentivo que o brasileiro dá é uma cobrança. A torcida é muito grande e isso ajuda muito, em 99% dos casos, mas também tem a pressão. O meu sonho é representar o Brasil na Fórmula 1 um dia. Mostrar que o brasileiro é capaz de estar lá e andar bem. Há uma responsabilidade enorme, como representar uma nação entre apenas 20 pilotos. Com certeza, há pressão, mas se você leva para o lado certo, é algo muito mais positivo.

Quão perto você está de conseguir o apoio financeiro necessário para chegar à F-1? Qual fator te impede hoje de ser um postulante mais forte?

O que falta é influência política. O pessoal fala que quer um brasileiro, mas hoje preferem um americano ou pilotos de outras nacionalidades. Eu não estando ligado a nenhuma academia de pilotos tem seus lados positivo e negativo. O pessoal pode me ver como alguém que não vai dar em nada. Há essa dificuldade. E, claro, falta vaga. Tem muito piloto que está na Fórmula 1 há muito tempo e não quer sair. Para a quantidade de pilotos que querem chegar, há poucas vagas. Não são apenas os pilotos da Fórmula 2 que querem subir, há muitos que estão em outras categorias, como Fórmula E, Indy, sem contar com ex-pilotos da Fórmula 1 que ficam rondando o tempo inteiro e querem voltar. Quando você vai falar com uma equipe, fica sabendo que vários outros também estão tentando. A influência política é o que mais falta. O apoio financeiro também. A XP está me ajudando nessa jornada. Mas o que mais falta é o hype dentro do paddock. Os brasileiros me apoiam, mas quem manda é o pessoal lá dentro.

Neste ano, você tem a concorrência do Enzo Fittipaldi, que está em quarto na F-2. Como é essa relação com os outros pilotos brasileiros?

Minha relação é boa com eles. É enxuta, posso dizer, porque a gente não conversa muito. Nós nos encontramos só nas corridas. Eles estão fazendo um ótimo trabalho. É algo natural. É uma boa relação boa fora e dentro das pistas.

De que maneira o grande apoio que você recebe nas redes sociais te incentiva como piloto e fortalece a sua imagem no mundo do automobilismo?

Na parte da imagem, você precisa ter o pessoal apoiando. Os brasileiros me apoiam muito nas redes sociais. Me ajuda muito para ter confiança, fazer meu nome e achar patrocínio. Quando você fala de alguém, a primeira coisa que você vai fazer é ver se a pessoa tem seguidor ou não e se tem bom engajamento. O engajamento que estou tendo nas redes sociais é muito gratificante. O tanto que o pessoal comenta, incentiva. É absurdo e muito positivo. E o pessoal deveria fazer muito mais com todos os atletas brasileiros. Para achar patrocínio, a visibilidade muda tudo.

Felipe Drugovich tem amplo apoio nas redes sociais e conta com a força dos torcedores brasileiros Foto: MP Motorsport

O automobilismo tem passado por um processo de rejuvenescimento. Você sente que mudou o público, hoje mais jovem e com mais mulheres?

Acho que depois que a Fórmula 1 foi comprada pela Liberty Media, as coisas mudaram. A Fórmula 1 estava em baixa. Havia outras categorias se aproximando, como a Indy. A Fórmula 1 é feita para ser a elite e tem de estar distante das demais. E a Liberty Media ajudou nesse processo, seja com a série Drive to Survive ou outras medidas, o engajamento atualmente é muito maior, a faixa etária está mais ampla. Tem amigos meus que nunca se interessaram pela Fórmula 1 e que agora compraram ingresso para acompanhar a corrida de Interlagos desse ano Há uma diversidade de público que ajuda muito. A Fórmula 1 subindo puxa todas as outras categorias. O apoio que os pilotos da Fórmula 2 têm atualmente se compara a o que alguns da Fórmula 1 tinham um tempo atrás.

Como foi o teste no simulador da Mercedes? Foi um primeiro passo para se aproximar da equipe alemã?

Eu cheguei a fazer esse teste no simulador da Mercedes um tempo atrás. Foi algo básico, nada demais. Eles fazem isso com todos os pilotos. Não foi um passo para me aproximar da Mercedes.

Qual a chance de você ingressar em alguma academia de pilotos?

Tem chance, mas o objetivo principal é se aliar a alguma escuderia para ser terceiro piloto. Se você colocar na ordem, em primeiro está a vaga como piloto titular, depois terceiro piloto, piloto de desenvolvimento e por fim o piloto que é só da academia, que faz só simulador. Então, a gente está tentando uma colocação como pelo menos terceiro piloto. Esse é o nosso foco

O que falta para um piloto brasileiro voltar a correr na Fórmula 1? Na opinião de Felipe Drugovich, líder da Fórmula 2, mais do que um patrocinador forte por trás, a influência política faz a diferença quando o assunto é obter uma vaga na principal categoria do automobilismo mundial. "O pessoal fala que quer um brasileiro no grid, mas hoje prefere um americano ou pilotos de outras nacionalidades", diz o piloto de 22 anos.

Em entrevista ao Estadão, Drugovich, líder da Fórmula 2 com 180 pontos, 21 à frente do vice-líder, o francês Théo Pourchaire, explica o salto de rendimento que teve em relação à temporada passada e reconhece que, a despeito de sua performance de destaque nesta temporada, são remotas as suas chances de correr na Fórmula 1 em 2023. "Por enquanto, acho difícil uma vaga como titular, mas nunca se sabe", afirma o brasileiro, que, porém, não tem outros planos para o próximo ano.

Felipe Drugovich é líder da Fórmula 2 e almeja um posto na F-1 Foto: MP Motorsport

"O meu sonho é representar o Brasil na Fórmula 1 um dia. Mostrar que o brasileiro é capaz de estar lá e andar bem de novo", reitera. O País não tem um piloto titular na principal categoria do automobilismo desde a saída de Felipe Massa, no fim de 2017. Pietro Fittipaldi, cabe lembrar, é piloto de testes da Haas na F-1. Em 2020, o neto do campeão Emerson Fittipaldi substituiu Romain Grosjean, que sofreu grave acidente no GP do Bahrein, em duas corridas.

Esperava-se que ele se tornasse titular depois que Nikita Mazepin foi alijado da equipe em razão das sanções da FIA decorrentes do conflito bélico entre Rússia e Ucrânia. Mas o brasileiro foi preterido pela escuderia americana, que escolheu trazer de volta o dinamarquês Kevin Magnussen. "A influência política é o que mais falta. O apoio financeiro também, além do 'hype' dentro do paddock. Os brasileiros me apoiam, mas quem manda é o pessoal lá dentro", argumenta Drugovich.

"Não são apenas os pilotos da Fórmula 2 que querem subir, há muitos que estão em outras categorias, como Fórmula E, Indy, sem contar com ex-pilotos da Fórmula 1 que ficam rondando o tempo inteiro e querem voltar. Quando você vai falar com uma equipe, fica sabendo que vários outros também estão tentando".

O paranaense passou rapidamente por São Paulo na semana passada para participar de um evento da XP Investimentos, e está com a sua família em Maringá, sua cidade natal, antes de retornar à sua casa em Desenzano del Garda, no norte da Itália.

Felipe Drugovich analisa momento da carreira e fala sobre perspectivas para 2023 Foto: MP Motorsport

Grande parte dos pilotos começa a carreira no automobilismo influenciado pela família. Com você foi algo nessa linha, certo? Sua família é dona de uma empresa do ramo de peças para caminhões e ônibus e dois tios pilotavam na extinta Fórmula Truck.

Essa paixão foi transmitida por eles. Foi o que me fez criar gosto pela coisa. Mas eles não me forçaram a fazer nada. Quando tinha oito anos, me perguntaram se queria testar um kart. Eu disse que sim e gostei muito. A partir dali, começaram a me levar para algumas corridas. Mas durante a minha carreira, meus familiares sempre falaram que eu não precisava continuar se eu não estivesse gostando. Essa influência que meus tios me deram foi muito legal. Com certeza transmitiu a paixão desde cedo. Acho que foi isso que me colocou numa posição de gostar do esporte.

Você está na terceira temporada na Fórmula 2 e lidera o campeonato com 21 pontos de vantagem. São quatro vitórias no ano. Na volta das férias, serão três corridas em sequência. O que falta para voltar a vencer e abrir uma distância mais confortável, retomando o que vinha fazendo no começo do ano?

Acho que a gente tem de evoluir como um todo, a equipe inteira. A gente não perdeu, os outros é que melhoraram muito. A gente pode aprender com os erros que cometemos nessa primeira parte do ano. Tem muita coisa que a gente pode melhorar. Melhoramos, mas os outros também melhoraram. Temos alguns passos para dar. Acho que essa pausa veio na hora certa pra analisar tudo que foi feito. Com certeza há pontos a serem melhorados. Não há nada específico. Acho que a gente tem que melhorar um pouco de tudo. Se isso acontecer, vamos voltar a ganhar corridas.

A que atribui o salto de rendimento que teve na Fórmula 2 do ano passado para este?

Tudo se encaixou melhor neste ano. Eu voltei pra MP (Motorsport). A equipe está fazendo um ótimo trabalho. Gosto muito do carro e também da mentalidade da equipe, da forma como eles trabalham. Além disso, cito a parte mental. Ano passado, eu tinha velocidade, mas não era constante. Neste ano, foquei na parte mental para não jogar pontos fora e foi o que aconteceu. Toda a vez que eu estava na frente consegui pontos. Foi o que fez essa diferença para estar com essa vantagem na liderança.

Hoje, na sua visão, quais são suas chances de estar na Fórmula 1 no ano que vem, como titular ou reserva?

Preciso esperar um pouco mais para ter uma noção melhor. Por enquanto, acho difícil uma vaga como titular, mas nunca se sabe. Meu objetivo é estar na Fórmula 1 o quanto antes possível, mas isso depende muito de como vou estar até lá. Hoje em dia, acaba sendo normal esperar um ano. A gente viu o (Oscar) Piastri. Realmente não tenho notícias de como vou estar ano que vem. Mas estou trabalhando para estar na Fórmula 1, seja como titular ou reserva.

Caso você não entre na Fórmula 1, tem algum outro plano em vista para 2023?

Não passa pela minha cabeça outro plano. Estou 100% focado na Fórmula 2 para encontrar uma vaga na Fórmula 1.

A Alpine informou que o Oscar Piastri assumiria o cockpit, mas o australiano nega que esteja acertado com a equipe, gerando polêmica nos bastidores. Esse caso te surpreendeu? O que os pilotos mais jovens, como você, podem aprender com esta situação incomum?

É complicado pra ele. Acho que nem a Alpine contava que o Alonso fosse sair. Pra mim, não faz tanta diferença. Estou trabalhando para achar uma oportunidade na Fórmula 1. Acho que deveria haver um regulamento que desse uma vaga na Fórmula 1 ao vencedor da Fórmula 2.

O Brasil sempre teve tradição no automobilismo, mas vivemos um período sem brasileiros na F-1. O próximo piloto do País que chegar à F-1 vai se sentir pressionado ou terá um incentivo maior por correr na maior categoria do automobilismo mundial?

As duas coisas estão conectadas. O incentivo que o brasileiro dá é uma cobrança. A torcida é muito grande e isso ajuda muito, em 99% dos casos, mas também tem a pressão. O meu sonho é representar o Brasil na Fórmula 1 um dia. Mostrar que o brasileiro é capaz de estar lá e andar bem. Há uma responsabilidade enorme, como representar uma nação entre apenas 20 pilotos. Com certeza, há pressão, mas se você leva para o lado certo, é algo muito mais positivo.

Quão perto você está de conseguir o apoio financeiro necessário para chegar à F-1? Qual fator te impede hoje de ser um postulante mais forte?

O que falta é influência política. O pessoal fala que quer um brasileiro, mas hoje preferem um americano ou pilotos de outras nacionalidades. Eu não estando ligado a nenhuma academia de pilotos tem seus lados positivo e negativo. O pessoal pode me ver como alguém que não vai dar em nada. Há essa dificuldade. E, claro, falta vaga. Tem muito piloto que está na Fórmula 1 há muito tempo e não quer sair. Para a quantidade de pilotos que querem chegar, há poucas vagas. Não são apenas os pilotos da Fórmula 2 que querem subir, há muitos que estão em outras categorias, como Fórmula E, Indy, sem contar com ex-pilotos da Fórmula 1 que ficam rondando o tempo inteiro e querem voltar. Quando você vai falar com uma equipe, fica sabendo que vários outros também estão tentando. A influência política é o que mais falta. O apoio financeiro também. A XP está me ajudando nessa jornada. Mas o que mais falta é o hype dentro do paddock. Os brasileiros me apoiam, mas quem manda é o pessoal lá dentro.

Neste ano, você tem a concorrência do Enzo Fittipaldi, que está em quarto na F-2. Como é essa relação com os outros pilotos brasileiros?

Minha relação é boa com eles. É enxuta, posso dizer, porque a gente não conversa muito. Nós nos encontramos só nas corridas. Eles estão fazendo um ótimo trabalho. É algo natural. É uma boa relação boa fora e dentro das pistas.

De que maneira o grande apoio que você recebe nas redes sociais te incentiva como piloto e fortalece a sua imagem no mundo do automobilismo?

Na parte da imagem, você precisa ter o pessoal apoiando. Os brasileiros me apoiam muito nas redes sociais. Me ajuda muito para ter confiança, fazer meu nome e achar patrocínio. Quando você fala de alguém, a primeira coisa que você vai fazer é ver se a pessoa tem seguidor ou não e se tem bom engajamento. O engajamento que estou tendo nas redes sociais é muito gratificante. O tanto que o pessoal comenta, incentiva. É absurdo e muito positivo. E o pessoal deveria fazer muito mais com todos os atletas brasileiros. Para achar patrocínio, a visibilidade muda tudo.

Felipe Drugovich tem amplo apoio nas redes sociais e conta com a força dos torcedores brasileiros Foto: MP Motorsport

O automobilismo tem passado por um processo de rejuvenescimento. Você sente que mudou o público, hoje mais jovem e com mais mulheres?

Acho que depois que a Fórmula 1 foi comprada pela Liberty Media, as coisas mudaram. A Fórmula 1 estava em baixa. Havia outras categorias se aproximando, como a Indy. A Fórmula 1 é feita para ser a elite e tem de estar distante das demais. E a Liberty Media ajudou nesse processo, seja com a série Drive to Survive ou outras medidas, o engajamento atualmente é muito maior, a faixa etária está mais ampla. Tem amigos meus que nunca se interessaram pela Fórmula 1 e que agora compraram ingresso para acompanhar a corrida de Interlagos desse ano Há uma diversidade de público que ajuda muito. A Fórmula 1 subindo puxa todas as outras categorias. O apoio que os pilotos da Fórmula 2 têm atualmente se compara a o que alguns da Fórmula 1 tinham um tempo atrás.

Como foi o teste no simulador da Mercedes? Foi um primeiro passo para se aproximar da equipe alemã?

Eu cheguei a fazer esse teste no simulador da Mercedes um tempo atrás. Foi algo básico, nada demais. Eles fazem isso com todos os pilotos. Não foi um passo para me aproximar da Mercedes.

Qual a chance de você ingressar em alguma academia de pilotos?

Tem chance, mas o objetivo principal é se aliar a alguma escuderia para ser terceiro piloto. Se você colocar na ordem, em primeiro está a vaga como piloto titular, depois terceiro piloto, piloto de desenvolvimento e por fim o piloto que é só da academia, que faz só simulador. Então, a gente está tentando uma colocação como pelo menos terceiro piloto. Esse é o nosso foco

O que falta para um piloto brasileiro voltar a correr na Fórmula 1? Na opinião de Felipe Drugovich, líder da Fórmula 2, mais do que um patrocinador forte por trás, a influência política faz a diferença quando o assunto é obter uma vaga na principal categoria do automobilismo mundial. "O pessoal fala que quer um brasileiro no grid, mas hoje prefere um americano ou pilotos de outras nacionalidades", diz o piloto de 22 anos.

Em entrevista ao Estadão, Drugovich, líder da Fórmula 2 com 180 pontos, 21 à frente do vice-líder, o francês Théo Pourchaire, explica o salto de rendimento que teve em relação à temporada passada e reconhece que, a despeito de sua performance de destaque nesta temporada, são remotas as suas chances de correr na Fórmula 1 em 2023. "Por enquanto, acho difícil uma vaga como titular, mas nunca se sabe", afirma o brasileiro, que, porém, não tem outros planos para o próximo ano.

Felipe Drugovich é líder da Fórmula 2 e almeja um posto na F-1 Foto: MP Motorsport

"O meu sonho é representar o Brasil na Fórmula 1 um dia. Mostrar que o brasileiro é capaz de estar lá e andar bem de novo", reitera. O País não tem um piloto titular na principal categoria do automobilismo desde a saída de Felipe Massa, no fim de 2017. Pietro Fittipaldi, cabe lembrar, é piloto de testes da Haas na F-1. Em 2020, o neto do campeão Emerson Fittipaldi substituiu Romain Grosjean, que sofreu grave acidente no GP do Bahrein, em duas corridas.

Esperava-se que ele se tornasse titular depois que Nikita Mazepin foi alijado da equipe em razão das sanções da FIA decorrentes do conflito bélico entre Rússia e Ucrânia. Mas o brasileiro foi preterido pela escuderia americana, que escolheu trazer de volta o dinamarquês Kevin Magnussen. "A influência política é o que mais falta. O apoio financeiro também, além do 'hype' dentro do paddock. Os brasileiros me apoiam, mas quem manda é o pessoal lá dentro", argumenta Drugovich.

"Não são apenas os pilotos da Fórmula 2 que querem subir, há muitos que estão em outras categorias, como Fórmula E, Indy, sem contar com ex-pilotos da Fórmula 1 que ficam rondando o tempo inteiro e querem voltar. Quando você vai falar com uma equipe, fica sabendo que vários outros também estão tentando".

O paranaense passou rapidamente por São Paulo na semana passada para participar de um evento da XP Investimentos, e está com a sua família em Maringá, sua cidade natal, antes de retornar à sua casa em Desenzano del Garda, no norte da Itália.

Felipe Drugovich analisa momento da carreira e fala sobre perspectivas para 2023 Foto: MP Motorsport

Grande parte dos pilotos começa a carreira no automobilismo influenciado pela família. Com você foi algo nessa linha, certo? Sua família é dona de uma empresa do ramo de peças para caminhões e ônibus e dois tios pilotavam na extinta Fórmula Truck.

Essa paixão foi transmitida por eles. Foi o que me fez criar gosto pela coisa. Mas eles não me forçaram a fazer nada. Quando tinha oito anos, me perguntaram se queria testar um kart. Eu disse que sim e gostei muito. A partir dali, começaram a me levar para algumas corridas. Mas durante a minha carreira, meus familiares sempre falaram que eu não precisava continuar se eu não estivesse gostando. Essa influência que meus tios me deram foi muito legal. Com certeza transmitiu a paixão desde cedo. Acho que foi isso que me colocou numa posição de gostar do esporte.

Você está na terceira temporada na Fórmula 2 e lidera o campeonato com 21 pontos de vantagem. São quatro vitórias no ano. Na volta das férias, serão três corridas em sequência. O que falta para voltar a vencer e abrir uma distância mais confortável, retomando o que vinha fazendo no começo do ano?

Acho que a gente tem de evoluir como um todo, a equipe inteira. A gente não perdeu, os outros é que melhoraram muito. A gente pode aprender com os erros que cometemos nessa primeira parte do ano. Tem muita coisa que a gente pode melhorar. Melhoramos, mas os outros também melhoraram. Temos alguns passos para dar. Acho que essa pausa veio na hora certa pra analisar tudo que foi feito. Com certeza há pontos a serem melhorados. Não há nada específico. Acho que a gente tem que melhorar um pouco de tudo. Se isso acontecer, vamos voltar a ganhar corridas.

A que atribui o salto de rendimento que teve na Fórmula 2 do ano passado para este?

Tudo se encaixou melhor neste ano. Eu voltei pra MP (Motorsport). A equipe está fazendo um ótimo trabalho. Gosto muito do carro e também da mentalidade da equipe, da forma como eles trabalham. Além disso, cito a parte mental. Ano passado, eu tinha velocidade, mas não era constante. Neste ano, foquei na parte mental para não jogar pontos fora e foi o que aconteceu. Toda a vez que eu estava na frente consegui pontos. Foi o que fez essa diferença para estar com essa vantagem na liderança.

Hoje, na sua visão, quais são suas chances de estar na Fórmula 1 no ano que vem, como titular ou reserva?

Preciso esperar um pouco mais para ter uma noção melhor. Por enquanto, acho difícil uma vaga como titular, mas nunca se sabe. Meu objetivo é estar na Fórmula 1 o quanto antes possível, mas isso depende muito de como vou estar até lá. Hoje em dia, acaba sendo normal esperar um ano. A gente viu o (Oscar) Piastri. Realmente não tenho notícias de como vou estar ano que vem. Mas estou trabalhando para estar na Fórmula 1, seja como titular ou reserva.

Caso você não entre na Fórmula 1, tem algum outro plano em vista para 2023?

Não passa pela minha cabeça outro plano. Estou 100% focado na Fórmula 2 para encontrar uma vaga na Fórmula 1.

A Alpine informou que o Oscar Piastri assumiria o cockpit, mas o australiano nega que esteja acertado com a equipe, gerando polêmica nos bastidores. Esse caso te surpreendeu? O que os pilotos mais jovens, como você, podem aprender com esta situação incomum?

É complicado pra ele. Acho que nem a Alpine contava que o Alonso fosse sair. Pra mim, não faz tanta diferença. Estou trabalhando para achar uma oportunidade na Fórmula 1. Acho que deveria haver um regulamento que desse uma vaga na Fórmula 1 ao vencedor da Fórmula 2.

O Brasil sempre teve tradição no automobilismo, mas vivemos um período sem brasileiros na F-1. O próximo piloto do País que chegar à F-1 vai se sentir pressionado ou terá um incentivo maior por correr na maior categoria do automobilismo mundial?

As duas coisas estão conectadas. O incentivo que o brasileiro dá é uma cobrança. A torcida é muito grande e isso ajuda muito, em 99% dos casos, mas também tem a pressão. O meu sonho é representar o Brasil na Fórmula 1 um dia. Mostrar que o brasileiro é capaz de estar lá e andar bem. Há uma responsabilidade enorme, como representar uma nação entre apenas 20 pilotos. Com certeza, há pressão, mas se você leva para o lado certo, é algo muito mais positivo.

Quão perto você está de conseguir o apoio financeiro necessário para chegar à F-1? Qual fator te impede hoje de ser um postulante mais forte?

O que falta é influência política. O pessoal fala que quer um brasileiro, mas hoje preferem um americano ou pilotos de outras nacionalidades. Eu não estando ligado a nenhuma academia de pilotos tem seus lados positivo e negativo. O pessoal pode me ver como alguém que não vai dar em nada. Há essa dificuldade. E, claro, falta vaga. Tem muito piloto que está na Fórmula 1 há muito tempo e não quer sair. Para a quantidade de pilotos que querem chegar, há poucas vagas. Não são apenas os pilotos da Fórmula 2 que querem subir, há muitos que estão em outras categorias, como Fórmula E, Indy, sem contar com ex-pilotos da Fórmula 1 que ficam rondando o tempo inteiro e querem voltar. Quando você vai falar com uma equipe, fica sabendo que vários outros também estão tentando. A influência política é o que mais falta. O apoio financeiro também. A XP está me ajudando nessa jornada. Mas o que mais falta é o hype dentro do paddock. Os brasileiros me apoiam, mas quem manda é o pessoal lá dentro.

Neste ano, você tem a concorrência do Enzo Fittipaldi, que está em quarto na F-2. Como é essa relação com os outros pilotos brasileiros?

Minha relação é boa com eles. É enxuta, posso dizer, porque a gente não conversa muito. Nós nos encontramos só nas corridas. Eles estão fazendo um ótimo trabalho. É algo natural. É uma boa relação boa fora e dentro das pistas.

De que maneira o grande apoio que você recebe nas redes sociais te incentiva como piloto e fortalece a sua imagem no mundo do automobilismo?

Na parte da imagem, você precisa ter o pessoal apoiando. Os brasileiros me apoiam muito nas redes sociais. Me ajuda muito para ter confiança, fazer meu nome e achar patrocínio. Quando você fala de alguém, a primeira coisa que você vai fazer é ver se a pessoa tem seguidor ou não e se tem bom engajamento. O engajamento que estou tendo nas redes sociais é muito gratificante. O tanto que o pessoal comenta, incentiva. É absurdo e muito positivo. E o pessoal deveria fazer muito mais com todos os atletas brasileiros. Para achar patrocínio, a visibilidade muda tudo.

Felipe Drugovich tem amplo apoio nas redes sociais e conta com a força dos torcedores brasileiros Foto: MP Motorsport

O automobilismo tem passado por um processo de rejuvenescimento. Você sente que mudou o público, hoje mais jovem e com mais mulheres?

Acho que depois que a Fórmula 1 foi comprada pela Liberty Media, as coisas mudaram. A Fórmula 1 estava em baixa. Havia outras categorias se aproximando, como a Indy. A Fórmula 1 é feita para ser a elite e tem de estar distante das demais. E a Liberty Media ajudou nesse processo, seja com a série Drive to Survive ou outras medidas, o engajamento atualmente é muito maior, a faixa etária está mais ampla. Tem amigos meus que nunca se interessaram pela Fórmula 1 e que agora compraram ingresso para acompanhar a corrida de Interlagos desse ano Há uma diversidade de público que ajuda muito. A Fórmula 1 subindo puxa todas as outras categorias. O apoio que os pilotos da Fórmula 2 têm atualmente se compara a o que alguns da Fórmula 1 tinham um tempo atrás.

Como foi o teste no simulador da Mercedes? Foi um primeiro passo para se aproximar da equipe alemã?

Eu cheguei a fazer esse teste no simulador da Mercedes um tempo atrás. Foi algo básico, nada demais. Eles fazem isso com todos os pilotos. Não foi um passo para me aproximar da Mercedes.

Qual a chance de você ingressar em alguma academia de pilotos?

Tem chance, mas o objetivo principal é se aliar a alguma escuderia para ser terceiro piloto. Se você colocar na ordem, em primeiro está a vaga como piloto titular, depois terceiro piloto, piloto de desenvolvimento e por fim o piloto que é só da academia, que faz só simulador. Então, a gente está tentando uma colocação como pelo menos terceiro piloto. Esse é o nosso foco

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