Neste fim de semana, a Fórmula 1 desembarca em Ímola para a disputa do Grande Prêmio da Emilia-Romana. O Autódromo Enzo e Dino Ferrari era conhecido como um dos mais perigosos da categoria e foi palco de mortes, como a de Ayrton Senna e Roland Ratzenberger, em 1994. Desde então, passou por mudanças que o tornaram mais seguro. No local, a memória trágica do acidente que vitimou o ídolo brasileiro se encontra com números espetaculares e recordes conquistados por ele ao longo de sua carreira.
Nos 30 anos da morte dos pilotos, o autódromo realizou uma série de homenagens, a principal delas liderada pelo alemão Sebastian Vettel, tetracampeão mundial de Fórmula 1. Os tributos continuam ao longo do fim de semana.
Na quinta-feira, pilotos, ex-pilotos e personagens importantes da categoria, vestiram camisetas com as cores do capacete de Senna e se reuniram para uma corrida de rua na pista. É verdade que alguns optaram por outros meios para participar da atividade. Lewis Hamilton usou seu tradicional patinete, enquanto Charles Leclerc, Carlo Sainz e Valtteri Bottas foram de bicicleta.
30 anos sem Ayrton Senna
Entre os componentes do grid, apenas Max Verstappen e Bottas não usaram o item. A chuva, que caiu durante a atividade, deu o requinte que faltava às lembranças daquele que tinha desempenho sem-igual sob essas circunstâncias. Também por obra do destino, o brasileiro Gabriel Bortoleto, piloto da academia da McLaren, largará na pole na corrida principal do domingo da Fórmula 2.
“Acho que ele (Senna) foi um piloto incrível. Ele representa muito com seus resultados e as conquistas que teve. Mas, além disso, além da incrível habilidade e das corridas que realizou, Senna teve compaixão. Ele se levantou em seu País, foi um líder, uma voz tentando combater o déficit educacional e a pobreza. Foi um cara que, basicamente, como todos nós, tinha o dom, a habilidade, a determinação e a vontade de vencer. Mas percebeu que havia mais o que fazer do que apenas sentar no carro e dirigir mais rápido que todo mundo”, afirmou Vettel durante o evento.
Entre as homenagens a Senna, o francês Esteban Ocon, da Alpine, vai usar uma balaclava com as cores amarelo, verde e azul. Seu companheiro de equipe e compatriota, Pierre Gasly, que também tem o brasileiro como ídolo, vestirá um capacete com as mesmas cores. Há algumas semanas, ele teve a oportunidade de pilotar a Toleman com a qual Senna estrou na Fórmula 1, em Silverstone.
No Autódromo de Ímola, o museu Checco Costa tem em Ayrton Senna sua principal figura. Com um mural do brasileiro em sua entrada, o local conta com carros, karts, capacetes, macacões e fotos do brasileiro. Já do lado esquerdo da reta subsequente à atual variante Tamburello, há um monumento em homenagem a Ayrton Senna. No local e arredores, fãs colocam faixas, camisetas, mensagens e bandeiras com referências ao três vezes campeão mundial. A estátua mostra um Senna cabisbaixo e pensativo. Com uma fisionomia semelhante à qual aparentava ao longo de todo o trágico fim de semana de 29, 30 de abril e 1º de maio de 1994.
Recordes de Senna em Ímola
No entanto, em Ímola, Senna conquistou números importantes na carreira e construiu recordes. Ayrton, a bordo de sua Lotus e McLaren, obteve o recorde de poles consecutivas (sete) e não consecutivas (oito) em um mesmo Grande Prêmio. Entre 1985 e 1991, o brasileiro conquistou todas as poles do então GP de San Marino. A oitava vez que o tricampeão largou na frente no autódromo foi no fatídico dia 1º de maio de 1994.
Um outro recorde de Senna está ameaçado neste Grande Prêmio. Entre o GP da Espanha de 1988 e o GP dos EUA de 1989, Ayrton faturou oito poles seguidas. Caso fature a pole neste sábado, Verstappen pode igualar o brasileiro.
Mudanças em Ímola
O traçado de Ímola passou por importantes mudanças desde as mortes de Senna e Ratzenberger. As curvas onde elas se acidentaram se tornaram chicanes - ou variantes - que obrigam o piloto a diminuir a velocidade do carro. O local também conta com reforço nas áreas de escape e um sistema de proteção dos muros, com barreiras de pneus e polietileno flexível. Confira aqui outras mudanças feitas na segurança da Fórmula 1.
“A morte deles (Senna e Ratzenberger) abriu caminho para que os carros ficassem mais seguros para nós, para sentirmos os benefícios que temos hoje por eles arriscarem e perderem suas vidas”, afirmou Vettel.