GP de Cingapura 2008: relembre corrida que atrapalhou Massa na briga por título na F-1; veja vídeo


Incidente com Nelsinho Piquet naquela prova ficou conhecido como ‘Cingapuragate’; piloto, então na Ferrari, entrou na Justiça nesta semana; corrida do fim de semana será no mesmo circuito

Por Felipe Rosa Mendes
Atualização:

Cidade-estado localizada na Ásia, Cingapura nunca foi referência no mundo do automobilismo. Não conta com um circuito tradicional ou mais badalado, nunca teve pilotos no grid da Fórmula 1. Mesmo assim, sediou um dos GPs mais famosos da história, em 2008. E parte desta polêmica vem sendo lembrada neste fim de semana, quando os pilotos correrão à noite, no horário local, neste domingo.

Há 15 anos, Cingapura estreou no calendário da Fórmula 1. E a etapa tinha tudo para ficar marcada na categoria por dois bons motivos: foi a primeira corrida disputada à noite e foi a prova de número 800 na história do campeonato. Mas a lembrança mais comum ligada a etapa é o “Cingapuragate”, episódio que voltou à tona nas últimas semanas por causa da movimentação de Felipe Massa na Justiça em busca do reconhecimento do título daquele ano.

O “Cingapuragate” ou “Crashgate” foi a manipulação do resultado pela equipe Renault, então chefiada pelo controverso Flavio Briatore. Abaixo, o Estadão relembra como foi a corrida que acabou prejudicando diretamente Massa na briga pelo título daquele campeonato, decidido por apenas um ponto em favor de Lewis Hamilton.

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Carro de Nelsinho Piquet após o acidente em Cingapura em 2018 Foto: Reuters

A LARGADA

Iluminado por quase 1.600 holofotes, o circuito de rua de Marina Bay sediou a corrida à noite. E o pole position Felipe Massa, largando ao lado rival Hamilton, não teve qualquer trabalho para manter a liderança nas primeiras voltas. No auge de sua forma, o brasileiro chegou a abrir mais de três segundos sobre o inglês.

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O espanhol Fernando Alonso largara de uma modesta 15ª colocação. Apesar de já ser bicampeão mundial, o piloto da Renault estava longe de ser cotado para sequer chegar ao pódio. Na época, a F-1 contava com mais dois brasileiros: Rubens Barrichello e Nelsinho Piquet, que se tornaria um dos protagonistas da prova.

A BATIDA

Tudo parecia normal na corrida, com os favoritos entre as primeiras posições, até que Alonso foi o primeiro a ir para os boxes, na 12ª volta. Na época, os pilotos faziam pit stops também para reabastecer o carro. Mas o espanhol apenas trocou os pneus, voltando em último lugar. A decisão surpreendeu porque não se encaixava nas estratégias mais evidentes dos times.

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Duas voltas depois, Nelsinho acertou sua Renault no muro da curva 17 - no ano seguinte ele confessaria que bateu de propósito para beneficiar Alonso, seu companheiro de equipe. O incidente impôs o caos na corrida por alguns minutos. Isso porque a direção de prova colocou o safety car a pista e proibiu as paradas nos boxes até que todos os carros estivessem alinhados atrás do carro de segurança.

Quando os boxes foram liberados, praticamente todos correram para suas trocas de pneus e reabastecimento. Alonso não precisou fazer a parada, porque havia acabado de fazer, logo antes da batida.

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PIT STOP DESASTRADO

Houve, então, um congestionamento nos boxes. E situações inusitadas aconteceram: carros da mesma equipe faziam fila, um atrás do outro, à espera da sua vez. Na pressa para liberar Massa, a tempo de o brasileiro voltar à pista em boa posição, a Ferrari deu sinal verde para o brasileiro no momento em que a mangueira de abastecimento ainda estava fixada no carro.

Para piorar a situação, ao sair dos boxes, ele quase colidiu com o alemão Adrian Sutil. Massa precisou percorrer quase todo o pit lane até encontrar uma brecha para estacionar sua Ferrari. Neste meio tempo, integrantes da Ferrari corriam desesperadamente atrás do carro para desencaixar a mangueira e liberar o brasileiro para voltar a competir. Nos dias de hoje, a cena teria virado meme.

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Para piorar, o pit stop improvisado, fora da área da Ferrari, foi marcado pela dificuldade em remover a mangueira. Os engenheiros levaram mais de um minuto para cumprir a simples tarefa. Em resumo: Massa entrou nos boxes em primeiro e saiu em último.

ALONSO LÍDER

Como havia parado pela primeira vez antes de todos, Alonso acabou herdando a primeira colocação assim que os adversários partiram para os boxes. Ele voltou aos boxes quando faltavam 20 voltas para o fim. Numa parada arriscada, voltou logo à frente de David Coulthard e Hamilton. O trio fez boa disputa nas voltas seguintes, até Coulthard ser ultrapassado por Hamilton e ir para os boxes. No pit stop, quase repetiu Massa. A Red Bull também o liberou antes do previsto, mas o piloto não saiu da área da equipe.

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MASSA RODA

Se a situação já estava difícil para o brasileiro, tentando fazer uma corrida de recuperação, o cenário se complicou ainda mais quando a direção de prova o puniu pela saída perigosa dos boxes, quase se chocando com Sutil. Massa levou um “drive through”, uma passagem pelos boxes, que o manteve na última colocação.

Nas últimas voltas, Jarno Trulli sofreu uma pane na pista. Para desviar do italiano, o brasileiro precisou mudar seu traçado, rodando na pista, sem maiores danos ou consequências, na curva 18. Até a bandeirada final, Massa acelerou o quanto pôde, fez seguidas ultrapassagens e terminou no 13º lugar, equivalente a penúltimo. No total, seis pilotos não completaram a prova, número incomum em corridas de F-1.

Pit stop improvisado, fora da área da Ferrari, foi marcado pela dificuldade em remover a mangueira do carro de Felipe Massa Foto: Eugene Hoshiko / Reuters

PÓDIO

Alonso venceu, o alemão Nico Rosberg chegou em segundo e Hamilton completou o pódio. Foi a primeira vitória da Renault desde o GP do Japão de 2006. O resultado surpreendeu a todos porque o time francês não vencia uma corrida há quase dois anos. Ao fim da prova, até Pat Symonds, diretor de engenharia e número dois da Renault, se mostrava surpreso com o resultado. “Estamos lembrando agora como é bom vencer. Tivemos alguns anos difíceis, são 23 meses desde a última vitória…”, declarou.

Em 13º na classificação final, Massa não somou pontos no fim de semana. E viu Hamilton subir ao pódio. O inglês aumentou a vantagem no campeonato de um para sete pontos, faltando apenas três etapas a serem disputadas naquela temporada.

Pouco menos de um ano depois, Nelsinho confessou a batida, o que gerou suspensão para Briatore e Symonds, sem punições para o brasileiro e para Alonso. O resultado da corrida, contudo, não poderia ser alterado porque, pelas regras da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), um campeonato não pode sofrer mudanças na classificação após finalizado.

15 ANOS DEPOIS

O GP voltou a virar assunto neste ano porque Bernie Ecclestone, ex-chefão da F-1, admitiu que sabia da batida intencional de Nelsinho ainda em 2008. Na mesma entrevista, disse que o então presidente da FIA, Max Mosley, também sabia.

Assim, eles poderiam ter cancelado aquela corrida antes do fim do campeonato, o que teria mudado o resultado final da temporada, com Massa em primeiro lugar. As declarações de Ecclestone geraram como consequência imediata a possibilidade de Massa buscar uma reparação na Justiça.

Após meses de silêncio, o brasileiro revelou nas últimas semanas que contratou um grupo de advogados para tentar buscar o reconhecimento do título de 2008 e também uma possível indenização. Segundo apurou o Estadão, o valor poderia alcançar até US$ 150 milhões, equivalente a R$ 470 milhões.

Cidade-estado localizada na Ásia, Cingapura nunca foi referência no mundo do automobilismo. Não conta com um circuito tradicional ou mais badalado, nunca teve pilotos no grid da Fórmula 1. Mesmo assim, sediou um dos GPs mais famosos da história, em 2008. E parte desta polêmica vem sendo lembrada neste fim de semana, quando os pilotos correrão à noite, no horário local, neste domingo.

Há 15 anos, Cingapura estreou no calendário da Fórmula 1. E a etapa tinha tudo para ficar marcada na categoria por dois bons motivos: foi a primeira corrida disputada à noite e foi a prova de número 800 na história do campeonato. Mas a lembrança mais comum ligada a etapa é o “Cingapuragate”, episódio que voltou à tona nas últimas semanas por causa da movimentação de Felipe Massa na Justiça em busca do reconhecimento do título daquele ano.

O “Cingapuragate” ou “Crashgate” foi a manipulação do resultado pela equipe Renault, então chefiada pelo controverso Flavio Briatore. Abaixo, o Estadão relembra como foi a corrida que acabou prejudicando diretamente Massa na briga pelo título daquele campeonato, decidido por apenas um ponto em favor de Lewis Hamilton.

Carro de Nelsinho Piquet após o acidente em Cingapura em 2018 Foto: Reuters

A LARGADA

Iluminado por quase 1.600 holofotes, o circuito de rua de Marina Bay sediou a corrida à noite. E o pole position Felipe Massa, largando ao lado rival Hamilton, não teve qualquer trabalho para manter a liderança nas primeiras voltas. No auge de sua forma, o brasileiro chegou a abrir mais de três segundos sobre o inglês.

O espanhol Fernando Alonso largara de uma modesta 15ª colocação. Apesar de já ser bicampeão mundial, o piloto da Renault estava longe de ser cotado para sequer chegar ao pódio. Na época, a F-1 contava com mais dois brasileiros: Rubens Barrichello e Nelsinho Piquet, que se tornaria um dos protagonistas da prova.

A BATIDA

Tudo parecia normal na corrida, com os favoritos entre as primeiras posições, até que Alonso foi o primeiro a ir para os boxes, na 12ª volta. Na época, os pilotos faziam pit stops também para reabastecer o carro. Mas o espanhol apenas trocou os pneus, voltando em último lugar. A decisão surpreendeu porque não se encaixava nas estratégias mais evidentes dos times.

Duas voltas depois, Nelsinho acertou sua Renault no muro da curva 17 - no ano seguinte ele confessaria que bateu de propósito para beneficiar Alonso, seu companheiro de equipe. O incidente impôs o caos na corrida por alguns minutos. Isso porque a direção de prova colocou o safety car a pista e proibiu as paradas nos boxes até que todos os carros estivessem alinhados atrás do carro de segurança.

Quando os boxes foram liberados, praticamente todos correram para suas trocas de pneus e reabastecimento. Alonso não precisou fazer a parada, porque havia acabado de fazer, logo antes da batida.

PIT STOP DESASTRADO

Houve, então, um congestionamento nos boxes. E situações inusitadas aconteceram: carros da mesma equipe faziam fila, um atrás do outro, à espera da sua vez. Na pressa para liberar Massa, a tempo de o brasileiro voltar à pista em boa posição, a Ferrari deu sinal verde para o brasileiro no momento em que a mangueira de abastecimento ainda estava fixada no carro.

Para piorar a situação, ao sair dos boxes, ele quase colidiu com o alemão Adrian Sutil. Massa precisou percorrer quase todo o pit lane até encontrar uma brecha para estacionar sua Ferrari. Neste meio tempo, integrantes da Ferrari corriam desesperadamente atrás do carro para desencaixar a mangueira e liberar o brasileiro para voltar a competir. Nos dias de hoje, a cena teria virado meme.

Para piorar, o pit stop improvisado, fora da área da Ferrari, foi marcado pela dificuldade em remover a mangueira. Os engenheiros levaram mais de um minuto para cumprir a simples tarefa. Em resumo: Massa entrou nos boxes em primeiro e saiu em último.

ALONSO LÍDER

Como havia parado pela primeira vez antes de todos, Alonso acabou herdando a primeira colocação assim que os adversários partiram para os boxes. Ele voltou aos boxes quando faltavam 20 voltas para o fim. Numa parada arriscada, voltou logo à frente de David Coulthard e Hamilton. O trio fez boa disputa nas voltas seguintes, até Coulthard ser ultrapassado por Hamilton e ir para os boxes. No pit stop, quase repetiu Massa. A Red Bull também o liberou antes do previsto, mas o piloto não saiu da área da equipe.

MASSA RODA

Se a situação já estava difícil para o brasileiro, tentando fazer uma corrida de recuperação, o cenário se complicou ainda mais quando a direção de prova o puniu pela saída perigosa dos boxes, quase se chocando com Sutil. Massa levou um “drive through”, uma passagem pelos boxes, que o manteve na última colocação.

Nas últimas voltas, Jarno Trulli sofreu uma pane na pista. Para desviar do italiano, o brasileiro precisou mudar seu traçado, rodando na pista, sem maiores danos ou consequências, na curva 18. Até a bandeirada final, Massa acelerou o quanto pôde, fez seguidas ultrapassagens e terminou no 13º lugar, equivalente a penúltimo. No total, seis pilotos não completaram a prova, número incomum em corridas de F-1.

Pit stop improvisado, fora da área da Ferrari, foi marcado pela dificuldade em remover a mangueira do carro de Felipe Massa Foto: Eugene Hoshiko / Reuters

PÓDIO

Alonso venceu, o alemão Nico Rosberg chegou em segundo e Hamilton completou o pódio. Foi a primeira vitória da Renault desde o GP do Japão de 2006. O resultado surpreendeu a todos porque o time francês não vencia uma corrida há quase dois anos. Ao fim da prova, até Pat Symonds, diretor de engenharia e número dois da Renault, se mostrava surpreso com o resultado. “Estamos lembrando agora como é bom vencer. Tivemos alguns anos difíceis, são 23 meses desde a última vitória…”, declarou.

Em 13º na classificação final, Massa não somou pontos no fim de semana. E viu Hamilton subir ao pódio. O inglês aumentou a vantagem no campeonato de um para sete pontos, faltando apenas três etapas a serem disputadas naquela temporada.

Pouco menos de um ano depois, Nelsinho confessou a batida, o que gerou suspensão para Briatore e Symonds, sem punições para o brasileiro e para Alonso. O resultado da corrida, contudo, não poderia ser alterado porque, pelas regras da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), um campeonato não pode sofrer mudanças na classificação após finalizado.

15 ANOS DEPOIS

O GP voltou a virar assunto neste ano porque Bernie Ecclestone, ex-chefão da F-1, admitiu que sabia da batida intencional de Nelsinho ainda em 2008. Na mesma entrevista, disse que o então presidente da FIA, Max Mosley, também sabia.

Assim, eles poderiam ter cancelado aquela corrida antes do fim do campeonato, o que teria mudado o resultado final da temporada, com Massa em primeiro lugar. As declarações de Ecclestone geraram como consequência imediata a possibilidade de Massa buscar uma reparação na Justiça.

Após meses de silêncio, o brasileiro revelou nas últimas semanas que contratou um grupo de advogados para tentar buscar o reconhecimento do título de 2008 e também uma possível indenização. Segundo apurou o Estadão, o valor poderia alcançar até US$ 150 milhões, equivalente a R$ 470 milhões.

Cidade-estado localizada na Ásia, Cingapura nunca foi referência no mundo do automobilismo. Não conta com um circuito tradicional ou mais badalado, nunca teve pilotos no grid da Fórmula 1. Mesmo assim, sediou um dos GPs mais famosos da história, em 2008. E parte desta polêmica vem sendo lembrada neste fim de semana, quando os pilotos correrão à noite, no horário local, neste domingo.

Há 15 anos, Cingapura estreou no calendário da Fórmula 1. E a etapa tinha tudo para ficar marcada na categoria por dois bons motivos: foi a primeira corrida disputada à noite e foi a prova de número 800 na história do campeonato. Mas a lembrança mais comum ligada a etapa é o “Cingapuragate”, episódio que voltou à tona nas últimas semanas por causa da movimentação de Felipe Massa na Justiça em busca do reconhecimento do título daquele ano.

O “Cingapuragate” ou “Crashgate” foi a manipulação do resultado pela equipe Renault, então chefiada pelo controverso Flavio Briatore. Abaixo, o Estadão relembra como foi a corrida que acabou prejudicando diretamente Massa na briga pelo título daquele campeonato, decidido por apenas um ponto em favor de Lewis Hamilton.

Carro de Nelsinho Piquet após o acidente em Cingapura em 2018 Foto: Reuters

A LARGADA

Iluminado por quase 1.600 holofotes, o circuito de rua de Marina Bay sediou a corrida à noite. E o pole position Felipe Massa, largando ao lado rival Hamilton, não teve qualquer trabalho para manter a liderança nas primeiras voltas. No auge de sua forma, o brasileiro chegou a abrir mais de três segundos sobre o inglês.

O espanhol Fernando Alonso largara de uma modesta 15ª colocação. Apesar de já ser bicampeão mundial, o piloto da Renault estava longe de ser cotado para sequer chegar ao pódio. Na época, a F-1 contava com mais dois brasileiros: Rubens Barrichello e Nelsinho Piquet, que se tornaria um dos protagonistas da prova.

A BATIDA

Tudo parecia normal na corrida, com os favoritos entre as primeiras posições, até que Alonso foi o primeiro a ir para os boxes, na 12ª volta. Na época, os pilotos faziam pit stops também para reabastecer o carro. Mas o espanhol apenas trocou os pneus, voltando em último lugar. A decisão surpreendeu porque não se encaixava nas estratégias mais evidentes dos times.

Duas voltas depois, Nelsinho acertou sua Renault no muro da curva 17 - no ano seguinte ele confessaria que bateu de propósito para beneficiar Alonso, seu companheiro de equipe. O incidente impôs o caos na corrida por alguns minutos. Isso porque a direção de prova colocou o safety car a pista e proibiu as paradas nos boxes até que todos os carros estivessem alinhados atrás do carro de segurança.

Quando os boxes foram liberados, praticamente todos correram para suas trocas de pneus e reabastecimento. Alonso não precisou fazer a parada, porque havia acabado de fazer, logo antes da batida.

PIT STOP DESASTRADO

Houve, então, um congestionamento nos boxes. E situações inusitadas aconteceram: carros da mesma equipe faziam fila, um atrás do outro, à espera da sua vez. Na pressa para liberar Massa, a tempo de o brasileiro voltar à pista em boa posição, a Ferrari deu sinal verde para o brasileiro no momento em que a mangueira de abastecimento ainda estava fixada no carro.

Para piorar a situação, ao sair dos boxes, ele quase colidiu com o alemão Adrian Sutil. Massa precisou percorrer quase todo o pit lane até encontrar uma brecha para estacionar sua Ferrari. Neste meio tempo, integrantes da Ferrari corriam desesperadamente atrás do carro para desencaixar a mangueira e liberar o brasileiro para voltar a competir. Nos dias de hoje, a cena teria virado meme.

Para piorar, o pit stop improvisado, fora da área da Ferrari, foi marcado pela dificuldade em remover a mangueira. Os engenheiros levaram mais de um minuto para cumprir a simples tarefa. Em resumo: Massa entrou nos boxes em primeiro e saiu em último.

ALONSO LÍDER

Como havia parado pela primeira vez antes de todos, Alonso acabou herdando a primeira colocação assim que os adversários partiram para os boxes. Ele voltou aos boxes quando faltavam 20 voltas para o fim. Numa parada arriscada, voltou logo à frente de David Coulthard e Hamilton. O trio fez boa disputa nas voltas seguintes, até Coulthard ser ultrapassado por Hamilton e ir para os boxes. No pit stop, quase repetiu Massa. A Red Bull também o liberou antes do previsto, mas o piloto não saiu da área da equipe.

MASSA RODA

Se a situação já estava difícil para o brasileiro, tentando fazer uma corrida de recuperação, o cenário se complicou ainda mais quando a direção de prova o puniu pela saída perigosa dos boxes, quase se chocando com Sutil. Massa levou um “drive through”, uma passagem pelos boxes, que o manteve na última colocação.

Nas últimas voltas, Jarno Trulli sofreu uma pane na pista. Para desviar do italiano, o brasileiro precisou mudar seu traçado, rodando na pista, sem maiores danos ou consequências, na curva 18. Até a bandeirada final, Massa acelerou o quanto pôde, fez seguidas ultrapassagens e terminou no 13º lugar, equivalente a penúltimo. No total, seis pilotos não completaram a prova, número incomum em corridas de F-1.

Pit stop improvisado, fora da área da Ferrari, foi marcado pela dificuldade em remover a mangueira do carro de Felipe Massa Foto: Eugene Hoshiko / Reuters

PÓDIO

Alonso venceu, o alemão Nico Rosberg chegou em segundo e Hamilton completou o pódio. Foi a primeira vitória da Renault desde o GP do Japão de 2006. O resultado surpreendeu a todos porque o time francês não vencia uma corrida há quase dois anos. Ao fim da prova, até Pat Symonds, diretor de engenharia e número dois da Renault, se mostrava surpreso com o resultado. “Estamos lembrando agora como é bom vencer. Tivemos alguns anos difíceis, são 23 meses desde a última vitória…”, declarou.

Em 13º na classificação final, Massa não somou pontos no fim de semana. E viu Hamilton subir ao pódio. O inglês aumentou a vantagem no campeonato de um para sete pontos, faltando apenas três etapas a serem disputadas naquela temporada.

Pouco menos de um ano depois, Nelsinho confessou a batida, o que gerou suspensão para Briatore e Symonds, sem punições para o brasileiro e para Alonso. O resultado da corrida, contudo, não poderia ser alterado porque, pelas regras da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), um campeonato não pode sofrer mudanças na classificação após finalizado.

15 ANOS DEPOIS

O GP voltou a virar assunto neste ano porque Bernie Ecclestone, ex-chefão da F-1, admitiu que sabia da batida intencional de Nelsinho ainda em 2008. Na mesma entrevista, disse que o então presidente da FIA, Max Mosley, também sabia.

Assim, eles poderiam ter cancelado aquela corrida antes do fim do campeonato, o que teria mudado o resultado final da temporada, com Massa em primeiro lugar. As declarações de Ecclestone geraram como consequência imediata a possibilidade de Massa buscar uma reparação na Justiça.

Após meses de silêncio, o brasileiro revelou nas últimas semanas que contratou um grupo de advogados para tentar buscar o reconhecimento do título de 2008 e também uma possível indenização. Segundo apurou o Estadão, o valor poderia alcançar até US$ 150 milhões, equivalente a R$ 470 milhões.

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