O brasileiro Gabriel Bortoleto foi confirmado, nesta quarta-feira, como novo piloto titular da Sauber-Audi para a temporada 2024. O piloto terá uma dura missão em seu primeiro ano na Fórmula 1. Sua nova equipe não vem bem no campeonato e é a última colocada no mundial de construtores. O Estadão ouviu especialistas que analisaram as tarefas que o jovem piloto terá em 2025. Confira:
Lito Cavalcanti
Para Lito Cavalcanti, jornalista com décadas de experiência na cobertura de automobilismo e ex-comentarista do Grupo Globo, o maior desafio de Bortoleto será enfrentar as críticas que eventualmente ocorram caso ele não conquiste feitos semelhantes àqueles que tem obtido nas categorias inferiores.
“2025 pode ser o ano mais difícil da carreira de Bortoleto. Ao longo desses anos, Bortoleto conheceu todas situações a que o automobilismo expõe seus profissionais. A Sauber é hoje a equipe mais fraca da Fórmula 1, sem nenhum ponto nas 21 corridas já disputadas”, afirma Lito.
Lito Cavalcanti, jornalista especializado em automobilismo
Lito ainda afirma que Bortoleto tem tudo para ser o maior nome de sua geração na Fórmula 1. “Muitos acham que, uma vez na F-1, Bortoleto vai repetir os feitos da F-3 e da F-2, onde brilhou como estreante – não entendem a diferença entre o carro que ele vai guiar e os de Verstappen, Norris e companhia. Se sobreviver ao apedrejamento da ignorância – e acredito que sobreviverá –, Bortoleto tem tudo para se firmar como um dos grandes nomes de sua geração. Possivelmente o maior deles.”
Wagner Gonzalez
O jornalista Wagner Gonzalez, com vasta experiência em cobertura de automobilismo e autor do blog “Conversa de Pista” do Estadão, concorda com a análise de Lito e reforça que as mudanças previstas para 2026 na Fórmula 1 podem fazer com que 2025 seja um ano muito semelhante, a nível de desempenho da Sauber, à atual temporada.
“Que não se espere de Gabriel Bortoleto os mesmos resultados que lhe deram o título internacional da F-3 em 2023 e o que o colocaram na liderança da F-2 este ano: absorvida pela Audi – que estreará oficialmente na F-1 em 2026 - a Sauber amarga uma de suas piores temporadas e não marcou nenhum ponto na atual temporada. Um carro novo para 2025 parece fora de cogitação, posto que em 2026 o regulamento técnico trará monopostos construídos sob novas especificações técnicas. Os próximos dois anos, portanto, serão de aprendizado para o piloto e para a nova estrutura do time que tem sede em Hinwill, na Suíça, e recentemente passou a ser comandado por Mattia Binotto, ex-líder da Ferrari na F-1″, diz Gonzalez.
Wagner Gonzalez, blogueiro do Estadão
“Por tudo e mais um pouco não se deve-se menosprezar a conquista de Bortoleto, que em tais circunstâncias poderá aprender sem a pressão para obter resultados magistrais”, completa Gonzalez.
Felipe Motta
Para Felipe Motta, jornalista da ESPN e do site Motorsport, uma das metas de Bortoleto neste primeiro ano na Fórmula 1 tem de ser superar seu colega de equipe, o experiente alemão Nico Hülkenberg. “Difícil saber em função da equipe o que será de Bortoleto em 2025. Não há elemento para achar que a Sauber vá melhorar para a próxima temporada. A grande questão é ser melhor do que o companheiro de time. Outro objetivo tem de ser fazer boas apresentações mesmo com o equipamento limitado e contar com a sorte”, afirma.
Felipe Motta, jornalista da ESPN e do Motorsport
Segundo Motta, para Bortoleto é imprescindível se manter bem avaliado pela equipes como é atualmente. “Hoje, ele é rotulado como muto capaz. Então, em uma futura dança das cadeiras, o ideal é que ele continue bem contado para progredir caso a Sauber não lhe ofereça um carro competitivo. Em Fórmula 1 não se pode escolher oportunidade”.
Alinne Fanelli
Para Alinne Fanelli, da rádio Bandnews, Bortoleto impressiona nas pistas e a comparação com seu companheiro de equipe será um bom parâmetro.
“É uma notícia maravilhosa para o Brasil, que precisava voltar ao grid da Fórmula 1. O país recebe uma etapa do campeonato, com recorde de público a cada ano, então a gente imagina que possa atrair ainda mais a atenção de muita gente para a categoria. Claro que a gente sabe que o Gabriel começa na equipe que hoje ocupa o último lugar no Mundial de Construtores e que não vai trazer grandes inovações ou investimentos para 2025 por causa da grande mudança de regulamento prevista para 2026 – e até a alteração de Sauber para Audi”, disse Fanelli.
Alinne Fanelli, rádio Bandnews
“Mas, ele é um grande piloto e não é uma chance que possa ser desperdiçada. Acredito que, primeiramente, vão comparar o desempenho dele em relação ao companheiro de equipe, Nico Hülkenberg. Se ele mostrar que está no mesmo nível ou até melhor que o companheiro experiente, ele vai cada vez mais atrair os holofotes. Apesar de ter 20 anos, o Gabriel impressiona pela maneira como pilota, como lê as corridas e como sai de situações difíceis. Então, nesse primeiro ano, a gente acredita que o brasileiro vai se soltar e entender cada vez mais o funcionamento da Fórmula 1, para poder construir uma carreira sólida na categoria”.