Por que sustentabilidade passou a ser palavra de ordem no automobilismo?


Neutralizar a emissão de carbono é a missão das principais categorias do esporte a motor nos próximos anos

Por Marcos Antomil

O automobilismo tem se preocupado cada vez mais com a sustentabilidade. A Fórmula 1 tem como meta anular a emissão de carbono até 2030, enquanto a Fórmula E, de carros elétricos, já tem essa como uma de suas premissas. A F-1 também busca uma fórmula para um novo combustível 100% sustentável, como já é o da Indy, nos EUA.

No Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1, são feitos vários procedimentos para neutralizar a emissão de poluentes. A temática ambiental, além de estar em voga nas discussões automobilística, com o incentivo a carros híbridos e elétricos, faz parte de um conceito que busca incluir os jovens, que estão mais preocupados com o futuro do planeta.

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A Fórmula 1 tem colocado em prática formas para anular as emissões de carbono até 2030. Na foto, Lando Norris, da McLaren. Foto: Attila Kisbenedek/AFP

Para 2026, a Fórmula 1 prepara uma mudança de regulamento sobre a motorização que impactará o mercado de fornecimento de unidade de potência e combustíveis para as equipes. A nova regra sobre combustível foi definida pela categoria após uma longa pesquisa junto à Aramco, companhia petrolífera estatal da Arábia Saudita.

Novo combustível da Fórmula 1 assume papel relevante em 2026

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O novo combustível não deverá emitir qualquer resíduo de carbono e tem outro ponto favorável: seu desenvolvimento vai ao encontro do que as grandes marcas almejam: um produto que possa ser usado nos veículos que circulam diariamente nas ruas. Atualmente, a Fórmula 1 conta com um combustível cuja parte de etanol em sua composição se limita a 10%.

A Fórmula 1 está assumindo um papel de liderança e pioneirismo para o bem da sociedade. Isso nos dá a chance de esses veículos serem sustentáveis no menor tempo possível. Sustentabilidade é um dos fatores mais importantes para nós, não apenas como esporte, mas como um negócio. Não é mais suficiente para nós simplesmente entregar grande ação e corrida roda a roda na pista, precisamos garantir que estamos fazendo isso de forma sustentável para que nosso esporte possa prosperar por muito tempo no futuro.

Stefano Domenicali, chefão da Fórmula 1

A categoria calcula que em 2022 reduziu sua pegada de carbono em 13% se comparada à temporada de 2018 e emitiu 223.031 toneladas de CO² equivalente. Outros desafios se encontram na formulação do calendário de corridas. O anseio da Fórmula 1 é diminuir os deslocamentos e melhorar a logística na organização das 24 provas, número tido como ideal pela organização. A logística, de acordo com os estudos feitos pela F-1, representa cerca de metade de todo o impacto na pegada de carbono da categoria. O foco está em reduzir em 37% esses números.

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Ford e Audi se unem a Ferrari, Mercedes, Honda e Renault como fornecedoras de motor a partir de 2026. A Cadillac já demonstrou interesse em ingressas na Fórmula 1 mais adiante, e a Toyota também está cotada para voltar à categoria. No setor dos biocombustíveis, os concorrentes sabem que podem representar o ponto de desequilíbrio entre as equipes. Gulf, Petronas, Exxon Mobil, BP (Castrol) e a Shell - por meio da brasileira Raízen - são as principais fornecedoras.

Charles Leclerc, da Ferrari, acelera no circuito de Budapeste para mais uma etapa da Fórmula 1. Foto: Ferenc Isza/AFP
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“A gente tem a oportunidade de mostrar para o mundo que a solução (sustentável) existe e está pronta. Se funciona na Ferrari, funciona bem no nosso carro também. E é uma oportunidade mostrar o desenvolvimento da produção de biocombustíveis no Brasil a partir da cana de açúcar”, aponta Paulo Côrte-Real Neves, VP de Trading da Raízen, responsável pela gestão estratégica do portfólio de produtos da marca.

Para tornar a produção de etanol ainda mais sustentável, a Raízen almeja produzir no Brasil a enzima responsável por quebrar as moléculas da biomassa e converter essas moléculas separadas de açúcar em etanol. Essa tecnologia pertence a uma empresa dinamarquesa, que produz essa enzima na China.

Brasil é protagonista no fornecimento de combustível renovável

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Quem está na frente quando o assunto é combustível sustentável é a Indy, categoria de monopostos mais importante dos Estados Unidos. Por lá, os combustíveis são 100% renováveis e fornecidos integralmente, para todas as equipes pela Raízen desde 2023 com, majoritariamente, etanol de segunda geração (também chamado de etanol celulósico), feito a partir dos resíduos do processo da cana de açúcar. Na Fórmula 1, a Raízen é parceria da Shell, que abastece os carros da Ferrari.

“A questão da sustentabilidade e das mudanças climáticas se tornaram uma prioridade para a humanidade. A F-1 e Indy são líderes em novas tecnologias que serão aplicadas futuramente no nosso cotidiano”, diz Côrte-Real. “O grande segredo está na cana de açúcar que converte energia solar de forma ímpar para a produção de biomassa, que se torna uma solução energética competitiva sem igual no mundo. O Brasil é o lugar certo na hora certa”.

Os combustíveis para a Indy são feitos com etanol de segunda geração produzido no Brasil. Foto: Arlyn Mcadorey/AP
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A Fórmula E, por sua vez, é a única categoria de monopostos que neutraliza 100% das emissões de carbono. Os carros elétricos tampouco emitem altos ruídos, o que afeta positivamente na poluição sonora nas cidades. “A sustentabilidade está no nosso DNA e no centro da tomada de decisões. Sendo o esporte mais sustentável do planeta, nós nos orgulhamos de oferecer programas e iniciativas impactantes que beneficiam as pessoas nas nossas comunidades anfitriãs e o ambiente mais amplo onde corremos”, afirma Julia Pallé, vice-presidente de sustentabilidade da Fórmula E.

São Paulo já recebeu duas vezes a Fórmula E e abrigará a etapa de abertura da próxima temporada, em dezembro. Foto: Sam Bagnall/ FIA Formula E

“O que é feito hoje nas principais categorias mundiais do esporte a motor estará em breve, nos carros, nas linhas de produção, nos manuais de regras. Com o dever de sustentabilidade é a mesma coisa. A Fórmula E nasceu nesse contexto e a sustentabilidade dita o nosso comportamento: somos net zero carbon desde nossa concepção, para isso, nossas corridas duram um único dia e para carregamento da bateria dos nossos carros usamos óleo vegetal”, argumenta Guilherme Birello, organizador da Fórmula E no Brasil.

São Paulo, Cidade do México, Mônaco e Xangai são as únicas cidades que recebem corridas da Fórmula 1 e da Fórmula E anualmente. Em 2024, a capital paulista ainda recebe a F-1, no fim de semana de 1, 2 e 3 de novembro no Autódromo de Interlagos, enquanto a F-E volta a acelerar no circuito montado no Complexo do Anhembi, entre os dias 6 e 7 de dezembro, abrindo a nova temporada.

“Não são apenas espetáculos emocionantes, mas catalisadores de mudanças positivas em direção a um futuro mais verde. Ao realizarmos um evento que mostra a alta performance possível a partir de um veículo elétrico, híbrido ou com tecnologia embarcada menos poluente, conseguimos transmitir uma mensagem positiva ao público e transformamos em realidade algo que para muita gente ainda soa distante”, diz Gustavo Pires, presidente da SPTuris.

Segundo a organização do GP de São Paulo de Fórmula 1, todos os gases de efeito estufa emitidos durante o fim de semana do evento são neutralizados, por meio de plantio de árvores, coleta de óleo lubrificante para o tratamento adequado e uso de painéis de energia solar. Para 2024, com um investimento de R$ 1,3 milhão, estão previstas a criação de duas usinas de energia solar com painéis fotovoltaicos além do estabelecimento de uma central de triagem de resíduos.

“Temos de cuidar muito bem de onde vem a fonte de energia. Não basta ao carro ser elétrico, precisa ter uma fonte renovável e de baixa emissão. Esse é um tema fundamental para o debate, caso contrário estamos pensando em um motor mais eficiente, mas emitindo mais poluentes do que com a solução do carro híbrido, sem resolver o problema climático”, afirma Côrte-Real.

O automobilismo tem se preocupado cada vez mais com a sustentabilidade. A Fórmula 1 tem como meta anular a emissão de carbono até 2030, enquanto a Fórmula E, de carros elétricos, já tem essa como uma de suas premissas. A F-1 também busca uma fórmula para um novo combustível 100% sustentável, como já é o da Indy, nos EUA.

No Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1, são feitos vários procedimentos para neutralizar a emissão de poluentes. A temática ambiental, além de estar em voga nas discussões automobilística, com o incentivo a carros híbridos e elétricos, faz parte de um conceito que busca incluir os jovens, que estão mais preocupados com o futuro do planeta.

A Fórmula 1 tem colocado em prática formas para anular as emissões de carbono até 2030. Na foto, Lando Norris, da McLaren. Foto: Attila Kisbenedek/AFP

Para 2026, a Fórmula 1 prepara uma mudança de regulamento sobre a motorização que impactará o mercado de fornecimento de unidade de potência e combustíveis para as equipes. A nova regra sobre combustível foi definida pela categoria após uma longa pesquisa junto à Aramco, companhia petrolífera estatal da Arábia Saudita.

Novo combustível da Fórmula 1 assume papel relevante em 2026

O novo combustível não deverá emitir qualquer resíduo de carbono e tem outro ponto favorável: seu desenvolvimento vai ao encontro do que as grandes marcas almejam: um produto que possa ser usado nos veículos que circulam diariamente nas ruas. Atualmente, a Fórmula 1 conta com um combustível cuja parte de etanol em sua composição se limita a 10%.

A Fórmula 1 está assumindo um papel de liderança e pioneirismo para o bem da sociedade. Isso nos dá a chance de esses veículos serem sustentáveis no menor tempo possível. Sustentabilidade é um dos fatores mais importantes para nós, não apenas como esporte, mas como um negócio. Não é mais suficiente para nós simplesmente entregar grande ação e corrida roda a roda na pista, precisamos garantir que estamos fazendo isso de forma sustentável para que nosso esporte possa prosperar por muito tempo no futuro.

Stefano Domenicali, chefão da Fórmula 1

A categoria calcula que em 2022 reduziu sua pegada de carbono em 13% se comparada à temporada de 2018 e emitiu 223.031 toneladas de CO² equivalente. Outros desafios se encontram na formulação do calendário de corridas. O anseio da Fórmula 1 é diminuir os deslocamentos e melhorar a logística na organização das 24 provas, número tido como ideal pela organização. A logística, de acordo com os estudos feitos pela F-1, representa cerca de metade de todo o impacto na pegada de carbono da categoria. O foco está em reduzir em 37% esses números.

Ford e Audi se unem a Ferrari, Mercedes, Honda e Renault como fornecedoras de motor a partir de 2026. A Cadillac já demonstrou interesse em ingressas na Fórmula 1 mais adiante, e a Toyota também está cotada para voltar à categoria. No setor dos biocombustíveis, os concorrentes sabem que podem representar o ponto de desequilíbrio entre as equipes. Gulf, Petronas, Exxon Mobil, BP (Castrol) e a Shell - por meio da brasileira Raízen - são as principais fornecedoras.

Charles Leclerc, da Ferrari, acelera no circuito de Budapeste para mais uma etapa da Fórmula 1. Foto: Ferenc Isza/AFP

“A gente tem a oportunidade de mostrar para o mundo que a solução (sustentável) existe e está pronta. Se funciona na Ferrari, funciona bem no nosso carro também. E é uma oportunidade mostrar o desenvolvimento da produção de biocombustíveis no Brasil a partir da cana de açúcar”, aponta Paulo Côrte-Real Neves, VP de Trading da Raízen, responsável pela gestão estratégica do portfólio de produtos da marca.

Para tornar a produção de etanol ainda mais sustentável, a Raízen almeja produzir no Brasil a enzima responsável por quebrar as moléculas da biomassa e converter essas moléculas separadas de açúcar em etanol. Essa tecnologia pertence a uma empresa dinamarquesa, que produz essa enzima na China.

Brasil é protagonista no fornecimento de combustível renovável

Quem está na frente quando o assunto é combustível sustentável é a Indy, categoria de monopostos mais importante dos Estados Unidos. Por lá, os combustíveis são 100% renováveis e fornecidos integralmente, para todas as equipes pela Raízen desde 2023 com, majoritariamente, etanol de segunda geração (também chamado de etanol celulósico), feito a partir dos resíduos do processo da cana de açúcar. Na Fórmula 1, a Raízen é parceria da Shell, que abastece os carros da Ferrari.

“A questão da sustentabilidade e das mudanças climáticas se tornaram uma prioridade para a humanidade. A F-1 e Indy são líderes em novas tecnologias que serão aplicadas futuramente no nosso cotidiano”, diz Côrte-Real. “O grande segredo está na cana de açúcar que converte energia solar de forma ímpar para a produção de biomassa, que se torna uma solução energética competitiva sem igual no mundo. O Brasil é o lugar certo na hora certa”.

Os combustíveis para a Indy são feitos com etanol de segunda geração produzido no Brasil. Foto: Arlyn Mcadorey/AP

A Fórmula E, por sua vez, é a única categoria de monopostos que neutraliza 100% das emissões de carbono. Os carros elétricos tampouco emitem altos ruídos, o que afeta positivamente na poluição sonora nas cidades. “A sustentabilidade está no nosso DNA e no centro da tomada de decisões. Sendo o esporte mais sustentável do planeta, nós nos orgulhamos de oferecer programas e iniciativas impactantes que beneficiam as pessoas nas nossas comunidades anfitriãs e o ambiente mais amplo onde corremos”, afirma Julia Pallé, vice-presidente de sustentabilidade da Fórmula E.

São Paulo já recebeu duas vezes a Fórmula E e abrigará a etapa de abertura da próxima temporada, em dezembro. Foto: Sam Bagnall/ FIA Formula E

“O que é feito hoje nas principais categorias mundiais do esporte a motor estará em breve, nos carros, nas linhas de produção, nos manuais de regras. Com o dever de sustentabilidade é a mesma coisa. A Fórmula E nasceu nesse contexto e a sustentabilidade dita o nosso comportamento: somos net zero carbon desde nossa concepção, para isso, nossas corridas duram um único dia e para carregamento da bateria dos nossos carros usamos óleo vegetal”, argumenta Guilherme Birello, organizador da Fórmula E no Brasil.

São Paulo, Cidade do México, Mônaco e Xangai são as únicas cidades que recebem corridas da Fórmula 1 e da Fórmula E anualmente. Em 2024, a capital paulista ainda recebe a F-1, no fim de semana de 1, 2 e 3 de novembro no Autódromo de Interlagos, enquanto a F-E volta a acelerar no circuito montado no Complexo do Anhembi, entre os dias 6 e 7 de dezembro, abrindo a nova temporada.

“Não são apenas espetáculos emocionantes, mas catalisadores de mudanças positivas em direção a um futuro mais verde. Ao realizarmos um evento que mostra a alta performance possível a partir de um veículo elétrico, híbrido ou com tecnologia embarcada menos poluente, conseguimos transmitir uma mensagem positiva ao público e transformamos em realidade algo que para muita gente ainda soa distante”, diz Gustavo Pires, presidente da SPTuris.

Segundo a organização do GP de São Paulo de Fórmula 1, todos os gases de efeito estufa emitidos durante o fim de semana do evento são neutralizados, por meio de plantio de árvores, coleta de óleo lubrificante para o tratamento adequado e uso de painéis de energia solar. Para 2024, com um investimento de R$ 1,3 milhão, estão previstas a criação de duas usinas de energia solar com painéis fotovoltaicos além do estabelecimento de uma central de triagem de resíduos.

“Temos de cuidar muito bem de onde vem a fonte de energia. Não basta ao carro ser elétrico, precisa ter uma fonte renovável e de baixa emissão. Esse é um tema fundamental para o debate, caso contrário estamos pensando em um motor mais eficiente, mas emitindo mais poluentes do que com a solução do carro híbrido, sem resolver o problema climático”, afirma Côrte-Real.

O automobilismo tem se preocupado cada vez mais com a sustentabilidade. A Fórmula 1 tem como meta anular a emissão de carbono até 2030, enquanto a Fórmula E, de carros elétricos, já tem essa como uma de suas premissas. A F-1 também busca uma fórmula para um novo combustível 100% sustentável, como já é o da Indy, nos EUA.

No Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1, são feitos vários procedimentos para neutralizar a emissão de poluentes. A temática ambiental, além de estar em voga nas discussões automobilística, com o incentivo a carros híbridos e elétricos, faz parte de um conceito que busca incluir os jovens, que estão mais preocupados com o futuro do planeta.

A Fórmula 1 tem colocado em prática formas para anular as emissões de carbono até 2030. Na foto, Lando Norris, da McLaren. Foto: Attila Kisbenedek/AFP

Para 2026, a Fórmula 1 prepara uma mudança de regulamento sobre a motorização que impactará o mercado de fornecimento de unidade de potência e combustíveis para as equipes. A nova regra sobre combustível foi definida pela categoria após uma longa pesquisa junto à Aramco, companhia petrolífera estatal da Arábia Saudita.

Novo combustível da Fórmula 1 assume papel relevante em 2026

O novo combustível não deverá emitir qualquer resíduo de carbono e tem outro ponto favorável: seu desenvolvimento vai ao encontro do que as grandes marcas almejam: um produto que possa ser usado nos veículos que circulam diariamente nas ruas. Atualmente, a Fórmula 1 conta com um combustível cuja parte de etanol em sua composição se limita a 10%.

A Fórmula 1 está assumindo um papel de liderança e pioneirismo para o bem da sociedade. Isso nos dá a chance de esses veículos serem sustentáveis no menor tempo possível. Sustentabilidade é um dos fatores mais importantes para nós, não apenas como esporte, mas como um negócio. Não é mais suficiente para nós simplesmente entregar grande ação e corrida roda a roda na pista, precisamos garantir que estamos fazendo isso de forma sustentável para que nosso esporte possa prosperar por muito tempo no futuro.

Stefano Domenicali, chefão da Fórmula 1

A categoria calcula que em 2022 reduziu sua pegada de carbono em 13% se comparada à temporada de 2018 e emitiu 223.031 toneladas de CO² equivalente. Outros desafios se encontram na formulação do calendário de corridas. O anseio da Fórmula 1 é diminuir os deslocamentos e melhorar a logística na organização das 24 provas, número tido como ideal pela organização. A logística, de acordo com os estudos feitos pela F-1, representa cerca de metade de todo o impacto na pegada de carbono da categoria. O foco está em reduzir em 37% esses números.

Ford e Audi se unem a Ferrari, Mercedes, Honda e Renault como fornecedoras de motor a partir de 2026. A Cadillac já demonstrou interesse em ingressas na Fórmula 1 mais adiante, e a Toyota também está cotada para voltar à categoria. No setor dos biocombustíveis, os concorrentes sabem que podem representar o ponto de desequilíbrio entre as equipes. Gulf, Petronas, Exxon Mobil, BP (Castrol) e a Shell - por meio da brasileira Raízen - são as principais fornecedoras.

Charles Leclerc, da Ferrari, acelera no circuito de Budapeste para mais uma etapa da Fórmula 1. Foto: Ferenc Isza/AFP

“A gente tem a oportunidade de mostrar para o mundo que a solução (sustentável) existe e está pronta. Se funciona na Ferrari, funciona bem no nosso carro também. E é uma oportunidade mostrar o desenvolvimento da produção de biocombustíveis no Brasil a partir da cana de açúcar”, aponta Paulo Côrte-Real Neves, VP de Trading da Raízen, responsável pela gestão estratégica do portfólio de produtos da marca.

Para tornar a produção de etanol ainda mais sustentável, a Raízen almeja produzir no Brasil a enzima responsável por quebrar as moléculas da biomassa e converter essas moléculas separadas de açúcar em etanol. Essa tecnologia pertence a uma empresa dinamarquesa, que produz essa enzima na China.

Brasil é protagonista no fornecimento de combustível renovável

Quem está na frente quando o assunto é combustível sustentável é a Indy, categoria de monopostos mais importante dos Estados Unidos. Por lá, os combustíveis são 100% renováveis e fornecidos integralmente, para todas as equipes pela Raízen desde 2023 com, majoritariamente, etanol de segunda geração (também chamado de etanol celulósico), feito a partir dos resíduos do processo da cana de açúcar. Na Fórmula 1, a Raízen é parceria da Shell, que abastece os carros da Ferrari.

“A questão da sustentabilidade e das mudanças climáticas se tornaram uma prioridade para a humanidade. A F-1 e Indy são líderes em novas tecnologias que serão aplicadas futuramente no nosso cotidiano”, diz Côrte-Real. “O grande segredo está na cana de açúcar que converte energia solar de forma ímpar para a produção de biomassa, que se torna uma solução energética competitiva sem igual no mundo. O Brasil é o lugar certo na hora certa”.

Os combustíveis para a Indy são feitos com etanol de segunda geração produzido no Brasil. Foto: Arlyn Mcadorey/AP

A Fórmula E, por sua vez, é a única categoria de monopostos que neutraliza 100% das emissões de carbono. Os carros elétricos tampouco emitem altos ruídos, o que afeta positivamente na poluição sonora nas cidades. “A sustentabilidade está no nosso DNA e no centro da tomada de decisões. Sendo o esporte mais sustentável do planeta, nós nos orgulhamos de oferecer programas e iniciativas impactantes que beneficiam as pessoas nas nossas comunidades anfitriãs e o ambiente mais amplo onde corremos”, afirma Julia Pallé, vice-presidente de sustentabilidade da Fórmula E.

São Paulo já recebeu duas vezes a Fórmula E e abrigará a etapa de abertura da próxima temporada, em dezembro. Foto: Sam Bagnall/ FIA Formula E

“O que é feito hoje nas principais categorias mundiais do esporte a motor estará em breve, nos carros, nas linhas de produção, nos manuais de regras. Com o dever de sustentabilidade é a mesma coisa. A Fórmula E nasceu nesse contexto e a sustentabilidade dita o nosso comportamento: somos net zero carbon desde nossa concepção, para isso, nossas corridas duram um único dia e para carregamento da bateria dos nossos carros usamos óleo vegetal”, argumenta Guilherme Birello, organizador da Fórmula E no Brasil.

São Paulo, Cidade do México, Mônaco e Xangai são as únicas cidades que recebem corridas da Fórmula 1 e da Fórmula E anualmente. Em 2024, a capital paulista ainda recebe a F-1, no fim de semana de 1, 2 e 3 de novembro no Autódromo de Interlagos, enquanto a F-E volta a acelerar no circuito montado no Complexo do Anhembi, entre os dias 6 e 7 de dezembro, abrindo a nova temporada.

“Não são apenas espetáculos emocionantes, mas catalisadores de mudanças positivas em direção a um futuro mais verde. Ao realizarmos um evento que mostra a alta performance possível a partir de um veículo elétrico, híbrido ou com tecnologia embarcada menos poluente, conseguimos transmitir uma mensagem positiva ao público e transformamos em realidade algo que para muita gente ainda soa distante”, diz Gustavo Pires, presidente da SPTuris.

Segundo a organização do GP de São Paulo de Fórmula 1, todos os gases de efeito estufa emitidos durante o fim de semana do evento são neutralizados, por meio de plantio de árvores, coleta de óleo lubrificante para o tratamento adequado e uso de painéis de energia solar. Para 2024, com um investimento de R$ 1,3 milhão, estão previstas a criação de duas usinas de energia solar com painéis fotovoltaicos além do estabelecimento de uma central de triagem de resíduos.

“Temos de cuidar muito bem de onde vem a fonte de energia. Não basta ao carro ser elétrico, precisa ter uma fonte renovável e de baixa emissão. Esse é um tema fundamental para o debate, caso contrário estamos pensando em um motor mais eficiente, mas emitindo mais poluentes do que com a solução do carro híbrido, sem resolver o problema climático”, afirma Côrte-Real.

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