Quem são os pilotos brasileiros mais próximos da F-1? Conheça Felipe Drugovich e Gabriel Bortoleto


Forte concorrente por vaga na Williams, reserva da Aston Martin construiu amizade fora das pistas com campeão da Fórmula 3; em entrevista ao ‘Estadão’, pilotos indicam próximos passos na carreira

Por Marcos Antomil
Atualização:

O Brasil vive a expectativa de voltar a ter um piloto titular na Fórmula 1. Esse sonho pode ter um final feliz ainda neste ano. O paranaense Felipe Drugovich, reserva da Aston Martin, revelou ao Estadão que continua à espera da Williams para 2024, enquanto o paulistano Gabriel Bortoleto, campeão da Fórmula 3, conta com um padrinho de peso, Fernando Alonso, e a “escola” da McLaren, equipe em que Ayrton Senna foi tricampeão, como trunfos para chegar mais rápido à categoria máxima do automobilismo mundial.

Drugovich tem 23 anos, é natural de Maringá e foi campeão da Fórmula 2, categoria de acesso à F-1, em 2021. Depois, assumiu o posto de reserva da Aston Martin, posição que tem garantida para 2024 caso a Williams não acerte com ele e opte por continuar com o americano Logan Sargeant ou atenda ao lobby e peso do sobrenome Schumacher para contar com Mick.

Obviamente, no momento, fico focado em ajudar a Aston Martin, mas caso tenha uma vaga livre em 2024, não vejo por que a equipe me bloquearia. Eu estou tranquilo. A situação na Williams é bem complicada, eles querem esperar até o fim do ano. Mas isso não está me afetando muito no fim das contas, porque estou com algo seguro para o ano que vem.

Felipe Drugovich, piloto reserva da Aston Martin

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Drugovich ainda aguarda a definição da Williams para saber se será titular em 2024. Foto: Felipe Rau/ Estadão

A Williams, equipe histórica da Fórmula 1, já veio a público demonstrar apoio a Sargeant, porém deixou claro que o americano tem metas a serem cumpridas. Ele somou apenas um ponto na temporada 2023 e ocupa a vice-lanterna do mundial de pilotos, ficando à frente apenas do holandês Nyck de Vries, que só participou das 10 primeiras corridas com a AlphaTauri. Para efeito de comparação, o companheiro de Sargeant na Williams, o tailandês Alex Albon, tem 27 pontos e aparece na 13ª colocação.

Antes de acertar a renovação do vínculo com a Aston Martin nesta semana, Drugovich recebeu propostas para ser titular na Indy, dos EUA, e na Fórmula E, categoria de carros elétricos da FIA. Ele e seu estafe optaram, no entanto, por manter foco absoluto na Fórmula 1.

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“A gente não recusou. Recebi propostas interessantes, mas estou focado na F-1. Não vou assinar com ninguém sabendo que tenho uma chance na Fórmula 1, seria até falta de respeito com as equipes da F-E e Indy. Eu tenho de esperar. As decisões estão sendo tomadas muito tarde esse ano na F-1. Eles acabaram fechando com outros pilotos e nos comunicaram que não poderiam esperar mais”, explicou Drugovich, que vai participar do primeiro treino livre no GP de Abu Dabi com o carro da Aston Martin. “Já provei tudo que tinha para provar com a equipe. Tudo que puder fazer na pista de melhor para impressionar é um plus.”

Recentemente, Ralf Schumacher, ex-piloto de Fórmula 1 e tio de Mick, afirmou que Drugovich era o favorito a ficar com a vaga na Williams, uma vez que o brasileiro estaria “esperando (a vaga) com muito dinheiro”. O piloto reserva da Aston Martin nega que esteja com a situação financeira tão favorável como disse o alemão.

“Não é verdade. A gente não está nadando no dinheiro. Sim, tenho muita sorte de ter a XP, Porto e o Banco Master. Eles vão me apoiar 100% se eu tiver vaga na Fórmula 1. Há muito interesse político hoje. Se você não está no lugar certo e na hora certa fica muito difícil. E tem muitos pilotos mais velhos na Fórmula 1 que estão andando muito bem. Não me entenda mal, porque faria a mesma coisa. Com o teto orçamentário, você não precisa do piloto que paga US$ 40 milhões, você precisa dos pilotos rápidos. Isso é bom para a Fórmula 1, mas mantém os bons pilotos por muito tempo. Tem pouca movimentação das equipes e dificulta a nossa entrada”, disse.

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Drugovich e Bortoleto: os principais candidatos do Brasil à F-1 cultivam longa amizade

Drugovich e Bortoleto têm quatro anos de diferença de idade. Mas a distância da casa dos dois na região de Milão, na Itália, onde moram, era bem menor e fez com que os brasileiros desenvolvessem uma grande amizade. Eles não coincidiram nas mesmas categorias, mas têm um anseio em comum: dividir a mesma equipe na Fórmula 1.

A gente cresceu junto. Temos quatro anos de diferença, mas moramos na mesma cidade na Itália, a um quilômetro de distância um do outro. Ficamos muito tempo juntos e isso continua até hoje. Então, seria muito legal a gente ter em algum momento essa oportunidade de dividir uma equipe de Fórmula 1″, disse Drugovich.

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Bortoleto e Drugovich são amigos de longa data e os mais elogiados pilotos brasileiros na elite do automobilismo. Foto: Felipe Rau/ Estadão

“Eu brinco que é um sonho poder estar na mesma equipe do Drugovich. Não precisa ser McLaren ou Aston Martin, mas gostaria de estar com ele na Fórmula 1, dirigindo como companheiros de equipe. Seria realmente um sonho para mim. Ele é um grande amigo meu, me ajudou muito na carreira e passa várias dicas”, contou Bortoleto.

Drugovich e Bortoleto divergem sobre empecilhos para chegar à Fórmula 1

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Bortoleto nasceu na capital paulista, mas sua família vive em Osasco, na região metropolitana de São Paulo. Aos 19 anos, ele vai subir de categoria em 2024, passando a pilotar na Fórmula 2. No entanto, ainda não pode revelar por qual equipe, uma vez que o campeonato da categoria ainda não está definido. O brasileiro deve chegar a uma das equipes de ponta para tentar ser campeão logo em sua estreia.

Não posso cravar por qual equipe vou pilotar na Fórmula 2, mas a expectativa é alta. Como em qualquer outro ano, vou dar meu máximo e buscar vitórias. Depois do título que conquistei, a expectativa aumentou sobre o meu nome para no futuro estar na F-1. Lido com isso bem, não coloco pressão em cima de mim: é uma questão de resultado e trabalho. Se repetir em 2024 o que fiz em 2023, a chance de entrar na Fórmula 1 é alta.

Gabriel Bortoleto, campeão da F-3, ao Estadão

Gabriel Bortoleto contou com a ajuda de Alonso para se tornar piloto de desenvolvimento da McLaren. Foto: Felipe Rau/ Estadão
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Bortoleto acredita que uma das causas para Drugovich demorar em subir para a posição de titular da Fórmula 1 foi ter ficado três temporadas na F-2 até erguer o troféu de campeão. “É difícil falar que falte o dinheiro para o brasileiro entrar na F-1. O que falta é o dinheiro para você chegar, estar nas melhores equipes e melhores carros. Tem alguns que pagam para ter vaga, outros têm talento. O Drugovich, por exemplo, é muito talentoso, mas acredito que o que possa tê-lo prejudicado foi ter vencido a F-2 apenas no terceiro ano. Isso pode não ter sido tão positivo para ele, mesmo mostrando que dominou o campeonato. Isso tira um pouco o brilho que teria se ele fosse campeão no primeiro ou no segundo ano”.

Drugovich discorda do amigo. “Não diria que foi determinante (não ter vencido a F-2 logo na primeira temporada). Talvez as coisas seriam um pouco diferentes, mas não tem 100% de certeza”, disse ele. “Se eu quiser entrar na Fórmula 1 logo de cara, é óbvio que é importante ganhar no primeiro ano”, complementou Bortoleto. “Mas se você se mostrar competitivo e andar na frente, no top 3 do campeonato, também é possível. Para chegar lá, você precisa ser um Oscar Piastri”, disse o paulistano, em menção ao australiano da McLaren que conquistou a F-3 e F-2 em temporadas consecutivas.

O que faz de Bortoleto um dos favoritos de Alonso e prodígio do automobilismo mundial?

“Não vou me comparar a ninguém. Cada piloto tem suas qualidades e defeitos”, iniciou o cauteloso Bortoleto, antes de expor o que faz a diferença em seu cotidiano para alçá-lo ao posto de forte candidato à F-1 no futuro. “Posso falar uma qualidade que tenho que a grande maioria não usa tanto a favor. Sou um cara que gosto de ficar bastante tempo ligado ao esporte a motor. Quando estou em casa, fico no simulador. Quando estou fora, estou vendo coisas de corrida. Quando estou na pista, dou um jeito de estudar alguma coisa. Sou extremamente dedicado no que faço.”

O bicampeão Fernando Alonso é o mentor de Bortoleto no automobilismo e, por isso, o brasileiro tenta absorver o máximo que pode do asturiano. “A dica que o Alonso me dá é para eu ficar tranquilo e não colocar pressão sobre mim. Dedicação e esforço ganham de qualquer coisa. O Alonso é prova disso. A fome dele de vitória é o maior exemplo que pode passar para mim.”

Bortoleto e Drugovich cultivam o sonho de serem companheiros de equipe na F-1. Foto: Felipe Rau/ Estadão

Os sonhos que Drugovich e Bortoleto cultivam em Interlagos

Drugovich e Bortoleto almejam chegar à Fórmula 1. Depois, como qualquer piloto brasileiro. querem ouvir o hino nacional do lugar mais alto do pódio. “Eu tenho o sonho de representar o Brasil no grid, com capacete verde-amarelo, mudar a pintura do carro para ficar com as cores do País, ir ao pódio para ver que os brasileiros estão apoiando um piloto que tem capacidade. É um sonho para mim”, afirmou o paranaense.

O amigo também descreve seu ideal. “Meu sonho seria ganhar um título mundial de Fórmula 1 em Interlagos. Pensando no agora, se eu chegar à Fórmula 1 e ganhar uma corrida, já estarei realizado”, iniciou Bortoleto antes de falar da idolatria por Ayrton Senna. “O Senna foi o motivo de eu ter começado no automobilismo, o motivo de estar aqui hoje. É um grande ídolo que fez muita história na McLaren. O que o Senna fez há 30 anos na F-1 deixou marcas até hoje e abriu portas para os brasileiros. As pessoas respeitam o Brasil no automobilismo pelo que o Senna e outros pilotos fizeram. O Senna foi o maior de todos”.

O Brasil vive a expectativa de voltar a ter um piloto titular na Fórmula 1. Esse sonho pode ter um final feliz ainda neste ano. O paranaense Felipe Drugovich, reserva da Aston Martin, revelou ao Estadão que continua à espera da Williams para 2024, enquanto o paulistano Gabriel Bortoleto, campeão da Fórmula 3, conta com um padrinho de peso, Fernando Alonso, e a “escola” da McLaren, equipe em que Ayrton Senna foi tricampeão, como trunfos para chegar mais rápido à categoria máxima do automobilismo mundial.

Drugovich tem 23 anos, é natural de Maringá e foi campeão da Fórmula 2, categoria de acesso à F-1, em 2021. Depois, assumiu o posto de reserva da Aston Martin, posição que tem garantida para 2024 caso a Williams não acerte com ele e opte por continuar com o americano Logan Sargeant ou atenda ao lobby e peso do sobrenome Schumacher para contar com Mick.

Obviamente, no momento, fico focado em ajudar a Aston Martin, mas caso tenha uma vaga livre em 2024, não vejo por que a equipe me bloquearia. Eu estou tranquilo. A situação na Williams é bem complicada, eles querem esperar até o fim do ano. Mas isso não está me afetando muito no fim das contas, porque estou com algo seguro para o ano que vem.

Felipe Drugovich, piloto reserva da Aston Martin

Drugovich ainda aguarda a definição da Williams para saber se será titular em 2024. Foto: Felipe Rau/ Estadão

A Williams, equipe histórica da Fórmula 1, já veio a público demonstrar apoio a Sargeant, porém deixou claro que o americano tem metas a serem cumpridas. Ele somou apenas um ponto na temporada 2023 e ocupa a vice-lanterna do mundial de pilotos, ficando à frente apenas do holandês Nyck de Vries, que só participou das 10 primeiras corridas com a AlphaTauri. Para efeito de comparação, o companheiro de Sargeant na Williams, o tailandês Alex Albon, tem 27 pontos e aparece na 13ª colocação.

Antes de acertar a renovação do vínculo com a Aston Martin nesta semana, Drugovich recebeu propostas para ser titular na Indy, dos EUA, e na Fórmula E, categoria de carros elétricos da FIA. Ele e seu estafe optaram, no entanto, por manter foco absoluto na Fórmula 1.

“A gente não recusou. Recebi propostas interessantes, mas estou focado na F-1. Não vou assinar com ninguém sabendo que tenho uma chance na Fórmula 1, seria até falta de respeito com as equipes da F-E e Indy. Eu tenho de esperar. As decisões estão sendo tomadas muito tarde esse ano na F-1. Eles acabaram fechando com outros pilotos e nos comunicaram que não poderiam esperar mais”, explicou Drugovich, que vai participar do primeiro treino livre no GP de Abu Dabi com o carro da Aston Martin. “Já provei tudo que tinha para provar com a equipe. Tudo que puder fazer na pista de melhor para impressionar é um plus.”

Recentemente, Ralf Schumacher, ex-piloto de Fórmula 1 e tio de Mick, afirmou que Drugovich era o favorito a ficar com a vaga na Williams, uma vez que o brasileiro estaria “esperando (a vaga) com muito dinheiro”. O piloto reserva da Aston Martin nega que esteja com a situação financeira tão favorável como disse o alemão.

“Não é verdade. A gente não está nadando no dinheiro. Sim, tenho muita sorte de ter a XP, Porto e o Banco Master. Eles vão me apoiar 100% se eu tiver vaga na Fórmula 1. Há muito interesse político hoje. Se você não está no lugar certo e na hora certa fica muito difícil. E tem muitos pilotos mais velhos na Fórmula 1 que estão andando muito bem. Não me entenda mal, porque faria a mesma coisa. Com o teto orçamentário, você não precisa do piloto que paga US$ 40 milhões, você precisa dos pilotos rápidos. Isso é bom para a Fórmula 1, mas mantém os bons pilotos por muito tempo. Tem pouca movimentação das equipes e dificulta a nossa entrada”, disse.

Drugovich e Bortoleto: os principais candidatos do Brasil à F-1 cultivam longa amizade

Drugovich e Bortoleto têm quatro anos de diferença de idade. Mas a distância da casa dos dois na região de Milão, na Itália, onde moram, era bem menor e fez com que os brasileiros desenvolvessem uma grande amizade. Eles não coincidiram nas mesmas categorias, mas têm um anseio em comum: dividir a mesma equipe na Fórmula 1.

A gente cresceu junto. Temos quatro anos de diferença, mas moramos na mesma cidade na Itália, a um quilômetro de distância um do outro. Ficamos muito tempo juntos e isso continua até hoje. Então, seria muito legal a gente ter em algum momento essa oportunidade de dividir uma equipe de Fórmula 1″, disse Drugovich.

Bortoleto e Drugovich são amigos de longa data e os mais elogiados pilotos brasileiros na elite do automobilismo. Foto: Felipe Rau/ Estadão

“Eu brinco que é um sonho poder estar na mesma equipe do Drugovich. Não precisa ser McLaren ou Aston Martin, mas gostaria de estar com ele na Fórmula 1, dirigindo como companheiros de equipe. Seria realmente um sonho para mim. Ele é um grande amigo meu, me ajudou muito na carreira e passa várias dicas”, contou Bortoleto.

Drugovich e Bortoleto divergem sobre empecilhos para chegar à Fórmula 1

Bortoleto nasceu na capital paulista, mas sua família vive em Osasco, na região metropolitana de São Paulo. Aos 19 anos, ele vai subir de categoria em 2024, passando a pilotar na Fórmula 2. No entanto, ainda não pode revelar por qual equipe, uma vez que o campeonato da categoria ainda não está definido. O brasileiro deve chegar a uma das equipes de ponta para tentar ser campeão logo em sua estreia.

Não posso cravar por qual equipe vou pilotar na Fórmula 2, mas a expectativa é alta. Como em qualquer outro ano, vou dar meu máximo e buscar vitórias. Depois do título que conquistei, a expectativa aumentou sobre o meu nome para no futuro estar na F-1. Lido com isso bem, não coloco pressão em cima de mim: é uma questão de resultado e trabalho. Se repetir em 2024 o que fiz em 2023, a chance de entrar na Fórmula 1 é alta.

Gabriel Bortoleto, campeão da F-3, ao Estadão

Gabriel Bortoleto contou com a ajuda de Alonso para se tornar piloto de desenvolvimento da McLaren. Foto: Felipe Rau/ Estadão

Bortoleto acredita que uma das causas para Drugovich demorar em subir para a posição de titular da Fórmula 1 foi ter ficado três temporadas na F-2 até erguer o troféu de campeão. “É difícil falar que falte o dinheiro para o brasileiro entrar na F-1. O que falta é o dinheiro para você chegar, estar nas melhores equipes e melhores carros. Tem alguns que pagam para ter vaga, outros têm talento. O Drugovich, por exemplo, é muito talentoso, mas acredito que o que possa tê-lo prejudicado foi ter vencido a F-2 apenas no terceiro ano. Isso pode não ter sido tão positivo para ele, mesmo mostrando que dominou o campeonato. Isso tira um pouco o brilho que teria se ele fosse campeão no primeiro ou no segundo ano”.

Drugovich discorda do amigo. “Não diria que foi determinante (não ter vencido a F-2 logo na primeira temporada). Talvez as coisas seriam um pouco diferentes, mas não tem 100% de certeza”, disse ele. “Se eu quiser entrar na Fórmula 1 logo de cara, é óbvio que é importante ganhar no primeiro ano”, complementou Bortoleto. “Mas se você se mostrar competitivo e andar na frente, no top 3 do campeonato, também é possível. Para chegar lá, você precisa ser um Oscar Piastri”, disse o paulistano, em menção ao australiano da McLaren que conquistou a F-3 e F-2 em temporadas consecutivas.

O que faz de Bortoleto um dos favoritos de Alonso e prodígio do automobilismo mundial?

“Não vou me comparar a ninguém. Cada piloto tem suas qualidades e defeitos”, iniciou o cauteloso Bortoleto, antes de expor o que faz a diferença em seu cotidiano para alçá-lo ao posto de forte candidato à F-1 no futuro. “Posso falar uma qualidade que tenho que a grande maioria não usa tanto a favor. Sou um cara que gosto de ficar bastante tempo ligado ao esporte a motor. Quando estou em casa, fico no simulador. Quando estou fora, estou vendo coisas de corrida. Quando estou na pista, dou um jeito de estudar alguma coisa. Sou extremamente dedicado no que faço.”

O bicampeão Fernando Alonso é o mentor de Bortoleto no automobilismo e, por isso, o brasileiro tenta absorver o máximo que pode do asturiano. “A dica que o Alonso me dá é para eu ficar tranquilo e não colocar pressão sobre mim. Dedicação e esforço ganham de qualquer coisa. O Alonso é prova disso. A fome dele de vitória é o maior exemplo que pode passar para mim.”

Bortoleto e Drugovich cultivam o sonho de serem companheiros de equipe na F-1. Foto: Felipe Rau/ Estadão

Os sonhos que Drugovich e Bortoleto cultivam em Interlagos

Drugovich e Bortoleto almejam chegar à Fórmula 1. Depois, como qualquer piloto brasileiro. querem ouvir o hino nacional do lugar mais alto do pódio. “Eu tenho o sonho de representar o Brasil no grid, com capacete verde-amarelo, mudar a pintura do carro para ficar com as cores do País, ir ao pódio para ver que os brasileiros estão apoiando um piloto que tem capacidade. É um sonho para mim”, afirmou o paranaense.

O amigo também descreve seu ideal. “Meu sonho seria ganhar um título mundial de Fórmula 1 em Interlagos. Pensando no agora, se eu chegar à Fórmula 1 e ganhar uma corrida, já estarei realizado”, iniciou Bortoleto antes de falar da idolatria por Ayrton Senna. “O Senna foi o motivo de eu ter começado no automobilismo, o motivo de estar aqui hoje. É um grande ídolo que fez muita história na McLaren. O que o Senna fez há 30 anos na F-1 deixou marcas até hoje e abriu portas para os brasileiros. As pessoas respeitam o Brasil no automobilismo pelo que o Senna e outros pilotos fizeram. O Senna foi o maior de todos”.

O Brasil vive a expectativa de voltar a ter um piloto titular na Fórmula 1. Esse sonho pode ter um final feliz ainda neste ano. O paranaense Felipe Drugovich, reserva da Aston Martin, revelou ao Estadão que continua à espera da Williams para 2024, enquanto o paulistano Gabriel Bortoleto, campeão da Fórmula 3, conta com um padrinho de peso, Fernando Alonso, e a “escola” da McLaren, equipe em que Ayrton Senna foi tricampeão, como trunfos para chegar mais rápido à categoria máxima do automobilismo mundial.

Drugovich tem 23 anos, é natural de Maringá e foi campeão da Fórmula 2, categoria de acesso à F-1, em 2021. Depois, assumiu o posto de reserva da Aston Martin, posição que tem garantida para 2024 caso a Williams não acerte com ele e opte por continuar com o americano Logan Sargeant ou atenda ao lobby e peso do sobrenome Schumacher para contar com Mick.

Obviamente, no momento, fico focado em ajudar a Aston Martin, mas caso tenha uma vaga livre em 2024, não vejo por que a equipe me bloquearia. Eu estou tranquilo. A situação na Williams é bem complicada, eles querem esperar até o fim do ano. Mas isso não está me afetando muito no fim das contas, porque estou com algo seguro para o ano que vem.

Felipe Drugovich, piloto reserva da Aston Martin

Drugovich ainda aguarda a definição da Williams para saber se será titular em 2024. Foto: Felipe Rau/ Estadão

A Williams, equipe histórica da Fórmula 1, já veio a público demonstrar apoio a Sargeant, porém deixou claro que o americano tem metas a serem cumpridas. Ele somou apenas um ponto na temporada 2023 e ocupa a vice-lanterna do mundial de pilotos, ficando à frente apenas do holandês Nyck de Vries, que só participou das 10 primeiras corridas com a AlphaTauri. Para efeito de comparação, o companheiro de Sargeant na Williams, o tailandês Alex Albon, tem 27 pontos e aparece na 13ª colocação.

Antes de acertar a renovação do vínculo com a Aston Martin nesta semana, Drugovich recebeu propostas para ser titular na Indy, dos EUA, e na Fórmula E, categoria de carros elétricos da FIA. Ele e seu estafe optaram, no entanto, por manter foco absoluto na Fórmula 1.

“A gente não recusou. Recebi propostas interessantes, mas estou focado na F-1. Não vou assinar com ninguém sabendo que tenho uma chance na Fórmula 1, seria até falta de respeito com as equipes da F-E e Indy. Eu tenho de esperar. As decisões estão sendo tomadas muito tarde esse ano na F-1. Eles acabaram fechando com outros pilotos e nos comunicaram que não poderiam esperar mais”, explicou Drugovich, que vai participar do primeiro treino livre no GP de Abu Dabi com o carro da Aston Martin. “Já provei tudo que tinha para provar com a equipe. Tudo que puder fazer na pista de melhor para impressionar é um plus.”

Recentemente, Ralf Schumacher, ex-piloto de Fórmula 1 e tio de Mick, afirmou que Drugovich era o favorito a ficar com a vaga na Williams, uma vez que o brasileiro estaria “esperando (a vaga) com muito dinheiro”. O piloto reserva da Aston Martin nega que esteja com a situação financeira tão favorável como disse o alemão.

“Não é verdade. A gente não está nadando no dinheiro. Sim, tenho muita sorte de ter a XP, Porto e o Banco Master. Eles vão me apoiar 100% se eu tiver vaga na Fórmula 1. Há muito interesse político hoje. Se você não está no lugar certo e na hora certa fica muito difícil. E tem muitos pilotos mais velhos na Fórmula 1 que estão andando muito bem. Não me entenda mal, porque faria a mesma coisa. Com o teto orçamentário, você não precisa do piloto que paga US$ 40 milhões, você precisa dos pilotos rápidos. Isso é bom para a Fórmula 1, mas mantém os bons pilotos por muito tempo. Tem pouca movimentação das equipes e dificulta a nossa entrada”, disse.

Drugovich e Bortoleto: os principais candidatos do Brasil à F-1 cultivam longa amizade

Drugovich e Bortoleto têm quatro anos de diferença de idade. Mas a distância da casa dos dois na região de Milão, na Itália, onde moram, era bem menor e fez com que os brasileiros desenvolvessem uma grande amizade. Eles não coincidiram nas mesmas categorias, mas têm um anseio em comum: dividir a mesma equipe na Fórmula 1.

A gente cresceu junto. Temos quatro anos de diferença, mas moramos na mesma cidade na Itália, a um quilômetro de distância um do outro. Ficamos muito tempo juntos e isso continua até hoje. Então, seria muito legal a gente ter em algum momento essa oportunidade de dividir uma equipe de Fórmula 1″, disse Drugovich.

Bortoleto e Drugovich são amigos de longa data e os mais elogiados pilotos brasileiros na elite do automobilismo. Foto: Felipe Rau/ Estadão

“Eu brinco que é um sonho poder estar na mesma equipe do Drugovich. Não precisa ser McLaren ou Aston Martin, mas gostaria de estar com ele na Fórmula 1, dirigindo como companheiros de equipe. Seria realmente um sonho para mim. Ele é um grande amigo meu, me ajudou muito na carreira e passa várias dicas”, contou Bortoleto.

Drugovich e Bortoleto divergem sobre empecilhos para chegar à Fórmula 1

Bortoleto nasceu na capital paulista, mas sua família vive em Osasco, na região metropolitana de São Paulo. Aos 19 anos, ele vai subir de categoria em 2024, passando a pilotar na Fórmula 2. No entanto, ainda não pode revelar por qual equipe, uma vez que o campeonato da categoria ainda não está definido. O brasileiro deve chegar a uma das equipes de ponta para tentar ser campeão logo em sua estreia.

Não posso cravar por qual equipe vou pilotar na Fórmula 2, mas a expectativa é alta. Como em qualquer outro ano, vou dar meu máximo e buscar vitórias. Depois do título que conquistei, a expectativa aumentou sobre o meu nome para no futuro estar na F-1. Lido com isso bem, não coloco pressão em cima de mim: é uma questão de resultado e trabalho. Se repetir em 2024 o que fiz em 2023, a chance de entrar na Fórmula 1 é alta.

Gabriel Bortoleto, campeão da F-3, ao Estadão

Gabriel Bortoleto contou com a ajuda de Alonso para se tornar piloto de desenvolvimento da McLaren. Foto: Felipe Rau/ Estadão

Bortoleto acredita que uma das causas para Drugovich demorar em subir para a posição de titular da Fórmula 1 foi ter ficado três temporadas na F-2 até erguer o troféu de campeão. “É difícil falar que falte o dinheiro para o brasileiro entrar na F-1. O que falta é o dinheiro para você chegar, estar nas melhores equipes e melhores carros. Tem alguns que pagam para ter vaga, outros têm talento. O Drugovich, por exemplo, é muito talentoso, mas acredito que o que possa tê-lo prejudicado foi ter vencido a F-2 apenas no terceiro ano. Isso pode não ter sido tão positivo para ele, mesmo mostrando que dominou o campeonato. Isso tira um pouco o brilho que teria se ele fosse campeão no primeiro ou no segundo ano”.

Drugovich discorda do amigo. “Não diria que foi determinante (não ter vencido a F-2 logo na primeira temporada). Talvez as coisas seriam um pouco diferentes, mas não tem 100% de certeza”, disse ele. “Se eu quiser entrar na Fórmula 1 logo de cara, é óbvio que é importante ganhar no primeiro ano”, complementou Bortoleto. “Mas se você se mostrar competitivo e andar na frente, no top 3 do campeonato, também é possível. Para chegar lá, você precisa ser um Oscar Piastri”, disse o paulistano, em menção ao australiano da McLaren que conquistou a F-3 e F-2 em temporadas consecutivas.

O que faz de Bortoleto um dos favoritos de Alonso e prodígio do automobilismo mundial?

“Não vou me comparar a ninguém. Cada piloto tem suas qualidades e defeitos”, iniciou o cauteloso Bortoleto, antes de expor o que faz a diferença em seu cotidiano para alçá-lo ao posto de forte candidato à F-1 no futuro. “Posso falar uma qualidade que tenho que a grande maioria não usa tanto a favor. Sou um cara que gosto de ficar bastante tempo ligado ao esporte a motor. Quando estou em casa, fico no simulador. Quando estou fora, estou vendo coisas de corrida. Quando estou na pista, dou um jeito de estudar alguma coisa. Sou extremamente dedicado no que faço.”

O bicampeão Fernando Alonso é o mentor de Bortoleto no automobilismo e, por isso, o brasileiro tenta absorver o máximo que pode do asturiano. “A dica que o Alonso me dá é para eu ficar tranquilo e não colocar pressão sobre mim. Dedicação e esforço ganham de qualquer coisa. O Alonso é prova disso. A fome dele de vitória é o maior exemplo que pode passar para mim.”

Bortoleto e Drugovich cultivam o sonho de serem companheiros de equipe na F-1. Foto: Felipe Rau/ Estadão

Os sonhos que Drugovich e Bortoleto cultivam em Interlagos

Drugovich e Bortoleto almejam chegar à Fórmula 1. Depois, como qualquer piloto brasileiro. querem ouvir o hino nacional do lugar mais alto do pódio. “Eu tenho o sonho de representar o Brasil no grid, com capacete verde-amarelo, mudar a pintura do carro para ficar com as cores do País, ir ao pódio para ver que os brasileiros estão apoiando um piloto que tem capacidade. É um sonho para mim”, afirmou o paranaense.

O amigo também descreve seu ideal. “Meu sonho seria ganhar um título mundial de Fórmula 1 em Interlagos. Pensando no agora, se eu chegar à Fórmula 1 e ganhar uma corrida, já estarei realizado”, iniciou Bortoleto antes de falar da idolatria por Ayrton Senna. “O Senna foi o motivo de eu ter começado no automobilismo, o motivo de estar aqui hoje. É um grande ídolo que fez muita história na McLaren. O que o Senna fez há 30 anos na F-1 deixou marcas até hoje e abriu portas para os brasileiros. As pessoas respeitam o Brasil no automobilismo pelo que o Senna e outros pilotos fizeram. O Senna foi o maior de todos”.

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