Vídeo engana ao dizer que abrigo de Canoas esconde roupas novas e distribui itens usados


Separação é feita desde a abertura do abrigo e visa a guardar peças novas para os abrigados que voltarem para suas casas; MP não identificou irregularidade na organização

Por Clarissa Pacheco e Bernardo Costa

O que estão compartilhando: que o abrigo na Escola Municipal de Ensino Fundamental Paulo Freire, em Canoas (RS), está guardando “a sete chaves” as roupas novas doadas, e distribuindo para os abrigados apenas as roupas usadas.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O vídeo mostra a triagem feita por voluntários e pela coordenadora do abrigo montado na escola, processo em que são separados itens usados e em boas condições – que já estão sendo distribuídos aos abrigados – e peças de roupas e calçados novos – que serão entregues quando os abrigados puderem voltar para suas casas.

A Prefeitura de Canoas afirmou que o abrigo distribui as roupas de forma igualitária. O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) esteve no lugar no dia 11 de maio – quando essa separação já estava implementada – e disse não ter encontrado nenhuma irregularidade.

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Vídeo engana ao sugerir que abrigo esconde roupas novas e distribui somente peças usadas para vítimas da enchente em Canoas. Foto: Reprodução/Instagram Foto: Reprodução/Instagram

Saiba mais: Não é a primeira vez que vídeos viralizam nas redes acusando abrigos de reter ou esconder doações destinadas às vítimas da enchente no Rio Grande do Sul. O Verifica checou um vídeo em que uma mulher acusava um abrigo de se negar a distribuir comida e roupas doados.

No vídeo investigado agora, a legenda afirma que “o povo sofrido só recebe roupa usada” e que as peças novas das doações estão sendo guardadas “a sete chaves”. Leitores do Estadão Verifica pediram a checagem deste conteúdo pelo WhatsApp, no número (11) 97683-7490.

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Separação das peças doadas é feita desde a abertura do abrigo

A Escola Municipal Paulo Freire, onde o vídeo foi gravado, fica no bairro Guajuviras, região da cidade de Canoas que não sofreu alagamento. A unidade escolar foi transformada em abrigo no dia 4 de maio, para receber pessoas de áreas atingidas pelas enchentes. Segundo a diretora da escola e coordenadora do local, Elizabete Oliveira de Paula Fettuccia, a orientação de separar roupas novas das usadas foi implementada por ela desde o início.

É ela que aparece no vídeo usando uma touca e orientando que voluntários coloquem caixas com doações novas dentro de uma sala, enquanto as peças usadas são destinadas a outro espaço. Todas as doações passam por uma triagem antes de serem distribuídas.

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Elizabete explica que cerca de 10% do total de roupas recebidas pelo abrigo são novas. As demais são usadas, mas em boas condições de uso. De acordo com ela, a orientação é utilizar as usadas primeiro e armazenar os itens novos para serem distribuídos igualmente entre os abrigados quando eles puderem retornar para suas casas.

“A quantidade de roupas usadas é muito maior e a imensa maioria delas está em boas condições. Eu não posso pegar esse material e jogar fora. As pessoas têm que usá-las, porque quem doou, doou de coração”, disse a diretora. “Eu não tenho como pegar isso, numa época de escassez, e colocar fora. Então, as pessoas vão usar primeiro as roupas usadas e depois, quando elas forem para casa, aquilo que for novo a gente vai dividir entre as pessoas que estão aqui”.

Rouparia onde peças doadas são separadas e organizadas diariamente no abrigo montado na Escola Municipal Paulo Freire, em Canoas. Foto: Kelvin Tres/Divulgação Foto: Kelvin Tres/Divulgação
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Morador de Canoas, o voluntário Kelvin Tres dos Santos confirma a informação. Segundo ele, outra razão para distribuir primeiro as peças usadas é o fato de que as pessoas não têm estrutura para lavá-las. “As pessoas não têm onde lavar, então vai ficar tudo misturado”, explicou. “As doações novas serão distribuídas posteriormente, estão em estoque no colégio e não foi tirado nada dali. Estamos fazendo uma triagem e separando pra quando acabar o abrigo, todo mundo ter um kit para levar para casa”.

A diretora explica que há exceções: “Se chegarem itens novos, mas não termos usados em boas condições de uso, os novos serão distribuídos”, afirmou. “Da mesma forma, se chegarem itens novos em quantidade suficiente para atender a todos os abrigados, nós vamos distribuir. O que eu não posso é distribuir coisas novas para uns e para outros, não. Isso não seria justo. É assim que estamos fazendo”.

O voluntário Kelvin enviou à reportagem uma foto de uma sala onde ficam lençóis, cobertores e mantas novos que são distribuídos diariamente para os abrigados.

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Sala onde ficam lençóis, cobertores e mantas novas distribuídas diariamente aos abrigados na Escola Municipal Paulo Freire, em Canoas. Foto: Kelvin Tres/Divulgação Foto: Kelvin Tres/Divulgação

Em nota, a Prefeitura de Canoas disse que não há irregularidades e que o trabalho no abrigo segue organizado. A gestão municipal afirmou que o vídeo viral foi gravado por uma pessoa que chegou no local e “queria escolher roupas e receber mais do que os outros” e, como não obteve sucesso, “fez o vídeo difamando o trabalho no abrigo”.

A pessoa que grava o vídeo não aparece nas imagens. O perfil que postou o conteúdo no Instagram diz apenas que o material foi enviado por uma “pessoa voluntária confiável em Canoas”.

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O Ministério Público do Rio Grande do Sul informou ao Verifica que visitou todos os abrigos de Canoas e Porto Alegre como parte de uma força-tarefa. Na Escola Municipal Paulo Freire, estiveram no dia 11 de maio, quando a separação já estava implementada. Segundo o MPRS, não foram constatadas irregularidades no local.

Excedente vai para para escola próxima

A diretora da escola acrescentou que as pessoas que deixaram o abrigo e foram para outros locais, como casa de parentes, serão convocadas ao término do período de abrigamento para também receberem os itens novos.

“Mesmo aqueles que já saíram, mas que são de zonas que foram inundadas, a gente fica com o contato para chamá-los depois para distribuirmos igualmente os itens novos, como foi combinado no início”, explicou Elizabete, acrescentando que todas as doações que chegam ao abrigo são catalogadas e registradas em cadernos pelos voluntários.

Desde que a escola se tornou abrigo, a diretora conta que um número grande de doações têm chegado ao local. O material excedente, segundo ela, é transportado para a Escola Municipal de Educação Infantil Anísio Spínola Teixeira, que fica em frente ao abrigo, de onde é levado pela prefeitura para pontos de distribuição de donativos.

É essa escola que é mencionada no vídeo, sem ter o nome citado, apontada apenas como uma escola de educação infantil para onde a diretora indica que algumas peças usadas devem ser direcionadas.

“Aquilo que foi excedente, a Secretaria de Educação pediu que a gente colocasse na escola da frente, porque essas roupas estavam sendo molhadas, elas iam acabar sendo colocadas no lixo”, explicou a diretora. “Dali a prefeitura pega o material e leva para pontos de distribuição”, concluiu.

O voluntário Kelvin Tres acrescenta ainda que, entre as peças que vão para essa escola, estão roupas de verão, já separadas e agrupadas. Isso porque, neste momento, elas não serão úteis aos abrigados. “A temperatura não vai subir tão cedo. Estamos rejeitando doação de roupas que não sejam de inverno porque faltam casacos quentes para os abrigados. Estamos aceitando agora somente doações de roupas de frio”, disse.

O que estão compartilhando: que o abrigo na Escola Municipal de Ensino Fundamental Paulo Freire, em Canoas (RS), está guardando “a sete chaves” as roupas novas doadas, e distribuindo para os abrigados apenas as roupas usadas.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O vídeo mostra a triagem feita por voluntários e pela coordenadora do abrigo montado na escola, processo em que são separados itens usados e em boas condições – que já estão sendo distribuídos aos abrigados – e peças de roupas e calçados novos – que serão entregues quando os abrigados puderem voltar para suas casas.

A Prefeitura de Canoas afirmou que o abrigo distribui as roupas de forma igualitária. O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) esteve no lugar no dia 11 de maio – quando essa separação já estava implementada – e disse não ter encontrado nenhuma irregularidade.

Vídeo engana ao sugerir que abrigo esconde roupas novas e distribui somente peças usadas para vítimas da enchente em Canoas. Foto: Reprodução/Instagram Foto: Reprodução/Instagram

Saiba mais: Não é a primeira vez que vídeos viralizam nas redes acusando abrigos de reter ou esconder doações destinadas às vítimas da enchente no Rio Grande do Sul. O Verifica checou um vídeo em que uma mulher acusava um abrigo de se negar a distribuir comida e roupas doados.

No vídeo investigado agora, a legenda afirma que “o povo sofrido só recebe roupa usada” e que as peças novas das doações estão sendo guardadas “a sete chaves”. Leitores do Estadão Verifica pediram a checagem deste conteúdo pelo WhatsApp, no número (11) 97683-7490.

Separação das peças doadas é feita desde a abertura do abrigo

A Escola Municipal Paulo Freire, onde o vídeo foi gravado, fica no bairro Guajuviras, região da cidade de Canoas que não sofreu alagamento. A unidade escolar foi transformada em abrigo no dia 4 de maio, para receber pessoas de áreas atingidas pelas enchentes. Segundo a diretora da escola e coordenadora do local, Elizabete Oliveira de Paula Fettuccia, a orientação de separar roupas novas das usadas foi implementada por ela desde o início.

É ela que aparece no vídeo usando uma touca e orientando que voluntários coloquem caixas com doações novas dentro de uma sala, enquanto as peças usadas são destinadas a outro espaço. Todas as doações passam por uma triagem antes de serem distribuídas.

Elizabete explica que cerca de 10% do total de roupas recebidas pelo abrigo são novas. As demais são usadas, mas em boas condições de uso. De acordo com ela, a orientação é utilizar as usadas primeiro e armazenar os itens novos para serem distribuídos igualmente entre os abrigados quando eles puderem retornar para suas casas.

“A quantidade de roupas usadas é muito maior e a imensa maioria delas está em boas condições. Eu não posso pegar esse material e jogar fora. As pessoas têm que usá-las, porque quem doou, doou de coração”, disse a diretora. “Eu não tenho como pegar isso, numa época de escassez, e colocar fora. Então, as pessoas vão usar primeiro as roupas usadas e depois, quando elas forem para casa, aquilo que for novo a gente vai dividir entre as pessoas que estão aqui”.

Rouparia onde peças doadas são separadas e organizadas diariamente no abrigo montado na Escola Municipal Paulo Freire, em Canoas. Foto: Kelvin Tres/Divulgação Foto: Kelvin Tres/Divulgação

Morador de Canoas, o voluntário Kelvin Tres dos Santos confirma a informação. Segundo ele, outra razão para distribuir primeiro as peças usadas é o fato de que as pessoas não têm estrutura para lavá-las. “As pessoas não têm onde lavar, então vai ficar tudo misturado”, explicou. “As doações novas serão distribuídas posteriormente, estão em estoque no colégio e não foi tirado nada dali. Estamos fazendo uma triagem e separando pra quando acabar o abrigo, todo mundo ter um kit para levar para casa”.

A diretora explica que há exceções: “Se chegarem itens novos, mas não termos usados em boas condições de uso, os novos serão distribuídos”, afirmou. “Da mesma forma, se chegarem itens novos em quantidade suficiente para atender a todos os abrigados, nós vamos distribuir. O que eu não posso é distribuir coisas novas para uns e para outros, não. Isso não seria justo. É assim que estamos fazendo”.

O voluntário Kelvin enviou à reportagem uma foto de uma sala onde ficam lençóis, cobertores e mantas novos que são distribuídos diariamente para os abrigados.

Sala onde ficam lençóis, cobertores e mantas novas distribuídas diariamente aos abrigados na Escola Municipal Paulo Freire, em Canoas. Foto: Kelvin Tres/Divulgação Foto: Kelvin Tres/Divulgação

Em nota, a Prefeitura de Canoas disse que não há irregularidades e que o trabalho no abrigo segue organizado. A gestão municipal afirmou que o vídeo viral foi gravado por uma pessoa que chegou no local e “queria escolher roupas e receber mais do que os outros” e, como não obteve sucesso, “fez o vídeo difamando o trabalho no abrigo”.

A pessoa que grava o vídeo não aparece nas imagens. O perfil que postou o conteúdo no Instagram diz apenas que o material foi enviado por uma “pessoa voluntária confiável em Canoas”.

O Ministério Público do Rio Grande do Sul informou ao Verifica que visitou todos os abrigos de Canoas e Porto Alegre como parte de uma força-tarefa. Na Escola Municipal Paulo Freire, estiveram no dia 11 de maio, quando a separação já estava implementada. Segundo o MPRS, não foram constatadas irregularidades no local.

Excedente vai para para escola próxima

A diretora da escola acrescentou que as pessoas que deixaram o abrigo e foram para outros locais, como casa de parentes, serão convocadas ao término do período de abrigamento para também receberem os itens novos.

“Mesmo aqueles que já saíram, mas que são de zonas que foram inundadas, a gente fica com o contato para chamá-los depois para distribuirmos igualmente os itens novos, como foi combinado no início”, explicou Elizabete, acrescentando que todas as doações que chegam ao abrigo são catalogadas e registradas em cadernos pelos voluntários.

Desde que a escola se tornou abrigo, a diretora conta que um número grande de doações têm chegado ao local. O material excedente, segundo ela, é transportado para a Escola Municipal de Educação Infantil Anísio Spínola Teixeira, que fica em frente ao abrigo, de onde é levado pela prefeitura para pontos de distribuição de donativos.

É essa escola que é mencionada no vídeo, sem ter o nome citado, apontada apenas como uma escola de educação infantil para onde a diretora indica que algumas peças usadas devem ser direcionadas.

“Aquilo que foi excedente, a Secretaria de Educação pediu que a gente colocasse na escola da frente, porque essas roupas estavam sendo molhadas, elas iam acabar sendo colocadas no lixo”, explicou a diretora. “Dali a prefeitura pega o material e leva para pontos de distribuição”, concluiu.

O voluntário Kelvin Tres acrescenta ainda que, entre as peças que vão para essa escola, estão roupas de verão, já separadas e agrupadas. Isso porque, neste momento, elas não serão úteis aos abrigados. “A temperatura não vai subir tão cedo. Estamos rejeitando doação de roupas que não sejam de inverno porque faltam casacos quentes para os abrigados. Estamos aceitando agora somente doações de roupas de frio”, disse.

O que estão compartilhando: que o abrigo na Escola Municipal de Ensino Fundamental Paulo Freire, em Canoas (RS), está guardando “a sete chaves” as roupas novas doadas, e distribuindo para os abrigados apenas as roupas usadas.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O vídeo mostra a triagem feita por voluntários e pela coordenadora do abrigo montado na escola, processo em que são separados itens usados e em boas condições – que já estão sendo distribuídos aos abrigados – e peças de roupas e calçados novos – que serão entregues quando os abrigados puderem voltar para suas casas.

A Prefeitura de Canoas afirmou que o abrigo distribui as roupas de forma igualitária. O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) esteve no lugar no dia 11 de maio – quando essa separação já estava implementada – e disse não ter encontrado nenhuma irregularidade.

Vídeo engana ao sugerir que abrigo esconde roupas novas e distribui somente peças usadas para vítimas da enchente em Canoas. Foto: Reprodução/Instagram Foto: Reprodução/Instagram

Saiba mais: Não é a primeira vez que vídeos viralizam nas redes acusando abrigos de reter ou esconder doações destinadas às vítimas da enchente no Rio Grande do Sul. O Verifica checou um vídeo em que uma mulher acusava um abrigo de se negar a distribuir comida e roupas doados.

No vídeo investigado agora, a legenda afirma que “o povo sofrido só recebe roupa usada” e que as peças novas das doações estão sendo guardadas “a sete chaves”. Leitores do Estadão Verifica pediram a checagem deste conteúdo pelo WhatsApp, no número (11) 97683-7490.

Separação das peças doadas é feita desde a abertura do abrigo

A Escola Municipal Paulo Freire, onde o vídeo foi gravado, fica no bairro Guajuviras, região da cidade de Canoas que não sofreu alagamento. A unidade escolar foi transformada em abrigo no dia 4 de maio, para receber pessoas de áreas atingidas pelas enchentes. Segundo a diretora da escola e coordenadora do local, Elizabete Oliveira de Paula Fettuccia, a orientação de separar roupas novas das usadas foi implementada por ela desde o início.

É ela que aparece no vídeo usando uma touca e orientando que voluntários coloquem caixas com doações novas dentro de uma sala, enquanto as peças usadas são destinadas a outro espaço. Todas as doações passam por uma triagem antes de serem distribuídas.

Elizabete explica que cerca de 10% do total de roupas recebidas pelo abrigo são novas. As demais são usadas, mas em boas condições de uso. De acordo com ela, a orientação é utilizar as usadas primeiro e armazenar os itens novos para serem distribuídos igualmente entre os abrigados quando eles puderem retornar para suas casas.

“A quantidade de roupas usadas é muito maior e a imensa maioria delas está em boas condições. Eu não posso pegar esse material e jogar fora. As pessoas têm que usá-las, porque quem doou, doou de coração”, disse a diretora. “Eu não tenho como pegar isso, numa época de escassez, e colocar fora. Então, as pessoas vão usar primeiro as roupas usadas e depois, quando elas forem para casa, aquilo que for novo a gente vai dividir entre as pessoas que estão aqui”.

Rouparia onde peças doadas são separadas e organizadas diariamente no abrigo montado na Escola Municipal Paulo Freire, em Canoas. Foto: Kelvin Tres/Divulgação Foto: Kelvin Tres/Divulgação

Morador de Canoas, o voluntário Kelvin Tres dos Santos confirma a informação. Segundo ele, outra razão para distribuir primeiro as peças usadas é o fato de que as pessoas não têm estrutura para lavá-las. “As pessoas não têm onde lavar, então vai ficar tudo misturado”, explicou. “As doações novas serão distribuídas posteriormente, estão em estoque no colégio e não foi tirado nada dali. Estamos fazendo uma triagem e separando pra quando acabar o abrigo, todo mundo ter um kit para levar para casa”.

A diretora explica que há exceções: “Se chegarem itens novos, mas não termos usados em boas condições de uso, os novos serão distribuídos”, afirmou. “Da mesma forma, se chegarem itens novos em quantidade suficiente para atender a todos os abrigados, nós vamos distribuir. O que eu não posso é distribuir coisas novas para uns e para outros, não. Isso não seria justo. É assim que estamos fazendo”.

O voluntário Kelvin enviou à reportagem uma foto de uma sala onde ficam lençóis, cobertores e mantas novos que são distribuídos diariamente para os abrigados.

Sala onde ficam lençóis, cobertores e mantas novas distribuídas diariamente aos abrigados na Escola Municipal Paulo Freire, em Canoas. Foto: Kelvin Tres/Divulgação Foto: Kelvin Tres/Divulgação

Em nota, a Prefeitura de Canoas disse que não há irregularidades e que o trabalho no abrigo segue organizado. A gestão municipal afirmou que o vídeo viral foi gravado por uma pessoa que chegou no local e “queria escolher roupas e receber mais do que os outros” e, como não obteve sucesso, “fez o vídeo difamando o trabalho no abrigo”.

A pessoa que grava o vídeo não aparece nas imagens. O perfil que postou o conteúdo no Instagram diz apenas que o material foi enviado por uma “pessoa voluntária confiável em Canoas”.

O Ministério Público do Rio Grande do Sul informou ao Verifica que visitou todos os abrigos de Canoas e Porto Alegre como parte de uma força-tarefa. Na Escola Municipal Paulo Freire, estiveram no dia 11 de maio, quando a separação já estava implementada. Segundo o MPRS, não foram constatadas irregularidades no local.

Excedente vai para para escola próxima

A diretora da escola acrescentou que as pessoas que deixaram o abrigo e foram para outros locais, como casa de parentes, serão convocadas ao término do período de abrigamento para também receberem os itens novos.

“Mesmo aqueles que já saíram, mas que são de zonas que foram inundadas, a gente fica com o contato para chamá-los depois para distribuirmos igualmente os itens novos, como foi combinado no início”, explicou Elizabete, acrescentando que todas as doações que chegam ao abrigo são catalogadas e registradas em cadernos pelos voluntários.

Desde que a escola se tornou abrigo, a diretora conta que um número grande de doações têm chegado ao local. O material excedente, segundo ela, é transportado para a Escola Municipal de Educação Infantil Anísio Spínola Teixeira, que fica em frente ao abrigo, de onde é levado pela prefeitura para pontos de distribuição de donativos.

É essa escola que é mencionada no vídeo, sem ter o nome citado, apontada apenas como uma escola de educação infantil para onde a diretora indica que algumas peças usadas devem ser direcionadas.

“Aquilo que foi excedente, a Secretaria de Educação pediu que a gente colocasse na escola da frente, porque essas roupas estavam sendo molhadas, elas iam acabar sendo colocadas no lixo”, explicou a diretora. “Dali a prefeitura pega o material e leva para pontos de distribuição”, concluiu.

O voluntário Kelvin Tres acrescenta ainda que, entre as peças que vão para essa escola, estão roupas de verão, já separadas e agrupadas. Isso porque, neste momento, elas não serão úteis aos abrigados. “A temperatura não vai subir tão cedo. Estamos rejeitando doação de roupas que não sejam de inverno porque faltam casacos quentes para os abrigados. Estamos aceitando agora somente doações de roupas de frio”, disse.

O que estão compartilhando: que o abrigo na Escola Municipal de Ensino Fundamental Paulo Freire, em Canoas (RS), está guardando “a sete chaves” as roupas novas doadas, e distribuindo para os abrigados apenas as roupas usadas.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O vídeo mostra a triagem feita por voluntários e pela coordenadora do abrigo montado na escola, processo em que são separados itens usados e em boas condições – que já estão sendo distribuídos aos abrigados – e peças de roupas e calçados novos – que serão entregues quando os abrigados puderem voltar para suas casas.

A Prefeitura de Canoas afirmou que o abrigo distribui as roupas de forma igualitária. O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) esteve no lugar no dia 11 de maio – quando essa separação já estava implementada – e disse não ter encontrado nenhuma irregularidade.

Vídeo engana ao sugerir que abrigo esconde roupas novas e distribui somente peças usadas para vítimas da enchente em Canoas. Foto: Reprodução/Instagram Foto: Reprodução/Instagram

Saiba mais: Não é a primeira vez que vídeos viralizam nas redes acusando abrigos de reter ou esconder doações destinadas às vítimas da enchente no Rio Grande do Sul. O Verifica checou um vídeo em que uma mulher acusava um abrigo de se negar a distribuir comida e roupas doados.

No vídeo investigado agora, a legenda afirma que “o povo sofrido só recebe roupa usada” e que as peças novas das doações estão sendo guardadas “a sete chaves”. Leitores do Estadão Verifica pediram a checagem deste conteúdo pelo WhatsApp, no número (11) 97683-7490.

Separação das peças doadas é feita desde a abertura do abrigo

A Escola Municipal Paulo Freire, onde o vídeo foi gravado, fica no bairro Guajuviras, região da cidade de Canoas que não sofreu alagamento. A unidade escolar foi transformada em abrigo no dia 4 de maio, para receber pessoas de áreas atingidas pelas enchentes. Segundo a diretora da escola e coordenadora do local, Elizabete Oliveira de Paula Fettuccia, a orientação de separar roupas novas das usadas foi implementada por ela desde o início.

É ela que aparece no vídeo usando uma touca e orientando que voluntários coloquem caixas com doações novas dentro de uma sala, enquanto as peças usadas são destinadas a outro espaço. Todas as doações passam por uma triagem antes de serem distribuídas.

Elizabete explica que cerca de 10% do total de roupas recebidas pelo abrigo são novas. As demais são usadas, mas em boas condições de uso. De acordo com ela, a orientação é utilizar as usadas primeiro e armazenar os itens novos para serem distribuídos igualmente entre os abrigados quando eles puderem retornar para suas casas.

“A quantidade de roupas usadas é muito maior e a imensa maioria delas está em boas condições. Eu não posso pegar esse material e jogar fora. As pessoas têm que usá-las, porque quem doou, doou de coração”, disse a diretora. “Eu não tenho como pegar isso, numa época de escassez, e colocar fora. Então, as pessoas vão usar primeiro as roupas usadas e depois, quando elas forem para casa, aquilo que for novo a gente vai dividir entre as pessoas que estão aqui”.

Rouparia onde peças doadas são separadas e organizadas diariamente no abrigo montado na Escola Municipal Paulo Freire, em Canoas. Foto: Kelvin Tres/Divulgação Foto: Kelvin Tres/Divulgação

Morador de Canoas, o voluntário Kelvin Tres dos Santos confirma a informação. Segundo ele, outra razão para distribuir primeiro as peças usadas é o fato de que as pessoas não têm estrutura para lavá-las. “As pessoas não têm onde lavar, então vai ficar tudo misturado”, explicou. “As doações novas serão distribuídas posteriormente, estão em estoque no colégio e não foi tirado nada dali. Estamos fazendo uma triagem e separando pra quando acabar o abrigo, todo mundo ter um kit para levar para casa”.

A diretora explica que há exceções: “Se chegarem itens novos, mas não termos usados em boas condições de uso, os novos serão distribuídos”, afirmou. “Da mesma forma, se chegarem itens novos em quantidade suficiente para atender a todos os abrigados, nós vamos distribuir. O que eu não posso é distribuir coisas novas para uns e para outros, não. Isso não seria justo. É assim que estamos fazendo”.

O voluntário Kelvin enviou à reportagem uma foto de uma sala onde ficam lençóis, cobertores e mantas novos que são distribuídos diariamente para os abrigados.

Sala onde ficam lençóis, cobertores e mantas novas distribuídas diariamente aos abrigados na Escola Municipal Paulo Freire, em Canoas. Foto: Kelvin Tres/Divulgação Foto: Kelvin Tres/Divulgação

Em nota, a Prefeitura de Canoas disse que não há irregularidades e que o trabalho no abrigo segue organizado. A gestão municipal afirmou que o vídeo viral foi gravado por uma pessoa que chegou no local e “queria escolher roupas e receber mais do que os outros” e, como não obteve sucesso, “fez o vídeo difamando o trabalho no abrigo”.

A pessoa que grava o vídeo não aparece nas imagens. O perfil que postou o conteúdo no Instagram diz apenas que o material foi enviado por uma “pessoa voluntária confiável em Canoas”.

O Ministério Público do Rio Grande do Sul informou ao Verifica que visitou todos os abrigos de Canoas e Porto Alegre como parte de uma força-tarefa. Na Escola Municipal Paulo Freire, estiveram no dia 11 de maio, quando a separação já estava implementada. Segundo o MPRS, não foram constatadas irregularidades no local.

Excedente vai para para escola próxima

A diretora da escola acrescentou que as pessoas que deixaram o abrigo e foram para outros locais, como casa de parentes, serão convocadas ao término do período de abrigamento para também receberem os itens novos.

“Mesmo aqueles que já saíram, mas que são de zonas que foram inundadas, a gente fica com o contato para chamá-los depois para distribuirmos igualmente os itens novos, como foi combinado no início”, explicou Elizabete, acrescentando que todas as doações que chegam ao abrigo são catalogadas e registradas em cadernos pelos voluntários.

Desde que a escola se tornou abrigo, a diretora conta que um número grande de doações têm chegado ao local. O material excedente, segundo ela, é transportado para a Escola Municipal de Educação Infantil Anísio Spínola Teixeira, que fica em frente ao abrigo, de onde é levado pela prefeitura para pontos de distribuição de donativos.

É essa escola que é mencionada no vídeo, sem ter o nome citado, apontada apenas como uma escola de educação infantil para onde a diretora indica que algumas peças usadas devem ser direcionadas.

“Aquilo que foi excedente, a Secretaria de Educação pediu que a gente colocasse na escola da frente, porque essas roupas estavam sendo molhadas, elas iam acabar sendo colocadas no lixo”, explicou a diretora. “Dali a prefeitura pega o material e leva para pontos de distribuição”, concluiu.

O voluntário Kelvin Tres acrescenta ainda que, entre as peças que vão para essa escola, estão roupas de verão, já separadas e agrupadas. Isso porque, neste momento, elas não serão úteis aos abrigados. “A temperatura não vai subir tão cedo. Estamos rejeitando doação de roupas que não sejam de inverno porque faltam casacos quentes para os abrigados. Estamos aceitando agora somente doações de roupas de frio”, disse.

O que estão compartilhando: que o abrigo na Escola Municipal de Ensino Fundamental Paulo Freire, em Canoas (RS), está guardando “a sete chaves” as roupas novas doadas, e distribuindo para os abrigados apenas as roupas usadas.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O vídeo mostra a triagem feita por voluntários e pela coordenadora do abrigo montado na escola, processo em que são separados itens usados e em boas condições – que já estão sendo distribuídos aos abrigados – e peças de roupas e calçados novos – que serão entregues quando os abrigados puderem voltar para suas casas.

A Prefeitura de Canoas afirmou que o abrigo distribui as roupas de forma igualitária. O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) esteve no lugar no dia 11 de maio – quando essa separação já estava implementada – e disse não ter encontrado nenhuma irregularidade.

Vídeo engana ao sugerir que abrigo esconde roupas novas e distribui somente peças usadas para vítimas da enchente em Canoas. Foto: Reprodução/Instagram Foto: Reprodução/Instagram

Saiba mais: Não é a primeira vez que vídeos viralizam nas redes acusando abrigos de reter ou esconder doações destinadas às vítimas da enchente no Rio Grande do Sul. O Verifica checou um vídeo em que uma mulher acusava um abrigo de se negar a distribuir comida e roupas doados.

No vídeo investigado agora, a legenda afirma que “o povo sofrido só recebe roupa usada” e que as peças novas das doações estão sendo guardadas “a sete chaves”. Leitores do Estadão Verifica pediram a checagem deste conteúdo pelo WhatsApp, no número (11) 97683-7490.

Separação das peças doadas é feita desde a abertura do abrigo

A Escola Municipal Paulo Freire, onde o vídeo foi gravado, fica no bairro Guajuviras, região da cidade de Canoas que não sofreu alagamento. A unidade escolar foi transformada em abrigo no dia 4 de maio, para receber pessoas de áreas atingidas pelas enchentes. Segundo a diretora da escola e coordenadora do local, Elizabete Oliveira de Paula Fettuccia, a orientação de separar roupas novas das usadas foi implementada por ela desde o início.

É ela que aparece no vídeo usando uma touca e orientando que voluntários coloquem caixas com doações novas dentro de uma sala, enquanto as peças usadas são destinadas a outro espaço. Todas as doações passam por uma triagem antes de serem distribuídas.

Elizabete explica que cerca de 10% do total de roupas recebidas pelo abrigo são novas. As demais são usadas, mas em boas condições de uso. De acordo com ela, a orientação é utilizar as usadas primeiro e armazenar os itens novos para serem distribuídos igualmente entre os abrigados quando eles puderem retornar para suas casas.

“A quantidade de roupas usadas é muito maior e a imensa maioria delas está em boas condições. Eu não posso pegar esse material e jogar fora. As pessoas têm que usá-las, porque quem doou, doou de coração”, disse a diretora. “Eu não tenho como pegar isso, numa época de escassez, e colocar fora. Então, as pessoas vão usar primeiro as roupas usadas e depois, quando elas forem para casa, aquilo que for novo a gente vai dividir entre as pessoas que estão aqui”.

Rouparia onde peças doadas são separadas e organizadas diariamente no abrigo montado na Escola Municipal Paulo Freire, em Canoas. Foto: Kelvin Tres/Divulgação Foto: Kelvin Tres/Divulgação

Morador de Canoas, o voluntário Kelvin Tres dos Santos confirma a informação. Segundo ele, outra razão para distribuir primeiro as peças usadas é o fato de que as pessoas não têm estrutura para lavá-las. “As pessoas não têm onde lavar, então vai ficar tudo misturado”, explicou. “As doações novas serão distribuídas posteriormente, estão em estoque no colégio e não foi tirado nada dali. Estamos fazendo uma triagem e separando pra quando acabar o abrigo, todo mundo ter um kit para levar para casa”.

A diretora explica que há exceções: “Se chegarem itens novos, mas não termos usados em boas condições de uso, os novos serão distribuídos”, afirmou. “Da mesma forma, se chegarem itens novos em quantidade suficiente para atender a todos os abrigados, nós vamos distribuir. O que eu não posso é distribuir coisas novas para uns e para outros, não. Isso não seria justo. É assim que estamos fazendo”.

O voluntário Kelvin enviou à reportagem uma foto de uma sala onde ficam lençóis, cobertores e mantas novos que são distribuídos diariamente para os abrigados.

Sala onde ficam lençóis, cobertores e mantas novas distribuídas diariamente aos abrigados na Escola Municipal Paulo Freire, em Canoas. Foto: Kelvin Tres/Divulgação Foto: Kelvin Tres/Divulgação

Em nota, a Prefeitura de Canoas disse que não há irregularidades e que o trabalho no abrigo segue organizado. A gestão municipal afirmou que o vídeo viral foi gravado por uma pessoa que chegou no local e “queria escolher roupas e receber mais do que os outros” e, como não obteve sucesso, “fez o vídeo difamando o trabalho no abrigo”.

A pessoa que grava o vídeo não aparece nas imagens. O perfil que postou o conteúdo no Instagram diz apenas que o material foi enviado por uma “pessoa voluntária confiável em Canoas”.

O Ministério Público do Rio Grande do Sul informou ao Verifica que visitou todos os abrigos de Canoas e Porto Alegre como parte de uma força-tarefa. Na Escola Municipal Paulo Freire, estiveram no dia 11 de maio, quando a separação já estava implementada. Segundo o MPRS, não foram constatadas irregularidades no local.

Excedente vai para para escola próxima

A diretora da escola acrescentou que as pessoas que deixaram o abrigo e foram para outros locais, como casa de parentes, serão convocadas ao término do período de abrigamento para também receberem os itens novos.

“Mesmo aqueles que já saíram, mas que são de zonas que foram inundadas, a gente fica com o contato para chamá-los depois para distribuirmos igualmente os itens novos, como foi combinado no início”, explicou Elizabete, acrescentando que todas as doações que chegam ao abrigo são catalogadas e registradas em cadernos pelos voluntários.

Desde que a escola se tornou abrigo, a diretora conta que um número grande de doações têm chegado ao local. O material excedente, segundo ela, é transportado para a Escola Municipal de Educação Infantil Anísio Spínola Teixeira, que fica em frente ao abrigo, de onde é levado pela prefeitura para pontos de distribuição de donativos.

É essa escola que é mencionada no vídeo, sem ter o nome citado, apontada apenas como uma escola de educação infantil para onde a diretora indica que algumas peças usadas devem ser direcionadas.

“Aquilo que foi excedente, a Secretaria de Educação pediu que a gente colocasse na escola da frente, porque essas roupas estavam sendo molhadas, elas iam acabar sendo colocadas no lixo”, explicou a diretora. “Dali a prefeitura pega o material e leva para pontos de distribuição”, concluiu.

O voluntário Kelvin Tres acrescenta ainda que, entre as peças que vão para essa escola, estão roupas de verão, já separadas e agrupadas. Isso porque, neste momento, elas não serão úteis aos abrigados. “A temperatura não vai subir tão cedo. Estamos rejeitando doação de roupas que não sejam de inverno porque faltam casacos quentes para os abrigados. Estamos aceitando agora somente doações de roupas de frio”, disse.

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