Fenômeno afélio ocorre em julho e não é responsável por clima frio ou problemas de saúde


Corrente do WhatsApp desinforma sobre o momento em que a Terra fica mais distante do Sol, exagera números, inventa consequências e incentiva o uso de 'vitaminas e suplementos'

Por Samuel Lima

Uma corrente de WhatsApp dizendo que o afélio trará impactos no clima até agosto e pode aumentar a incidência de doenças respiratórias trouxe preocupação aos usuários do aplicativo. Essa mensagem, no entanto, é falsa. A Terra atingirá o seu ponto de órbita mais distante do Sol, neste ano, em 4 de julho -- e esse fato não influencia no clima, nem traz prejuízos à saúde.

 Foto: Estadão

Para conferir credibilidade, o texto do boato apresenta alguns números, quase todos incorretos, e alega que a chegada do frio poderia afetar a incidência de gripe, covid-19 e outros problemas. No meio do texto, há incentivos para o uso de "vitaminas e suplementos" para fortalecer a imunidade. Como o Estadão Verifica mostrou em outra checagem, dicas nesse sentido que circulam nas redes sociais, muitas vezes, apresentam veracidade duvidosa. Não se deve adquirir nenhum produto sem orientação médica.

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O afélio diz respeito ao ponto da órbita em que a Terra está mais afastada do Sol. Ele contrasta com o periélio, o ponto mais próximo. Essas duas situações ocorrem porque o movimento do planeta ao redor do Sol não é circular, e sim uma elipse, o que faz com que a distância varie ao longo do ano (lembrando que convencionou-se 365 dias como o ano civil, o que equivale a aproximadamente o tempo em que a Terra completa essa trajetória). 

A mensagem de WhatsApp exagera essa diferença e alega que o afélio traria consequências "até agosto". Na realidade, a data e o horário mudam a cada ano, mas se trata de um período exato. Em 2022, por exemplo, segundo o site Time And Date, o afélio ocorre no dia 4 de julho, às 4 horas e 10 minutos, no horário de Brasília. O periélio, por sua vez, ocorreu no dia 4 de janeiro, às 3 horas e 52 minutos.

Também não é verdade que, durante o afélio, a Terra poderia ficar "66%" mais distante do Sol. A maior distância entre os dois corpos celestes, neste ano, será de 152.098.455 quilômetros, contra 147.105.052 quilômetros no periélio. Portanto, ao comparar os dois pontos extremos, a diferença é de apenas 3,28%.

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Já a distância média da Terra para o Sol, segundo a Nasa, é de aproximadamente 150 milhões de quilômetros, número este que passou a representar a Unidade Astronômica (1 AU) -- e não 90 milhões de quilômetros, como alega a corrente de WhatsApp. 

Ricardo Ogando, astrofísico do Observatório Nacional, instituição de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), explica que a variação de distância entre a Terra e o Sol no movimento de translação não tem impacto no clima. "Em ambas as posições da órbita, a Terra está passando por estações do ano opostas em cada hemisfério. Quando é inverno no Norte, é verão no Sul, e vice-versa", destaca o pesquisador. 

"Como pode ser quente e frio ao mesmo tempo? Porque essa temperatura não tem relação com a distância, mas sim com o ângulo de inclinação de rotação da Terra em relação à sua órbita de translação em torno do Sol", acrescenta Ogando. Como o planeta faz um ângulo de 23,5 graus com o plano da órbita, um dos hemisférios recebe mais luz solar do que o outro dependendo do ponto em que a Terra está passando ao redor do Sol. Esse fato também explica porque as estações do ano são menos definidas nos trópicos (regiões centrais do planeta) do que nas zonas temperadas (entre os trópicos e os círculos polares).

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Onda de frio no Brasil

O boato sobre o "fenômeno afélio" (ou aphelion, em inglês, como circula nas mensagens) ganhou força nos grupos de WhatsApp com a chegada de uma onda de frio no Brasil. Mas a queda nas temperaturas é explicada por outros fatores, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), e não pela distância entre a Terra e o Sol.

O meteorologista Mamedes Luiz Melo disse ao Estadão Verifica que a frente fria é ocasionada por uma massa de ar polar, que se formou na Antártida e atingiu os estados do Sul, do Sudeste e do Centro-Oeste. 

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O fenômeno ocorre todos os anos, geralmente a partir da segunda quinzena de maio, mas começou mais cedo em 2022 por influência do fenômeno La Niña (resfriamento das águas do Oceano Pacífico e mudanças no padrão dos ventos). A principal novidade neste momento não é a intensidade, mas a dimensão e a duração prolongada da frente fria, segundo o Inmet.

Especialistas sugerem ainda que a presença da tempestade subtropical Yakecan, responsável por ventos de até 120 km/h na Região Sul, intensifica os efeitos dessa onda de frio e a chance de ocorrência de neve e geadas.

Essa checagem foi uma sugestão dos leitores do Estadão Verifica, que enviaram o conteúdo pelo WhatsApp do blog: (11) 97683-7490.

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O conteúdo também viralizou em outros idiomas e foi checado por AFP, Boatos.org, E-farsas, Polígrafo, Snopes, Rappler, Kompas e Namibia Fact-Check.

Uma corrente de WhatsApp dizendo que o afélio trará impactos no clima até agosto e pode aumentar a incidência de doenças respiratórias trouxe preocupação aos usuários do aplicativo. Essa mensagem, no entanto, é falsa. A Terra atingirá o seu ponto de órbita mais distante do Sol, neste ano, em 4 de julho -- e esse fato não influencia no clima, nem traz prejuízos à saúde.

 Foto: Estadão

Para conferir credibilidade, o texto do boato apresenta alguns números, quase todos incorretos, e alega que a chegada do frio poderia afetar a incidência de gripe, covid-19 e outros problemas. No meio do texto, há incentivos para o uso de "vitaminas e suplementos" para fortalecer a imunidade. Como o Estadão Verifica mostrou em outra checagem, dicas nesse sentido que circulam nas redes sociais, muitas vezes, apresentam veracidade duvidosa. Não se deve adquirir nenhum produto sem orientação médica.

O afélio diz respeito ao ponto da órbita em que a Terra está mais afastada do Sol. Ele contrasta com o periélio, o ponto mais próximo. Essas duas situações ocorrem porque o movimento do planeta ao redor do Sol não é circular, e sim uma elipse, o que faz com que a distância varie ao longo do ano (lembrando que convencionou-se 365 dias como o ano civil, o que equivale a aproximadamente o tempo em que a Terra completa essa trajetória). 

A mensagem de WhatsApp exagera essa diferença e alega que o afélio traria consequências "até agosto". Na realidade, a data e o horário mudam a cada ano, mas se trata de um período exato. Em 2022, por exemplo, segundo o site Time And Date, o afélio ocorre no dia 4 de julho, às 4 horas e 10 minutos, no horário de Brasília. O periélio, por sua vez, ocorreu no dia 4 de janeiro, às 3 horas e 52 minutos.

Também não é verdade que, durante o afélio, a Terra poderia ficar "66%" mais distante do Sol. A maior distância entre os dois corpos celestes, neste ano, será de 152.098.455 quilômetros, contra 147.105.052 quilômetros no periélio. Portanto, ao comparar os dois pontos extremos, a diferença é de apenas 3,28%.

Já a distância média da Terra para o Sol, segundo a Nasa, é de aproximadamente 150 milhões de quilômetros, número este que passou a representar a Unidade Astronômica (1 AU) -- e não 90 milhões de quilômetros, como alega a corrente de WhatsApp. 

Ricardo Ogando, astrofísico do Observatório Nacional, instituição de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), explica que a variação de distância entre a Terra e o Sol no movimento de translação não tem impacto no clima. "Em ambas as posições da órbita, a Terra está passando por estações do ano opostas em cada hemisfério. Quando é inverno no Norte, é verão no Sul, e vice-versa", destaca o pesquisador. 

"Como pode ser quente e frio ao mesmo tempo? Porque essa temperatura não tem relação com a distância, mas sim com o ângulo de inclinação de rotação da Terra em relação à sua órbita de translação em torno do Sol", acrescenta Ogando. Como o planeta faz um ângulo de 23,5 graus com o plano da órbita, um dos hemisférios recebe mais luz solar do que o outro dependendo do ponto em que a Terra está passando ao redor do Sol. Esse fato também explica porque as estações do ano são menos definidas nos trópicos (regiões centrais do planeta) do que nas zonas temperadas (entre os trópicos e os círculos polares).

Onda de frio no Brasil

O boato sobre o "fenômeno afélio" (ou aphelion, em inglês, como circula nas mensagens) ganhou força nos grupos de WhatsApp com a chegada de uma onda de frio no Brasil. Mas a queda nas temperaturas é explicada por outros fatores, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), e não pela distância entre a Terra e o Sol.

O meteorologista Mamedes Luiz Melo disse ao Estadão Verifica que a frente fria é ocasionada por uma massa de ar polar, que se formou na Antártida e atingiu os estados do Sul, do Sudeste e do Centro-Oeste. 

O fenômeno ocorre todos os anos, geralmente a partir da segunda quinzena de maio, mas começou mais cedo em 2022 por influência do fenômeno La Niña (resfriamento das águas do Oceano Pacífico e mudanças no padrão dos ventos). A principal novidade neste momento não é a intensidade, mas a dimensão e a duração prolongada da frente fria, segundo o Inmet.

Especialistas sugerem ainda que a presença da tempestade subtropical Yakecan, responsável por ventos de até 120 km/h na Região Sul, intensifica os efeitos dessa onda de frio e a chance de ocorrência de neve e geadas.

Essa checagem foi uma sugestão dos leitores do Estadão Verifica, que enviaram o conteúdo pelo WhatsApp do blog: (11) 97683-7490.

O conteúdo também viralizou em outros idiomas e foi checado por AFP, Boatos.org, E-farsas, Polígrafo, Snopes, Rappler, Kompas e Namibia Fact-Check.

Uma corrente de WhatsApp dizendo que o afélio trará impactos no clima até agosto e pode aumentar a incidência de doenças respiratórias trouxe preocupação aos usuários do aplicativo. Essa mensagem, no entanto, é falsa. A Terra atingirá o seu ponto de órbita mais distante do Sol, neste ano, em 4 de julho -- e esse fato não influencia no clima, nem traz prejuízos à saúde.

 Foto: Estadão

Para conferir credibilidade, o texto do boato apresenta alguns números, quase todos incorretos, e alega que a chegada do frio poderia afetar a incidência de gripe, covid-19 e outros problemas. No meio do texto, há incentivos para o uso de "vitaminas e suplementos" para fortalecer a imunidade. Como o Estadão Verifica mostrou em outra checagem, dicas nesse sentido que circulam nas redes sociais, muitas vezes, apresentam veracidade duvidosa. Não se deve adquirir nenhum produto sem orientação médica.

O afélio diz respeito ao ponto da órbita em que a Terra está mais afastada do Sol. Ele contrasta com o periélio, o ponto mais próximo. Essas duas situações ocorrem porque o movimento do planeta ao redor do Sol não é circular, e sim uma elipse, o que faz com que a distância varie ao longo do ano (lembrando que convencionou-se 365 dias como o ano civil, o que equivale a aproximadamente o tempo em que a Terra completa essa trajetória). 

A mensagem de WhatsApp exagera essa diferença e alega que o afélio traria consequências "até agosto". Na realidade, a data e o horário mudam a cada ano, mas se trata de um período exato. Em 2022, por exemplo, segundo o site Time And Date, o afélio ocorre no dia 4 de julho, às 4 horas e 10 minutos, no horário de Brasília. O periélio, por sua vez, ocorreu no dia 4 de janeiro, às 3 horas e 52 minutos.

Também não é verdade que, durante o afélio, a Terra poderia ficar "66%" mais distante do Sol. A maior distância entre os dois corpos celestes, neste ano, será de 152.098.455 quilômetros, contra 147.105.052 quilômetros no periélio. Portanto, ao comparar os dois pontos extremos, a diferença é de apenas 3,28%.

Já a distância média da Terra para o Sol, segundo a Nasa, é de aproximadamente 150 milhões de quilômetros, número este que passou a representar a Unidade Astronômica (1 AU) -- e não 90 milhões de quilômetros, como alega a corrente de WhatsApp. 

Ricardo Ogando, astrofísico do Observatório Nacional, instituição de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), explica que a variação de distância entre a Terra e o Sol no movimento de translação não tem impacto no clima. "Em ambas as posições da órbita, a Terra está passando por estações do ano opostas em cada hemisfério. Quando é inverno no Norte, é verão no Sul, e vice-versa", destaca o pesquisador. 

"Como pode ser quente e frio ao mesmo tempo? Porque essa temperatura não tem relação com a distância, mas sim com o ângulo de inclinação de rotação da Terra em relação à sua órbita de translação em torno do Sol", acrescenta Ogando. Como o planeta faz um ângulo de 23,5 graus com o plano da órbita, um dos hemisférios recebe mais luz solar do que o outro dependendo do ponto em que a Terra está passando ao redor do Sol. Esse fato também explica porque as estações do ano são menos definidas nos trópicos (regiões centrais do planeta) do que nas zonas temperadas (entre os trópicos e os círculos polares).

Onda de frio no Brasil

O boato sobre o "fenômeno afélio" (ou aphelion, em inglês, como circula nas mensagens) ganhou força nos grupos de WhatsApp com a chegada de uma onda de frio no Brasil. Mas a queda nas temperaturas é explicada por outros fatores, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), e não pela distância entre a Terra e o Sol.

O meteorologista Mamedes Luiz Melo disse ao Estadão Verifica que a frente fria é ocasionada por uma massa de ar polar, que se formou na Antártida e atingiu os estados do Sul, do Sudeste e do Centro-Oeste. 

O fenômeno ocorre todos os anos, geralmente a partir da segunda quinzena de maio, mas começou mais cedo em 2022 por influência do fenômeno La Niña (resfriamento das águas do Oceano Pacífico e mudanças no padrão dos ventos). A principal novidade neste momento não é a intensidade, mas a dimensão e a duração prolongada da frente fria, segundo o Inmet.

Especialistas sugerem ainda que a presença da tempestade subtropical Yakecan, responsável por ventos de até 120 km/h na Região Sul, intensifica os efeitos dessa onda de frio e a chance de ocorrência de neve e geadas.

Essa checagem foi uma sugestão dos leitores do Estadão Verifica, que enviaram o conteúdo pelo WhatsApp do blog: (11) 97683-7490.

O conteúdo também viralizou em outros idiomas e foi checado por AFP, Boatos.org, E-farsas, Polígrafo, Snopes, Rappler, Kompas e Namibia Fact-Check.

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