Não há comportas que armazenam ou retêm água em barragens do RS citadas por Alexandre Garcia


Jornalista disse que abertura de comportas teria causado enxurrada no Sul, o que não é verdade; segundo órgãos de fiscalização, hidrelétricas foram construídas com técnica que não interfere na vazão dos rios

Por Giovana Frioli
Atualização: Correção:

O que estão compartilhando: vídeo em que jornalista diz que “é preciso investigar que não foi só a chuva” que causou as enchentes no Rio Grande do Sul e a morte de pelo menos 46 pessoas. Segundo ele, “no governo petista foram construídas, ao contrário do que recomendavam as medições ambientais, três represas pequenas que aparentemente abriram as comportas ao mesmo tempo. Isso causou uma enxurrada”.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é falso. Órgãos de controle e fiscalização negaram que tenha havido abertura de comportas de represas no Rio das Antas, no Rio Grande do Sul, causando as inundações em cidades do Estado. As três usinas hidrelétricas citadas no vídeo não possuem comportas que armazenam ou retêm água para geração de energia. Ou seja, nos períodos de chuva ou de aumento na vazão do rio, a água excedente passa por cima das barragens. Esse tipo de estrutura, chamado de vertedouro de soleira livre, não controla o fluxo dos rios e apenas escoa o excedente de água.

A Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) do Rio Grande do Sul informou que “não há evidências de que as barragens tenham influenciado no agravamento da enxurrada”. A Companhia Energética Rio das Antas (Ceran) ressaltou que a água excedente passou por cima das barragens, sem nenhum tipo de liberação mecânica.

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A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), responsável pela fiscalização de geração hidrelétrica, afirmou que as cheias não poderiam ser agravadas por conta da estrutura das barragens. Assim como a Agência Nacional de Águas (ANA), que confirmou que a produção de energia é feita apenas com a força da correnteza, sem uso de comportas.

Roca Sales foi uma das cidades mais atingidas do Rio Grande do Sul Foto: Silvio Avila/AFP

Saiba mais: Durante sua participação em um programa no YouTube da Revista Oeste, no dia 8 de setembro, o jornalista Alexandre Garcia comentou sobre a catástrofe climática que atingiu cidades do Rio Grande do Sul e deixou até o momento 46 mortos e 46 desaparecidos. Em sua fala, ele pediu investigação e afirmou que as enchentes não foram causadas apenas pelas chuvas. Ele ainda acusou o governo petista de ter construído três represas na região, “ao contrário do que recomendam as medições ambientais”, e acrescentou que as comportas das barragens “foram abertas ao mesmo tempo e isso causou uma enxurrada”.

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A alegação do jornalista, feita aos 34 minutos do programa, foi republicada em diversos posts nas redes sociais, que falavam sobre a possibilidade das comportas terem sido abertas e até mesmo sugerindo uma interferência criminosa na tragédia. As especulações levaram a uma mobilização dos prefeitos dos municípios da região do Rio das Antas, que comunicaram o fato ao Ministério Público Federal (MPF).

Como publicou o Estadão, a tragédia que atingiu a região serrana e do Vale do Rio Taquari foi desencadeada por conta de um ciclone extratropical que causou ventania intensa e muita chuva. O MPF instaurou um inquérito civil público na última quinta-feira, 7, para apurar as providências adotadas em relação às enchentes, assim como identificar eventuais irregularidades e seus responsáveis, e possíveis ações preventivas que poderiam ser adotadas no enfrentamento de situações climáticas extremas.

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O Estadão Verifica tentou contato com Alexandre Garcia, mas não obteve reposta. Em seu canal do YouTube, o jornalista se pronunciou sobre o caso nesta segunda-feira à noite e disse que “dispunha apenas da notícia sobre a prefeitura de Bento Gonçalves ter questionado a Ceran de suas ações diante dos alertas meteorológicos”. Ele frisou que apenas soube da nota da companhia que administra as usinas após o programa e pediu investigação da tragédia.

Em Roca Sales, casa ficou destruída após passagem de ciclone extratropical. Foto: Wesley Santos/AP

Comportas não foram abertas durante enchente

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Órgãos de controle e fiscalização se manifestaram e desmentiram as alegações de que as comportas das usinas hidrelétricas Castro Alves, Monte Claro e 14 de Julho, no Rio das Antas, poderiam ter sido abertas.

A Sema comunicou que não existem indícios de que as barragens influenciaram no agravamento das enxurradas e explicou que “as estruturas dos vertedouros são do tipo soleira livre, ou seja, a água excedente passa por cima do barramento, não tendo ocorrido, durante o temporal, nenhuma liberação ou abertura mecânica”. Segundo a secretaria, a fiscalização e relatório de barragens para geração de energia são exclusivos da Aneel.

A Aneel respondeu que “as cheias não poderiam ser agravadas pois as barragens são do tipo soleira livre, não dispondo de comportas em seu vertedouro”. Conforme explicação do órgão de fiscalização, no caso destas usinas, a estrutura não retém ou armazena água para produção de energia. As vazões recebidas dos rios são totalmente escoadas.

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A Ceran, empresa que opera três barragens na região, garantiu que as estruturas foram monitoradas em tempo real e não apresentaram risco de rompimento. Em nota, a companhia ressaltou que as barragens não têm capacidade de armazenamento de água e que o excedente passa por cima da estrutura. As pequenas comportas, nas laterais das usinas, não regulam o fluxo do rio e permanecem abertas, em situações de alta afluência, para garantir a segurança da estrutura.

A ANA confirmou que não há liberação de água por meio de comportas nas barragens citadas no vídeo. “Os três aproveitamentos hidrelétricos no rio das Antas mencionados operam a fio d’água, ou seja, as vazões que chegam são no mesmo patamar das que saem. Por isso, não há liberação de água por meio de comportas”, informou a agência em nota.

As usinas tiveram seus projetos iniciados em 2001, na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e entraram em operação, por etapas, entre 2004 e 2009.

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Vertedouro do tipo soleira livre na Usina de Monte Claro, no Rio das Antas (RS). A imagem é anterior ao ciclone que atingiu o estado na semana passada. Foto: Companhia Energética Rio das Antas (Ceran)

Alexandre Garcia é alvo de ação por desinformação

Neste domingo, 10, o Advogado-Geral da União (AGU) no governo Lula, Jorge Messias, usou as suas redes sociais para comunicar que acionou a Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia contra o jornalista Alexandre Garcia.

O jurista apontou que Garcia disseminou informações falsas sobre as chuvas no Rio Grande do Sul com declaração feita à Revista Oeste. Messias determinou a “imediata instauração de procedimento contra a campanha de desinformação” promovida pelo jornalista. “É inaceitável que, nesse momento de profunda dor, tenhamos que lidar com informações falsas”, acrescentou.

O que estão compartilhando: vídeo em que jornalista diz que “é preciso investigar que não foi só a chuva” que causou as enchentes no Rio Grande do Sul e a morte de pelo menos 46 pessoas. Segundo ele, “no governo petista foram construídas, ao contrário do que recomendavam as medições ambientais, três represas pequenas que aparentemente abriram as comportas ao mesmo tempo. Isso causou uma enxurrada”.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é falso. Órgãos de controle e fiscalização negaram que tenha havido abertura de comportas de represas no Rio das Antas, no Rio Grande do Sul, causando as inundações em cidades do Estado. As três usinas hidrelétricas citadas no vídeo não possuem comportas que armazenam ou retêm água para geração de energia. Ou seja, nos períodos de chuva ou de aumento na vazão do rio, a água excedente passa por cima das barragens. Esse tipo de estrutura, chamado de vertedouro de soleira livre, não controla o fluxo dos rios e apenas escoa o excedente de água.

A Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) do Rio Grande do Sul informou que “não há evidências de que as barragens tenham influenciado no agravamento da enxurrada”. A Companhia Energética Rio das Antas (Ceran) ressaltou que a água excedente passou por cima das barragens, sem nenhum tipo de liberação mecânica.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), responsável pela fiscalização de geração hidrelétrica, afirmou que as cheias não poderiam ser agravadas por conta da estrutura das barragens. Assim como a Agência Nacional de Águas (ANA), que confirmou que a produção de energia é feita apenas com a força da correnteza, sem uso de comportas.

Roca Sales foi uma das cidades mais atingidas do Rio Grande do Sul Foto: Silvio Avila/AFP

Saiba mais: Durante sua participação em um programa no YouTube da Revista Oeste, no dia 8 de setembro, o jornalista Alexandre Garcia comentou sobre a catástrofe climática que atingiu cidades do Rio Grande do Sul e deixou até o momento 46 mortos e 46 desaparecidos. Em sua fala, ele pediu investigação e afirmou que as enchentes não foram causadas apenas pelas chuvas. Ele ainda acusou o governo petista de ter construído três represas na região, “ao contrário do que recomendam as medições ambientais”, e acrescentou que as comportas das barragens “foram abertas ao mesmo tempo e isso causou uma enxurrada”.

A alegação do jornalista, feita aos 34 minutos do programa, foi republicada em diversos posts nas redes sociais, que falavam sobre a possibilidade das comportas terem sido abertas e até mesmo sugerindo uma interferência criminosa na tragédia. As especulações levaram a uma mobilização dos prefeitos dos municípios da região do Rio das Antas, que comunicaram o fato ao Ministério Público Federal (MPF).

Como publicou o Estadão, a tragédia que atingiu a região serrana e do Vale do Rio Taquari foi desencadeada por conta de um ciclone extratropical que causou ventania intensa e muita chuva. O MPF instaurou um inquérito civil público na última quinta-feira, 7, para apurar as providências adotadas em relação às enchentes, assim como identificar eventuais irregularidades e seus responsáveis, e possíveis ações preventivas que poderiam ser adotadas no enfrentamento de situações climáticas extremas.

O Estadão Verifica tentou contato com Alexandre Garcia, mas não obteve reposta. Em seu canal do YouTube, o jornalista se pronunciou sobre o caso nesta segunda-feira à noite e disse que “dispunha apenas da notícia sobre a prefeitura de Bento Gonçalves ter questionado a Ceran de suas ações diante dos alertas meteorológicos”. Ele frisou que apenas soube da nota da companhia que administra as usinas após o programa e pediu investigação da tragédia.

Em Roca Sales, casa ficou destruída após passagem de ciclone extratropical. Foto: Wesley Santos/AP

Comportas não foram abertas durante enchente

Órgãos de controle e fiscalização se manifestaram e desmentiram as alegações de que as comportas das usinas hidrelétricas Castro Alves, Monte Claro e 14 de Julho, no Rio das Antas, poderiam ter sido abertas.

A Sema comunicou que não existem indícios de que as barragens influenciaram no agravamento das enxurradas e explicou que “as estruturas dos vertedouros são do tipo soleira livre, ou seja, a água excedente passa por cima do barramento, não tendo ocorrido, durante o temporal, nenhuma liberação ou abertura mecânica”. Segundo a secretaria, a fiscalização e relatório de barragens para geração de energia são exclusivos da Aneel.

A Aneel respondeu que “as cheias não poderiam ser agravadas pois as barragens são do tipo soleira livre, não dispondo de comportas em seu vertedouro”. Conforme explicação do órgão de fiscalização, no caso destas usinas, a estrutura não retém ou armazena água para produção de energia. As vazões recebidas dos rios são totalmente escoadas.

A Ceran, empresa que opera três barragens na região, garantiu que as estruturas foram monitoradas em tempo real e não apresentaram risco de rompimento. Em nota, a companhia ressaltou que as barragens não têm capacidade de armazenamento de água e que o excedente passa por cima da estrutura. As pequenas comportas, nas laterais das usinas, não regulam o fluxo do rio e permanecem abertas, em situações de alta afluência, para garantir a segurança da estrutura.

A ANA confirmou que não há liberação de água por meio de comportas nas barragens citadas no vídeo. “Os três aproveitamentos hidrelétricos no rio das Antas mencionados operam a fio d’água, ou seja, as vazões que chegam são no mesmo patamar das que saem. Por isso, não há liberação de água por meio de comportas”, informou a agência em nota.

As usinas tiveram seus projetos iniciados em 2001, na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e entraram em operação, por etapas, entre 2004 e 2009.

Vertedouro do tipo soleira livre na Usina de Monte Claro, no Rio das Antas (RS). A imagem é anterior ao ciclone que atingiu o estado na semana passada. Foto: Companhia Energética Rio das Antas (Ceran)

Alexandre Garcia é alvo de ação por desinformação

Neste domingo, 10, o Advogado-Geral da União (AGU) no governo Lula, Jorge Messias, usou as suas redes sociais para comunicar que acionou a Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia contra o jornalista Alexandre Garcia.

O jurista apontou que Garcia disseminou informações falsas sobre as chuvas no Rio Grande do Sul com declaração feita à Revista Oeste. Messias determinou a “imediata instauração de procedimento contra a campanha de desinformação” promovida pelo jornalista. “É inaceitável que, nesse momento de profunda dor, tenhamos que lidar com informações falsas”, acrescentou.

O que estão compartilhando: vídeo em que jornalista diz que “é preciso investigar que não foi só a chuva” que causou as enchentes no Rio Grande do Sul e a morte de pelo menos 46 pessoas. Segundo ele, “no governo petista foram construídas, ao contrário do que recomendavam as medições ambientais, três represas pequenas que aparentemente abriram as comportas ao mesmo tempo. Isso causou uma enxurrada”.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é falso. Órgãos de controle e fiscalização negaram que tenha havido abertura de comportas de represas no Rio das Antas, no Rio Grande do Sul, causando as inundações em cidades do Estado. As três usinas hidrelétricas citadas no vídeo não possuem comportas que armazenam ou retêm água para geração de energia. Ou seja, nos períodos de chuva ou de aumento na vazão do rio, a água excedente passa por cima das barragens. Esse tipo de estrutura, chamado de vertedouro de soleira livre, não controla o fluxo dos rios e apenas escoa o excedente de água.

A Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) do Rio Grande do Sul informou que “não há evidências de que as barragens tenham influenciado no agravamento da enxurrada”. A Companhia Energética Rio das Antas (Ceran) ressaltou que a água excedente passou por cima das barragens, sem nenhum tipo de liberação mecânica.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), responsável pela fiscalização de geração hidrelétrica, afirmou que as cheias não poderiam ser agravadas por conta da estrutura das barragens. Assim como a Agência Nacional de Águas (ANA), que confirmou que a produção de energia é feita apenas com a força da correnteza, sem uso de comportas.

Roca Sales foi uma das cidades mais atingidas do Rio Grande do Sul Foto: Silvio Avila/AFP

Saiba mais: Durante sua participação em um programa no YouTube da Revista Oeste, no dia 8 de setembro, o jornalista Alexandre Garcia comentou sobre a catástrofe climática que atingiu cidades do Rio Grande do Sul e deixou até o momento 46 mortos e 46 desaparecidos. Em sua fala, ele pediu investigação e afirmou que as enchentes não foram causadas apenas pelas chuvas. Ele ainda acusou o governo petista de ter construído três represas na região, “ao contrário do que recomendam as medições ambientais”, e acrescentou que as comportas das barragens “foram abertas ao mesmo tempo e isso causou uma enxurrada”.

A alegação do jornalista, feita aos 34 minutos do programa, foi republicada em diversos posts nas redes sociais, que falavam sobre a possibilidade das comportas terem sido abertas e até mesmo sugerindo uma interferência criminosa na tragédia. As especulações levaram a uma mobilização dos prefeitos dos municípios da região do Rio das Antas, que comunicaram o fato ao Ministério Público Federal (MPF).

Como publicou o Estadão, a tragédia que atingiu a região serrana e do Vale do Rio Taquari foi desencadeada por conta de um ciclone extratropical que causou ventania intensa e muita chuva. O MPF instaurou um inquérito civil público na última quinta-feira, 7, para apurar as providências adotadas em relação às enchentes, assim como identificar eventuais irregularidades e seus responsáveis, e possíveis ações preventivas que poderiam ser adotadas no enfrentamento de situações climáticas extremas.

O Estadão Verifica tentou contato com Alexandre Garcia, mas não obteve reposta. Em seu canal do YouTube, o jornalista se pronunciou sobre o caso nesta segunda-feira à noite e disse que “dispunha apenas da notícia sobre a prefeitura de Bento Gonçalves ter questionado a Ceran de suas ações diante dos alertas meteorológicos”. Ele frisou que apenas soube da nota da companhia que administra as usinas após o programa e pediu investigação da tragédia.

Em Roca Sales, casa ficou destruída após passagem de ciclone extratropical. Foto: Wesley Santos/AP

Comportas não foram abertas durante enchente

Órgãos de controle e fiscalização se manifestaram e desmentiram as alegações de que as comportas das usinas hidrelétricas Castro Alves, Monte Claro e 14 de Julho, no Rio das Antas, poderiam ter sido abertas.

A Sema comunicou que não existem indícios de que as barragens influenciaram no agravamento das enxurradas e explicou que “as estruturas dos vertedouros são do tipo soleira livre, ou seja, a água excedente passa por cima do barramento, não tendo ocorrido, durante o temporal, nenhuma liberação ou abertura mecânica”. Segundo a secretaria, a fiscalização e relatório de barragens para geração de energia são exclusivos da Aneel.

A Aneel respondeu que “as cheias não poderiam ser agravadas pois as barragens são do tipo soleira livre, não dispondo de comportas em seu vertedouro”. Conforme explicação do órgão de fiscalização, no caso destas usinas, a estrutura não retém ou armazena água para produção de energia. As vazões recebidas dos rios são totalmente escoadas.

A Ceran, empresa que opera três barragens na região, garantiu que as estruturas foram monitoradas em tempo real e não apresentaram risco de rompimento. Em nota, a companhia ressaltou que as barragens não têm capacidade de armazenamento de água e que o excedente passa por cima da estrutura. As pequenas comportas, nas laterais das usinas, não regulam o fluxo do rio e permanecem abertas, em situações de alta afluência, para garantir a segurança da estrutura.

A ANA confirmou que não há liberação de água por meio de comportas nas barragens citadas no vídeo. “Os três aproveitamentos hidrelétricos no rio das Antas mencionados operam a fio d’água, ou seja, as vazões que chegam são no mesmo patamar das que saem. Por isso, não há liberação de água por meio de comportas”, informou a agência em nota.

As usinas tiveram seus projetos iniciados em 2001, na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e entraram em operação, por etapas, entre 2004 e 2009.

Vertedouro do tipo soleira livre na Usina de Monte Claro, no Rio das Antas (RS). A imagem é anterior ao ciclone que atingiu o estado na semana passada. Foto: Companhia Energética Rio das Antas (Ceran)

Alexandre Garcia é alvo de ação por desinformação

Neste domingo, 10, o Advogado-Geral da União (AGU) no governo Lula, Jorge Messias, usou as suas redes sociais para comunicar que acionou a Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia contra o jornalista Alexandre Garcia.

O jurista apontou que Garcia disseminou informações falsas sobre as chuvas no Rio Grande do Sul com declaração feita à Revista Oeste. Messias determinou a “imediata instauração de procedimento contra a campanha de desinformação” promovida pelo jornalista. “É inaceitável que, nesse momento de profunda dor, tenhamos que lidar com informações falsas”, acrescentou.

O que estão compartilhando: vídeo em que jornalista diz que “é preciso investigar que não foi só a chuva” que causou as enchentes no Rio Grande do Sul e a morte de pelo menos 46 pessoas. Segundo ele, “no governo petista foram construídas, ao contrário do que recomendavam as medições ambientais, três represas pequenas que aparentemente abriram as comportas ao mesmo tempo. Isso causou uma enxurrada”.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é falso. Órgãos de controle e fiscalização negaram que tenha havido abertura de comportas de represas no Rio das Antas, no Rio Grande do Sul, causando as inundações em cidades do Estado. As três usinas hidrelétricas citadas no vídeo não possuem comportas que armazenam ou retêm água para geração de energia. Ou seja, nos períodos de chuva ou de aumento na vazão do rio, a água excedente passa por cima das barragens. Esse tipo de estrutura, chamado de vertedouro de soleira livre, não controla o fluxo dos rios e apenas escoa o excedente de água.

A Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) do Rio Grande do Sul informou que “não há evidências de que as barragens tenham influenciado no agravamento da enxurrada”. A Companhia Energética Rio das Antas (Ceran) ressaltou que a água excedente passou por cima das barragens, sem nenhum tipo de liberação mecânica.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), responsável pela fiscalização de geração hidrelétrica, afirmou que as cheias não poderiam ser agravadas por conta da estrutura das barragens. Assim como a Agência Nacional de Águas (ANA), que confirmou que a produção de energia é feita apenas com a força da correnteza, sem uso de comportas.

Roca Sales foi uma das cidades mais atingidas do Rio Grande do Sul Foto: Silvio Avila/AFP

Saiba mais: Durante sua participação em um programa no YouTube da Revista Oeste, no dia 8 de setembro, o jornalista Alexandre Garcia comentou sobre a catástrofe climática que atingiu cidades do Rio Grande do Sul e deixou até o momento 46 mortos e 46 desaparecidos. Em sua fala, ele pediu investigação e afirmou que as enchentes não foram causadas apenas pelas chuvas. Ele ainda acusou o governo petista de ter construído três represas na região, “ao contrário do que recomendam as medições ambientais”, e acrescentou que as comportas das barragens “foram abertas ao mesmo tempo e isso causou uma enxurrada”.

A alegação do jornalista, feita aos 34 minutos do programa, foi republicada em diversos posts nas redes sociais, que falavam sobre a possibilidade das comportas terem sido abertas e até mesmo sugerindo uma interferência criminosa na tragédia. As especulações levaram a uma mobilização dos prefeitos dos municípios da região do Rio das Antas, que comunicaram o fato ao Ministério Público Federal (MPF).

Como publicou o Estadão, a tragédia que atingiu a região serrana e do Vale do Rio Taquari foi desencadeada por conta de um ciclone extratropical que causou ventania intensa e muita chuva. O MPF instaurou um inquérito civil público na última quinta-feira, 7, para apurar as providências adotadas em relação às enchentes, assim como identificar eventuais irregularidades e seus responsáveis, e possíveis ações preventivas que poderiam ser adotadas no enfrentamento de situações climáticas extremas.

O Estadão Verifica tentou contato com Alexandre Garcia, mas não obteve reposta. Em seu canal do YouTube, o jornalista se pronunciou sobre o caso nesta segunda-feira à noite e disse que “dispunha apenas da notícia sobre a prefeitura de Bento Gonçalves ter questionado a Ceran de suas ações diante dos alertas meteorológicos”. Ele frisou que apenas soube da nota da companhia que administra as usinas após o programa e pediu investigação da tragédia.

Em Roca Sales, casa ficou destruída após passagem de ciclone extratropical. Foto: Wesley Santos/AP

Comportas não foram abertas durante enchente

Órgãos de controle e fiscalização se manifestaram e desmentiram as alegações de que as comportas das usinas hidrelétricas Castro Alves, Monte Claro e 14 de Julho, no Rio das Antas, poderiam ter sido abertas.

A Sema comunicou que não existem indícios de que as barragens influenciaram no agravamento das enxurradas e explicou que “as estruturas dos vertedouros são do tipo soleira livre, ou seja, a água excedente passa por cima do barramento, não tendo ocorrido, durante o temporal, nenhuma liberação ou abertura mecânica”. Segundo a secretaria, a fiscalização e relatório de barragens para geração de energia são exclusivos da Aneel.

A Aneel respondeu que “as cheias não poderiam ser agravadas pois as barragens são do tipo soleira livre, não dispondo de comportas em seu vertedouro”. Conforme explicação do órgão de fiscalização, no caso destas usinas, a estrutura não retém ou armazena água para produção de energia. As vazões recebidas dos rios são totalmente escoadas.

A Ceran, empresa que opera três barragens na região, garantiu que as estruturas foram monitoradas em tempo real e não apresentaram risco de rompimento. Em nota, a companhia ressaltou que as barragens não têm capacidade de armazenamento de água e que o excedente passa por cima da estrutura. As pequenas comportas, nas laterais das usinas, não regulam o fluxo do rio e permanecem abertas, em situações de alta afluência, para garantir a segurança da estrutura.

A ANA confirmou que não há liberação de água por meio de comportas nas barragens citadas no vídeo. “Os três aproveitamentos hidrelétricos no rio das Antas mencionados operam a fio d’água, ou seja, as vazões que chegam são no mesmo patamar das que saem. Por isso, não há liberação de água por meio de comportas”, informou a agência em nota.

As usinas tiveram seus projetos iniciados em 2001, na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e entraram em operação, por etapas, entre 2004 e 2009.

Vertedouro do tipo soleira livre na Usina de Monte Claro, no Rio das Antas (RS). A imagem é anterior ao ciclone que atingiu o estado na semana passada. Foto: Companhia Energética Rio das Antas (Ceran)

Alexandre Garcia é alvo de ação por desinformação

Neste domingo, 10, o Advogado-Geral da União (AGU) no governo Lula, Jorge Messias, usou as suas redes sociais para comunicar que acionou a Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia contra o jornalista Alexandre Garcia.

O jurista apontou que Garcia disseminou informações falsas sobre as chuvas no Rio Grande do Sul com declaração feita à Revista Oeste. Messias determinou a “imediata instauração de procedimento contra a campanha de desinformação” promovida pelo jornalista. “É inaceitável que, nesse momento de profunda dor, tenhamos que lidar com informações falsas”, acrescentou.

O que estão compartilhando: vídeo em que jornalista diz que “é preciso investigar que não foi só a chuva” que causou as enchentes no Rio Grande do Sul e a morte de pelo menos 46 pessoas. Segundo ele, “no governo petista foram construídas, ao contrário do que recomendavam as medições ambientais, três represas pequenas que aparentemente abriram as comportas ao mesmo tempo. Isso causou uma enxurrada”.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é falso. Órgãos de controle e fiscalização negaram que tenha havido abertura de comportas de represas no Rio das Antas, no Rio Grande do Sul, causando as inundações em cidades do Estado. As três usinas hidrelétricas citadas no vídeo não possuem comportas que armazenam ou retêm água para geração de energia. Ou seja, nos períodos de chuva ou de aumento na vazão do rio, a água excedente passa por cima das barragens. Esse tipo de estrutura, chamado de vertedouro de soleira livre, não controla o fluxo dos rios e apenas escoa o excedente de água.

A Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) do Rio Grande do Sul informou que “não há evidências de que as barragens tenham influenciado no agravamento da enxurrada”. A Companhia Energética Rio das Antas (Ceran) ressaltou que a água excedente passou por cima das barragens, sem nenhum tipo de liberação mecânica.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), responsável pela fiscalização de geração hidrelétrica, afirmou que as cheias não poderiam ser agravadas por conta da estrutura das barragens. Assim como a Agência Nacional de Águas (ANA), que confirmou que a produção de energia é feita apenas com a força da correnteza, sem uso de comportas.

Roca Sales foi uma das cidades mais atingidas do Rio Grande do Sul Foto: Silvio Avila/AFP

Saiba mais: Durante sua participação em um programa no YouTube da Revista Oeste, no dia 8 de setembro, o jornalista Alexandre Garcia comentou sobre a catástrofe climática que atingiu cidades do Rio Grande do Sul e deixou até o momento 46 mortos e 46 desaparecidos. Em sua fala, ele pediu investigação e afirmou que as enchentes não foram causadas apenas pelas chuvas. Ele ainda acusou o governo petista de ter construído três represas na região, “ao contrário do que recomendam as medições ambientais”, e acrescentou que as comportas das barragens “foram abertas ao mesmo tempo e isso causou uma enxurrada”.

A alegação do jornalista, feita aos 34 minutos do programa, foi republicada em diversos posts nas redes sociais, que falavam sobre a possibilidade das comportas terem sido abertas e até mesmo sugerindo uma interferência criminosa na tragédia. As especulações levaram a uma mobilização dos prefeitos dos municípios da região do Rio das Antas, que comunicaram o fato ao Ministério Público Federal (MPF).

Como publicou o Estadão, a tragédia que atingiu a região serrana e do Vale do Rio Taquari foi desencadeada por conta de um ciclone extratropical que causou ventania intensa e muita chuva. O MPF instaurou um inquérito civil público na última quinta-feira, 7, para apurar as providências adotadas em relação às enchentes, assim como identificar eventuais irregularidades e seus responsáveis, e possíveis ações preventivas que poderiam ser adotadas no enfrentamento de situações climáticas extremas.

O Estadão Verifica tentou contato com Alexandre Garcia, mas não obteve reposta. Em seu canal do YouTube, o jornalista se pronunciou sobre o caso nesta segunda-feira à noite e disse que “dispunha apenas da notícia sobre a prefeitura de Bento Gonçalves ter questionado a Ceran de suas ações diante dos alertas meteorológicos”. Ele frisou que apenas soube da nota da companhia que administra as usinas após o programa e pediu investigação da tragédia.

Em Roca Sales, casa ficou destruída após passagem de ciclone extratropical. Foto: Wesley Santos/AP

Comportas não foram abertas durante enchente

Órgãos de controle e fiscalização se manifestaram e desmentiram as alegações de que as comportas das usinas hidrelétricas Castro Alves, Monte Claro e 14 de Julho, no Rio das Antas, poderiam ter sido abertas.

A Sema comunicou que não existem indícios de que as barragens influenciaram no agravamento das enxurradas e explicou que “as estruturas dos vertedouros são do tipo soleira livre, ou seja, a água excedente passa por cima do barramento, não tendo ocorrido, durante o temporal, nenhuma liberação ou abertura mecânica”. Segundo a secretaria, a fiscalização e relatório de barragens para geração de energia são exclusivos da Aneel.

A Aneel respondeu que “as cheias não poderiam ser agravadas pois as barragens são do tipo soleira livre, não dispondo de comportas em seu vertedouro”. Conforme explicação do órgão de fiscalização, no caso destas usinas, a estrutura não retém ou armazena água para produção de energia. As vazões recebidas dos rios são totalmente escoadas.

A Ceran, empresa que opera três barragens na região, garantiu que as estruturas foram monitoradas em tempo real e não apresentaram risco de rompimento. Em nota, a companhia ressaltou que as barragens não têm capacidade de armazenamento de água e que o excedente passa por cima da estrutura. As pequenas comportas, nas laterais das usinas, não regulam o fluxo do rio e permanecem abertas, em situações de alta afluência, para garantir a segurança da estrutura.

A ANA confirmou que não há liberação de água por meio de comportas nas barragens citadas no vídeo. “Os três aproveitamentos hidrelétricos no rio das Antas mencionados operam a fio d’água, ou seja, as vazões que chegam são no mesmo patamar das que saem. Por isso, não há liberação de água por meio de comportas”, informou a agência em nota.

As usinas tiveram seus projetos iniciados em 2001, na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e entraram em operação, por etapas, entre 2004 e 2009.

Vertedouro do tipo soleira livre na Usina de Monte Claro, no Rio das Antas (RS). A imagem é anterior ao ciclone que atingiu o estado na semana passada. Foto: Companhia Energética Rio das Antas (Ceran)

Alexandre Garcia é alvo de ação por desinformação

Neste domingo, 10, o Advogado-Geral da União (AGU) no governo Lula, Jorge Messias, usou as suas redes sociais para comunicar que acionou a Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia contra o jornalista Alexandre Garcia.

O jurista apontou que Garcia disseminou informações falsas sobre as chuvas no Rio Grande do Sul com declaração feita à Revista Oeste. Messias determinou a “imediata instauração de procedimento contra a campanha de desinformação” promovida pelo jornalista. “É inaceitável que, nesse momento de profunda dor, tenhamos que lidar com informações falsas”, acrescentou.

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