Boato atribui declaração falsa sobre posse de armas ao Papa Francisco e usa foto de quartel para insinuar contradição


Não é verdade que pontífice tenha declarado que cristãos não devem possuir armamentos nem que mantenha um arsenal em seu 'porão' no Vaticano

Por Samuel Lima

Não é verdade que o Papa Francisco tenha dito que "um bom cristão não deve possuir qualquer arma" ao mesmo tempo que mantém um arsenal em seu "porão", como insinua postagem compartilhada mais de 20 mil vezes no Facebook recentemente. O conteúdo distorce um discurso antigo do chefe da Igreja Católica e tira de contexto uma foto que mostra os alojamentos da Guarda Suíça do Vaticano.

Não é verdade que Papa Francisco tenha dito que 'um bom cristão não deve possuir qualquer arma', nem que foto mostre 'porão' do pontífice. Foto: Reprodução / Arte Estadão
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A peça é uma adaptação de um boato que circulou nos Estados Unidos a partir de 2018 e foi desmentido por agências de checagens como Politifact e Snopes. Na época, sites americanos sensacionalistas criaram uma narrativa falsa envolvendo uma conversa do Papa Francisco com jovens da cidade italiana de Turim, em 2015. Segundo essas postagens, o Papa teria afirmado que pessoas que possuem armas de fogo não podem se dizer cristãs, o que não é verdade.

O que Francisco disse realmente naquele comício foi que fabricantes de armas estão sendo hipócritas ao se declararem cristãos. "Pessoas, gestores e empresários que se dizem cristãos e fabricam armas, isso leva a um tanto de desconfiança, não é?", disse. Em seguida, o pontífice também criticou aqueles que investem na indústria armamentícia, dizendo que "a duplicidade é moeda corrente hoje... eles dizem uma coisa e fazem outra". Ele não fala sobre indivíduos que possuem armas.

As postagens falsas analisadas agora pelo Estadão Verifica sugerem que o Papa Francisco teria dito uma frase semelhante: "Um bom cristão não deve possuir qualquer arma". Também não há registro dessa declaração em veículos de imprensa e outras fontes confiáveis de informação na internet. No máximo, o Papa defendeu recentemente que o dinheiro de armas seja investido no combate à pandemia de covid-19 e pediu que o mundo seja livre de armas nucleares.

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Foto é de quartel, não do 'porão do Papa'

Nas postagens falsas, a frase é acompanhada por uma foto do arsenal da Guarda Suíça Pontifícia, erroneamente descrita como sendo do "porão do Papa". O Estadão Verifica não conseguiu determinar a origem da fotografia, mas chegou até ela em um texto do site Newly Swissed, escrito em setembro de 2010, sobre a força de segurança que tem como missão proteger o líder máximo da Igreja Católica. 

Com essa imagem em melhor definição, é possível notar a presença ao fundo de um homem vestido com o uniforme clássico da Guardia Svizzera -- uma malha colorida ao estilo renascentista, com faixas vermelhas, amarelas e azuis, geralmente usada pelos soldados durante cerimônias na Cidade do Vaticano. Além disso, o mesmo local aparece em vídeo do canal Vatican News sobre a história da Guarda Suíça e o significado dos equipamentos.

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Foto compartilhada em site em 2010 mostra guarda do Vaticano vestindo uniforme clássico ao fundo. Foto: Reprodução / Newly Swissed
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Essas filmagens mostram que o arsenal fica localizado no quartel-general da Guarda Suíça, o que também é confirmado em uma reportagem do portal de notícias Observador, de Portugal. Segundo a publicação, as reservas do armamento ficam em caves próximas à praça central do quartel e incluem "armas históricas e atuais, armaduras, capacetes e alabardas, a principal arma da guarda de honra". O texto também descreve a localização do quartel como sendo uma pequena entrada à esquerda de quem passa pela Porta de Sant'Anna, vindo do bairro romano do Borgo Pio.

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Com base na descrição da reportagem do Observador e nas filmagens aéreas do Vatican News, o Estadão Verifica localizou o quartel da Guarda Suíça Pontifícia no Google Maps e comparou com a posição da residência oficial do Papa Francisco, a Casa Santa Marta. Os edifícios estão separados por toda a extensão da Praça de São Pedro -- que é o local onde milhares de fiéis se juntam para acompanhar missas e outros eventos da Igreja em frente à Basílica de São Pedro. 

Residência do Papa Francisco fica distante do quartel da Guarda Suíça. Foto: Reprodução / Google Maps
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O quartel dos Suíços fica realmente próximo do Palácio Apostólico, que vinha sendo a residência oficial dos pontífices, incluindo a do anterior, o Papa Bento XVI. Porém, mesmo que Francisco fixasse residência por lá, continuaria sendo um erro chamar o arsenal militar de "porão do Papa". Os alojamentos dos soldados permanecem separados do prédio do líder religioso, como mostra a imagem abaixo.

Quartel da Guarda Suíça fica ao lado do Palácio Apostólico, mas ainda em separado. Foto: Reprodução / Google Maps

De acordo com a Enciclopédia Britannica, a Guarda Suíça do Vaticano é "o menor exército do mundo" e protege o Papa desde 1506. Os soldados, independentes das Forças Armadas da Suíça, são contratados pela Igreja Católica e passam por uma rotina rígida de treinamentos para garantir a segurança do pontífice e das principais instalações religiosas do Vaticano, além da residência de verão do Papa em Castel Gandolfo. Os novos recrutas são exclusivamente homens, solteiros, cidadãos suíços, com idades entre 19 e 30 anos e altura mínima de 1,74 metro, entre outros requisitos.

Boato circula no Brasil após decretos sobre armas

As peças de desinformação sobre o Papa Francisco ganharam alcance nas redes sociais em meio a debates sobre o controle de armas de fogo, tanto nos Estados Unidos, em 2018, quanto agora no Brasil. No caso dos americanos, o boato apareceu poucos meses depois de um massacre em uma escola na Flórida que matou 17 pessoas, seguido de intenso debate na opinião pública sobre reformas na legislação.

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro assinou quatro decretos que flexibilizam os limites para compra e estoque de armas e munição no Brasil por agentes de segurança e grupos de colecionadores, atiradores e caçadores. Os decretos regulamentam a Lei nº 10.826/2003, mais conhecida como Estatuto do Desarmamento. Segundo a Polícia Federal, 179.771 novas armas foram registradas no País no ano passado, o que representa aumento de 91% com relação ao número de 2019. Bolsonaro defendeu as medidas com base em referendo de 2005 e recebeu críticas da oposição e de entidades da sociedade civil.

Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

Não é verdade que o Papa Francisco tenha dito que "um bom cristão não deve possuir qualquer arma" ao mesmo tempo que mantém um arsenal em seu "porão", como insinua postagem compartilhada mais de 20 mil vezes no Facebook recentemente. O conteúdo distorce um discurso antigo do chefe da Igreja Católica e tira de contexto uma foto que mostra os alojamentos da Guarda Suíça do Vaticano.

Não é verdade que Papa Francisco tenha dito que 'um bom cristão não deve possuir qualquer arma', nem que foto mostre 'porão' do pontífice. Foto: Reprodução / Arte Estadão

A peça é uma adaptação de um boato que circulou nos Estados Unidos a partir de 2018 e foi desmentido por agências de checagens como Politifact e Snopes. Na época, sites americanos sensacionalistas criaram uma narrativa falsa envolvendo uma conversa do Papa Francisco com jovens da cidade italiana de Turim, em 2015. Segundo essas postagens, o Papa teria afirmado que pessoas que possuem armas de fogo não podem se dizer cristãs, o que não é verdade.

O que Francisco disse realmente naquele comício foi que fabricantes de armas estão sendo hipócritas ao se declararem cristãos. "Pessoas, gestores e empresários que se dizem cristãos e fabricam armas, isso leva a um tanto de desconfiança, não é?", disse. Em seguida, o pontífice também criticou aqueles que investem na indústria armamentícia, dizendo que "a duplicidade é moeda corrente hoje... eles dizem uma coisa e fazem outra". Ele não fala sobre indivíduos que possuem armas.

As postagens falsas analisadas agora pelo Estadão Verifica sugerem que o Papa Francisco teria dito uma frase semelhante: "Um bom cristão não deve possuir qualquer arma". Também não há registro dessa declaração em veículos de imprensa e outras fontes confiáveis de informação na internet. No máximo, o Papa defendeu recentemente que o dinheiro de armas seja investido no combate à pandemia de covid-19 e pediu que o mundo seja livre de armas nucleares.

Foto é de quartel, não do 'porão do Papa'

Nas postagens falsas, a frase é acompanhada por uma foto do arsenal da Guarda Suíça Pontifícia, erroneamente descrita como sendo do "porão do Papa". O Estadão Verifica não conseguiu determinar a origem da fotografia, mas chegou até ela em um texto do site Newly Swissed, escrito em setembro de 2010, sobre a força de segurança que tem como missão proteger o líder máximo da Igreja Católica. 

Com essa imagem em melhor definição, é possível notar a presença ao fundo de um homem vestido com o uniforme clássico da Guardia Svizzera -- uma malha colorida ao estilo renascentista, com faixas vermelhas, amarelas e azuis, geralmente usada pelos soldados durante cerimônias na Cidade do Vaticano. Além disso, o mesmo local aparece em vídeo do canal Vatican News sobre a história da Guarda Suíça e o significado dos equipamentos.

Foto compartilhada em site em 2010 mostra guarda do Vaticano vestindo uniforme clássico ao fundo. Foto: Reprodução / Newly Swissed

Essas filmagens mostram que o arsenal fica localizado no quartel-general da Guarda Suíça, o que também é confirmado em uma reportagem do portal de notícias Observador, de Portugal. Segundo a publicação, as reservas do armamento ficam em caves próximas à praça central do quartel e incluem "armas históricas e atuais, armaduras, capacetes e alabardas, a principal arma da guarda de honra". O texto também descreve a localização do quartel como sendo uma pequena entrada à esquerda de quem passa pela Porta de Sant'Anna, vindo do bairro romano do Borgo Pio.

Com base na descrição da reportagem do Observador e nas filmagens aéreas do Vatican News, o Estadão Verifica localizou o quartel da Guarda Suíça Pontifícia no Google Maps e comparou com a posição da residência oficial do Papa Francisco, a Casa Santa Marta. Os edifícios estão separados por toda a extensão da Praça de São Pedro -- que é o local onde milhares de fiéis se juntam para acompanhar missas e outros eventos da Igreja em frente à Basílica de São Pedro. 

Residência do Papa Francisco fica distante do quartel da Guarda Suíça. Foto: Reprodução / Google Maps

O quartel dos Suíços fica realmente próximo do Palácio Apostólico, que vinha sendo a residência oficial dos pontífices, incluindo a do anterior, o Papa Bento XVI. Porém, mesmo que Francisco fixasse residência por lá, continuaria sendo um erro chamar o arsenal militar de "porão do Papa". Os alojamentos dos soldados permanecem separados do prédio do líder religioso, como mostra a imagem abaixo.

Quartel da Guarda Suíça fica ao lado do Palácio Apostólico, mas ainda em separado. Foto: Reprodução / Google Maps

De acordo com a Enciclopédia Britannica, a Guarda Suíça do Vaticano é "o menor exército do mundo" e protege o Papa desde 1506. Os soldados, independentes das Forças Armadas da Suíça, são contratados pela Igreja Católica e passam por uma rotina rígida de treinamentos para garantir a segurança do pontífice e das principais instalações religiosas do Vaticano, além da residência de verão do Papa em Castel Gandolfo. Os novos recrutas são exclusivamente homens, solteiros, cidadãos suíços, com idades entre 19 e 30 anos e altura mínima de 1,74 metro, entre outros requisitos.

Boato circula no Brasil após decretos sobre armas

As peças de desinformação sobre o Papa Francisco ganharam alcance nas redes sociais em meio a debates sobre o controle de armas de fogo, tanto nos Estados Unidos, em 2018, quanto agora no Brasil. No caso dos americanos, o boato apareceu poucos meses depois de um massacre em uma escola na Flórida que matou 17 pessoas, seguido de intenso debate na opinião pública sobre reformas na legislação.

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro assinou quatro decretos que flexibilizam os limites para compra e estoque de armas e munição no Brasil por agentes de segurança e grupos de colecionadores, atiradores e caçadores. Os decretos regulamentam a Lei nº 10.826/2003, mais conhecida como Estatuto do Desarmamento. Segundo a Polícia Federal, 179.771 novas armas foram registradas no País no ano passado, o que representa aumento de 91% com relação ao número de 2019. Bolsonaro defendeu as medidas com base em referendo de 2005 e recebeu críticas da oposição e de entidades da sociedade civil.

Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

Não é verdade que o Papa Francisco tenha dito que "um bom cristão não deve possuir qualquer arma" ao mesmo tempo que mantém um arsenal em seu "porão", como insinua postagem compartilhada mais de 20 mil vezes no Facebook recentemente. O conteúdo distorce um discurso antigo do chefe da Igreja Católica e tira de contexto uma foto que mostra os alojamentos da Guarda Suíça do Vaticano.

Não é verdade que Papa Francisco tenha dito que 'um bom cristão não deve possuir qualquer arma', nem que foto mostre 'porão' do pontífice. Foto: Reprodução / Arte Estadão

A peça é uma adaptação de um boato que circulou nos Estados Unidos a partir de 2018 e foi desmentido por agências de checagens como Politifact e Snopes. Na época, sites americanos sensacionalistas criaram uma narrativa falsa envolvendo uma conversa do Papa Francisco com jovens da cidade italiana de Turim, em 2015. Segundo essas postagens, o Papa teria afirmado que pessoas que possuem armas de fogo não podem se dizer cristãs, o que não é verdade.

O que Francisco disse realmente naquele comício foi que fabricantes de armas estão sendo hipócritas ao se declararem cristãos. "Pessoas, gestores e empresários que se dizem cristãos e fabricam armas, isso leva a um tanto de desconfiança, não é?", disse. Em seguida, o pontífice também criticou aqueles que investem na indústria armamentícia, dizendo que "a duplicidade é moeda corrente hoje... eles dizem uma coisa e fazem outra". Ele não fala sobre indivíduos que possuem armas.

As postagens falsas analisadas agora pelo Estadão Verifica sugerem que o Papa Francisco teria dito uma frase semelhante: "Um bom cristão não deve possuir qualquer arma". Também não há registro dessa declaração em veículos de imprensa e outras fontes confiáveis de informação na internet. No máximo, o Papa defendeu recentemente que o dinheiro de armas seja investido no combate à pandemia de covid-19 e pediu que o mundo seja livre de armas nucleares.

Foto é de quartel, não do 'porão do Papa'

Nas postagens falsas, a frase é acompanhada por uma foto do arsenal da Guarda Suíça Pontifícia, erroneamente descrita como sendo do "porão do Papa". O Estadão Verifica não conseguiu determinar a origem da fotografia, mas chegou até ela em um texto do site Newly Swissed, escrito em setembro de 2010, sobre a força de segurança que tem como missão proteger o líder máximo da Igreja Católica. 

Com essa imagem em melhor definição, é possível notar a presença ao fundo de um homem vestido com o uniforme clássico da Guardia Svizzera -- uma malha colorida ao estilo renascentista, com faixas vermelhas, amarelas e azuis, geralmente usada pelos soldados durante cerimônias na Cidade do Vaticano. Além disso, o mesmo local aparece em vídeo do canal Vatican News sobre a história da Guarda Suíça e o significado dos equipamentos.

Foto compartilhada em site em 2010 mostra guarda do Vaticano vestindo uniforme clássico ao fundo. Foto: Reprodução / Newly Swissed

Essas filmagens mostram que o arsenal fica localizado no quartel-general da Guarda Suíça, o que também é confirmado em uma reportagem do portal de notícias Observador, de Portugal. Segundo a publicação, as reservas do armamento ficam em caves próximas à praça central do quartel e incluem "armas históricas e atuais, armaduras, capacetes e alabardas, a principal arma da guarda de honra". O texto também descreve a localização do quartel como sendo uma pequena entrada à esquerda de quem passa pela Porta de Sant'Anna, vindo do bairro romano do Borgo Pio.

Com base na descrição da reportagem do Observador e nas filmagens aéreas do Vatican News, o Estadão Verifica localizou o quartel da Guarda Suíça Pontifícia no Google Maps e comparou com a posição da residência oficial do Papa Francisco, a Casa Santa Marta. Os edifícios estão separados por toda a extensão da Praça de São Pedro -- que é o local onde milhares de fiéis se juntam para acompanhar missas e outros eventos da Igreja em frente à Basílica de São Pedro. 

Residência do Papa Francisco fica distante do quartel da Guarda Suíça. Foto: Reprodução / Google Maps

O quartel dos Suíços fica realmente próximo do Palácio Apostólico, que vinha sendo a residência oficial dos pontífices, incluindo a do anterior, o Papa Bento XVI. Porém, mesmo que Francisco fixasse residência por lá, continuaria sendo um erro chamar o arsenal militar de "porão do Papa". Os alojamentos dos soldados permanecem separados do prédio do líder religioso, como mostra a imagem abaixo.

Quartel da Guarda Suíça fica ao lado do Palácio Apostólico, mas ainda em separado. Foto: Reprodução / Google Maps

De acordo com a Enciclopédia Britannica, a Guarda Suíça do Vaticano é "o menor exército do mundo" e protege o Papa desde 1506. Os soldados, independentes das Forças Armadas da Suíça, são contratados pela Igreja Católica e passam por uma rotina rígida de treinamentos para garantir a segurança do pontífice e das principais instalações religiosas do Vaticano, além da residência de verão do Papa em Castel Gandolfo. Os novos recrutas são exclusivamente homens, solteiros, cidadãos suíços, com idades entre 19 e 30 anos e altura mínima de 1,74 metro, entre outros requisitos.

Boato circula no Brasil após decretos sobre armas

As peças de desinformação sobre o Papa Francisco ganharam alcance nas redes sociais em meio a debates sobre o controle de armas de fogo, tanto nos Estados Unidos, em 2018, quanto agora no Brasil. No caso dos americanos, o boato apareceu poucos meses depois de um massacre em uma escola na Flórida que matou 17 pessoas, seguido de intenso debate na opinião pública sobre reformas na legislação.

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro assinou quatro decretos que flexibilizam os limites para compra e estoque de armas e munição no Brasil por agentes de segurança e grupos de colecionadores, atiradores e caçadores. Os decretos regulamentam a Lei nº 10.826/2003, mais conhecida como Estatuto do Desarmamento. Segundo a Polícia Federal, 179.771 novas armas foram registradas no País no ano passado, o que representa aumento de 91% com relação ao número de 2019. Bolsonaro defendeu as medidas com base em referendo de 2005 e recebeu críticas da oposição e de entidades da sociedade civil.

Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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