É falso que votos em boletim de urna encontrado em Curitiba (PR) não tenham sido contados


Boletim de urna é impresso em cinco vias e resultado mostrado por mulher em vídeo pode ser acessado online; contagem dos votos não é feita pelo papel, e sim pela mídia eletrônica da urna

Por Clarissa Pacheco
Atualização:

Circula nas redes sociais vídeo em que uma mulher relata ter encontrado nas ruas de Curitiba (PR) boletins de urna jogados no chão -- ela sugere que isso seria fraude eleitoral e diz suspeitar que aqueles votos não teriam sido computados. Isso é falso, porque os votos não são totalizados a partir dos boletins impressos pelas urnas eletrônicas, e sim a partir da leitura da mídia de resultado - uma espécie de pendrive inserido no equipamento de votação, que guarda as informações sobre as escolhas dos eleitores. Os dados mostrados por ela no boletim estão disponíveis no portal de resultados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O vídeo gravado para a rede social Kwai se espalhou por grupos de WhatsApp e foi enviado ao Estadão Verifica pelo número (11) 97683-7490. Nas imagens, a autora diz que saiu na capital paranaense junto com o marido por volta das 20h do último domingo, 2, antes do fim da apuração, e encontrou boletins de urna impressos e jogados no chão próximo a um ponto de ônibus. Em determinado momento, ela mostra de perto o documento que encontrou. Apesar da baixa resolução do vídeo, no papel é possível ler: "Zona Eleitoral 0175", "Seção Eleitoral 0164", "Eleitores Aptos 0380", "Comparecimento 307", "Eleitores faltosos 0073".

As informações batem com o que está registrado no portal de resultados do TSE. Naquela seção eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL) teve 152 votos; o ex-presidente Lula (PT) teve 115. São os mesmos dados ditos pelo casal no vídeo, o que prova que os votos "encontrados" por eles foram contabilizados. Bolsonaro venceu em Curitiba, com 55,26% dos votos. Lula teve 31,42%. O atual presidente obteve a maioria dos votos em todas as zonas eleitorais da capital paranaense.

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 Foto: Estadão

Documento é impresso em várias vias

Em outro momento do vídeo, a mulher diz que aquele é um documento impresso em via única. Mas isso também é falso. Os boletins de urna encontrados pelo casal não são documentos impressos em via única. O serviço Gralha Confere, do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) desmentiu o conteúdo e explicou que, obrigatoriamente, ao final da votação, a urna eletrônica imprime cinco vias do boletim de urna - iguais aos que a dupla teria encontrado no chão. Outras cinco vias adicionais também podem ser impressas, se houver necessidade.

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"Uma das vias impressas é afixada imediatamente no local de votação, visível a todas as pessoas, para que o resultado da urna se torne público e definitivo imediatamente após o encerramento da votação", diz o TRE-PR. "Duas outras vias são enviadas à Justiça Eleitoral. Elas ficam disponíveis para conferência por qualquer pessoa na sede de todos os cartórios eleitorais".

As outras cópias são entregues aos fiscais dos partidos políticos, à imprensa e ao Ministério Público. Para as eleições deste ano, o TSE orientou que os mesários e o presidente da seção eleitoral também levassem uma cópia impressa do boletim de urna para conferir com a imagem do mesmo boletim que é colocado na internet. Isto está previsto no inciso XVII do Artigo 107 da Resolução nº 23.669, de 14 de dezembro de 2021, que dispõe sobre os atos gerais do processo eleitoral de 2022.

Além disso, qualquer pessoa pode ter uma cópia digital do boletim de urna: com o app Boletim na Mão, do TSE, qualquer eleitor pode escanear o QR Code do boletim fixado na porta da seção e ter acesso ao documento com o resultado. Também é possível consultar essas informações no app Resultado, da Justiça Eleitoral, e no próprio site do TSE.

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Apuração não é feita por cópias impressas do BU

A alegação da autora do vídeo de que o fato de ela ter encontrado boletins de urna jogado na rua significa que a contagem dos votos não é feita de maneira honesta também é falsa. Isso porque a contagem dos votos não é feita a partir das cópias impressas do BU, e sim a partir da leitura da mídia de resultado - uma espécie de pendrive inserido na urna que guarda as informações que constam no boletim de urna.

Essa mídia não é removida da urna antes da impressão dos resultados. "Depois de imprimir os Boletins de Urna, o presidente da seção eleitoral rompe o lacre da urna eletrônica e retira a mídia de resultado, para enviá-la ao cartório eleitoral da localidade junto com uma via do BU impresso. Lá no cartório, a mídia de resultado é acoplada num computador que tem os programas da eleição para ser lida, conferida e, então, ter os dados transmitidos para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília", explica o Tribunal.

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Diferente de um pendrive comum, a mídia de resultado possui uma série de travas eletrônicas de segurança que impedem que ela seja lida por um computador normal. Elas asseguram que o dispositivo só seja lido por programas que foram desenvolvidos e lacrados exclusivamente para aquela eleição. "Se tentarem colocar a mídia de resultado em um computador comum para acessar os dados, eles não poderão ser alterados", completa o TSE.

Caso não foi denunciado à Justiça Eleitoral

O Estadão Verifica tentou localizar o vídeo viral na própria rede social onde ele foi postado. Entre os vídeos da usuária, contudo, o material não aparece mais disponível. Na descrição do perfil, a mulher escreveu: "a todos que estão aqui por causa do vídeo. cumpri meu DEVER como cidadã e entreguei à justiça eleitoral, que é o órgão competente para averiguar a questão".

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O TRE-PR foi procurado e informou, no final da manhã desta terça-feira, 4, que não havia recebido qualquer denúncia sobre o caso, que foi desmentido pelo serviço Gralha por ter chegado às redes sociais do Tribunal.

No próprio vídeo, a mulher afirma que entregaria o vídeo ao procurador eleitoral do Paraná e para "alguns candidatos". Ela não diz para quais candidatos mandou o vídeo, mas chega a dizer que, nos boletins encontrados, a maioria dos votos para presidente eram para Bolsonaro .

Circula nas redes sociais vídeo em que uma mulher relata ter encontrado nas ruas de Curitiba (PR) boletins de urna jogados no chão -- ela sugere que isso seria fraude eleitoral e diz suspeitar que aqueles votos não teriam sido computados. Isso é falso, porque os votos não são totalizados a partir dos boletins impressos pelas urnas eletrônicas, e sim a partir da leitura da mídia de resultado - uma espécie de pendrive inserido no equipamento de votação, que guarda as informações sobre as escolhas dos eleitores. Os dados mostrados por ela no boletim estão disponíveis no portal de resultados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O vídeo gravado para a rede social Kwai se espalhou por grupos de WhatsApp e foi enviado ao Estadão Verifica pelo número (11) 97683-7490. Nas imagens, a autora diz que saiu na capital paranaense junto com o marido por volta das 20h do último domingo, 2, antes do fim da apuração, e encontrou boletins de urna impressos e jogados no chão próximo a um ponto de ônibus. Em determinado momento, ela mostra de perto o documento que encontrou. Apesar da baixa resolução do vídeo, no papel é possível ler: "Zona Eleitoral 0175", "Seção Eleitoral 0164", "Eleitores Aptos 0380", "Comparecimento 307", "Eleitores faltosos 0073".

As informações batem com o que está registrado no portal de resultados do TSE. Naquela seção eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL) teve 152 votos; o ex-presidente Lula (PT) teve 115. São os mesmos dados ditos pelo casal no vídeo, o que prova que os votos "encontrados" por eles foram contabilizados. Bolsonaro venceu em Curitiba, com 55,26% dos votos. Lula teve 31,42%. O atual presidente obteve a maioria dos votos em todas as zonas eleitorais da capital paranaense.

 Foto: Estadão

Documento é impresso em várias vias

Em outro momento do vídeo, a mulher diz que aquele é um documento impresso em via única. Mas isso também é falso. Os boletins de urna encontrados pelo casal não são documentos impressos em via única. O serviço Gralha Confere, do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) desmentiu o conteúdo e explicou que, obrigatoriamente, ao final da votação, a urna eletrônica imprime cinco vias do boletim de urna - iguais aos que a dupla teria encontrado no chão. Outras cinco vias adicionais também podem ser impressas, se houver necessidade.

"Uma das vias impressas é afixada imediatamente no local de votação, visível a todas as pessoas, para que o resultado da urna se torne público e definitivo imediatamente após o encerramento da votação", diz o TRE-PR. "Duas outras vias são enviadas à Justiça Eleitoral. Elas ficam disponíveis para conferência por qualquer pessoa na sede de todos os cartórios eleitorais".

As outras cópias são entregues aos fiscais dos partidos políticos, à imprensa e ao Ministério Público. Para as eleições deste ano, o TSE orientou que os mesários e o presidente da seção eleitoral também levassem uma cópia impressa do boletim de urna para conferir com a imagem do mesmo boletim que é colocado na internet. Isto está previsto no inciso XVII do Artigo 107 da Resolução nº 23.669, de 14 de dezembro de 2021, que dispõe sobre os atos gerais do processo eleitoral de 2022.

Além disso, qualquer pessoa pode ter uma cópia digital do boletim de urna: com o app Boletim na Mão, do TSE, qualquer eleitor pode escanear o QR Code do boletim fixado na porta da seção e ter acesso ao documento com o resultado. Também é possível consultar essas informações no app Resultado, da Justiça Eleitoral, e no próprio site do TSE.

Apuração não é feita por cópias impressas do BU

A alegação da autora do vídeo de que o fato de ela ter encontrado boletins de urna jogado na rua significa que a contagem dos votos não é feita de maneira honesta também é falsa. Isso porque a contagem dos votos não é feita a partir das cópias impressas do BU, e sim a partir da leitura da mídia de resultado - uma espécie de pendrive inserido na urna que guarda as informações que constam no boletim de urna.

Essa mídia não é removida da urna antes da impressão dos resultados. "Depois de imprimir os Boletins de Urna, o presidente da seção eleitoral rompe o lacre da urna eletrônica e retira a mídia de resultado, para enviá-la ao cartório eleitoral da localidade junto com uma via do BU impresso. Lá no cartório, a mídia de resultado é acoplada num computador que tem os programas da eleição para ser lida, conferida e, então, ter os dados transmitidos para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília", explica o Tribunal.

Diferente de um pendrive comum, a mídia de resultado possui uma série de travas eletrônicas de segurança que impedem que ela seja lida por um computador normal. Elas asseguram que o dispositivo só seja lido por programas que foram desenvolvidos e lacrados exclusivamente para aquela eleição. "Se tentarem colocar a mídia de resultado em um computador comum para acessar os dados, eles não poderão ser alterados", completa o TSE.

Caso não foi denunciado à Justiça Eleitoral

O Estadão Verifica tentou localizar o vídeo viral na própria rede social onde ele foi postado. Entre os vídeos da usuária, contudo, o material não aparece mais disponível. Na descrição do perfil, a mulher escreveu: "a todos que estão aqui por causa do vídeo. cumpri meu DEVER como cidadã e entreguei à justiça eleitoral, que é o órgão competente para averiguar a questão".

O TRE-PR foi procurado e informou, no final da manhã desta terça-feira, 4, que não havia recebido qualquer denúncia sobre o caso, que foi desmentido pelo serviço Gralha por ter chegado às redes sociais do Tribunal.

No próprio vídeo, a mulher afirma que entregaria o vídeo ao procurador eleitoral do Paraná e para "alguns candidatos". Ela não diz para quais candidatos mandou o vídeo, mas chega a dizer que, nos boletins encontrados, a maioria dos votos para presidente eram para Bolsonaro .

Circula nas redes sociais vídeo em que uma mulher relata ter encontrado nas ruas de Curitiba (PR) boletins de urna jogados no chão -- ela sugere que isso seria fraude eleitoral e diz suspeitar que aqueles votos não teriam sido computados. Isso é falso, porque os votos não são totalizados a partir dos boletins impressos pelas urnas eletrônicas, e sim a partir da leitura da mídia de resultado - uma espécie de pendrive inserido no equipamento de votação, que guarda as informações sobre as escolhas dos eleitores. Os dados mostrados por ela no boletim estão disponíveis no portal de resultados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O vídeo gravado para a rede social Kwai se espalhou por grupos de WhatsApp e foi enviado ao Estadão Verifica pelo número (11) 97683-7490. Nas imagens, a autora diz que saiu na capital paranaense junto com o marido por volta das 20h do último domingo, 2, antes do fim da apuração, e encontrou boletins de urna impressos e jogados no chão próximo a um ponto de ônibus. Em determinado momento, ela mostra de perto o documento que encontrou. Apesar da baixa resolução do vídeo, no papel é possível ler: "Zona Eleitoral 0175", "Seção Eleitoral 0164", "Eleitores Aptos 0380", "Comparecimento 307", "Eleitores faltosos 0073".

As informações batem com o que está registrado no portal de resultados do TSE. Naquela seção eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL) teve 152 votos; o ex-presidente Lula (PT) teve 115. São os mesmos dados ditos pelo casal no vídeo, o que prova que os votos "encontrados" por eles foram contabilizados. Bolsonaro venceu em Curitiba, com 55,26% dos votos. Lula teve 31,42%. O atual presidente obteve a maioria dos votos em todas as zonas eleitorais da capital paranaense.

 Foto: Estadão

Documento é impresso em várias vias

Em outro momento do vídeo, a mulher diz que aquele é um documento impresso em via única. Mas isso também é falso. Os boletins de urna encontrados pelo casal não são documentos impressos em via única. O serviço Gralha Confere, do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) desmentiu o conteúdo e explicou que, obrigatoriamente, ao final da votação, a urna eletrônica imprime cinco vias do boletim de urna - iguais aos que a dupla teria encontrado no chão. Outras cinco vias adicionais também podem ser impressas, se houver necessidade.

"Uma das vias impressas é afixada imediatamente no local de votação, visível a todas as pessoas, para que o resultado da urna se torne público e definitivo imediatamente após o encerramento da votação", diz o TRE-PR. "Duas outras vias são enviadas à Justiça Eleitoral. Elas ficam disponíveis para conferência por qualquer pessoa na sede de todos os cartórios eleitorais".

As outras cópias são entregues aos fiscais dos partidos políticos, à imprensa e ao Ministério Público. Para as eleições deste ano, o TSE orientou que os mesários e o presidente da seção eleitoral também levassem uma cópia impressa do boletim de urna para conferir com a imagem do mesmo boletim que é colocado na internet. Isto está previsto no inciso XVII do Artigo 107 da Resolução nº 23.669, de 14 de dezembro de 2021, que dispõe sobre os atos gerais do processo eleitoral de 2022.

Além disso, qualquer pessoa pode ter uma cópia digital do boletim de urna: com o app Boletim na Mão, do TSE, qualquer eleitor pode escanear o QR Code do boletim fixado na porta da seção e ter acesso ao documento com o resultado. Também é possível consultar essas informações no app Resultado, da Justiça Eleitoral, e no próprio site do TSE.

Apuração não é feita por cópias impressas do BU

A alegação da autora do vídeo de que o fato de ela ter encontrado boletins de urna jogado na rua significa que a contagem dos votos não é feita de maneira honesta também é falsa. Isso porque a contagem dos votos não é feita a partir das cópias impressas do BU, e sim a partir da leitura da mídia de resultado - uma espécie de pendrive inserido na urna que guarda as informações que constam no boletim de urna.

Essa mídia não é removida da urna antes da impressão dos resultados. "Depois de imprimir os Boletins de Urna, o presidente da seção eleitoral rompe o lacre da urna eletrônica e retira a mídia de resultado, para enviá-la ao cartório eleitoral da localidade junto com uma via do BU impresso. Lá no cartório, a mídia de resultado é acoplada num computador que tem os programas da eleição para ser lida, conferida e, então, ter os dados transmitidos para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília", explica o Tribunal.

Diferente de um pendrive comum, a mídia de resultado possui uma série de travas eletrônicas de segurança que impedem que ela seja lida por um computador normal. Elas asseguram que o dispositivo só seja lido por programas que foram desenvolvidos e lacrados exclusivamente para aquela eleição. "Se tentarem colocar a mídia de resultado em um computador comum para acessar os dados, eles não poderão ser alterados", completa o TSE.

Caso não foi denunciado à Justiça Eleitoral

O Estadão Verifica tentou localizar o vídeo viral na própria rede social onde ele foi postado. Entre os vídeos da usuária, contudo, o material não aparece mais disponível. Na descrição do perfil, a mulher escreveu: "a todos que estão aqui por causa do vídeo. cumpri meu DEVER como cidadã e entreguei à justiça eleitoral, que é o órgão competente para averiguar a questão".

O TRE-PR foi procurado e informou, no final da manhã desta terça-feira, 4, que não havia recebido qualquer denúncia sobre o caso, que foi desmentido pelo serviço Gralha por ter chegado às redes sociais do Tribunal.

No próprio vídeo, a mulher afirma que entregaria o vídeo ao procurador eleitoral do Paraná e para "alguns candidatos". Ela não diz para quais candidatos mandou o vídeo, mas chega a dizer que, nos boletins encontrados, a maioria dos votos para presidente eram para Bolsonaro .

Circula nas redes sociais vídeo em que uma mulher relata ter encontrado nas ruas de Curitiba (PR) boletins de urna jogados no chão -- ela sugere que isso seria fraude eleitoral e diz suspeitar que aqueles votos não teriam sido computados. Isso é falso, porque os votos não são totalizados a partir dos boletins impressos pelas urnas eletrônicas, e sim a partir da leitura da mídia de resultado - uma espécie de pendrive inserido no equipamento de votação, que guarda as informações sobre as escolhas dos eleitores. Os dados mostrados por ela no boletim estão disponíveis no portal de resultados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O vídeo gravado para a rede social Kwai se espalhou por grupos de WhatsApp e foi enviado ao Estadão Verifica pelo número (11) 97683-7490. Nas imagens, a autora diz que saiu na capital paranaense junto com o marido por volta das 20h do último domingo, 2, antes do fim da apuração, e encontrou boletins de urna impressos e jogados no chão próximo a um ponto de ônibus. Em determinado momento, ela mostra de perto o documento que encontrou. Apesar da baixa resolução do vídeo, no papel é possível ler: "Zona Eleitoral 0175", "Seção Eleitoral 0164", "Eleitores Aptos 0380", "Comparecimento 307", "Eleitores faltosos 0073".

As informações batem com o que está registrado no portal de resultados do TSE. Naquela seção eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL) teve 152 votos; o ex-presidente Lula (PT) teve 115. São os mesmos dados ditos pelo casal no vídeo, o que prova que os votos "encontrados" por eles foram contabilizados. Bolsonaro venceu em Curitiba, com 55,26% dos votos. Lula teve 31,42%. O atual presidente obteve a maioria dos votos em todas as zonas eleitorais da capital paranaense.

 Foto: Estadão

Documento é impresso em várias vias

Em outro momento do vídeo, a mulher diz que aquele é um documento impresso em via única. Mas isso também é falso. Os boletins de urna encontrados pelo casal não são documentos impressos em via única. O serviço Gralha Confere, do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) desmentiu o conteúdo e explicou que, obrigatoriamente, ao final da votação, a urna eletrônica imprime cinco vias do boletim de urna - iguais aos que a dupla teria encontrado no chão. Outras cinco vias adicionais também podem ser impressas, se houver necessidade.

"Uma das vias impressas é afixada imediatamente no local de votação, visível a todas as pessoas, para que o resultado da urna se torne público e definitivo imediatamente após o encerramento da votação", diz o TRE-PR. "Duas outras vias são enviadas à Justiça Eleitoral. Elas ficam disponíveis para conferência por qualquer pessoa na sede de todos os cartórios eleitorais".

As outras cópias são entregues aos fiscais dos partidos políticos, à imprensa e ao Ministério Público. Para as eleições deste ano, o TSE orientou que os mesários e o presidente da seção eleitoral também levassem uma cópia impressa do boletim de urna para conferir com a imagem do mesmo boletim que é colocado na internet. Isto está previsto no inciso XVII do Artigo 107 da Resolução nº 23.669, de 14 de dezembro de 2021, que dispõe sobre os atos gerais do processo eleitoral de 2022.

Além disso, qualquer pessoa pode ter uma cópia digital do boletim de urna: com o app Boletim na Mão, do TSE, qualquer eleitor pode escanear o QR Code do boletim fixado na porta da seção e ter acesso ao documento com o resultado. Também é possível consultar essas informações no app Resultado, da Justiça Eleitoral, e no próprio site do TSE.

Apuração não é feita por cópias impressas do BU

A alegação da autora do vídeo de que o fato de ela ter encontrado boletins de urna jogado na rua significa que a contagem dos votos não é feita de maneira honesta também é falsa. Isso porque a contagem dos votos não é feita a partir das cópias impressas do BU, e sim a partir da leitura da mídia de resultado - uma espécie de pendrive inserido na urna que guarda as informações que constam no boletim de urna.

Essa mídia não é removida da urna antes da impressão dos resultados. "Depois de imprimir os Boletins de Urna, o presidente da seção eleitoral rompe o lacre da urna eletrônica e retira a mídia de resultado, para enviá-la ao cartório eleitoral da localidade junto com uma via do BU impresso. Lá no cartório, a mídia de resultado é acoplada num computador que tem os programas da eleição para ser lida, conferida e, então, ter os dados transmitidos para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília", explica o Tribunal.

Diferente de um pendrive comum, a mídia de resultado possui uma série de travas eletrônicas de segurança que impedem que ela seja lida por um computador normal. Elas asseguram que o dispositivo só seja lido por programas que foram desenvolvidos e lacrados exclusivamente para aquela eleição. "Se tentarem colocar a mídia de resultado em um computador comum para acessar os dados, eles não poderão ser alterados", completa o TSE.

Caso não foi denunciado à Justiça Eleitoral

O Estadão Verifica tentou localizar o vídeo viral na própria rede social onde ele foi postado. Entre os vídeos da usuária, contudo, o material não aparece mais disponível. Na descrição do perfil, a mulher escreveu: "a todos que estão aqui por causa do vídeo. cumpri meu DEVER como cidadã e entreguei à justiça eleitoral, que é o órgão competente para averiguar a questão".

O TRE-PR foi procurado e informou, no final da manhã desta terça-feira, 4, que não havia recebido qualquer denúncia sobre o caso, que foi desmentido pelo serviço Gralha por ter chegado às redes sociais do Tribunal.

No próprio vídeo, a mulher afirma que entregaria o vídeo ao procurador eleitoral do Paraná e para "alguns candidatos". Ela não diz para quais candidatos mandou o vídeo, mas chega a dizer que, nos boletins encontrados, a maioria dos votos para presidente eram para Bolsonaro .

Circula nas redes sociais vídeo em que uma mulher relata ter encontrado nas ruas de Curitiba (PR) boletins de urna jogados no chão -- ela sugere que isso seria fraude eleitoral e diz suspeitar que aqueles votos não teriam sido computados. Isso é falso, porque os votos não são totalizados a partir dos boletins impressos pelas urnas eletrônicas, e sim a partir da leitura da mídia de resultado - uma espécie de pendrive inserido no equipamento de votação, que guarda as informações sobre as escolhas dos eleitores. Os dados mostrados por ela no boletim estão disponíveis no portal de resultados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O vídeo gravado para a rede social Kwai se espalhou por grupos de WhatsApp e foi enviado ao Estadão Verifica pelo número (11) 97683-7490. Nas imagens, a autora diz que saiu na capital paranaense junto com o marido por volta das 20h do último domingo, 2, antes do fim da apuração, e encontrou boletins de urna impressos e jogados no chão próximo a um ponto de ônibus. Em determinado momento, ela mostra de perto o documento que encontrou. Apesar da baixa resolução do vídeo, no papel é possível ler: "Zona Eleitoral 0175", "Seção Eleitoral 0164", "Eleitores Aptos 0380", "Comparecimento 307", "Eleitores faltosos 0073".

As informações batem com o que está registrado no portal de resultados do TSE. Naquela seção eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL) teve 152 votos; o ex-presidente Lula (PT) teve 115. São os mesmos dados ditos pelo casal no vídeo, o que prova que os votos "encontrados" por eles foram contabilizados. Bolsonaro venceu em Curitiba, com 55,26% dos votos. Lula teve 31,42%. O atual presidente obteve a maioria dos votos em todas as zonas eleitorais da capital paranaense.

 Foto: Estadão

Documento é impresso em várias vias

Em outro momento do vídeo, a mulher diz que aquele é um documento impresso em via única. Mas isso também é falso. Os boletins de urna encontrados pelo casal não são documentos impressos em via única. O serviço Gralha Confere, do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) desmentiu o conteúdo e explicou que, obrigatoriamente, ao final da votação, a urna eletrônica imprime cinco vias do boletim de urna - iguais aos que a dupla teria encontrado no chão. Outras cinco vias adicionais também podem ser impressas, se houver necessidade.

"Uma das vias impressas é afixada imediatamente no local de votação, visível a todas as pessoas, para que o resultado da urna se torne público e definitivo imediatamente após o encerramento da votação", diz o TRE-PR. "Duas outras vias são enviadas à Justiça Eleitoral. Elas ficam disponíveis para conferência por qualquer pessoa na sede de todos os cartórios eleitorais".

As outras cópias são entregues aos fiscais dos partidos políticos, à imprensa e ao Ministério Público. Para as eleições deste ano, o TSE orientou que os mesários e o presidente da seção eleitoral também levassem uma cópia impressa do boletim de urna para conferir com a imagem do mesmo boletim que é colocado na internet. Isto está previsto no inciso XVII do Artigo 107 da Resolução nº 23.669, de 14 de dezembro de 2021, que dispõe sobre os atos gerais do processo eleitoral de 2022.

Além disso, qualquer pessoa pode ter uma cópia digital do boletim de urna: com o app Boletim na Mão, do TSE, qualquer eleitor pode escanear o QR Code do boletim fixado na porta da seção e ter acesso ao documento com o resultado. Também é possível consultar essas informações no app Resultado, da Justiça Eleitoral, e no próprio site do TSE.

Apuração não é feita por cópias impressas do BU

A alegação da autora do vídeo de que o fato de ela ter encontrado boletins de urna jogado na rua significa que a contagem dos votos não é feita de maneira honesta também é falsa. Isso porque a contagem dos votos não é feita a partir das cópias impressas do BU, e sim a partir da leitura da mídia de resultado - uma espécie de pendrive inserido na urna que guarda as informações que constam no boletim de urna.

Essa mídia não é removida da urna antes da impressão dos resultados. "Depois de imprimir os Boletins de Urna, o presidente da seção eleitoral rompe o lacre da urna eletrônica e retira a mídia de resultado, para enviá-la ao cartório eleitoral da localidade junto com uma via do BU impresso. Lá no cartório, a mídia de resultado é acoplada num computador que tem os programas da eleição para ser lida, conferida e, então, ter os dados transmitidos para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília", explica o Tribunal.

Diferente de um pendrive comum, a mídia de resultado possui uma série de travas eletrônicas de segurança que impedem que ela seja lida por um computador normal. Elas asseguram que o dispositivo só seja lido por programas que foram desenvolvidos e lacrados exclusivamente para aquela eleição. "Se tentarem colocar a mídia de resultado em um computador comum para acessar os dados, eles não poderão ser alterados", completa o TSE.

Caso não foi denunciado à Justiça Eleitoral

O Estadão Verifica tentou localizar o vídeo viral na própria rede social onde ele foi postado. Entre os vídeos da usuária, contudo, o material não aparece mais disponível. Na descrição do perfil, a mulher escreveu: "a todos que estão aqui por causa do vídeo. cumpri meu DEVER como cidadã e entreguei à justiça eleitoral, que é o órgão competente para averiguar a questão".

O TRE-PR foi procurado e informou, no final da manhã desta terça-feira, 4, que não havia recebido qualquer denúncia sobre o caso, que foi desmentido pelo serviço Gralha por ter chegado às redes sociais do Tribunal.

No próprio vídeo, a mulher afirma que entregaria o vídeo ao procurador eleitoral do Paraná e para "alguns candidatos". Ela não diz para quais candidatos mandou o vídeo, mas chega a dizer que, nos boletins encontrados, a maioria dos votos para presidente eram para Bolsonaro .

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