O Estadão Verifica ficou de olho no que disseram durante a última semana os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB).
Nesta semana, checamos alegações sobre centros olímpicos, CEUs, pesquisas eleitorais e votações por zonas eleitorais. Foram consideradas apenas afirmações factuais, como números, datas, comparações de grandeza e outras. Após a apuração, atribuímos as etiquetas “falso”, “enganoso”, “exagerado”, “subestimado”, “impreciso”, “falta contexto” e “verdadeiro”.
Clique em cada nome abaixo para ver a checagem.
Ricardo Nunes
Centros olímpicos
O que Nunes disse: em entrevista à rádio BandNews FM na segunda-feira, 7, disse que São Paulo tem um Centro Olímpico e ele está fazendo dois: o da Zona Norte, na Vila Maria, e o de Itaquera, na Zona Leste.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Os dois centros olímpicos citados por Nunes não estão sendo construídos do zero, e sim a partir da reforma de centros esportivos já existentes. O primeiro citado pelo candidato fica na Vila Maria, na Zona Norte, e se trata da reforma do Centro Esportivo Thomaz Mazzoni, anunciada em fevereiro deste ano. A entrega, no formato de Centro Olímpico, está prevista para abril do ano que vem. O segundo citado fica em Itaquera, da Zona Leste, e o que a prefeitura está fazendo é reformar o Centro Esportivo José Bonifácio. As obras começaram em julho de 2022 e a previsão era que a entrega ocorresse nos primeiros meses de 2024, o que não aconteceu. De fato, São Paulo tem um centro olímpico atualmente, o Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP), que fica no Ibirapuera.
Outro lado: a assessoria do candidato afirmou que os dois Centros Olímpicos com obras em andamento são equipamentos totalmente novos, que oferecem os serviços de preparação para atletas olímpicos em suas diversas modalidades.
Construção de CEUs
O que Nunes disse: também à rádio BandNews FM, disse que a Prefeitura de São Paulo está construindo 12 Centros Educacionais Unificados (CEUs) e que ele vai construir mais 10, chegando a 80 CEUs.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. A meta da prefeitura era implantar 12 novos CEUs até o final deste mandato, mas, segundo o site do Programa de Metas, mantido pela própria Prefeitura, a atual gestão é responsável por cinco CEUs, entre os que já foram entregues e os que ainda estão em obras. Eles ficam em Capela do Socorro, Cidade Ademar, Ermelino Matarazzo, Itaquera e Sapopemba.
Outro lado: a assessoria afirma que o Programa de Metas fala em viabilizar 12 novos CEUs e que isto está sendo feito em diferentes estágios.
Taxa de rejeição
O que Nunes disse: na mesma entrevista, disse que houve um alto índice de rejeição para os candidatos que foram muito agressivos. Mas ele, que tem uma postura ponderada, teve a menor rejeição.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso porque Nunes não teve a menor rejeição em pesquisas no primeiro turno. A pesquisa Datafolha divulgada em 5 de outubro, véspera do 1º turno, mostrou que Pablo Marçal (PRTB) tinha a maior rejeição (53%), seguido de José Luiz Datena (PSDB, 39%), Guilherme Boulos (PSOL, 38%), Nunes (25%), Tabata Amaral (PSB, 15%) e Marina Helena (Novo, 12%).
Outro levantamento recente sobre rejeição, divulgado em 4 de outubro pelo Paraná Pesquisas, também indicou Marçal com a maior rejeição (43,2%), seguido por Boulos (34,9%), Datena (21,8%), Tabata (9,5%), Nunes (9,2%) e Marina Helena (7,5%).
O primeiro levantamento para o segundo turno, divulgado nesta quinta, 10, pelo Paraná Pesquisas, aponta que Nunes tem menor rejeição na comparação com Boulos. Os índices são de 33,1% para o atual prefeito e 48,1% para o psolista.
Outro lado: a assessoria afirmou que “o primeiro turno já acabou, não há motivo para discutirmos rejeição divulgada nas vésperas da eleição”, acrescentando que se compara rejeição entre candidatos com grau de conhecimento similar pela população.
Guilherme Boulos (PSOL)
Vitórias na Zona Sul
O que Boulos disse: em entrevista à Jovem Pan nesta terça-feira, 8, afirmou que, na Zona Sul, Ricardo Nunes só venceu no Grajaú e em Parelheiros.
O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é falso. Como se percebe pelo mapa interativo no site do Estadão, Nunes não venceu apenas no Grajaú e em Parelheiros, mas também em outras 5 zonas eleitorais da região Sul (Saúde, Indianápolis, Cidade Ademar, Pedreira e Capela do Socorro), além de duas na região Centro-Sul (Jabaquara e Santo Amaro). Na região, Boulos venceu em Jardim São Luís, Campo Limpo, Capão Redondo, Valo Velho e Piraporinha, além de Vila Mariana (centro-sul).
Outro lado: a equipe do candidato não respondeu.
Eleição em Campo Limpo
O que Boulos disse: em entrevista à Jovem Pan, o psolista afirmou ter ganhado no bairro em que mora (Campo Limpo) com mais de 8% de votos em relação a Nunes e Pablo Marçal (PRTB).
O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é impreciso. De acordo com o mapa interativo do Estadão com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Boulos teve 34,87% dos votos na região, contra 28,36% de Pablo Marçal e 23,63% de Ricardo Nunes. Na comparação com Marçal, portanto, Boulos teve 6,51% de votos a mais.
Outro lado: a equipe do candidato não respondeu.
Votação em bairros centrais
O que Boulos disse: durante entrevista à rádio Bandeirantes nesta quarta-feira, 9, afirmou que concentrou a vitória em bairros periféricos e venceu em apenas três bairros centrais: Pinheiros, Perdizes e Bela Vista.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Boulos venceu em seis zonas eleitorais localizadas em regiões não periféricas: Morumbi (Zona Oeste), Pinheiros (Zona Oeste), Perdizes (Zona Oeste), Santa Ifigênia (Centro), Bela Vista (Centro) e Vila Mariana (Zona Centro-Sul). De acordo com o mapa interativo do Estadão, ele ganhou em 20 regiões, incluindo também: Perus, Jaraguá, Rio Pequeno, Campo Limpo, Capão Redondo, Valo Velho, Piraporinha, Jardim São Luís, São Mateus, Cidade Tiradentes, Conjunto José Bonifácio, Guaianazes, Itaim Paulista e Jardim Helena.
Outro lado: a equipe do candidato não respondeu.