Verifica nas eleições: veja checagens de entrevistas de Nunes e Boulos


Confira o que é verdadeiro ou falso no que disseram na última semana os candidatos à Prefeitura de São Paulo

Por Bernardo Costa, Clarissa Pacheco, Gabriel Belic, Luciana Marschall e Giovana Frioli
Atualização:

O Estadão Verifica ficou de olho no que disseram durante a última semana os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB).

Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), candidatos à Prefeitura de São Paulo, participam do primeiro debate do segundo turno da eleição municipal 2024 promovido pela Bandeirantes.  Foto: Taba Benedicto/Estadão
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Nesta semana, checamos alegações sobre o apagão elétrico na capital, corredores de ônibus, orçamento da Secretaria de Saúde, o programa Minha Casa Minha Vida e o efetivo da Guarda Municipal. Foram consideradas apenas afirmações factuais, como números, datas, comparações de grandeza e outras. Após a apuração, atribuímos as etiquetas “falso”, “enganoso”, “exagerado”, “subestimado”, “impreciso”, “falta contexto” e “verdadeiro”.

Clique em cada nome abaixo para ver a checagem.

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Ricardo Nunes errou sobre orçamento da Saúde, corredores de ônibus e penalização da Enel por apagão elétrico.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Ricardo Nunes (MDB)

Governo federal e Enel

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O que Nunes disse: em debate na Band na segunda-feira, 14, disse que não houve por parte do governo federal nenhuma ação em relação a Enel. Ele ainda afirmou que os prefeitos não têm poder porque a concessão, regulação e fiscalização é da gestão federal.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: falta contexto. A responsabilidade pela gestão e a supervisão do trabalho da Enel são compartilhadas por diferentes entes federativos. A Prefeitura de São Paulo e a concessionária de distribuição de energia da Capital devem realizar as ações preventivas, como podas de árvores, para evitar apagões. A Enel tem a função de fazer a poda nos casos em que há risco de contato dos cabos energizados e galhos. A administração municipal informa que há 6.081 pedidos de poda que necessitam da intervenção da concessionária, mas a Enel contestou o número e disse ao Estadão que existem 1,8 mil solicitações.

O contrato de concessão da Enel foi firmado com o governo federal até 2028. A fiscalização dos serviços é feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), uma autarquia ligada ao Ministério de Minas e Energia, mas não subordinada à pasta. O diretor-geral da agência federal é nomeado pelo presidente, em mandatos de quatro anos. O atual chefe é Sandoval Feitosa, indicado por Jair Bolsonaro (PL) em abril de 2022. Além disso, existe a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), uma autarquia vinculada ao governo estadual, que fiscaliza as concessionárias do Estado. As reguladoras federal e estadual podem aplicar penalizações às distribuidoras de energia, porém apenas a Aneel pode determinar uma quebra no contrato.

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Na segunda-feira, 14, o governo federal deu três dias para a Enel sanar os problemas no serviço de energia elétrica na área de concessão devido ao apagão em São Paulo na sexta-feira, 14. O Ministério de Minas e Energia também anunciou a abertura de um processo disciplinar contra a concessionária.

Outro lado: a assessoria afirmou que as contestações da administração frente ao que a Enel executou estão corretas e citou reportagem do g1 que noticia que a concessionária cumpriu menos de 1% das podas de árvores que se comprometeu a fazer ao longo do ano de 2024. O veículo utiliza os dados do sistema da Prefeitura.

Corredores de ônibus

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O que Nunes disse: também no debate, disse que prometeu no plano de metas viabilizar 40 km de corredores de ônibus, mas já chegou a 72 km. Ele cita obras nas avenidas Amador Bueno da Veiga, Imirim, Itapecerica, Interlagos e Raimundo Pereira de Magalhães, além de obras do BRT Radial Leste e Pirituba-Lapa.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Apenas 6,8 km de novos corredores de ônibus foram iniciados até agosto, de acordo com o site do Programa de Metas. A SPTrans confirmou ao Verifica que entregou um trecho de 4,1 km do corredor Itaquera-Líder e que está construindo 2,7 km de corredor na Avenida Celso Garcia. Isso totaliza 6,8 km.

Outra meta da Prefeitura era viabilizar a implantação de corredores BRT na Avenida Aricanduva e na Radial Leste, mas as obras só começaram na Radial. Segundo o site Diário do Transporte, a previsão de entrega é em fevereiro de 2026. A SPTrans informou que o processo licitatório para a contratação das obras do BRT Aricanduva está em andamento.

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Alguns dos trechos citados por Nunes no debate não são novos, mas sim reformas de corredores já existentes: 5 km da Avenida Amador Bueno da Veiga; 4,6 km da Avenida Imirim; 3,5 km da Avenida Itapecerica; e 9,1 km da Avenida Interlagos.

A prefeitura de fato está construindo o complexo viário Pirituba-Lapa, que prevê faixa exclusiva de ônibus, e uma nova faixa de 1,5 km na Avenida Raimundo Pereira de Magalhães.

Conforme a SPTrans, atualmente a cidade tem 590,4 km de faixas exclusivas e 135,3 km de corredores.

Outro lado: a assessoria da campanha afirma que Nunes viabilizou 74 km de corredores, somando 34,3 km de corredores com mais 26,1 km no BRT Radial e 13,6 km no BRT Aricanduva. Acrescenta que o prefeito viabilizou, também, outros 32 km de requalificação de corredores, sendo 22,1 km com obras em andamento e 1,2 km entregue.

Orçamento da Saúde

O que Nunes disse: no mesmo debate, disse que o orçamento para a Saúde na cidade de São Paulo era de R$ 10 bilhões, e que ele elevou o valor para R$ 21 bilhões.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. A campanha do candidato disse que ele se referia ao ano de 2020, último da gestão de Bruno Covas, quando falou sobre os R$ 10 bilhões. Naquele ano, o orçamento do Fundo Municipal de Saúde foi de R$ 9,8 bilhões, como consta na Lei Orçamentária Anual (LOA) aprovada para o ano de 2020. Para 2024, o valor é de R$ 17,8 bilhões, não de R$ 21 bilhões.

Guilherme Boulos errou sobre apagão elétrico, efetivo da Guarda Municipal e o programa Minha Casa, Minha Vida.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Guilherme Boulos (PSOL)

Minha Casa, Minha Vida

O que Boulos disse: em entrevista ao SP2 na terça-feira, 15, disse que, como deputado federal, foi vice-presidente da comissão do novo programa Minha Casa Minha Vida e colocou a população em situação de rua como uma das prioridades.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é enganoso. A priorização de pessoas em situação de rua já constava no texto da Medida Provisória enviada pelo Executivo ao Congresso em fevereiro de 2023. A comissão mista para analisar a MP foi instaurada dois meses depois, em abril de 2023. Boulos foi designado relator da MP. Dois dias depois, em negociação com o União Brasil, ele deixou a relatoria e passou a ser vice-presidente da comissão. A Lei nº 14.620, que instituiu o novo Programa Minha Casa Minha Vida, foi sancionada em 13 de julho de 2023.

Outro lado: a equipe do candidato não respondeu.

Furacão Milton

O que Boulos disse: em debate da Band na segunda-feira, 14, disse que a tempestade da semana passada deixou mais gente sem luz em São Paulo do que na Flórida, com o furacão Milton.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: falta contexto. O comparativo foi divulgado por veículos de imprensa. No entanto, o número de clientes sem luz em São Paulo (1,45 milhão na tarde de sábado, segundo boletim da Enel) engloba não apenas a Capital, mas outras cidades paulistas, como Taboão da Serra, Cotia, São Bernardo do Campo, Santo André e Diadema. No mesmo período, havia 1,35 milhão de residências sem luz na Flórida. Procurada, a Enel confirmou que o número do boletim se refere à área de concessão, que engloba 24 cidades da Grande São Paulo.

Na quinta-feira, 17, a Enel revisou para 3,1 milhões o número de residências afetadas pelo apagão elétrico em toda a região metropolitana de São Paulo.

Outro lado: a equipe do candidato não respondeu.

Efetivo da Guarda

O que Boulos disse: em entrevista à TV Brasil na terça-feira, 15, afirmou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) de São Paulo tem 7.400 agentes. A guarda do Rio de Janeiro, com metade da população da Capital, tem um número maior.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O candidato acerta o número aproximado de guardas da GCM de São Paulo, que hoje conta com 7.337 agentes. No entanto, esse número é maior que a quantidade de agentes da Guarda Municipal do Rio (GM-Rio). Em março deste ano, a GM-Rio afirmou que contava com 7.202 guardas municipais. Em 4 de outubro, a prefeitura do Rio de Janeiro informou ao Verifica que o efetivo de guardas atualmente é de 7.095, com cerca de 200 funcionários a mais na área administrativa.

Outro lado: a assessoria do candidato afirmou que ele se refere à “desproporção do volume de guardas para atender à população nas duas cidades”.

O Estadão Verifica ficou de olho no que disseram durante a última semana os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB).

Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), candidatos à Prefeitura de São Paulo, participam do primeiro debate do segundo turno da eleição municipal 2024 promovido pela Bandeirantes.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Nesta semana, checamos alegações sobre o apagão elétrico na capital, corredores de ônibus, orçamento da Secretaria de Saúde, o programa Minha Casa Minha Vida e o efetivo da Guarda Municipal. Foram consideradas apenas afirmações factuais, como números, datas, comparações de grandeza e outras. Após a apuração, atribuímos as etiquetas “falso”, “enganoso”, “exagerado”, “subestimado”, “impreciso”, “falta contexto” e “verdadeiro”.

Clique em cada nome abaixo para ver a checagem.

Ricardo Nunes errou sobre orçamento da Saúde, corredores de ônibus e penalização da Enel por apagão elétrico.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Ricardo Nunes (MDB)

Governo federal e Enel

O que Nunes disse: em debate na Band na segunda-feira, 14, disse que não houve por parte do governo federal nenhuma ação em relação a Enel. Ele ainda afirmou que os prefeitos não têm poder porque a concessão, regulação e fiscalização é da gestão federal.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: falta contexto. A responsabilidade pela gestão e a supervisão do trabalho da Enel são compartilhadas por diferentes entes federativos. A Prefeitura de São Paulo e a concessionária de distribuição de energia da Capital devem realizar as ações preventivas, como podas de árvores, para evitar apagões. A Enel tem a função de fazer a poda nos casos em que há risco de contato dos cabos energizados e galhos. A administração municipal informa que há 6.081 pedidos de poda que necessitam da intervenção da concessionária, mas a Enel contestou o número e disse ao Estadão que existem 1,8 mil solicitações.

O contrato de concessão da Enel foi firmado com o governo federal até 2028. A fiscalização dos serviços é feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), uma autarquia ligada ao Ministério de Minas e Energia, mas não subordinada à pasta. O diretor-geral da agência federal é nomeado pelo presidente, em mandatos de quatro anos. O atual chefe é Sandoval Feitosa, indicado por Jair Bolsonaro (PL) em abril de 2022. Além disso, existe a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), uma autarquia vinculada ao governo estadual, que fiscaliza as concessionárias do Estado. As reguladoras federal e estadual podem aplicar penalizações às distribuidoras de energia, porém apenas a Aneel pode determinar uma quebra no contrato.

Na segunda-feira, 14, o governo federal deu três dias para a Enel sanar os problemas no serviço de energia elétrica na área de concessão devido ao apagão em São Paulo na sexta-feira, 14. O Ministério de Minas e Energia também anunciou a abertura de um processo disciplinar contra a concessionária.

Outro lado: a assessoria afirmou que as contestações da administração frente ao que a Enel executou estão corretas e citou reportagem do g1 que noticia que a concessionária cumpriu menos de 1% das podas de árvores que se comprometeu a fazer ao longo do ano de 2024. O veículo utiliza os dados do sistema da Prefeitura.

Corredores de ônibus

O que Nunes disse: também no debate, disse que prometeu no plano de metas viabilizar 40 km de corredores de ônibus, mas já chegou a 72 km. Ele cita obras nas avenidas Amador Bueno da Veiga, Imirim, Itapecerica, Interlagos e Raimundo Pereira de Magalhães, além de obras do BRT Radial Leste e Pirituba-Lapa.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Apenas 6,8 km de novos corredores de ônibus foram iniciados até agosto, de acordo com o site do Programa de Metas. A SPTrans confirmou ao Verifica que entregou um trecho de 4,1 km do corredor Itaquera-Líder e que está construindo 2,7 km de corredor na Avenida Celso Garcia. Isso totaliza 6,8 km.

Outra meta da Prefeitura era viabilizar a implantação de corredores BRT na Avenida Aricanduva e na Radial Leste, mas as obras só começaram na Radial. Segundo o site Diário do Transporte, a previsão de entrega é em fevereiro de 2026. A SPTrans informou que o processo licitatório para a contratação das obras do BRT Aricanduva está em andamento.

Alguns dos trechos citados por Nunes no debate não são novos, mas sim reformas de corredores já existentes: 5 km da Avenida Amador Bueno da Veiga; 4,6 km da Avenida Imirim; 3,5 km da Avenida Itapecerica; e 9,1 km da Avenida Interlagos.

A prefeitura de fato está construindo o complexo viário Pirituba-Lapa, que prevê faixa exclusiva de ônibus, e uma nova faixa de 1,5 km na Avenida Raimundo Pereira de Magalhães.

Conforme a SPTrans, atualmente a cidade tem 590,4 km de faixas exclusivas e 135,3 km de corredores.

Outro lado: a assessoria da campanha afirma que Nunes viabilizou 74 km de corredores, somando 34,3 km de corredores com mais 26,1 km no BRT Radial e 13,6 km no BRT Aricanduva. Acrescenta que o prefeito viabilizou, também, outros 32 km de requalificação de corredores, sendo 22,1 km com obras em andamento e 1,2 km entregue.

Orçamento da Saúde

O que Nunes disse: no mesmo debate, disse que o orçamento para a Saúde na cidade de São Paulo era de R$ 10 bilhões, e que ele elevou o valor para R$ 21 bilhões.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. A campanha do candidato disse que ele se referia ao ano de 2020, último da gestão de Bruno Covas, quando falou sobre os R$ 10 bilhões. Naquele ano, o orçamento do Fundo Municipal de Saúde foi de R$ 9,8 bilhões, como consta na Lei Orçamentária Anual (LOA) aprovada para o ano de 2020. Para 2024, o valor é de R$ 17,8 bilhões, não de R$ 21 bilhões.

Guilherme Boulos errou sobre apagão elétrico, efetivo da Guarda Municipal e o programa Minha Casa, Minha Vida.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Guilherme Boulos (PSOL)

Minha Casa, Minha Vida

O que Boulos disse: em entrevista ao SP2 na terça-feira, 15, disse que, como deputado federal, foi vice-presidente da comissão do novo programa Minha Casa Minha Vida e colocou a população em situação de rua como uma das prioridades.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é enganoso. A priorização de pessoas em situação de rua já constava no texto da Medida Provisória enviada pelo Executivo ao Congresso em fevereiro de 2023. A comissão mista para analisar a MP foi instaurada dois meses depois, em abril de 2023. Boulos foi designado relator da MP. Dois dias depois, em negociação com o União Brasil, ele deixou a relatoria e passou a ser vice-presidente da comissão. A Lei nº 14.620, que instituiu o novo Programa Minha Casa Minha Vida, foi sancionada em 13 de julho de 2023.

Outro lado: a equipe do candidato não respondeu.

Furacão Milton

O que Boulos disse: em debate da Band na segunda-feira, 14, disse que a tempestade da semana passada deixou mais gente sem luz em São Paulo do que na Flórida, com o furacão Milton.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: falta contexto. O comparativo foi divulgado por veículos de imprensa. No entanto, o número de clientes sem luz em São Paulo (1,45 milhão na tarde de sábado, segundo boletim da Enel) engloba não apenas a Capital, mas outras cidades paulistas, como Taboão da Serra, Cotia, São Bernardo do Campo, Santo André e Diadema. No mesmo período, havia 1,35 milhão de residências sem luz na Flórida. Procurada, a Enel confirmou que o número do boletim se refere à área de concessão, que engloba 24 cidades da Grande São Paulo.

Na quinta-feira, 17, a Enel revisou para 3,1 milhões o número de residências afetadas pelo apagão elétrico em toda a região metropolitana de São Paulo.

Outro lado: a equipe do candidato não respondeu.

Efetivo da Guarda

O que Boulos disse: em entrevista à TV Brasil na terça-feira, 15, afirmou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) de São Paulo tem 7.400 agentes. A guarda do Rio de Janeiro, com metade da população da Capital, tem um número maior.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O candidato acerta o número aproximado de guardas da GCM de São Paulo, que hoje conta com 7.337 agentes. No entanto, esse número é maior que a quantidade de agentes da Guarda Municipal do Rio (GM-Rio). Em março deste ano, a GM-Rio afirmou que contava com 7.202 guardas municipais. Em 4 de outubro, a prefeitura do Rio de Janeiro informou ao Verifica que o efetivo de guardas atualmente é de 7.095, com cerca de 200 funcionários a mais na área administrativa.

Outro lado: a assessoria do candidato afirmou que ele se refere à “desproporção do volume de guardas para atender à população nas duas cidades”.

O Estadão Verifica ficou de olho no que disseram durante a última semana os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB).

Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), candidatos à Prefeitura de São Paulo, participam do primeiro debate do segundo turno da eleição municipal 2024 promovido pela Bandeirantes.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Nesta semana, checamos alegações sobre o apagão elétrico na capital, corredores de ônibus, orçamento da Secretaria de Saúde, o programa Minha Casa Minha Vida e o efetivo da Guarda Municipal. Foram consideradas apenas afirmações factuais, como números, datas, comparações de grandeza e outras. Após a apuração, atribuímos as etiquetas “falso”, “enganoso”, “exagerado”, “subestimado”, “impreciso”, “falta contexto” e “verdadeiro”.

Clique em cada nome abaixo para ver a checagem.

Ricardo Nunes errou sobre orçamento da Saúde, corredores de ônibus e penalização da Enel por apagão elétrico.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Ricardo Nunes (MDB)

Governo federal e Enel

O que Nunes disse: em debate na Band na segunda-feira, 14, disse que não houve por parte do governo federal nenhuma ação em relação a Enel. Ele ainda afirmou que os prefeitos não têm poder porque a concessão, regulação e fiscalização é da gestão federal.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: falta contexto. A responsabilidade pela gestão e a supervisão do trabalho da Enel são compartilhadas por diferentes entes federativos. A Prefeitura de São Paulo e a concessionária de distribuição de energia da Capital devem realizar as ações preventivas, como podas de árvores, para evitar apagões. A Enel tem a função de fazer a poda nos casos em que há risco de contato dos cabos energizados e galhos. A administração municipal informa que há 6.081 pedidos de poda que necessitam da intervenção da concessionária, mas a Enel contestou o número e disse ao Estadão que existem 1,8 mil solicitações.

O contrato de concessão da Enel foi firmado com o governo federal até 2028. A fiscalização dos serviços é feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), uma autarquia ligada ao Ministério de Minas e Energia, mas não subordinada à pasta. O diretor-geral da agência federal é nomeado pelo presidente, em mandatos de quatro anos. O atual chefe é Sandoval Feitosa, indicado por Jair Bolsonaro (PL) em abril de 2022. Além disso, existe a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), uma autarquia vinculada ao governo estadual, que fiscaliza as concessionárias do Estado. As reguladoras federal e estadual podem aplicar penalizações às distribuidoras de energia, porém apenas a Aneel pode determinar uma quebra no contrato.

Na segunda-feira, 14, o governo federal deu três dias para a Enel sanar os problemas no serviço de energia elétrica na área de concessão devido ao apagão em São Paulo na sexta-feira, 14. O Ministério de Minas e Energia também anunciou a abertura de um processo disciplinar contra a concessionária.

Outro lado: a assessoria afirmou que as contestações da administração frente ao que a Enel executou estão corretas e citou reportagem do g1 que noticia que a concessionária cumpriu menos de 1% das podas de árvores que se comprometeu a fazer ao longo do ano de 2024. O veículo utiliza os dados do sistema da Prefeitura.

Corredores de ônibus

O que Nunes disse: também no debate, disse que prometeu no plano de metas viabilizar 40 km de corredores de ônibus, mas já chegou a 72 km. Ele cita obras nas avenidas Amador Bueno da Veiga, Imirim, Itapecerica, Interlagos e Raimundo Pereira de Magalhães, além de obras do BRT Radial Leste e Pirituba-Lapa.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Apenas 6,8 km de novos corredores de ônibus foram iniciados até agosto, de acordo com o site do Programa de Metas. A SPTrans confirmou ao Verifica que entregou um trecho de 4,1 km do corredor Itaquera-Líder e que está construindo 2,7 km de corredor na Avenida Celso Garcia. Isso totaliza 6,8 km.

Outra meta da Prefeitura era viabilizar a implantação de corredores BRT na Avenida Aricanduva e na Radial Leste, mas as obras só começaram na Radial. Segundo o site Diário do Transporte, a previsão de entrega é em fevereiro de 2026. A SPTrans informou que o processo licitatório para a contratação das obras do BRT Aricanduva está em andamento.

Alguns dos trechos citados por Nunes no debate não são novos, mas sim reformas de corredores já existentes: 5 km da Avenida Amador Bueno da Veiga; 4,6 km da Avenida Imirim; 3,5 km da Avenida Itapecerica; e 9,1 km da Avenida Interlagos.

A prefeitura de fato está construindo o complexo viário Pirituba-Lapa, que prevê faixa exclusiva de ônibus, e uma nova faixa de 1,5 km na Avenida Raimundo Pereira de Magalhães.

Conforme a SPTrans, atualmente a cidade tem 590,4 km de faixas exclusivas e 135,3 km de corredores.

Outro lado: a assessoria da campanha afirma que Nunes viabilizou 74 km de corredores, somando 34,3 km de corredores com mais 26,1 km no BRT Radial e 13,6 km no BRT Aricanduva. Acrescenta que o prefeito viabilizou, também, outros 32 km de requalificação de corredores, sendo 22,1 km com obras em andamento e 1,2 km entregue.

Orçamento da Saúde

O que Nunes disse: no mesmo debate, disse que o orçamento para a Saúde na cidade de São Paulo era de R$ 10 bilhões, e que ele elevou o valor para R$ 21 bilhões.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. A campanha do candidato disse que ele se referia ao ano de 2020, último da gestão de Bruno Covas, quando falou sobre os R$ 10 bilhões. Naquele ano, o orçamento do Fundo Municipal de Saúde foi de R$ 9,8 bilhões, como consta na Lei Orçamentária Anual (LOA) aprovada para o ano de 2020. Para 2024, o valor é de R$ 17,8 bilhões, não de R$ 21 bilhões.

Guilherme Boulos errou sobre apagão elétrico, efetivo da Guarda Municipal e o programa Minha Casa, Minha Vida.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Guilherme Boulos (PSOL)

Minha Casa, Minha Vida

O que Boulos disse: em entrevista ao SP2 na terça-feira, 15, disse que, como deputado federal, foi vice-presidente da comissão do novo programa Minha Casa Minha Vida e colocou a população em situação de rua como uma das prioridades.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é enganoso. A priorização de pessoas em situação de rua já constava no texto da Medida Provisória enviada pelo Executivo ao Congresso em fevereiro de 2023. A comissão mista para analisar a MP foi instaurada dois meses depois, em abril de 2023. Boulos foi designado relator da MP. Dois dias depois, em negociação com o União Brasil, ele deixou a relatoria e passou a ser vice-presidente da comissão. A Lei nº 14.620, que instituiu o novo Programa Minha Casa Minha Vida, foi sancionada em 13 de julho de 2023.

Outro lado: a equipe do candidato não respondeu.

Furacão Milton

O que Boulos disse: em debate da Band na segunda-feira, 14, disse que a tempestade da semana passada deixou mais gente sem luz em São Paulo do que na Flórida, com o furacão Milton.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: falta contexto. O comparativo foi divulgado por veículos de imprensa. No entanto, o número de clientes sem luz em São Paulo (1,45 milhão na tarde de sábado, segundo boletim da Enel) engloba não apenas a Capital, mas outras cidades paulistas, como Taboão da Serra, Cotia, São Bernardo do Campo, Santo André e Diadema. No mesmo período, havia 1,35 milhão de residências sem luz na Flórida. Procurada, a Enel confirmou que o número do boletim se refere à área de concessão, que engloba 24 cidades da Grande São Paulo.

Na quinta-feira, 17, a Enel revisou para 3,1 milhões o número de residências afetadas pelo apagão elétrico em toda a região metropolitana de São Paulo.

Outro lado: a equipe do candidato não respondeu.

Efetivo da Guarda

O que Boulos disse: em entrevista à TV Brasil na terça-feira, 15, afirmou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) de São Paulo tem 7.400 agentes. A guarda do Rio de Janeiro, com metade da população da Capital, tem um número maior.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O candidato acerta o número aproximado de guardas da GCM de São Paulo, que hoje conta com 7.337 agentes. No entanto, esse número é maior que a quantidade de agentes da Guarda Municipal do Rio (GM-Rio). Em março deste ano, a GM-Rio afirmou que contava com 7.202 guardas municipais. Em 4 de outubro, a prefeitura do Rio de Janeiro informou ao Verifica que o efetivo de guardas atualmente é de 7.095, com cerca de 200 funcionários a mais na área administrativa.

Outro lado: a assessoria do candidato afirmou que ele se refere à “desproporção do volume de guardas para atender à população nas duas cidades”.

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