O que estão compartilhando: que um depoente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos afirmou que foi o Partido dos Trabalhadores (PT) quem mandou abrir a Esplanada dos Ministérios a manifestantes no dia 8 de janeiro.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Publicações nas redes sociais distorcem depoimento do coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, ex-comandante do 1º Comando de Policiamento Regional (1º CPR) da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), à CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do DF. Para espalhar desinformação e associar os ataques golpistas ao governo federal, postagens afirmam que “tudo foi armado a mando do PT”. Em seu depoimento, Casimiro não fez nenhuma menção ao PT.
Saiba mais: No dia 5 de junho, o coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues – que chefiava o 1º Comando de Policiamento Regional da PMDF no dia 8 de janeiro – prestou depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Indagado pelo presidente da CPI, Chico Vigilante (PT), Casimiro afirmou que a ordem de abrir a Esplanada dos Ministérios a manifestantes antes do 8 de Janeiro veio do coronel Paulo José Ferreira de Sousa, que estava à frente do Departamento de Operações (DOP) da PMDF no dia dos ataques golpistas.
“Esse foi um ajuste feio pelo comando da corporação. Eu recebi essa orientação via Departamento Operacional”, afirmou. Em sequência, questionado por Vigilante, Casimiro disse que a ordem partiu do coronel Paulo José. “Foi um ajuste feito em reunião da Secretaria de Segurança. Inclusive, me parece, não tenho certeza, que houve uma reunião no sábado, que eu não participei”, disse.
Paulo José Ferreira de Sousa estava cobrindo a folga do coronel Jorge Eduardo Naime Barreto. No dia 7 de fevereiro, Barreto foi preso preventivamente na quinta fase da Operação Lesa Pátria, por suspeita de omissão nos ataques aos Três Poderes. À época, a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou a quebra do sigilo das comunicações de Barreto e de Paulo José.
Peças desinformativas têm acusado o governo federal de organizar as invasões ao Planalto no dia 8 de janeiro por meio de “infiltrados”. Como mostrou um levantamento feito pelo Estadão Verifica, ao menos 15 membros da CPMI já espalharam fake news sobre supostos infiltrados em atos golpistas.
O Estadão Verifica já desmentiu, por exemplo, que o repórter fotográfico Adriano Machado, da agência de notícias Reuters, fosse um infiltrado no dia dos ataques e que uma mulher presa por invasões seja petista. Também não é verdade que horário em relógio destruído no Planalto prove ação de supostos infiltrados e que Janja Lula da Silva tenha fretado um ônibus para petistas vandalizarem Brasília.
Como lidar com postagens do tipo: Os ataques golpistas do dia 8 de janeiro ainda são alvo de investigação. Se houvesse qualquer tipo de prova em relação ao envolvimento do PT ou do presidente da República nos atos antidemocráticos, a imprensa certamente estaria destacando esse tipo de informação, o que não é o caso.