Vídeo engana ao divulgar déficit primário de janeiro a julho de 2023 como se fosse recente


Publicação antiga usa dados do ano passado fora de contexto; resultado foi o terceiro pior da série histórica

Por Clarissa Pacheco

O que estão compartilhando: que a Globo foi “obrigada a noticiar que o Brasil está falindo” e que o País registrou o maior rombo da história.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. A postagem mostra um trecho do Jornal Hoje, da TV Globo, de 31 de agosto de 2023, que noticia déficit primário de R$ 56,1 bilhões. Os dados se referiam ao resultado das contas do setor público nos sete primeiros meses do ano passado, e não de agora. Os dados de janeiro a julho deste ano ainda não foram divulgados. Além disso, não é verdade que 2023 tenha registrado o “maior rombo” da história. Em valores corrigidos pela inflação, 2020 e 2017 registraram resultados piores no período de janeiro a julho.

 Foto: Reprodução/WhatsApp
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Saiba mais: Não é a primeira vez que resultados parciais das contas públicas do Brasil são usadas como se indicassem que o país está “falindo”. Em abril de 2023, o Verifica desmentiu que o governo federal tivesse causado um rombo de R$ 232,5 bilhões em três meses. Na época, aquela era a previsão de déficit para o ano inteiro.

O que é o déficit mostrado no vídeo

O déficit de R$ 56,1 bilhões registrado até aquele momento de 2023 estava dentro do previsto, segundo o que foi aprovado pelo Congresso em dezembro de 2022 para o Orçamento do ano seguinte. O Senado chegou a votar uma versão do Orçamento com déficit anual de R$ 231,5 bilhões, mas no final o valor ficou em R$ 228,1 bilhões. O governo esperava que o déficit ficasse abaixo disso, em torno de 1% do PIB, ou pouco mais de R$ 107 bilhões. Ao final do ano, chegou a R$ 230,5 bilhões.

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O valor de R$ 56,1 bilhões é o total da Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) acumulada em 2023 até o mês de julho. De acordo com o Banco Central, esse é o valor consolidado do endividamento líquido do setor público não financeiro e do Banco Central junto ao setor privado (títulos públicos), ao setor financeiro e ao resto do mundo. “É o conceito mais amplo de dívida, pois inclui os governos federal, estaduais e municipais, o Banco Central do Brasil, a Previdência Social e as empresas estatais”, explica o glossário da entidade.

Em 31 de agosto de 2023, o Banco Central divulgou os valores consolidados e mostrou que as contas do setor público primário tinham registrado um déficit acumulado até julho daquele ano de R$ 56,1 bilhões. Antes, mensalmente, o governo tinha registrado superávit primário de R$ 99 bilhões em janeiro, déficit de R$ 26,5 bilhões em fevereiro, déficit de R$ 14,2 bilhões em março, superávit de R$ 20,3 bilhões em abril, e déficits de R$ 50,2 bilhões, R$ 48,9 bilhões e R$ 35,8 bilhões em maio, junho e julho, respectivamente.

Déficit acumulado não é o maior da história

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O Banco Central possui dados completos da dívida do setor público desde o ano 2000, e o resultado de janeiro a julho de 2023 não é o maior rombo da história. O pior resultado é o de 2020, durante a pandemia, quando o rombo nas contas públicas chegou a R$ 483,8 bilhões em julho daquele ano, em valores nominais. No consolidado do ano inteiro, 2020 também foi o pior momento das contas públicas: déficit de R$ 703 bilhões, também em valores não corrigidos.

O resultado acumulado de janeiro a julho de 2023 é o terceiro pior da série histórica, considerando valores corrigidos pela inflação. Nos sete primeiros meses do ano, o Brasil sempre teve resultados superavitários, o que começou a mudar em 2016. A partir desse ano, os valores de déficit foram os seguintes (atualizados pelo IPCA): R$ 52 bilhões (2016), R$ 70,7 bilhões (2017), R$ 23,5 bilhões (2018), R$ 10,8 bilhões (2019), R$ 605,7 bilhões (2020) e R$ 17,8 bilhões (2021). Não foram divulgados os dados para 2022.

O que estão compartilhando: que a Globo foi “obrigada a noticiar que o Brasil está falindo” e que o País registrou o maior rombo da história.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. A postagem mostra um trecho do Jornal Hoje, da TV Globo, de 31 de agosto de 2023, que noticia déficit primário de R$ 56,1 bilhões. Os dados se referiam ao resultado das contas do setor público nos sete primeiros meses do ano passado, e não de agora. Os dados de janeiro a julho deste ano ainda não foram divulgados. Além disso, não é verdade que 2023 tenha registrado o “maior rombo” da história. Em valores corrigidos pela inflação, 2020 e 2017 registraram resultados piores no período de janeiro a julho.

 Foto: Reprodução/WhatsApp

Saiba mais: Não é a primeira vez que resultados parciais das contas públicas do Brasil são usadas como se indicassem que o país está “falindo”. Em abril de 2023, o Verifica desmentiu que o governo federal tivesse causado um rombo de R$ 232,5 bilhões em três meses. Na época, aquela era a previsão de déficit para o ano inteiro.

O que é o déficit mostrado no vídeo

O déficit de R$ 56,1 bilhões registrado até aquele momento de 2023 estava dentro do previsto, segundo o que foi aprovado pelo Congresso em dezembro de 2022 para o Orçamento do ano seguinte. O Senado chegou a votar uma versão do Orçamento com déficit anual de R$ 231,5 bilhões, mas no final o valor ficou em R$ 228,1 bilhões. O governo esperava que o déficit ficasse abaixo disso, em torno de 1% do PIB, ou pouco mais de R$ 107 bilhões. Ao final do ano, chegou a R$ 230,5 bilhões.

O valor de R$ 56,1 bilhões é o total da Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) acumulada em 2023 até o mês de julho. De acordo com o Banco Central, esse é o valor consolidado do endividamento líquido do setor público não financeiro e do Banco Central junto ao setor privado (títulos públicos), ao setor financeiro e ao resto do mundo. “É o conceito mais amplo de dívida, pois inclui os governos federal, estaduais e municipais, o Banco Central do Brasil, a Previdência Social e as empresas estatais”, explica o glossário da entidade.

Em 31 de agosto de 2023, o Banco Central divulgou os valores consolidados e mostrou que as contas do setor público primário tinham registrado um déficit acumulado até julho daquele ano de R$ 56,1 bilhões. Antes, mensalmente, o governo tinha registrado superávit primário de R$ 99 bilhões em janeiro, déficit de R$ 26,5 bilhões em fevereiro, déficit de R$ 14,2 bilhões em março, superávit de R$ 20,3 bilhões em abril, e déficits de R$ 50,2 bilhões, R$ 48,9 bilhões e R$ 35,8 bilhões em maio, junho e julho, respectivamente.

Déficit acumulado não é o maior da história

O Banco Central possui dados completos da dívida do setor público desde o ano 2000, e o resultado de janeiro a julho de 2023 não é o maior rombo da história. O pior resultado é o de 2020, durante a pandemia, quando o rombo nas contas públicas chegou a R$ 483,8 bilhões em julho daquele ano, em valores nominais. No consolidado do ano inteiro, 2020 também foi o pior momento das contas públicas: déficit de R$ 703 bilhões, também em valores não corrigidos.

O resultado acumulado de janeiro a julho de 2023 é o terceiro pior da série histórica, considerando valores corrigidos pela inflação. Nos sete primeiros meses do ano, o Brasil sempre teve resultados superavitários, o que começou a mudar em 2016. A partir desse ano, os valores de déficit foram os seguintes (atualizados pelo IPCA): R$ 52 bilhões (2016), R$ 70,7 bilhões (2017), R$ 23,5 bilhões (2018), R$ 10,8 bilhões (2019), R$ 605,7 bilhões (2020) e R$ 17,8 bilhões (2021). Não foram divulgados os dados para 2022.

O que estão compartilhando: que a Globo foi “obrigada a noticiar que o Brasil está falindo” e que o País registrou o maior rombo da história.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. A postagem mostra um trecho do Jornal Hoje, da TV Globo, de 31 de agosto de 2023, que noticia déficit primário de R$ 56,1 bilhões. Os dados se referiam ao resultado das contas do setor público nos sete primeiros meses do ano passado, e não de agora. Os dados de janeiro a julho deste ano ainda não foram divulgados. Além disso, não é verdade que 2023 tenha registrado o “maior rombo” da história. Em valores corrigidos pela inflação, 2020 e 2017 registraram resultados piores no período de janeiro a julho.

 Foto: Reprodução/WhatsApp

Saiba mais: Não é a primeira vez que resultados parciais das contas públicas do Brasil são usadas como se indicassem que o país está “falindo”. Em abril de 2023, o Verifica desmentiu que o governo federal tivesse causado um rombo de R$ 232,5 bilhões em três meses. Na época, aquela era a previsão de déficit para o ano inteiro.

O que é o déficit mostrado no vídeo

O déficit de R$ 56,1 bilhões registrado até aquele momento de 2023 estava dentro do previsto, segundo o que foi aprovado pelo Congresso em dezembro de 2022 para o Orçamento do ano seguinte. O Senado chegou a votar uma versão do Orçamento com déficit anual de R$ 231,5 bilhões, mas no final o valor ficou em R$ 228,1 bilhões. O governo esperava que o déficit ficasse abaixo disso, em torno de 1% do PIB, ou pouco mais de R$ 107 bilhões. Ao final do ano, chegou a R$ 230,5 bilhões.

O valor de R$ 56,1 bilhões é o total da Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) acumulada em 2023 até o mês de julho. De acordo com o Banco Central, esse é o valor consolidado do endividamento líquido do setor público não financeiro e do Banco Central junto ao setor privado (títulos públicos), ao setor financeiro e ao resto do mundo. “É o conceito mais amplo de dívida, pois inclui os governos federal, estaduais e municipais, o Banco Central do Brasil, a Previdência Social e as empresas estatais”, explica o glossário da entidade.

Em 31 de agosto de 2023, o Banco Central divulgou os valores consolidados e mostrou que as contas do setor público primário tinham registrado um déficit acumulado até julho daquele ano de R$ 56,1 bilhões. Antes, mensalmente, o governo tinha registrado superávit primário de R$ 99 bilhões em janeiro, déficit de R$ 26,5 bilhões em fevereiro, déficit de R$ 14,2 bilhões em março, superávit de R$ 20,3 bilhões em abril, e déficits de R$ 50,2 bilhões, R$ 48,9 bilhões e R$ 35,8 bilhões em maio, junho e julho, respectivamente.

Déficit acumulado não é o maior da história

O Banco Central possui dados completos da dívida do setor público desde o ano 2000, e o resultado de janeiro a julho de 2023 não é o maior rombo da história. O pior resultado é o de 2020, durante a pandemia, quando o rombo nas contas públicas chegou a R$ 483,8 bilhões em julho daquele ano, em valores nominais. No consolidado do ano inteiro, 2020 também foi o pior momento das contas públicas: déficit de R$ 703 bilhões, também em valores não corrigidos.

O resultado acumulado de janeiro a julho de 2023 é o terceiro pior da série histórica, considerando valores corrigidos pela inflação. Nos sete primeiros meses do ano, o Brasil sempre teve resultados superavitários, o que começou a mudar em 2016. A partir desse ano, os valores de déficit foram os seguintes (atualizados pelo IPCA): R$ 52 bilhões (2016), R$ 70,7 bilhões (2017), R$ 23,5 bilhões (2018), R$ 10,8 bilhões (2019), R$ 605,7 bilhões (2020) e R$ 17,8 bilhões (2021). Não foram divulgados os dados para 2022.

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