O que estão compartilhando: vídeo mostra o desfile de um grande aparato militar, com destaque para lançadores de mísseis e foguetes. Uma frase sobre as imagens afirma que esse seria o arsenal de Israel, que será usado para atacar o Irã.
O Estadão Verifica checou e concluiu que: é falso. Na verdade, são cenas de uma parada militar realizada na Coreia do Norte em outubro de 2020. O áudio acrescentado ao vídeo não tem relação com as imagens: é um trecho do programa Balanço Geral, da TV Record, sobre o ataque do Hamas em Israel que matou mais de 1,2 mil pessoas em outubro de 2023.
Saiba mais: Grandes eventos militares são recorrentes no regime do ditador norte-coreano Kim Jong-un para demonstrar força à população e a supostos inimigos. Na ocasião mostrada no vídeo, o desfile promovido em Pyongyang, capital do país, destacou no arsenal bélico mísseis balísticos intercontinentais de grande porte. As imagens do desfile usadas no conteúdo falso são encontradas em canais de YouTube (aqui, aqui e aqui).
O conjunto analisado desinforma também ao acrescentar o áudio do programa Balanço Geral. A narração foi tirada de contexto para relacionar as imagens ao ataque terrorista do grupo Hamas contra Israel, em 7 de outubro de 2023, e às operações militares israelenses ainda em curso na Faixa de Gaza.
A tensão que a guerra entre Israel e Hamas lança sobre o Oriente Médio exibe uma importante escalada com o recente envolvimento do Irã, país que apoia e dá suporte às operações do grupo extremista. Alegando represália contra o ataque que matou importantes comandantes militares iranianos na Síria, em 1° de abril, o Irã lançou sobre Israel, em 13 de abril, cerca de 300 projéteis, entre mísseis e drones. O revide não provocou mortes nem maiores danos, em razão do sistema de defesa aéreo israelense, reforçado pela ajuda de países como Estados Unidos e Jordânia.
No dia 16 de abril, foi a vez de Israel responder, mas o ataque com drones ao território iraniano também não teve maiores consequências além de acirrar os ânimos na geopolítica da região. Desde então, a desinformação nas redes sociais ganha corpo com conteúdos que anunciam um iminente conflito em larga escala no Oriente Médio e até mesmo o começo da III Guerra Mundial. Israel e Irã seriam os protagonistas, com possível participação de potências militares como EUA e China aliadas a lados opostos.
Este tipo de material que circula nas redes sociais costuma usar imagens fora de contexto, como as relacionadas aos confrontos entre Israel e Hamas e até mesmo à guerra entre Ucrânia e Rússia. Também circulam vídeos sem relação alguma com operações militares. Por exemplo, uma grande explosão em um mercado de fogos de artifício no México, em 2016, tem sido ilustrada como o suposto resultado de um ataque israelense ao Irã.
Como lidar com postagens do tipo: A tensão entre Israel e Irã é alvo da atenção da imprensa mundial. E também é um conteúdo atrativo para a disseminação de boatos, teorias da conspiração e distorções que descontextualizam eventos factuais. Qualquer movimentação militar de lado a lado deverá ganhar imediata repercussão em importantes veículos jornalísticos de diferentes países. Antes de acreditar e compartilhar este tipo de conteúdo, procure informações em fontes confiáveis da imprensa. É possível ainda fazer a busca reversa de imagens para encontrar o contexto de vídeos e fotos publicados.
O Estadão Verifica já desmentiu diferentes postagens referentes ao tema. Leia mais abaixo.
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