O que estão compartilhando: que o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, negou ter imposto uma “ditadura sanitária” durante a pandemia de covid-19 em discurso após a vitória de Donald Trump.
O Estadão Verifica checou e concluiu que: é enganoso porque a declaração de Tedros é de fevereiro deste ano, meses antes da eleição de Trump nos Estados Unidos. O discurso foi feito na Cúpula Mundial de Governos, quando o diretor-geral comentou sobre um “acordo pandêmico” para que o mundo se prepare para enfrentar novas pandemias. Em sua fala, ele negou mentiras de que a OMS estaria violando a soberania das nações, com imposição de lockdowns ou obrigatoriedade de vacinas e máscaras. De fato, a entidade apenas publicou recomendações durante a pandemia — não houve imposição de medidas médicas.
Saiba mais: Um trecho de discurso do diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, foi retirado de contexto para sugerir que a eleição de Trump nos Estados Unidos gerou uma mudança de postura da instituição. Porém, as declarações foram feitas em fevereiro deste ano, meses antes da vitória do novo presidente norte-americano.
A publicação compartilha um trecho do discurso do diretor na Cúpula Mundial de Governos em 12 de fevereiro de 2024. Na ocasião, ele disse que o mundo está “despreparado” para uma nova emergência internacional e que seria necessário um acordo internacional para preparação e resposta à pandemias. Segundo Tedros, o conjunto de compromissos serve para fortalecer o trabalho de saúde, cuidados, acesso à vacina e compartilhamento de informações e tecnologia. Em seu discurso, ele criticou desinformação sobre as ações da OMS.
O diretor-geral afirmou que a organização não pretende ameaçar a soberania dos países. “Não podemos permitir que este acordo histórico, este marco na saúde mundial, seja sabotado por aqueles que espalham mentiras, deliberadamente ou inconscientemente. Deixe-me ser claro: a OMS não impôs nada a ninguém durante a pandemia de covid-19. Nem lockdowns, nem obrigatoriedade de máscaras, nem obrigatoriedade de vacinas. Não temos o poder de fazer isso, não queremos e não estamos tentando conseguir”, disse Tedros.
Diferentemente do que sugere a publicação analisada, a OMS não aplicou uma “ditadura sanitária” porque não possui interferência política nas ações de saúde dos países. A função do órgão é direcionar o trabalho internacional por meio de parcerias com instituições e autoridades das nações. Durante a pandemia de covid-19, a organização publicou orientações para prevenir, controlar, diagnosticar e tratar a doença.
Os comunicados reforçam que os países-membros da OMS enfrentavam cenários diferentes frente à emergência sanitária. Como publicou o Verifica, em relação ao lockdown, por exemplo, a organização de saúde reconhecia a importância da medida para frear a transmissão do coronavírus, mas frisava que as ações têm “impacto negativo profundo” nos indivíduos e comunidades. A recomendação era de que os países utilizassem a intervenção “baseadas na situação de cada local”.
Como lidar com posts do tipo: Desde a eleição de Trump, publicações nas redes sociais exageram sobre a influência do novo presidente dos Estados Unidos na política internacional. Antes de acreditar, faça pesquisas em veículos profissionais da imprensa. O Verifica checou que Houthis não anunciaram cessar-fogo com Israel após vitória de Trump nos EUA.