O que estão compartilhando: que Donald Trump Jr. alertou para uma Terceira Guerra Mundial imediata e que a Rússia atacou a Ucrânia com mísseis intercontinentais, capazes de carregar ogivas nucleares para qualquer lugar do planeta.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. No último dia 17 de novembro, o filho mais velho de Donald Trump, o empresário Donald Trump Jr., escreveu no X que o Complexo Industrial-Militar dos Estados Unidos parecia querer ter certeza de que a Terceira Guerra Mundial começaria antes que Trump tomasse posse.
O post foi uma resposta à notícia de que os EUA autorizaram, pela primeira vez, que a Ucrânia usasse mísseis de longo alcance fornecidos pelo país para ataques dentro do território russo. Na mesma semana, o presidente russo, Vladimir Putin, assinou uma revisão da doutrina nuclear russa que amplia as circunstâncias nas quais a Rússia pode lançar um ataque atômico contra a Ucrânia e a Otan.
Já em relação aos mísseis utilizados pela Rússia contra a Ucrânia na última semana, há discursos conflitantes. Segundo a Ucrânia, os russos utilizaram mísseis intercontinentais para atingir a cidade de Dnipro. A Rússia, por sua vez, diz ter usado mísseis hipersônicos de médio alcance, sem ogivas nucleares. Os mísseis intercontinentais podem alcançar alvos a mais de 5,5 mil quilômetros de distância.
Saiba mais: Vídeos publicados em diferentes contas no Instagram obtiveram mais de 5 mil curtidas e citam informações verdadeiras, mas omitem o contexto de algumas delas e exageram outras.
O que disse Donald Trump Jr.?
O autor de um dos vídeos diz fazer um “alerta máximo para o apocalipse” e completa dizendo que o filho mais velho de Trump, Donald Trump Jr., denunciou uma conspiração para uma guerra global imediata. “Trump Jr. afirma que complexo militar está prestes a desencadear uma guerra global antes da posse do seu pai, marcada para daqui a dois meses”, diz.
O empresário realmente falou sobre o assunto, mas em um comentário opinativo, em tom de crítica ao atual governo norte-americano. Ele repostou uma publicação no X sobre os Estados Unidos terem autorizado, pela primeira vez, que a Ucrânia utilizasse mísseis de longo alcance fornecidos pelo país para ataques no território russo.
Trump Jr. escreveu no X: “O Complexo Industrial-Militar parece querer ter certeza de que a Terceira Guerra Mundial começará antes que meu pai tenha a chance de criar a paz e salvar vidas”.
A autorização ocorreu no mesmo dia do post, 17 de novembro. No dia 19, a Ucrânia atacou a Rússia. Os EUA já tinham fornecido mísseis à Ucrânia antes, mas para serem usados como defesa aos ataques russos, dentro do próprio território.
Como a Rússia reagiu?
Outra alegação nos posts checados é que um conselheiro de Vladimir Putin declarou que armas nucleares poderão ser usadas antes do fim do ano e que os britânicos não irão comemorar o Natal, já que passarão a data preocupados com suas famílias. Não foram encontradas declarações com este teor.
No dia 19 de novembro, Putin publicou um novo decreto atualizando a doutrina nuclear da Rússia e reduzindo o nível de exigências para que a Rússia utilize seu arsenal nuclear contra a Ucrânia e contra membros da Otan. Segundo o presidente Russo. Dmitri Medvedev, vice-chefe do Conselho de Segurança da Rússia, disse que qualquer ataque da Ucrânia com mísseis da Otan ao território russo “poderia ser classificado como um ataque dos países do bloco à Rússia”.
Questionado se a doutrina foi atualizada em resposta à autorização de Joe Biden para o uso dos mísseis pela Ucrânia, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que o documento foi publicado “em tempo hábil” e que Putin instruiu o governo a atualizá-lo no início deste ano para que estivesse “de acordo com a situação atual”, como mostrou o Estadão.
No Rio de Janeiro, durante o G-20, o chanceler russo Sergei Lavrov defendeu a ameaça da Rússia de usar armas nucleares na Ucrânia.
Mísseis usados pela Rússia poderiam atingir qualquer lugar do planeta?
Há controvérsias. No dia 21 de novembro, a Rússia fez um bombardeio aéreo à cidade de Dnipro, no centro da Ucrânia, que tem quase 1 milhão de habitantes. O governo da Ucrânia acusou o país vizinho de usar mísseis intercontinentais com ogivas nucleares, mas países ocidentais não confirmaram a informação e a Rússia deu outra versão.
Segundo o Kremlin, o ataque foi feito com um novo míssil hipersônico de médio alcance, sem ogivas nucleares, chamado de Oreshnik. Segundo Putin, o novo sistema foi testado em combate. Ele teria capacidade de atingir velocidades de 2 a 3 quilômetros por segundo. O Oreshnik não se enquadraria na categoria de mísseis intercontinentais, mas poderia alcançar a costa oeste dos Estados Unidos, se disparado do extremo-oeste da Rússia.