É falso que estudo tenha concluído que respiradores mataram maioria dos pacientes de covid-19


Pesquisa norte-americana foi mal interpretada; análise compilou casos de pacientes que já estavam gravemente doentes por pneumonia ou pela infecção com coronavírus

Por Gabriela Meireles
Atualização:

O que estão compartilhando: texto diz que a pneumonia bacteriana causada por respiradores em hospitais foi responsável por uma taxa de mortalidade mais alta do que a própria infecção por covid-19. Essa teria sido a conclusão de um estudo realizado por médicos pneumologistas norte-americanos.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Procurado pelo Estadão Verifica, um dos autores do estudo, Benjamin D. Singer, confirma que a pesquisa foi mal interpretada no texto que circula nas redes sociais.

Os autores, da Northwestern University, analisaram casos de pessoas que já estavam criticamente doentes com covid ou pneumonia e posteriormente foram intubadas. Singer explica que, embora a pneumonia causada pelos respiradores – chamada de pneumonia secundária – possa ter contribuído para agravar ainda mais o quadro dos pacientes, a causa principal da morte foi a infecção pelo coronavírus ou a pneumonia primária – que já havia sido diagnosticada antes do uso dos respiradores.

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Para explicar melhor a pesquisa, Singer faz uma analogia. “Se, após um acidente automobilístico, um paciente morrer durante uma cirurgia para tratar uma hemorragia, não concluiremos que a cirurgia foi a causa da morte; mas sim, que o trauma causado pelo acidente foi a causa da morte”, disse. “Consequentemente, foi a pneumonia primária e a covid-19 a causa de morte nos pacientes que morreram durante o nosso estudo”.

“É fundamental notar que todos os pacientes do nosso estudo estavam gravemente doentes devido à insuficiência respiratória e teriam morrido se não recebessem suporte de vida por meio de um ventilador mecânico”, esclareceu o médico.

Foto ilustrativa de respiradores.  Foto: Wilton Júnior/Estadão
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Saiba mais: O estudo da Northwestern University acompanhou o uso da ventilação mecânica em 585 pacientes na unidade de terapia intensiva (UTI) do Northwestern Memorial Hospital com pneumonia grave e insuficiência respiratória. Entre eles, 190 tinham covid-19. Na conclusão, os pesquisadores destacaram a importância de prevenir, identificar e tratar ativamente a pneumonia bacteriana secundária em pacientes hospitalizados que já apresentavam quadros críticos de covid.

Diante desses números, o diretor da Divisão de Pneumologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (InCor - HCFMUSP), Carlos Carvalho, chama atenção para o fato de que assumir uma verdade definitiva a partir de um dado isolado é muito perigoso.

“O estudo citado na reportagem é passível de críticas pois avaliou um número relativamente pequeno de pacientes (centenas) e quer generalizar o resultado para uma condição que, infelizmente, matou milhões de pessoas”, opinou.

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Carvalho enfatiza que as melhores UTIs têm protocolos que visam a redução do risco de desenvolvimento de pneumonia associada à ventilação mecânica. Inclusive, essas diretrizes são importantes indicativos da qualidade das Unidades. “Assim, a amostra apresentada pode representar uma situação local (regional) de onde os dados dos pacientes foram coletados, não permitindo uma generalização para todos os casos da doença”, concluiu.

Mas afinal, para que servem os respiradores?

De acordo com o diretor da Divisão de Pneumologia, os respiradores ou ventiladores mecânicos são equipamentos capazes de substituir os pulmões, em casos de insuficiência respiratória.

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Carvalho explica que, como os pulmões são o alvo preferencial do coronavírus, uma complicação frequente e grave da doença é a perda da capacidade de realizar as trocas de oxigênio e gás carbônico. Isso gera um quadro clínico de falta de ar e queda de oxigenação sanguínea. “Esta última pode gerar risco de morte para o indivíduo”, completou. “Os ventiladores mecânicos, dessa forma, são utilizados para substituir, temporariamente, os pulmões inflamados, insuficientes”.

Os respiradores por si só não são causadores de pneumonias

O médico explica que a utilização de respiradores ocorre em condições nas quais algumas defesas naturais do nosso sistema respiratório são ultrapassadas. Por exemplo, a intubação orotraqueal (que vai da boca até a traquéia), vence barreiras mecânicas importantes na prevenção de que agentes infecciosos entrem nas vias respiratórias mais profundas.

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Outro exemplo é a diminuição da tosse, por causa dos sedativos necessários durante a ventilação mecânica. Carvalho lembra que esse reflexo é um dos principais mecanismos de defesa das vias aéreas, por ajudar a eliminar secreções e muco dos bronquíolos, brônquios e traqueia.

”Quando o paciente fica intubado por períodos longos, principalmente acima de cinco dias, existe um risco aumentado de que bactérias que estão na orofaringe (garganta) possam ‘escorrer’ para dentro dos brônquios e atingir os alvéolos, causando uma reação inflamatória chamada pneumonia”, explica.

Diante dessa possibilidade, Carvalho reforça que médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e toda equipe assistencial presente nas UTIs estão treinados para reduzir o risco de desenvolvimento dessa inflamação nos pacientes.

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O boato que “respiradores mataram a maioria dos pacientes com covid-19″ também já foi desmentida pelo Aos Fatos

O que estão compartilhando: texto diz que a pneumonia bacteriana causada por respiradores em hospitais foi responsável por uma taxa de mortalidade mais alta do que a própria infecção por covid-19. Essa teria sido a conclusão de um estudo realizado por médicos pneumologistas norte-americanos.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Procurado pelo Estadão Verifica, um dos autores do estudo, Benjamin D. Singer, confirma que a pesquisa foi mal interpretada no texto que circula nas redes sociais.

Os autores, da Northwestern University, analisaram casos de pessoas que já estavam criticamente doentes com covid ou pneumonia e posteriormente foram intubadas. Singer explica que, embora a pneumonia causada pelos respiradores – chamada de pneumonia secundária – possa ter contribuído para agravar ainda mais o quadro dos pacientes, a causa principal da morte foi a infecção pelo coronavírus ou a pneumonia primária – que já havia sido diagnosticada antes do uso dos respiradores.

Para explicar melhor a pesquisa, Singer faz uma analogia. “Se, após um acidente automobilístico, um paciente morrer durante uma cirurgia para tratar uma hemorragia, não concluiremos que a cirurgia foi a causa da morte; mas sim, que o trauma causado pelo acidente foi a causa da morte”, disse. “Consequentemente, foi a pneumonia primária e a covid-19 a causa de morte nos pacientes que morreram durante o nosso estudo”.

“É fundamental notar que todos os pacientes do nosso estudo estavam gravemente doentes devido à insuficiência respiratória e teriam morrido se não recebessem suporte de vida por meio de um ventilador mecânico”, esclareceu o médico.

Foto ilustrativa de respiradores.  Foto: Wilton Júnior/Estadão

Saiba mais: O estudo da Northwestern University acompanhou o uso da ventilação mecânica em 585 pacientes na unidade de terapia intensiva (UTI) do Northwestern Memorial Hospital com pneumonia grave e insuficiência respiratória. Entre eles, 190 tinham covid-19. Na conclusão, os pesquisadores destacaram a importância de prevenir, identificar e tratar ativamente a pneumonia bacteriana secundária em pacientes hospitalizados que já apresentavam quadros críticos de covid.

Diante desses números, o diretor da Divisão de Pneumologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (InCor - HCFMUSP), Carlos Carvalho, chama atenção para o fato de que assumir uma verdade definitiva a partir de um dado isolado é muito perigoso.

“O estudo citado na reportagem é passível de críticas pois avaliou um número relativamente pequeno de pacientes (centenas) e quer generalizar o resultado para uma condição que, infelizmente, matou milhões de pessoas”, opinou.

Carvalho enfatiza que as melhores UTIs têm protocolos que visam a redução do risco de desenvolvimento de pneumonia associada à ventilação mecânica. Inclusive, essas diretrizes são importantes indicativos da qualidade das Unidades. “Assim, a amostra apresentada pode representar uma situação local (regional) de onde os dados dos pacientes foram coletados, não permitindo uma generalização para todos os casos da doença”, concluiu.

Mas afinal, para que servem os respiradores?

De acordo com o diretor da Divisão de Pneumologia, os respiradores ou ventiladores mecânicos são equipamentos capazes de substituir os pulmões, em casos de insuficiência respiratória.

Carvalho explica que, como os pulmões são o alvo preferencial do coronavírus, uma complicação frequente e grave da doença é a perda da capacidade de realizar as trocas de oxigênio e gás carbônico. Isso gera um quadro clínico de falta de ar e queda de oxigenação sanguínea. “Esta última pode gerar risco de morte para o indivíduo”, completou. “Os ventiladores mecânicos, dessa forma, são utilizados para substituir, temporariamente, os pulmões inflamados, insuficientes”.

Os respiradores por si só não são causadores de pneumonias

O médico explica que a utilização de respiradores ocorre em condições nas quais algumas defesas naturais do nosso sistema respiratório são ultrapassadas. Por exemplo, a intubação orotraqueal (que vai da boca até a traquéia), vence barreiras mecânicas importantes na prevenção de que agentes infecciosos entrem nas vias respiratórias mais profundas.

Outro exemplo é a diminuição da tosse, por causa dos sedativos necessários durante a ventilação mecânica. Carvalho lembra que esse reflexo é um dos principais mecanismos de defesa das vias aéreas, por ajudar a eliminar secreções e muco dos bronquíolos, brônquios e traqueia.

”Quando o paciente fica intubado por períodos longos, principalmente acima de cinco dias, existe um risco aumentado de que bactérias que estão na orofaringe (garganta) possam ‘escorrer’ para dentro dos brônquios e atingir os alvéolos, causando uma reação inflamatória chamada pneumonia”, explica.

Diante dessa possibilidade, Carvalho reforça que médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e toda equipe assistencial presente nas UTIs estão treinados para reduzir o risco de desenvolvimento dessa inflamação nos pacientes.

O boato que “respiradores mataram a maioria dos pacientes com covid-19″ também já foi desmentida pelo Aos Fatos

O que estão compartilhando: texto diz que a pneumonia bacteriana causada por respiradores em hospitais foi responsável por uma taxa de mortalidade mais alta do que a própria infecção por covid-19. Essa teria sido a conclusão de um estudo realizado por médicos pneumologistas norte-americanos.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Procurado pelo Estadão Verifica, um dos autores do estudo, Benjamin D. Singer, confirma que a pesquisa foi mal interpretada no texto que circula nas redes sociais.

Os autores, da Northwestern University, analisaram casos de pessoas que já estavam criticamente doentes com covid ou pneumonia e posteriormente foram intubadas. Singer explica que, embora a pneumonia causada pelos respiradores – chamada de pneumonia secundária – possa ter contribuído para agravar ainda mais o quadro dos pacientes, a causa principal da morte foi a infecção pelo coronavírus ou a pneumonia primária – que já havia sido diagnosticada antes do uso dos respiradores.

Para explicar melhor a pesquisa, Singer faz uma analogia. “Se, após um acidente automobilístico, um paciente morrer durante uma cirurgia para tratar uma hemorragia, não concluiremos que a cirurgia foi a causa da morte; mas sim, que o trauma causado pelo acidente foi a causa da morte”, disse. “Consequentemente, foi a pneumonia primária e a covid-19 a causa de morte nos pacientes que morreram durante o nosso estudo”.

“É fundamental notar que todos os pacientes do nosso estudo estavam gravemente doentes devido à insuficiência respiratória e teriam morrido se não recebessem suporte de vida por meio de um ventilador mecânico”, esclareceu o médico.

Foto ilustrativa de respiradores.  Foto: Wilton Júnior/Estadão

Saiba mais: O estudo da Northwestern University acompanhou o uso da ventilação mecânica em 585 pacientes na unidade de terapia intensiva (UTI) do Northwestern Memorial Hospital com pneumonia grave e insuficiência respiratória. Entre eles, 190 tinham covid-19. Na conclusão, os pesquisadores destacaram a importância de prevenir, identificar e tratar ativamente a pneumonia bacteriana secundária em pacientes hospitalizados que já apresentavam quadros críticos de covid.

Diante desses números, o diretor da Divisão de Pneumologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (InCor - HCFMUSP), Carlos Carvalho, chama atenção para o fato de que assumir uma verdade definitiva a partir de um dado isolado é muito perigoso.

“O estudo citado na reportagem é passível de críticas pois avaliou um número relativamente pequeno de pacientes (centenas) e quer generalizar o resultado para uma condição que, infelizmente, matou milhões de pessoas”, opinou.

Carvalho enfatiza que as melhores UTIs têm protocolos que visam a redução do risco de desenvolvimento de pneumonia associada à ventilação mecânica. Inclusive, essas diretrizes são importantes indicativos da qualidade das Unidades. “Assim, a amostra apresentada pode representar uma situação local (regional) de onde os dados dos pacientes foram coletados, não permitindo uma generalização para todos os casos da doença”, concluiu.

Mas afinal, para que servem os respiradores?

De acordo com o diretor da Divisão de Pneumologia, os respiradores ou ventiladores mecânicos são equipamentos capazes de substituir os pulmões, em casos de insuficiência respiratória.

Carvalho explica que, como os pulmões são o alvo preferencial do coronavírus, uma complicação frequente e grave da doença é a perda da capacidade de realizar as trocas de oxigênio e gás carbônico. Isso gera um quadro clínico de falta de ar e queda de oxigenação sanguínea. “Esta última pode gerar risco de morte para o indivíduo”, completou. “Os ventiladores mecânicos, dessa forma, são utilizados para substituir, temporariamente, os pulmões inflamados, insuficientes”.

Os respiradores por si só não são causadores de pneumonias

O médico explica que a utilização de respiradores ocorre em condições nas quais algumas defesas naturais do nosso sistema respiratório são ultrapassadas. Por exemplo, a intubação orotraqueal (que vai da boca até a traquéia), vence barreiras mecânicas importantes na prevenção de que agentes infecciosos entrem nas vias respiratórias mais profundas.

Outro exemplo é a diminuição da tosse, por causa dos sedativos necessários durante a ventilação mecânica. Carvalho lembra que esse reflexo é um dos principais mecanismos de defesa das vias aéreas, por ajudar a eliminar secreções e muco dos bronquíolos, brônquios e traqueia.

”Quando o paciente fica intubado por períodos longos, principalmente acima de cinco dias, existe um risco aumentado de que bactérias que estão na orofaringe (garganta) possam ‘escorrer’ para dentro dos brônquios e atingir os alvéolos, causando uma reação inflamatória chamada pneumonia”, explica.

Diante dessa possibilidade, Carvalho reforça que médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e toda equipe assistencial presente nas UTIs estão treinados para reduzir o risco de desenvolvimento dessa inflamação nos pacientes.

O boato que “respiradores mataram a maioria dos pacientes com covid-19″ também já foi desmentida pelo Aos Fatos

O que estão compartilhando: texto diz que a pneumonia bacteriana causada por respiradores em hospitais foi responsável por uma taxa de mortalidade mais alta do que a própria infecção por covid-19. Essa teria sido a conclusão de um estudo realizado por médicos pneumologistas norte-americanos.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Procurado pelo Estadão Verifica, um dos autores do estudo, Benjamin D. Singer, confirma que a pesquisa foi mal interpretada no texto que circula nas redes sociais.

Os autores, da Northwestern University, analisaram casos de pessoas que já estavam criticamente doentes com covid ou pneumonia e posteriormente foram intubadas. Singer explica que, embora a pneumonia causada pelos respiradores – chamada de pneumonia secundária – possa ter contribuído para agravar ainda mais o quadro dos pacientes, a causa principal da morte foi a infecção pelo coronavírus ou a pneumonia primária – que já havia sido diagnosticada antes do uso dos respiradores.

Para explicar melhor a pesquisa, Singer faz uma analogia. “Se, após um acidente automobilístico, um paciente morrer durante uma cirurgia para tratar uma hemorragia, não concluiremos que a cirurgia foi a causa da morte; mas sim, que o trauma causado pelo acidente foi a causa da morte”, disse. “Consequentemente, foi a pneumonia primária e a covid-19 a causa de morte nos pacientes que morreram durante o nosso estudo”.

“É fundamental notar que todos os pacientes do nosso estudo estavam gravemente doentes devido à insuficiência respiratória e teriam morrido se não recebessem suporte de vida por meio de um ventilador mecânico”, esclareceu o médico.

Foto ilustrativa de respiradores.  Foto: Wilton Júnior/Estadão

Saiba mais: O estudo da Northwestern University acompanhou o uso da ventilação mecânica em 585 pacientes na unidade de terapia intensiva (UTI) do Northwestern Memorial Hospital com pneumonia grave e insuficiência respiratória. Entre eles, 190 tinham covid-19. Na conclusão, os pesquisadores destacaram a importância de prevenir, identificar e tratar ativamente a pneumonia bacteriana secundária em pacientes hospitalizados que já apresentavam quadros críticos de covid.

Diante desses números, o diretor da Divisão de Pneumologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (InCor - HCFMUSP), Carlos Carvalho, chama atenção para o fato de que assumir uma verdade definitiva a partir de um dado isolado é muito perigoso.

“O estudo citado na reportagem é passível de críticas pois avaliou um número relativamente pequeno de pacientes (centenas) e quer generalizar o resultado para uma condição que, infelizmente, matou milhões de pessoas”, opinou.

Carvalho enfatiza que as melhores UTIs têm protocolos que visam a redução do risco de desenvolvimento de pneumonia associada à ventilação mecânica. Inclusive, essas diretrizes são importantes indicativos da qualidade das Unidades. “Assim, a amostra apresentada pode representar uma situação local (regional) de onde os dados dos pacientes foram coletados, não permitindo uma generalização para todos os casos da doença”, concluiu.

Mas afinal, para que servem os respiradores?

De acordo com o diretor da Divisão de Pneumologia, os respiradores ou ventiladores mecânicos são equipamentos capazes de substituir os pulmões, em casos de insuficiência respiratória.

Carvalho explica que, como os pulmões são o alvo preferencial do coronavírus, uma complicação frequente e grave da doença é a perda da capacidade de realizar as trocas de oxigênio e gás carbônico. Isso gera um quadro clínico de falta de ar e queda de oxigenação sanguínea. “Esta última pode gerar risco de morte para o indivíduo”, completou. “Os ventiladores mecânicos, dessa forma, são utilizados para substituir, temporariamente, os pulmões inflamados, insuficientes”.

Os respiradores por si só não são causadores de pneumonias

O médico explica que a utilização de respiradores ocorre em condições nas quais algumas defesas naturais do nosso sistema respiratório são ultrapassadas. Por exemplo, a intubação orotraqueal (que vai da boca até a traquéia), vence barreiras mecânicas importantes na prevenção de que agentes infecciosos entrem nas vias respiratórias mais profundas.

Outro exemplo é a diminuição da tosse, por causa dos sedativos necessários durante a ventilação mecânica. Carvalho lembra que esse reflexo é um dos principais mecanismos de defesa das vias aéreas, por ajudar a eliminar secreções e muco dos bronquíolos, brônquios e traqueia.

”Quando o paciente fica intubado por períodos longos, principalmente acima de cinco dias, existe um risco aumentado de que bactérias que estão na orofaringe (garganta) possam ‘escorrer’ para dentro dos brônquios e atingir os alvéolos, causando uma reação inflamatória chamada pneumonia”, explica.

Diante dessa possibilidade, Carvalho reforça que médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e toda equipe assistencial presente nas UTIs estão treinados para reduzir o risco de desenvolvimento dessa inflamação nos pacientes.

O boato que “respiradores mataram a maioria dos pacientes com covid-19″ também já foi desmentida pelo Aos Fatos

O que estão compartilhando: texto diz que a pneumonia bacteriana causada por respiradores em hospitais foi responsável por uma taxa de mortalidade mais alta do que a própria infecção por covid-19. Essa teria sido a conclusão de um estudo realizado por médicos pneumologistas norte-americanos.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Procurado pelo Estadão Verifica, um dos autores do estudo, Benjamin D. Singer, confirma que a pesquisa foi mal interpretada no texto que circula nas redes sociais.

Os autores, da Northwestern University, analisaram casos de pessoas que já estavam criticamente doentes com covid ou pneumonia e posteriormente foram intubadas. Singer explica que, embora a pneumonia causada pelos respiradores – chamada de pneumonia secundária – possa ter contribuído para agravar ainda mais o quadro dos pacientes, a causa principal da morte foi a infecção pelo coronavírus ou a pneumonia primária – que já havia sido diagnosticada antes do uso dos respiradores.

Para explicar melhor a pesquisa, Singer faz uma analogia. “Se, após um acidente automobilístico, um paciente morrer durante uma cirurgia para tratar uma hemorragia, não concluiremos que a cirurgia foi a causa da morte; mas sim, que o trauma causado pelo acidente foi a causa da morte”, disse. “Consequentemente, foi a pneumonia primária e a covid-19 a causa de morte nos pacientes que morreram durante o nosso estudo”.

“É fundamental notar que todos os pacientes do nosso estudo estavam gravemente doentes devido à insuficiência respiratória e teriam morrido se não recebessem suporte de vida por meio de um ventilador mecânico”, esclareceu o médico.

Foto ilustrativa de respiradores.  Foto: Wilton Júnior/Estadão

Saiba mais: O estudo da Northwestern University acompanhou o uso da ventilação mecânica em 585 pacientes na unidade de terapia intensiva (UTI) do Northwestern Memorial Hospital com pneumonia grave e insuficiência respiratória. Entre eles, 190 tinham covid-19. Na conclusão, os pesquisadores destacaram a importância de prevenir, identificar e tratar ativamente a pneumonia bacteriana secundária em pacientes hospitalizados que já apresentavam quadros críticos de covid.

Diante desses números, o diretor da Divisão de Pneumologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (InCor - HCFMUSP), Carlos Carvalho, chama atenção para o fato de que assumir uma verdade definitiva a partir de um dado isolado é muito perigoso.

“O estudo citado na reportagem é passível de críticas pois avaliou um número relativamente pequeno de pacientes (centenas) e quer generalizar o resultado para uma condição que, infelizmente, matou milhões de pessoas”, opinou.

Carvalho enfatiza que as melhores UTIs têm protocolos que visam a redução do risco de desenvolvimento de pneumonia associada à ventilação mecânica. Inclusive, essas diretrizes são importantes indicativos da qualidade das Unidades. “Assim, a amostra apresentada pode representar uma situação local (regional) de onde os dados dos pacientes foram coletados, não permitindo uma generalização para todos os casos da doença”, concluiu.

Mas afinal, para que servem os respiradores?

De acordo com o diretor da Divisão de Pneumologia, os respiradores ou ventiladores mecânicos são equipamentos capazes de substituir os pulmões, em casos de insuficiência respiratória.

Carvalho explica que, como os pulmões são o alvo preferencial do coronavírus, uma complicação frequente e grave da doença é a perda da capacidade de realizar as trocas de oxigênio e gás carbônico. Isso gera um quadro clínico de falta de ar e queda de oxigenação sanguínea. “Esta última pode gerar risco de morte para o indivíduo”, completou. “Os ventiladores mecânicos, dessa forma, são utilizados para substituir, temporariamente, os pulmões inflamados, insuficientes”.

Os respiradores por si só não são causadores de pneumonias

O médico explica que a utilização de respiradores ocorre em condições nas quais algumas defesas naturais do nosso sistema respiratório são ultrapassadas. Por exemplo, a intubação orotraqueal (que vai da boca até a traquéia), vence barreiras mecânicas importantes na prevenção de que agentes infecciosos entrem nas vias respiratórias mais profundas.

Outro exemplo é a diminuição da tosse, por causa dos sedativos necessários durante a ventilação mecânica. Carvalho lembra que esse reflexo é um dos principais mecanismos de defesa das vias aéreas, por ajudar a eliminar secreções e muco dos bronquíolos, brônquios e traqueia.

”Quando o paciente fica intubado por períodos longos, principalmente acima de cinco dias, existe um risco aumentado de que bactérias que estão na orofaringe (garganta) possam ‘escorrer’ para dentro dos brônquios e atingir os alvéolos, causando uma reação inflamatória chamada pneumonia”, explica.

Diante dessa possibilidade, Carvalho reforça que médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e toda equipe assistencial presente nas UTIs estão treinados para reduzir o risco de desenvolvimento dessa inflamação nos pacientes.

O boato que “respiradores mataram a maioria dos pacientes com covid-19″ também já foi desmentida pelo Aos Fatos

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