É falso que o Exército Brasileiro esteja realizando obras de pavimentação na BR-319, estrada que liga a cidade de Porto Velho, em Rondônia, a Manaus, no Amazonas. Um post com mais de 15 mil compartilhamentos no Facebook exibe a imagem de uma rodovia com asfalto aparentemente novo que, segundo a postagem, teria custado 40% a menos que o valor cobrado por empreiteiras. No entanto, as Forças Armadas negaram atuar em obras nessa rodovia. Esse boato também viralizou em 2019 e voltou a circular recentemente.
A mesma imagem utilizada no post do Facebook também circulou no Twitter em 2019. Porém, o último registro de obras de recuperação realizadas pelo Exército na BR-319 é de dezembro de 2007, no trecho que liga Humaitá a Manaus, no Amazonas, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A Agência Lupa, que também checou este conteúdo, apurou que na época houve repasse de R$ 31 milhões para execução do serviço pelas Forças Armadas, como parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Em 2019, o Estadão publicou uma reportagem que explica que, desde 2009, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aguarda complementos de um Estudo de Impacto Ambiental (Eia-Rima) para dar continuidade às obras em um trecho de 400 km da BR-319.
Também em 2009, o Ibama solicitou que novos estudos fossem efetuados pelo Ministério da Infraestrutura, através do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), órgão responsável por obras em estradas federais.
Documento
Análise da viabilidade ambiental das obras de pavimentação/reconstrução da rodovia BR-319PDFEm 2010, o Tribunal de Contas da União (TCU) publicou um documento afirmando que houve irregularidades no andamento das obras. Os responsáveis por executar as atividades eram o 5º Batalhão de Engenharia e Construção (BEC) do Exército e o 7º Batalhão.
O texto detalha que houve problema na qualidade e na consistência do asfalto usado no lote 3 (km 763,6 a 813,6), maior que o projeto original. Já no lote 5 (km 655,7), que liga a região de Humaitá, o TCU alega que não havia estrutura da instituição contratada para realizar a fiscalização das obras.
O Exército enviou ao Estadão Verifica uma planilha que detalha quais obras estão em andamento nas estradas federais do País. Atualmente, são quase 30 sob o comando do Dnit. Entre os projetos, estão obras de restauração e conservação rodoviária, obras de construção ferroviária e outras.
A Agência Lupa também checou esse boato.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.