É falso que mosquitos da dengue modificados sejam produzidos em laboratório de Bill Gates


‘Aedes do Bem’ são produzidos pela empresa Oxitec; Fundação Bill e Melinda Gates afirma que não patrocina o projeto

Por Clarissa Pacheco e Milka Moura

O que estão compartilhando: que mosquitos geneticamente modificados no laboratório de Bill Gates estão em peso no Brasil para disseminar a dengue e fazer a população se vacinar contra sua vontade.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Os mosquitos geneticamente modificados são os chamados “Aedes do Bem”, produzidos pela empresa britânica Oxitec, presente no Brasil há mais de dez anos. Mas eles não são produzidos em um laboratório do bilionário Bill Gates, nem contam com financiamento da Fundação Bill e Melinda Gates.

Além disso, dizer que os mosquitos geneticamente modificados disseminam a dengue como uma forma de vacinar a população contra sua vontade não faz sentido, já que o objetivo da produção desses mosquitos é justamente diminuir a população de fêmeas – que picam as pessoas –, reduzindo a proliferação da doença.

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Mosquitos do "Aedes do Bem" não são feitos em laboratórios da fundação Bill e Melinda Gates. Foto: Reprodução/Telegram

O produto da Oxitec foi testado entre 2015 e 2018 em Piracicaba (SP) e o resultado foi uma redução média de 98% da população do mosquito selvagem nas áreas controladas pelos pesquisadores. Em 2018, ele foi testado em Indaiatuba (SP), e a redução média da população de Aedes aegypti nas áreas tratadas foi de 96%.

Entre 2011 e 2015, os mosquitos geneticamente modificados também foram testados em duas cidades do interior da Bahia – Jacobina e Juazeiro – e a queda no número de mosquitos selvagens foi de mais de 90%. Desde 2020, o Aedes do Bem tem aprovação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

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Saiba mais: Em vídeo publicado no Instagram com quase 10 mil interações, o autor tenta criar uma ligação conspiratória entre o fato de o governo de Santa Catarina ter decretado estado de emergência pela dengue no dia 22 de fevereiro e o governo federal ter enviado ao Estado o primeiro lote de vacinas contra a doença. Mas não há nada de conspiratório nisso.

De acordo com o governo de Santa Catarina, o Estado tinha, até o dia 22, quando foi decretada a emergência, 17.696 casos prováveis de dengue. Até esta sexta-feira, 1º, eram 11 mortos, sendo dez apenas em Joinville. A inclusão do Estado na lista dos que receberam doses de vacina ocorreu justamente porque há municípios com alta transmissão de dengue nos últimos dez anos e por haver um maior número de casos no monitoramento 2023/2024.

Os municípios contemplados com doses constam no Informe Técnico Operacional do Ministério da Saúde.

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O autor do vídeo no Instagram também publicou no Telegram uma mensagem com a informação falsa de que os Aedes do Bem são produzidos por Bill Gates.

Mosquitos foram modificados no laboratório de Bill Gates?

A próxima fala a aparecer no vídeo em tom conspiratório é uma que questiona o que o bilionário Bill Gates tem a ver com mosquitos geneticamente modificados. Para isso, o autor do conteúdo exibe o título de um texto publicado em 2021 pelo site CanalTech e que trata da chegada do Aedes do Bem, da Oxitec, na Flórida.

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O texto diz que a Fundação Bill & Melinda Gates já financiou a empresa Oxitec em outras ocasiões, mas se refere, especificamente, ao combate à proliferação de mosquitos que transmitem a malária, não a dengue.

Ao Comprova, a Fundação disse que “tem o compromisso de apoiar inovações que ajudem a proteger as comunidades locais contra doenças transmitidas por mosquitos”, mas que não financia nenhum dos trabalhos da Oxitec envolvendo a liberação dos mosquitos Aedes aegypti no Brasil. “A alegação que vincula o trabalho da Fundação Bill & Melinda Gates sobre a dengue aos casos registrados no Brasil é falsa”, diz a nota. Ao Estadão Verifica, a Oxitec reforçou que “a Fundação Bill & Melinda Gates não tem nenhuma relação com o desenvolvimento dos Aedes do Bem, relacionada ao programa de combate ao Aedes aegypti.”

A Oxitec, na realidade, foi fundada em 2002 na Universidade de Oxford, na Inglaterra, e está presente no Brasil há mais de dez anos com uma filial em Campinas, no interior de São Paulo, como já mostrou esta checagem feita pelo Projeto Comprova, do qual o Verifica é parceiro.

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Como funciona o Aedes do Bem?

O projeto Aedes do Bem fornece ovos de mosquitos geneticamente modificados que, ao atingirem a fase adulta, irão acasalar com fêmeas do Aedes aegypti - que são as responsáveis pela transmissão de doenças como dengue, chikungunya e zika. Deste cruzamento, apenas os descendentes machos sobrevivem, o que reduz consequentemente o número de fêmeas que transmitem o vírus.

Segundo a Oxitec, o Aedes do Bem está presente nas cidades de Congonhas (MG), Patos de Minas (MG), Manaus (AM), Segredo (RS) e Suzano (SP), em parceria com suas prefeituras. Em Piracicaba, após o 1º ano do projeto, houve uma queda de 98% nas áreas tratadas com o mosquito modificado.

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Vacina contra a dengue não é forçada

O vídeo desinforma ao dizer que a vacina da dengue é “forçada”. Incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) em dezembro de 2023, a vacina Qdenga está disponível para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Ela é recomendada para pessoas entre 4 e 60 anos de idade, e protege contra os quatro sorotipos da dengue. Na rede privada, idosos acima de 60 podem se vacinar, se apresentarem pedido médico.

Estudos clínicos feitos ao longo de 15 anos mostraram que o imunizante Qdenga mostrou eficácia em 80,2% na redução de casos de dengue após 12 meses, 90,4% de redução de hospitalizações por dengue e 85,9% de redução da dengue hemorrágica na população geral, independentemente da exposição anterior ao vírus.

O Estadão Verifica entrou em contato com o autor do vídeo mas não obteve resposta até a publicação desta checagem.

O que estão compartilhando: que mosquitos geneticamente modificados no laboratório de Bill Gates estão em peso no Brasil para disseminar a dengue e fazer a população se vacinar contra sua vontade.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Os mosquitos geneticamente modificados são os chamados “Aedes do Bem”, produzidos pela empresa britânica Oxitec, presente no Brasil há mais de dez anos. Mas eles não são produzidos em um laboratório do bilionário Bill Gates, nem contam com financiamento da Fundação Bill e Melinda Gates.

Além disso, dizer que os mosquitos geneticamente modificados disseminam a dengue como uma forma de vacinar a população contra sua vontade não faz sentido, já que o objetivo da produção desses mosquitos é justamente diminuir a população de fêmeas – que picam as pessoas –, reduzindo a proliferação da doença.

Mosquitos do "Aedes do Bem" não são feitos em laboratórios da fundação Bill e Melinda Gates. Foto: Reprodução/Telegram

O produto da Oxitec foi testado entre 2015 e 2018 em Piracicaba (SP) e o resultado foi uma redução média de 98% da população do mosquito selvagem nas áreas controladas pelos pesquisadores. Em 2018, ele foi testado em Indaiatuba (SP), e a redução média da população de Aedes aegypti nas áreas tratadas foi de 96%.

Entre 2011 e 2015, os mosquitos geneticamente modificados também foram testados em duas cidades do interior da Bahia – Jacobina e Juazeiro – e a queda no número de mosquitos selvagens foi de mais de 90%. Desde 2020, o Aedes do Bem tem aprovação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

Saiba mais: Em vídeo publicado no Instagram com quase 10 mil interações, o autor tenta criar uma ligação conspiratória entre o fato de o governo de Santa Catarina ter decretado estado de emergência pela dengue no dia 22 de fevereiro e o governo federal ter enviado ao Estado o primeiro lote de vacinas contra a doença. Mas não há nada de conspiratório nisso.

De acordo com o governo de Santa Catarina, o Estado tinha, até o dia 22, quando foi decretada a emergência, 17.696 casos prováveis de dengue. Até esta sexta-feira, 1º, eram 11 mortos, sendo dez apenas em Joinville. A inclusão do Estado na lista dos que receberam doses de vacina ocorreu justamente porque há municípios com alta transmissão de dengue nos últimos dez anos e por haver um maior número de casos no monitoramento 2023/2024.

Os municípios contemplados com doses constam no Informe Técnico Operacional do Ministério da Saúde.

O autor do vídeo no Instagram também publicou no Telegram uma mensagem com a informação falsa de que os Aedes do Bem são produzidos por Bill Gates.

Mosquitos foram modificados no laboratório de Bill Gates?

A próxima fala a aparecer no vídeo em tom conspiratório é uma que questiona o que o bilionário Bill Gates tem a ver com mosquitos geneticamente modificados. Para isso, o autor do conteúdo exibe o título de um texto publicado em 2021 pelo site CanalTech e que trata da chegada do Aedes do Bem, da Oxitec, na Flórida.

O texto diz que a Fundação Bill & Melinda Gates já financiou a empresa Oxitec em outras ocasiões, mas se refere, especificamente, ao combate à proliferação de mosquitos que transmitem a malária, não a dengue.

Ao Comprova, a Fundação disse que “tem o compromisso de apoiar inovações que ajudem a proteger as comunidades locais contra doenças transmitidas por mosquitos”, mas que não financia nenhum dos trabalhos da Oxitec envolvendo a liberação dos mosquitos Aedes aegypti no Brasil. “A alegação que vincula o trabalho da Fundação Bill & Melinda Gates sobre a dengue aos casos registrados no Brasil é falsa”, diz a nota. Ao Estadão Verifica, a Oxitec reforçou que “a Fundação Bill & Melinda Gates não tem nenhuma relação com o desenvolvimento dos Aedes do Bem, relacionada ao programa de combate ao Aedes aegypti.”

A Oxitec, na realidade, foi fundada em 2002 na Universidade de Oxford, na Inglaterra, e está presente no Brasil há mais de dez anos com uma filial em Campinas, no interior de São Paulo, como já mostrou esta checagem feita pelo Projeto Comprova, do qual o Verifica é parceiro.

Como funciona o Aedes do Bem?

O projeto Aedes do Bem fornece ovos de mosquitos geneticamente modificados que, ao atingirem a fase adulta, irão acasalar com fêmeas do Aedes aegypti - que são as responsáveis pela transmissão de doenças como dengue, chikungunya e zika. Deste cruzamento, apenas os descendentes machos sobrevivem, o que reduz consequentemente o número de fêmeas que transmitem o vírus.

Segundo a Oxitec, o Aedes do Bem está presente nas cidades de Congonhas (MG), Patos de Minas (MG), Manaus (AM), Segredo (RS) e Suzano (SP), em parceria com suas prefeituras. Em Piracicaba, após o 1º ano do projeto, houve uma queda de 98% nas áreas tratadas com o mosquito modificado.

Vacina contra a dengue não é forçada

O vídeo desinforma ao dizer que a vacina da dengue é “forçada”. Incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) em dezembro de 2023, a vacina Qdenga está disponível para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Ela é recomendada para pessoas entre 4 e 60 anos de idade, e protege contra os quatro sorotipos da dengue. Na rede privada, idosos acima de 60 podem se vacinar, se apresentarem pedido médico.

Estudos clínicos feitos ao longo de 15 anos mostraram que o imunizante Qdenga mostrou eficácia em 80,2% na redução de casos de dengue após 12 meses, 90,4% de redução de hospitalizações por dengue e 85,9% de redução da dengue hemorrágica na população geral, independentemente da exposição anterior ao vírus.

O Estadão Verifica entrou em contato com o autor do vídeo mas não obteve resposta até a publicação desta checagem.

O que estão compartilhando: que mosquitos geneticamente modificados no laboratório de Bill Gates estão em peso no Brasil para disseminar a dengue e fazer a população se vacinar contra sua vontade.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Os mosquitos geneticamente modificados são os chamados “Aedes do Bem”, produzidos pela empresa britânica Oxitec, presente no Brasil há mais de dez anos. Mas eles não são produzidos em um laboratório do bilionário Bill Gates, nem contam com financiamento da Fundação Bill e Melinda Gates.

Além disso, dizer que os mosquitos geneticamente modificados disseminam a dengue como uma forma de vacinar a população contra sua vontade não faz sentido, já que o objetivo da produção desses mosquitos é justamente diminuir a população de fêmeas – que picam as pessoas –, reduzindo a proliferação da doença.

Mosquitos do "Aedes do Bem" não são feitos em laboratórios da fundação Bill e Melinda Gates. Foto: Reprodução/Telegram

O produto da Oxitec foi testado entre 2015 e 2018 em Piracicaba (SP) e o resultado foi uma redução média de 98% da população do mosquito selvagem nas áreas controladas pelos pesquisadores. Em 2018, ele foi testado em Indaiatuba (SP), e a redução média da população de Aedes aegypti nas áreas tratadas foi de 96%.

Entre 2011 e 2015, os mosquitos geneticamente modificados também foram testados em duas cidades do interior da Bahia – Jacobina e Juazeiro – e a queda no número de mosquitos selvagens foi de mais de 90%. Desde 2020, o Aedes do Bem tem aprovação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

Saiba mais: Em vídeo publicado no Instagram com quase 10 mil interações, o autor tenta criar uma ligação conspiratória entre o fato de o governo de Santa Catarina ter decretado estado de emergência pela dengue no dia 22 de fevereiro e o governo federal ter enviado ao Estado o primeiro lote de vacinas contra a doença. Mas não há nada de conspiratório nisso.

De acordo com o governo de Santa Catarina, o Estado tinha, até o dia 22, quando foi decretada a emergência, 17.696 casos prováveis de dengue. Até esta sexta-feira, 1º, eram 11 mortos, sendo dez apenas em Joinville. A inclusão do Estado na lista dos que receberam doses de vacina ocorreu justamente porque há municípios com alta transmissão de dengue nos últimos dez anos e por haver um maior número de casos no monitoramento 2023/2024.

Os municípios contemplados com doses constam no Informe Técnico Operacional do Ministério da Saúde.

O autor do vídeo no Instagram também publicou no Telegram uma mensagem com a informação falsa de que os Aedes do Bem são produzidos por Bill Gates.

Mosquitos foram modificados no laboratório de Bill Gates?

A próxima fala a aparecer no vídeo em tom conspiratório é uma que questiona o que o bilionário Bill Gates tem a ver com mosquitos geneticamente modificados. Para isso, o autor do conteúdo exibe o título de um texto publicado em 2021 pelo site CanalTech e que trata da chegada do Aedes do Bem, da Oxitec, na Flórida.

O texto diz que a Fundação Bill & Melinda Gates já financiou a empresa Oxitec em outras ocasiões, mas se refere, especificamente, ao combate à proliferação de mosquitos que transmitem a malária, não a dengue.

Ao Comprova, a Fundação disse que “tem o compromisso de apoiar inovações que ajudem a proteger as comunidades locais contra doenças transmitidas por mosquitos”, mas que não financia nenhum dos trabalhos da Oxitec envolvendo a liberação dos mosquitos Aedes aegypti no Brasil. “A alegação que vincula o trabalho da Fundação Bill & Melinda Gates sobre a dengue aos casos registrados no Brasil é falsa”, diz a nota. Ao Estadão Verifica, a Oxitec reforçou que “a Fundação Bill & Melinda Gates não tem nenhuma relação com o desenvolvimento dos Aedes do Bem, relacionada ao programa de combate ao Aedes aegypti.”

A Oxitec, na realidade, foi fundada em 2002 na Universidade de Oxford, na Inglaterra, e está presente no Brasil há mais de dez anos com uma filial em Campinas, no interior de São Paulo, como já mostrou esta checagem feita pelo Projeto Comprova, do qual o Verifica é parceiro.

Como funciona o Aedes do Bem?

O projeto Aedes do Bem fornece ovos de mosquitos geneticamente modificados que, ao atingirem a fase adulta, irão acasalar com fêmeas do Aedes aegypti - que são as responsáveis pela transmissão de doenças como dengue, chikungunya e zika. Deste cruzamento, apenas os descendentes machos sobrevivem, o que reduz consequentemente o número de fêmeas que transmitem o vírus.

Segundo a Oxitec, o Aedes do Bem está presente nas cidades de Congonhas (MG), Patos de Minas (MG), Manaus (AM), Segredo (RS) e Suzano (SP), em parceria com suas prefeituras. Em Piracicaba, após o 1º ano do projeto, houve uma queda de 98% nas áreas tratadas com o mosquito modificado.

Vacina contra a dengue não é forçada

O vídeo desinforma ao dizer que a vacina da dengue é “forçada”. Incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) em dezembro de 2023, a vacina Qdenga está disponível para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Ela é recomendada para pessoas entre 4 e 60 anos de idade, e protege contra os quatro sorotipos da dengue. Na rede privada, idosos acima de 60 podem se vacinar, se apresentarem pedido médico.

Estudos clínicos feitos ao longo de 15 anos mostraram que o imunizante Qdenga mostrou eficácia em 80,2% na redução de casos de dengue após 12 meses, 90,4% de redução de hospitalizações por dengue e 85,9% de redução da dengue hemorrágica na população geral, independentemente da exposição anterior ao vírus.

O Estadão Verifica entrou em contato com o autor do vídeo mas não obteve resposta até a publicação desta checagem.

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