É falso que vídeo mostre ouro da Amazônia exportado ilegalmente por ONGs para a França


Vídeo foi gravado em 2019 na cidade de Accra, em Gana, durante inspeção de mercadoria por dois advogados

Por Clarissa Pacheco

Circula nas redes sociais um vídeo fora de contexto para acusar ONGs de contrabandearem ouro da Amazônia para a Europa. Na verdade, a gravação mostra uma inspeção comercial do minério precioso em Gana, em 2019. As imagens já foram usadas em peças de desinformação anteriormente na França, Nigéria e Mali, além do Brasil.

Não há nenhuma informação no vídeo original que sugira que o ouro seja da Amazônia, tampouco que tenha sido exportado ilegalmente para a França. A gravação viral, que tem pouco mais de três minutos de duração, mostra ao menos três homens, que conversam em diferentes idiomas, mas nenhum fala português. Um deles, usando um capacete amarelo e equipamentos de proteção individual, abre dois lacres de uma das caixas de madeira com um alicate. Os outros dois, de terno, conversam enquanto a caixa é aberta. Depois, eles examinam as barras de ouro depositadas dentro das caixas, enquanto seguram documentos.

Vídeo de inspeção de barras de ouro foi feito em Gana, e não no Brasil.  Foto: Reprodução
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Uma busca reversa por frames do vídeo (veja aqui como fazer) levou a um registro com uma resolução melhor, mostrando que um dos homens segura nas mãos um exemplar dobrado do jornal The Business & Financial Times, cuja sede fica na cidade de Accra, em Gana, na África. A manchete do jornal diz: “Yaa Boateng for Cannes’s SIBI Festival of Creativity”. O artigo não foi encontrado, mas há um frame da publicação, feita no dia 10 de junho de 2019, usado em uma checagem de setembro daquele ano feita pelo site The Observers, da agência France24.

Naquela época, o mesmo vídeo circulava na França como se mostrasse barras de ouro saqueadas do Mali, o que o The Observer mostrou não ser verdade. O site conseguiu identificar, em um vídeo mais longo, que um dos homens segura um papel com a marca FarTrade, no topo, seguido de quatro nomes.

Ao buscar a empresa, sediada na Itália, a agência France24 conseguiu conversar com um dos homens de terno que aparecem no vídeo: ele se identificou como René Verrecchia, é advogado italiano e confirmou que é ele que aparece nas imagens ao lado de um amigo, também advogado e também italiano. Segundo ele, o vídeo foi distorcido grosseiramente e o que as imagens mostram é, na verdade, uma inspeção de mercadoria e documentos.

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Em entrevista ao France24, René Verrecchia disse que o vídeo foi mesmo gravado em Accra, em Gana. Veja o que ele disse:

“Eu e meu amigo, que também é italiano, fomos contratados para representar potenciais compradores que queriam se estabelecer no setor de commodities. Tudo isso foi uma deturpação grosseira de uma inspeção comum realizada durante uma venda de metal.

Estávamos inspecionando a mercadoria e os documentos. O vídeo foi filmado por um dos intermediários, que queria mostrar ao seu cliente que a mercadoria havia chegado ao destino e estava em inspeção.

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Os nomes que escrevi no papel eram dos potenciais compradores do ouro. Eles nem sabiam que essa inspeção estava acontecendo. Quanto ao FarTrade, é completamente aleatório que o logotipo deles apareça no vídeo. Eu estava procurando um pedaço de papel e esse foi o primeiro que encontrei.

Tanto quanto eu sei, a venda não foi concluída. Após essa inspeção, aconselhei meu cliente a não comprar esse ouro, pois tinha dúvidas sobre os documentos que detalhavam sua origem. Além disso, a maneira como eles queriam realizar a transação parecia duvidosa para mim”.

Circula nas redes sociais um vídeo fora de contexto para acusar ONGs de contrabandearem ouro da Amazônia para a Europa. Na verdade, a gravação mostra uma inspeção comercial do minério precioso em Gana, em 2019. As imagens já foram usadas em peças de desinformação anteriormente na França, Nigéria e Mali, além do Brasil.

Não há nenhuma informação no vídeo original que sugira que o ouro seja da Amazônia, tampouco que tenha sido exportado ilegalmente para a França. A gravação viral, que tem pouco mais de três minutos de duração, mostra ao menos três homens, que conversam em diferentes idiomas, mas nenhum fala português. Um deles, usando um capacete amarelo e equipamentos de proteção individual, abre dois lacres de uma das caixas de madeira com um alicate. Os outros dois, de terno, conversam enquanto a caixa é aberta. Depois, eles examinam as barras de ouro depositadas dentro das caixas, enquanto seguram documentos.

Vídeo de inspeção de barras de ouro foi feito em Gana, e não no Brasil.  Foto: Reprodução

Uma busca reversa por frames do vídeo (veja aqui como fazer) levou a um registro com uma resolução melhor, mostrando que um dos homens segura nas mãos um exemplar dobrado do jornal The Business & Financial Times, cuja sede fica na cidade de Accra, em Gana, na África. A manchete do jornal diz: “Yaa Boateng for Cannes’s SIBI Festival of Creativity”. O artigo não foi encontrado, mas há um frame da publicação, feita no dia 10 de junho de 2019, usado em uma checagem de setembro daquele ano feita pelo site The Observers, da agência France24.

Naquela época, o mesmo vídeo circulava na França como se mostrasse barras de ouro saqueadas do Mali, o que o The Observer mostrou não ser verdade. O site conseguiu identificar, em um vídeo mais longo, que um dos homens segura um papel com a marca FarTrade, no topo, seguido de quatro nomes.

Ao buscar a empresa, sediada na Itália, a agência France24 conseguiu conversar com um dos homens de terno que aparecem no vídeo: ele se identificou como René Verrecchia, é advogado italiano e confirmou que é ele que aparece nas imagens ao lado de um amigo, também advogado e também italiano. Segundo ele, o vídeo foi distorcido grosseiramente e o que as imagens mostram é, na verdade, uma inspeção de mercadoria e documentos.

Em entrevista ao France24, René Verrecchia disse que o vídeo foi mesmo gravado em Accra, em Gana. Veja o que ele disse:

“Eu e meu amigo, que também é italiano, fomos contratados para representar potenciais compradores que queriam se estabelecer no setor de commodities. Tudo isso foi uma deturpação grosseira de uma inspeção comum realizada durante uma venda de metal.

Estávamos inspecionando a mercadoria e os documentos. O vídeo foi filmado por um dos intermediários, que queria mostrar ao seu cliente que a mercadoria havia chegado ao destino e estava em inspeção.

Os nomes que escrevi no papel eram dos potenciais compradores do ouro. Eles nem sabiam que essa inspeção estava acontecendo. Quanto ao FarTrade, é completamente aleatório que o logotipo deles apareça no vídeo. Eu estava procurando um pedaço de papel e esse foi o primeiro que encontrei.

Tanto quanto eu sei, a venda não foi concluída. Após essa inspeção, aconselhei meu cliente a não comprar esse ouro, pois tinha dúvidas sobre os documentos que detalhavam sua origem. Além disso, a maneira como eles queriam realizar a transação parecia duvidosa para mim”.

Circula nas redes sociais um vídeo fora de contexto para acusar ONGs de contrabandearem ouro da Amazônia para a Europa. Na verdade, a gravação mostra uma inspeção comercial do minério precioso em Gana, em 2019. As imagens já foram usadas em peças de desinformação anteriormente na França, Nigéria e Mali, além do Brasil.

Não há nenhuma informação no vídeo original que sugira que o ouro seja da Amazônia, tampouco que tenha sido exportado ilegalmente para a França. A gravação viral, que tem pouco mais de três minutos de duração, mostra ao menos três homens, que conversam em diferentes idiomas, mas nenhum fala português. Um deles, usando um capacete amarelo e equipamentos de proteção individual, abre dois lacres de uma das caixas de madeira com um alicate. Os outros dois, de terno, conversam enquanto a caixa é aberta. Depois, eles examinam as barras de ouro depositadas dentro das caixas, enquanto seguram documentos.

Vídeo de inspeção de barras de ouro foi feito em Gana, e não no Brasil.  Foto: Reprodução

Uma busca reversa por frames do vídeo (veja aqui como fazer) levou a um registro com uma resolução melhor, mostrando que um dos homens segura nas mãos um exemplar dobrado do jornal The Business & Financial Times, cuja sede fica na cidade de Accra, em Gana, na África. A manchete do jornal diz: “Yaa Boateng for Cannes’s SIBI Festival of Creativity”. O artigo não foi encontrado, mas há um frame da publicação, feita no dia 10 de junho de 2019, usado em uma checagem de setembro daquele ano feita pelo site The Observers, da agência France24.

Naquela época, o mesmo vídeo circulava na França como se mostrasse barras de ouro saqueadas do Mali, o que o The Observer mostrou não ser verdade. O site conseguiu identificar, em um vídeo mais longo, que um dos homens segura um papel com a marca FarTrade, no topo, seguido de quatro nomes.

Ao buscar a empresa, sediada na Itália, a agência France24 conseguiu conversar com um dos homens de terno que aparecem no vídeo: ele se identificou como René Verrecchia, é advogado italiano e confirmou que é ele que aparece nas imagens ao lado de um amigo, também advogado e também italiano. Segundo ele, o vídeo foi distorcido grosseiramente e o que as imagens mostram é, na verdade, uma inspeção de mercadoria e documentos.

Em entrevista ao France24, René Verrecchia disse que o vídeo foi mesmo gravado em Accra, em Gana. Veja o que ele disse:

“Eu e meu amigo, que também é italiano, fomos contratados para representar potenciais compradores que queriam se estabelecer no setor de commodities. Tudo isso foi uma deturpação grosseira de uma inspeção comum realizada durante uma venda de metal.

Estávamos inspecionando a mercadoria e os documentos. O vídeo foi filmado por um dos intermediários, que queria mostrar ao seu cliente que a mercadoria havia chegado ao destino e estava em inspeção.

Os nomes que escrevi no papel eram dos potenciais compradores do ouro. Eles nem sabiam que essa inspeção estava acontecendo. Quanto ao FarTrade, é completamente aleatório que o logotipo deles apareça no vídeo. Eu estava procurando um pedaço de papel e esse foi o primeiro que encontrei.

Tanto quanto eu sei, a venda não foi concluída. Após essa inspeção, aconselhei meu cliente a não comprar esse ouro, pois tinha dúvidas sobre os documentos que detalhavam sua origem. Além disso, a maneira como eles queriam realizar a transação parecia duvidosa para mim”.

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