Estão espalhando que a causa da microcefalia em bebês é o larvicida que combate o mosquito, e não o vírus zika: é mentira


Boato já foi desmentido pela Organização Mundial de Saúde e outras entidades internacionais

Por Alessandra Monnerat

É falso o boato de que larvicidas seriam a verdadeira causa da microcefalia de crianças no Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Um artigo com mais de 52,9 mil compartilhamentos no Facebook alega que a má-formação em recém-nascidos estaria relacionada às substâncias usadas para combater o mosquito transmissor do zika, e não ao próprio vírus. Vários estudos e organizações desmentem esta alegação.

A microcefalia é uma das más-formações provocadas pelo vírus da zika Foto: Nacho Doce/Reuters
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Essa desinformação circula nas redes sociais pelo menos desde 2016, e voltou a viralizar nesta semana. Já naquele ano, a OMS informou que cientistas da entidade analisaram a toxicologia do pyriproxyfen e de outros 12 larvicidas recomendados para reduzir a população de mosquitos. Não foram encontradas evidências de que estes químicos afetassem a gravidez ou a formação de fetos.

A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos e a União Europeia também chegaram a conclusões similares sobre o assunto, segundo a OMS. Além disso, como aponta a organização, até 95% de qualquer larvicida ingerido é excretado na urina dentro de 48 horas.

A hipótese de que larvicidas como o pyriproxyfen poderiam estar relacionados com a microcefalia foi levantada por um grupo de médicos argentinos, a Rede Universitária de Ambiente e Saúde (Reduas). Segundo reportagem da BBC de 2016, trata-se de uma associação de médicos e professores universitários contra agrotóxicos.

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Na época, a Reduas citou uma nota técnica da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) para embasar sua teoria. A Abrasco, no entanto, esclareceu que se tratava de uma interpretação incorreta da nota. A associação informou que "em momento nenhum afirmou que os pesticidas, larvicidas ou outro produto químico sejam responsáveis pelo aumento do número de casos de microcefalia no Brasil", segundo a BBC.

Segundo o professor associado do departamento de imunologia da Universidade de São Paulo (USP) Jean Pierre Schatzmann Peron, há ainda outros elementos que desmentem o boato dos larvicidas. Um deles é que, segundo a OMS, houve casos de zika em pelo menos 84 países, e 31 deles tiveram registros de microcefalia e outras má-formações relacionadas à doença (veja abaixo). Nem todos esses territórios utilizaram o pyriproxyfen.

Relatório OMS

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Mais importante ainda é que há trabalhos científicos que comprovam que o zika realmente causa lesões nos cérebros de filhotes de mães contaminadas com o vírus. Três estudos realizados com camundongos e publicados em 2016 confirmaram isso, incluindo um do grupo de pesquisa de Schatzmann Peron.

"O que foi descoberto é que esse vírus consegue passar a placenta e a 'barreira' dos vasos sanguíneos do cérebro", explica o professor. "O vírus ataca os precursores neuronais, que dariam origem a outras células do cérebro nervoso. Como essas células morrem, o cérebro não se expande."

Este conteúdo foi selecionado para checagem por meio da parceria entre Estadão Verifica e Facebook (saiba mais aqui). Para sugerir verificações, envie uma mensagem por WhatsApp ao número (11) 99263-7900.

É falso o boato de que larvicidas seriam a verdadeira causa da microcefalia de crianças no Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Um artigo com mais de 52,9 mil compartilhamentos no Facebook alega que a má-formação em recém-nascidos estaria relacionada às substâncias usadas para combater o mosquito transmissor do zika, e não ao próprio vírus. Vários estudos e organizações desmentem esta alegação.

A microcefalia é uma das más-formações provocadas pelo vírus da zika Foto: Nacho Doce/Reuters

Essa desinformação circula nas redes sociais pelo menos desde 2016, e voltou a viralizar nesta semana. Já naquele ano, a OMS informou que cientistas da entidade analisaram a toxicologia do pyriproxyfen e de outros 12 larvicidas recomendados para reduzir a população de mosquitos. Não foram encontradas evidências de que estes químicos afetassem a gravidez ou a formação de fetos.

A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos e a União Europeia também chegaram a conclusões similares sobre o assunto, segundo a OMS. Além disso, como aponta a organização, até 95% de qualquer larvicida ingerido é excretado na urina dentro de 48 horas.

A hipótese de que larvicidas como o pyriproxyfen poderiam estar relacionados com a microcefalia foi levantada por um grupo de médicos argentinos, a Rede Universitária de Ambiente e Saúde (Reduas). Segundo reportagem da BBC de 2016, trata-se de uma associação de médicos e professores universitários contra agrotóxicos.

Na época, a Reduas citou uma nota técnica da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) para embasar sua teoria. A Abrasco, no entanto, esclareceu que se tratava de uma interpretação incorreta da nota. A associação informou que "em momento nenhum afirmou que os pesticidas, larvicidas ou outro produto químico sejam responsáveis pelo aumento do número de casos de microcefalia no Brasil", segundo a BBC.

Segundo o professor associado do departamento de imunologia da Universidade de São Paulo (USP) Jean Pierre Schatzmann Peron, há ainda outros elementos que desmentem o boato dos larvicidas. Um deles é que, segundo a OMS, houve casos de zika em pelo menos 84 países, e 31 deles tiveram registros de microcefalia e outras má-formações relacionadas à doença (veja abaixo). Nem todos esses territórios utilizaram o pyriproxyfen.

Relatório OMS

Mais importante ainda é que há trabalhos científicos que comprovam que o zika realmente causa lesões nos cérebros de filhotes de mães contaminadas com o vírus. Três estudos realizados com camundongos e publicados em 2016 confirmaram isso, incluindo um do grupo de pesquisa de Schatzmann Peron.

"O que foi descoberto é que esse vírus consegue passar a placenta e a 'barreira' dos vasos sanguíneos do cérebro", explica o professor. "O vírus ataca os precursores neuronais, que dariam origem a outras células do cérebro nervoso. Como essas células morrem, o cérebro não se expande."

Este conteúdo foi selecionado para checagem por meio da parceria entre Estadão Verifica e Facebook (saiba mais aqui). Para sugerir verificações, envie uma mensagem por WhatsApp ao número (11) 99263-7900.

É falso o boato de que larvicidas seriam a verdadeira causa da microcefalia de crianças no Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Um artigo com mais de 52,9 mil compartilhamentos no Facebook alega que a má-formação em recém-nascidos estaria relacionada às substâncias usadas para combater o mosquito transmissor do zika, e não ao próprio vírus. Vários estudos e organizações desmentem esta alegação.

A microcefalia é uma das más-formações provocadas pelo vírus da zika Foto: Nacho Doce/Reuters

Essa desinformação circula nas redes sociais pelo menos desde 2016, e voltou a viralizar nesta semana. Já naquele ano, a OMS informou que cientistas da entidade analisaram a toxicologia do pyriproxyfen e de outros 12 larvicidas recomendados para reduzir a população de mosquitos. Não foram encontradas evidências de que estes químicos afetassem a gravidez ou a formação de fetos.

A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos e a União Europeia também chegaram a conclusões similares sobre o assunto, segundo a OMS. Além disso, como aponta a organização, até 95% de qualquer larvicida ingerido é excretado na urina dentro de 48 horas.

A hipótese de que larvicidas como o pyriproxyfen poderiam estar relacionados com a microcefalia foi levantada por um grupo de médicos argentinos, a Rede Universitária de Ambiente e Saúde (Reduas). Segundo reportagem da BBC de 2016, trata-se de uma associação de médicos e professores universitários contra agrotóxicos.

Na época, a Reduas citou uma nota técnica da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) para embasar sua teoria. A Abrasco, no entanto, esclareceu que se tratava de uma interpretação incorreta da nota. A associação informou que "em momento nenhum afirmou que os pesticidas, larvicidas ou outro produto químico sejam responsáveis pelo aumento do número de casos de microcefalia no Brasil", segundo a BBC.

Segundo o professor associado do departamento de imunologia da Universidade de São Paulo (USP) Jean Pierre Schatzmann Peron, há ainda outros elementos que desmentem o boato dos larvicidas. Um deles é que, segundo a OMS, houve casos de zika em pelo menos 84 países, e 31 deles tiveram registros de microcefalia e outras má-formações relacionadas à doença (veja abaixo). Nem todos esses territórios utilizaram o pyriproxyfen.

Relatório OMS

Mais importante ainda é que há trabalhos científicos que comprovam que o zika realmente causa lesões nos cérebros de filhotes de mães contaminadas com o vírus. Três estudos realizados com camundongos e publicados em 2016 confirmaram isso, incluindo um do grupo de pesquisa de Schatzmann Peron.

"O que foi descoberto é que esse vírus consegue passar a placenta e a 'barreira' dos vasos sanguíneos do cérebro", explica o professor. "O vírus ataca os precursores neuronais, que dariam origem a outras células do cérebro nervoso. Como essas células morrem, o cérebro não se expande."

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