O que estão compartilhando: que o apresentador Faustão precisava de um doador de órgãos não vacinado para realizar o transplante.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Tanto pessoas vacinadas como não vacinadas podem ser doadoras de órgãos no Brasil. O histórico de vacinação do doador não é levado em consideração para a realização do transplante.
Saiba mais: O apresentador Fausto Silva, o Faustão, passou por uma cirurgia de transplante de coração no último domingo, 27. Ele estava hospitalizado desde o dia 5 de agosto, quando se internou após um quadro de insuficiência cardíaca.
O anúncio sobre o quadro de saúde de Faustão foi alvo de diversas especulações nas redes sociais. A mais recente, afirma sem qualquer evidência que o apresentador precisava de um doador não vacinado para realizar o procedimento cirúrgico. O boato foi compartilhado no Instagram e no TikTok.
Segundo a médica Mônica Levi, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), não há nenhuma recomendação oficial de que pessoas vacinadas não podem ser doadoras. “Absolutamente não. No transplante de órgão não é checado a situação vacinal, não é um pré-requisito”, explicou.
Leia mais
Faustão era segundo da fila de prioridade de transplante, diz governo de SP
Mulher de Faustão diz que família optou pelo silêncio; leia carta aberta sobre o transplante
Transplante de Faustão: Entenda como é definida a ordem na fila para receber órgãos
Quais os cuidados depois de um transplante de coração, como o realizado por Faustão?
Ao Estadão Verifica, o Ministério da Saúde reforçou que não existe essa norma no processo de doação de órgãos: “Não há qualquer tipo de restrição para a doação, seja de pessoas vacinadas ou não vacinadas contra a SARS-CoV-19. Todos os órgãos serão submetidos a uma triagem laboratorial, de forma a identificar possíveis contraindicações para doação.”
Diferentemente do que insinua a postagem enganosa, a vacinação pode ser um fator a contribuir para a recuperação da pessoa transplantada. Mônica Levi, do SBIm, explica que o ideal é que a pessoa que vai receber o órgão atualize o cartão de vacinação até três semanas antes da cirurgia para ajudar a evitar infecções.
“Idealmente, se ela receber um órgão de uma pessoa que foi vacinada é a melhor situação possível. Mas claro que nem sempre os transplantes são feitos de uma maneira planejada, não é uma coisa que você tem como prever”, explicou. “Agora, a seleção dos doadores não vai depender de ter sido vacinado ou não”.
Mas afinal, quem não pode ser doador de órgãos?
A coordenadora-geral do Sistema Nacional de Transplantes, Daniela Salomão, cita alguns pontos que podem contraindicar uma doação. São eles: doenças pré-existentes e doenças que podem ser transmitidas ao paciente. O processo de avaliação é feito durante o momento da internação e continua também no momento da extração do órgão que vai ser transplantado.
Além disso, o Ministério da Saúde estabelece que pessoas com câncer generalizado, pessoas sem identidade ou menores de 21 anos sem a autorização dos responsáveis também estão excluídos do direito de doar. Quem não se encaixa nos critérios descritos acima e quer ser doador de órgãos, deve informar à família sobre esse desejo.
Como lidar com postagens do tipo: Conteúdos enganosos envolvendo vacinação circulam com muita facilidade na internet. Procure sempre uma fonte de saúde oficial antes de espalhar qualquer material suspeito.