O youtuber Felipe Neto foi novamente alvo de boatos que o acusam de fazer apologia à pedofilia. Uma montagem com um tuíte falso está sendo compartilhada no Facebook e atribui a ele a frase "criança é que nem doce, eu como escondido". Diferentes publicações com a imagem somavam mais de 9 mil interações no Facebook nesta segunda-feira, 27.
Uma busca avançada por tuítes do youtuber que contenham as palavras "criança" e "doce" mostra que não há registro que Felipe tenha feito a publicação que aparece na montagem. O único tuíte do youtuber que contém esses dois termos é uma crítica aos ataques dirigidos à cantora MC Melody (abaixo). Além disso, a conta de Felipe não tem nenhum tuíte publicado na data que é mostrada na postagem falsa (31 de maio de 2020).
Nesta segunda-feira, 27, Felipe também desmentiu o boato em seu perfil do Twitter.
A viralização do boato começou no último sábado, 25, segundo a ferramenta de monitoramento de redes sociais CrowdTangle. No final de maio, o Estadão Verifica checou outra postagem falsa que acusava o youtuber de fazer incentivo à pedofilia.
Quem é Felipe Neto
Felipe Neto é o youtuber brasileiro com o maior número de inscritos em seu canal: 38,9 milhões. Ele já gravou vídeos nos quais alertava pais para a exposição de seus filhos na plataforma de vídeos online e, em uma das ocasiões, cobrou do YouTube uma resposta da denúncia de que vídeos com crianças postados nas plataformas estavam movimentando uma rede de pedófilos.
No último dia 15, o jornal norte-americano The New York Times publicou um vídeo em que o youtuber faz críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Jair Bolsonaro, com alta repercussão. Dois meses antes, já havia convocado artistas, cantores e influenciadores digitais a se posicionarem contra o presidente brasileiro.
Em posicionamentos recentes, Felipe atribui os crescentes boatos associados a seu nome às críticas incisivas que tem feito ao governo brasileiro. "A todos que estão ao meu lado, vendo a tentativa da extrema direita em me associar com pedofilia e conteúdo impróprio: não respondam com violência, não ataquem. Nós temos a verdade. Apenas mostrem meus vídeos e provem q eles só divulgam conteúdo muito velho pra me atacar", .
Este conteúdo também foi verificado pelo Boatos.org.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.