É falso que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, tenha participado de um compromisso em um complexo de favelas sem escolta policial. Ele compareceu ao lançamento de um boletim sobre criminalidade e violações de direitos no Complexo da Maré, maior conjunto de favelas do Rio de Janeiro. O esquema de segurança das autoridades contou com efetivo de ao menos cinco corporações policiais.
Um vídeo no Facebook resgata reportagem, de outubro de 2022, sobre turistas italianos que tiveram o carro baleado ao entrar por engano na Maré. A legenda da postagem diz que seria “O mesmo lugar onde Dino entrou sem escolta”. Esse conteúdo foi compartilhado ao menos 4,4 mil vezes na rede social.
O Ministério da Justiça informou que o esquema de segurança contou com reforço de quatro corporações: da Polícia Federal (PF), da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ), da Polícia Civil do Rio de Janeiro e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
A PRF disse ao Estadão Verifica que policiais à paisana estavam no acesso à comunidade. A PF também confirmou atuação no aparato de segurança durante a visita. Já a Polícia Militar informou que o 22º Batalhão (Maré) reforçou o policiamento na Avenida Brasil. A Polícia Civil foi procurada, mas não respondeu até a publicação.
Visita de Dino
Flávio Dino esteve na Maré para o lançamento do Boletim “Direito à segurança pública na Maré”. Iniciativa do grupo comunitário Redes da Maré, o documento traz dados sobre mortes causadas por armas de fogo, confrontos entre facções criminosas, operações policiais, entre outros. O intuito é ajudar no diálogo e na formulação de políticas públicas na área da segurança.
Estiveram na comunidade os secretários de Segurança Pública, Tadeu Alencar, e de Acesso à Justiça, Marivaldo Pereira, além da diretora do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), Tamires Sampaio.
O Complexo da Maré foi onde cresceu Marielle Franco, vereadora do Rio assassinada a tiros, em 2018. Até hoje não se sabe quem foram os mandantes do crime. Anielle Franco, irmã de Marielle, é ministra da Igualdade Racial no governo Lula.
Não é a primeira vez que a visita de uma autoridade a uma comunidade foi alvo de desinformação nas redes sociais. Durante a campanha eleitoral, o presidente Lula visitou o Complexo do Alemão, também no Rio de Janeiro. Uma foto do então candidato com um boné com as letras CPX (abreviação de Complexo) foi tirada de contexto, associando-o ao crime organizado.
É importante desconfiar de postagens que utilizam a pauta da segurança pública para criminalizar correntes políticas.
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Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.