Uma montagem compartilhada no Facebook que dá crédito ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido) pela pavimentação da BR-163 utiliza fotos que não são da rodovia federal. A imagem de uma rodovia de terra com caminhões atolados mostra a rodovia estadual MT-208, ao passo que a foto de uma estrada asfaltada é da rodovia estadual SP-351. O Estadão Verifica checou este conteúdo após ele ser compartilhado 1,3 mil vezes em 24h.
"É só não roubar que sobra dinheiro para investir no Brasil", diz a legenda que acompanha o post. A publicação mostra uma estrada de terra com caminhões presos em atoleiros e diz se tratar da BR-163 no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Já a segunda imagem mostra uma rodovia asfaltada. Também diz se tratar da BR-163, mas desta vez sob a gestão do governo Bolsonaro.
A imagem da rodovia enlameada já havia sido utilizada em outro boato checado pelo Estadão Verifica, em parceria com o Projeto Comprova. A foto foi inicialmente postada em 2008 por moradores de Nova Monte Verde para protestar contra a condição de preservação da rodovia MT-208.
A imagem da rodovia com asfalto novo não foi fotografada no Pará, mas sim em São Paulo. Segundo a Agência Lupa, trata-se da rodovia SP-351. A foto foi tirada em Nuporanga, a cerca de 340 quilômetros da capital paulista, pelo fotógrafo Guilherme Lara Campos. A imagem está disponível no banco de imagens do Governo de São Paulo, onde consta que foi tirada em 7 de maio de 2013.
A BR-163 é um rodovia federal que vai do Rio Grande do Sul ao Pará. Ela é utilizada para escoar grãos do Centro-Oeste para os portos do Pará e estava em obras desde a década de 1970. Ela se tornava um atoleiro na época de chuvas, por isso Bolsonaro compareceu e comemorou a pavimentação que liga Miritituba a Novo Progresso, em 14 de fevereiro deste ano.
Esta rodovia já foi alvo de checagens do Estadão Verifica. Um vídeo enganoso atribuía ao governo de Jair Bolsonaro o início das obras de pavimentação da rodovia BR-163. A informação, no entanto, é falsa: as obras de asfaltamento, capitaneadas pelo Exército, começaram em setembro de 2017.
Este conteúdo também foi checado pelo Aos Fatos.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.