O que estão compartilhando: que a Rede Globo pediu desculpas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por uma notícia sobre o caso das joias, e a repercussão fez com que petistas desistissem da CPI.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O autor do vídeo omite que as duas notícias mostradas são de momentos diferentes. O trecho que mostra a jornalista Aline Midlej corrigindo uma informação na GloboNews é de abril deste ano. Já a notícia sobre a resistência de lideranças políticas do Partido dos Trabalhadores (PT) à CPI das Joias é deste mês.
Saiba mais: Em 14 de abril, o g1 publicou uma notícia informando que em uma viagem à Arábia Saudita, onde ocorreu a entrega de joias para Bolsonaro, a comitiva brasileira discutiu a venda de ativos da Petrobras e um possível convite para o Brasil integrar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). A notícia inicial também dizia que algumas joias foram entregues ao ex-ministro Bento Albuquerque durante a reunião — este último trecho que foi corrigido posteriormente.
A nota de correção completa diz o seguinte:
“Esta reportagem inicialmente informou que as joias presenteadas pelo governo da Arábia Saudita ao ex-presidente Jair Bolsonaro foram entregues ao ex-ministro Bento Albuquerque durante a reunião. Na verdade, segundo fontes do Itamaraty, essas joias, no valor de R$ 16,5 milhões, não foram entregues ao ex-ministro na reunião. Em depoimento à Polícia Federal, o ex-assessor do ministro Marcos Soeiro, responsável por trazer ao país as joias apreendidas, disse que elas foram entregues por um emissário do governo saudita no hotel onde estava comitiva, na véspera da volta ao Brasil. A informação foi corrigida às 22h desta sexta, 14.”
A mesma explicação foi dada pela jornalista Aline Midlej no trecho que aparece no vídeo analisado.
Já a notícia da CNN Brasil sobre a resistência de líderes do PT foi publicada em 14 deste mês. Segundo informações do jornal, há discordância entre algumas lideranças do partido em apoiar a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar um possível esquema de venda ilegal de presentes recebidos durante o governo de Jair Bolsonaro.
Até a publicação desta checagem, a peça desinformativa publicada em 15 de agosto já acumulava 23 mil curtidas.
Fala de Lula sobre presentes recebidos durante governos passados circula sem contexto
Outro vídeo que aparece na peça é uma declaração fora de contexto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que ele diz: “Sabe o que é alguém sair da Presidência com 11 contêineres de acervo sem ter onde pôr? Sabe o que é sair com cadeira, com trono, com papel, com tudo que você possa imaginar. Porque se somar todos os ex-presidentes da história desse País, desde Floriano Peixoto, eu fui o que mais ganhei presentes”.
O discurso de Lula foi feito em 5 de março de 2016 (disponível abaixo, a partir de 14:38). Em setembro daquele mesmo ano, o Tribunal de Contas da União (TCU) alterou seu entendimento sobre presentes recebidos por presidentes. Desde então, a regra passou a exigir que todos os presentes recebidos por chefes de estados sejam entregues ao acervo da União.
Uma auditoria do Tribunal identificou que Lula recebeu 568 bens de 2003 a 2010. Destes, 559 pertenciam ao acervo pessoal do atual presidente. Parte dos objetos foram devolvidos após uma decisão judicial. Outros oito itens não foram localizados, com valor estimado em R$ 11.748,40 — saldo que foi pago por Lula em 10 parcelas de R$ 1.174,84.
UOL Confere e Aos Fatos também checaram esse boato.