O que estão compartilhando: que o celular de uma das vítimas do voo da Voepass que caiu em Vinhedo, interior de São Paulo, foi encontrado e mostra que um passageiro gravou o “exato momento da queda do avião”. Também há um registro de pessoas passando mal na aeronave.
O Estadão Verifica checou e concluiu que: é falso porque trata-se de uma montagem de vídeos que não foram registrados durante o acidente aéreo que deixou 62 vítimas no dia 9 de agosto. A primeira filmagem mostra a queda de um avião no Nepal em 15 de janeiro de 2023. As imagens foram registradas por um passageiro indiano, que transmitia uma live no Facebook no momento da queda. O acidente foi noticiado pela imprensa mundial; foram 72 vítimas. A outra gravação exibida na publicação analisada foi feita pela jornalista Daniela Arbex em um voo da Voepass, a empresa responsável pelo avião que caiu em Vinhedo, um dia antes da tragédia. O vídeo mostra pessoas passando mal devido a um problema de ar-condicionado.
Saiba mais: Uma montagem de vídeos de um acidente aéreo no Nepal e de passageiros passando mal em um voo da Voepass está usando usada para afirmar que “um celular encontrado mostra o exato momento que o avião caiu” em Vinhedo. Porém, os registros não são da tragédia que ocorreu na última sexta-feira, 9. Não há nenhuma informação de que celulares dos passageiros com vídeos da queda foram encontrados.
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Um dos vídeos mostra desastre aéreo no Nepal
A primeira gravação foi feita por um passageiro vítima do avião que caiu no Nepal em 15 de janeiro de 2023. Segundo o The Guardian, um homem indiano identificado como Vishal Koswal fazia uma live no Facebook mostrando os amigos e o trajeto da aeronave pela janela, quando se aproximava do pouso. Logo depois, a imagem fica confusa e são ouvidos gritos. A transmissão termina mostrando destroços em chamas e um barulho semelhante ao som de fogo.
De acordo com o jornal britânico, o passageiro e os três homens que aparecem no vídeo foram reconhecidos por um amigo próximo. Havia 68 passageiros no avião e quatro funcionários no voo da Yeti Airlines e não houve sobreviventes. O desastre aéreo foi o pior do Nepal em três décadas. A notícia também foi repercutida pelo portal G1 e mostra o registro feito pelo indiano. Na reportagem foi ressaltado que não houve confirmação da Meta, dona do Facebook, sobre a veracidade da transmissão.
Comparando as imagens da publicação analisada e o vídeo do acidente, é possível identificar elementos semelhantes, como o adesivo na poltrona do avião e as chamas no fim da gravação.
Cenas de passageiros passando mal foi filmada no dia anterior ao acidente em Vinhedo
A publicação analisada ainda mostra na mesma montagem um vídeo de pessoas passando mal em um voo. Porém, como mostrou o Estadão Verifica, o registro de passageiros com calor em uma aeronave da Voepass foi captura pela jornalista e escritora Daniela Arbex em 8 de agosto, um dia antes do desastre em Vinhedo. Em seu Instagram, ela compartilhou a gravação e afirmou ter voado na mesma aeronave do acidente, que enfrentava problemas no sistema do ar-condicionado.
Daniela informou que “pessoas se abanavam a procura de ar” na viagem que fazia de Guarulhos (SP) até o Aeroporto Regional da Zona da Mata, em Goianá (MG). “Embora a companhia não reconheça isso [que se trata da mesma aeronave que caiu no dia 9], o prefixo e o número do equipamento é o mesmo”, disse ela em entrevista ao G1. A plataforma que rastreia voos, Flightradar, mostra que o avião tinha feito o trajeto citado pela jornalista na quinta, 8.
O avião que caiu em Vinhedo deixou 62 pessoas mortas, sendo 58 passageiros e quatro tripulantes. A companhia aérea Voepass (antiga Passaredo) era responsável pelo voo. Não há, até o momento, conclusão das causas do acidente, que estão sendo apuradas pelo Centro Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão da Força Aérea Brasileira (FAB).
Como lidar com posts do tipo: Não é incomum que após acidentes e tragédias circule desinformação nas redes sociais. Antes de acreditar, pesquise por informações confiáveis na imprensa profissional. Por meio da ferramenta de busca reversa, verificamos a veracidade das imagens analisadas. Também é importante saber que compartilhar imagens sensíveis de vítimas de tragédias ou em situação vexatória ou vulnerável, sem autorização ou fora de contexto jornalístico, é crime no Brasil.