O que estão compartilhando: que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, é procurado pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol).
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Publicações no Facebook tiram de contexto trecho de um telejornal da Jovem Pan para afirmar que a Interpol solicitou a prisão de Maduro em solo brasileiro. Na realidade, a reportagem exibida informa que a Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados cobrou a prisão do presidente venezuelano. A informação, no entanto, não significa que o pedido será acatado ou, ainda, que a Interpol esteja atrás do venezuelano.
Saiba mais: O pedido em questão foi protocolado pelo deputado federal Coronel Assis (União Brasil-MT), o qual se refere a Maduro como “persona non grata” e “genocida”. No requerimento, o parlamentar solicita que a Comissão oficie a representação à Organização Internacional de Polícia Criminal no Brasil e questiona se o “mandado de prisão expedido no âmbito dos Estados Unidos encontra-se registrado na lista de procurados da Interpol”.
Como mostrou o Estadão Verifica, desde 2020, o presidente da Venezuela responde a uma acusação de narcoterrorismo na Justiça dos Estados Unidos. O governo chavista também está sendo investigado por crimes contra a humanidade no Tribunal Penal Internacional. No entanto, não existe hoje ordem de prisão emitida contra o chefe de Estado venezuelano.
Entenda
Para ser detido em território estrangeiro, o nome de Maduro precisa estar registrado na lista de procurados da Interpol, conhecida como Difusão Vermelha (Red Notices). O nome de Nicolás Maduro não está registrado na lista da organização, que pode ser encontrada no site oficial da Interpol.
Em janeiro deste ano, a oposição da Argentina também se movimentou para solicitar a prisão do líder chavista. Maduro iria viajar ao país para VII Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Patricia Bullrich, presidente do Proposta Republicana, partido de oposição ao presidente Alberto Fernández, afirmou que enviaria uma apresentação à DEA, agência antidrogas dos Estados Unidos, para prender Maduro. O chavista, no entanto, cancelou sua ida à Argentina sob alegação de que haveria um plano de agressão contra sua delegação.
Como lidar com postagens do tipo: A peça checada reproduz trecho de um noticiário para espalhar desinformação. Em casos como esse, é importante buscar o contexto da notícia na íntegra. Além disso, se um chefe de Estado procurado pela Interpol viesse ao Brasil, o fato certamente seria destacado em diversos jornais do País. Uma busca no Google por meio de palavras-chave é capaz de desmentir a alegação.