É uma montagem a publicação que viralizou nas redes sociais nos últimos dias mostrando uma suposta interação no Twitter entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL). A imagem viral mostra um tuíte de um usuário da rede chamado Lucas Elias Bernardino. Ele respondeu a uma postagem de Bolsonaro no da 13 de abril perguntando por que razão o presidente impõe sigilo de 100 anos em todos os assuntos "espinhosos/polêmicos" do mandato. No mesmo dia, Bolsonaro respondeu: "Em 100 anos saberá. ?". Já a suposta resposta de Lula, afirmando que o usuário saberia a resposta em "8 meses", não é real.
A montagem que viralizou foi publicada no Twitter às " target="_blank" rel="noopener">15h01 do dia 27 de abril de 2022
O autor do tuíte verdadeiro e que realmente foi respondido por Bolsonaro, Lucas Elias Bernardino, também publicou em seu Twitter afirmando que a montagem com a "resposta" de Lula . "Presidente @LulaOficial, não sei se é pedir muito, mas bem que o senhor (ou sua equipe) poderia fazer esse "meme" acontecer. Agradecido!
'Tudo é 100 anos'
O tuíte de Bernardino e a resposta de Bolsonaro são verdadeiros e foram noticiados por diversos veículos de imprensa (1, 2, 3, 4, 5). No entanto, não há registros de interação nos últimos 3,2 mil tuítes de Lula e de Bolsonaro, de acordo com a ferramenta Tweet Beaver.
Apesar de não ter realmente respondido ao tuíte de Bolsonaro, Lula comentou na semana passada sobre os sigilos impostos pelo atual presidente. Em legenda: "É preciso quebrar o sigilo de 100 anos".
O que está em sigilo
A pergunta do usuário do Twitter sobre o segredo em assuntos espinhosos para o mandato de Jair Bolsonaro foi feita depois de o Palácio do Planalto decretar sigilo sobre os encontros entre o presidente e os pastores lobistas do Ministério da Educação (MEC), Gilmar Santos e Ailton Moura. Os encontros do presidente com o líder do PL, Valdemar Costa Neto, também são sigilosos.
Em 2021, o Exército impôs sigilo de 100 anos sobre a sindicância aberta para investigar a participação do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, em ato de apoio ao presidente Bolsonaro no Rio de Janeiro.
Em janeiro de 2021, o Palácio do Planalto também decretou um século de sigilo sobre as informações do cartão de vacinação de Bolsonaro. Ele negou que houvesse sigilo. Também há sigilo sobre o acesso dos filhos de Bolsonaro ao Palácio do Planalto.
Este conteúdo também foi verificado pelo Aos Fatos, UOL Confere e Fato ou Fake.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.