É enganoso que Luiz Inácio Lula da Silva tenha afirmado que a sociedade brasileira vai ser preparada, nos próximos quatro anos, para acreditar naquilo que é mentira. Uma entrevista dele à CNN Brasil foi editada para aparentar que ele defendeu a manipulação das pessoas. O que Lula de fato disse é que a sociedade brasileira será preparada para acreditar naquilo que é verdade.
No vídeo que circula no Facebook, a jornalista Daniela Lima pergunta: “Não tem chance de Bolsonaro voltar a ser presidente, por que?”. Lula, então, responde: “Porque a sociedade brasileira vai ser, nesses próximos quatro anos, preparada para acreditar naquilo que é mentira”. Além do vídeo editado, o conteúdo traz uma pessoa reagindo com gestos às afirmações e uma transcrição do áudio. A legenda da postagem diz: “Isso esse lularápio é mestre. Dr. na arte da mentira e roubo!”.
A íntegra da entrevista, de 16 de fevereiro de 2023, está disponível na página da CNN Brasil no YouTube. Ao assisti-la, é possível identificar em 54 minutos e 19 segundos que o trecho compartilhado nas redes sociais foi manipulado.
Na versão original, Daniela Lima contextualiza que o presidente declarou em outra entrevista, à jornalista inglesa Christiane Amanpour, que Jair Bolsonaro (PL) não teria chance de voltar a ser presidente. Em seguida, Daniela questiona por que Lula acredita nisso.
À pergunta, o presidente responde achar “que a sociedade brasileira vai ser, nesses próximos quatro anos, preparada para acreditar naquilo que é verdade, não acreditar naquilo que é mentira”. Ou seja, originalmente, ele afirma o contrário do que foi compartilhado no Facebook.
Por uma inscrição no vídeo, o Estadão Verifica identificou o autor do conteúdo originalmente publicado no Kwai, mas o perfil não permite o envio de mensagens. A conta também não possui identificação do responsável para que ele pudesse ser localizado em outras plataformas. Uma @ indicando um usuário no Twitter, também inscrita nas imagens, levou a uma conta naquela plataforma, onde o vídeo também foi postado, mas também não há abertura para o envio de mensagens privadas. Da mesma forma, o perfil não identifica o responsável. No Facebook, onde o conteúdo foi compartilhado quase 6 mil vezes, a reportagem enviou mensagem ao perfil que compartilhou o vídeo manipulado, mas não teve resposta até a publicação desta checagem.
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