É falso que o candidato à Presidência Lula (PT) tenha dito, durante comício, que seus apoiadores são "vagabundos, traficantes e bandidos". Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o ex-presidente dizendo que eles "querem confusão", mas trata-se de uma montagem. No discurso original, ele falava o contrário.
O vídeo foi gravado durante a visita de Lula, em outubro de 2017, a uma ocupação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) de São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo. A íntegra do vídeo permite ver que Lula dizia: "Primeiro, é importante que eles saibam quem são vocês. A primeira coisa que eles têm que saber é que aqui não tem vagabundo. Aqui não tem traficante. Aqui não tem bandido e muito menos bandida."
O vídeo que viralizou recorta os momentos em que Lula diz a palavra "não". Quando o ex-presidente diz que na ocupação há homens e mulheres "que não querem confusão", há um corte brusco na imagem que denuncia a edição do vídeo.
Indicado como o favorito nas pesquisas de intenção de voto, Lula é alvo frequente de peças de desinformação. Postagens enganosas comprometem o processo eleitoral porque os cidadãos devem basear a escolha de seus representantes com base em informações verdadeiras.
O Estadão Verifica já mostrou que não há registros de que Lula tenha defendido performance em que criança toca homem nu. Também é falso que um vídeo mostre Jair Bolsonaro (PL) levando soco após atentado a faca, em 2018.
Esse conteúdo também foi checado pela Reuters.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.