Vídeo engana ao afirmar que governo federal confiscou medicamentos em universidade no RS


Coordenação de abrigo em Canoas é da prefeitura, que orientou que remédios fossem catalogados em farmácia; Ministério da Saúde nega ter recolhido os produtos; autor da gravação alega ter reforçado denúncias feitas em redes sociais

Por Luciana Marschall
Atualização:

O que estão compartilhando: vídeo em que o deputado federal Sargento Fahur (PSD-PR) afirma que o governo federal confiscou medicamentos doados por profissionais de saúde no Rio Grande do Sul para redistribui-los e que impediu os voluntários de fazerem o trabalho deles.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O vídeo faz referência a uma situação ocorrida na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas (RS). Quem administra o abrigo é a prefeitura da cidade, não o governo federal. A prefeitura decidiu organizar os remédios em uma farmácia porque os medicamentos estavam sendo prescritos e entregues por profissionais de saúde diretamente aos abrigados, sem qualquer controle. Os voluntários foram orientados a encaminhar os medicamentos para serem catalogados e ficarem sob responsabilidade de uma farmacêutica. O Ministério da Saúde afirmou não ter recolhido medicamentos e a Ulbra disse não ter poder de polícia para apreender qualquer mercadoria.

Procurado, o deputado que fez o vídeo alega que o caso foi denunciado em redes sociais por membros de uma equipe médica que atuava no abrigo. “Eu, como deputado federal, fiz uso da minha força de fala nas redes sociais e reforcei a denúncia a partir dos relatos dos médicos”, declarou.

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Coordenação de abrigo decidiu organizar os remédios em uma farmácia. Foto: Reprodução/WhatsApp

Leitores do Estadão Verifica pediram a checagem do conteúdo por meio do WhatsApp.

Saiba mais: Em um vídeo que circula via WhatsApp, o deputado federal Sargento Fahur afirma ter recebido ligação de um profissional de saúde do Paraná irritado porque o governo federal teria confiscado equipamentos e medicamentos que ele e outros voluntários levaram para atender as vítimas de enchentes no Rio Grande do Sul. O político acrescenta que esses profissionais estariam sendo impedidos de trabalhar no Estado atingido pelas cheias. “O governo simplesmente confiscou os medicamentos e ele vai distribuir”, afirma. A alegação foi negada pelo Ministério da Saúde.

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O deputado afirmou ao Estadão Verifica que o caso foi registrado no município de Canoas e que veio a público após o coordenador de uma equipe médica, Elan Figueiredo, falar sobre o assunto nas redes sociais. O gabinete compartilhou, ainda, os contatos de Figueiredo e do médico Nicolas Oliveira, que presenciou a situação.

O primeiro é morador de Florianópolis e se apresentou ao Verifica como executivo comercial e escritor. Ele afirmou que “apreenderam milhares de reais em medicação na Ulbra”, o que é dito também em vídeos publicados em suas redes sociais. Figueiredo não informou quem foi o autor da suposta apreensão e alegou que estava coordenando uma equipe de saúde quando os medicamentos doados pela iniciativa privada, com nota fiscal, foram apreendidos.

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O médico Nicolas Michael de Oliveira, que atua no Paraná, relatou ter ido ao Rio Grande do Sul como voluntário, acompanhado de um grupo de profissionais de saúde que levou doações de mantimentos, roupas e medicações. Os remédios, disse, foram encaminhados para a Ulbra, onde os profissionais passaram a atender as pessoas, prescrevendo e entregando as medicações, pelas quais uma pessoa do grupo ficava responsável.

Após alguns dias, relatou, houve uma interferência nessa prática. “Eles tiraram esse responsável de lá e colocaram alguém do governo, não sabemos se do estadual ou do federal, para tomar conta das medicações, então não tivemos mais acesso. Eles tomaram conta das medicações porque eles iriam distribuir”, afirmou.

O médico disse entender ser necessária uma regulação das doações, mas acrescentou que se sentiu chateado por terem sido impedidos de fazerem a distribuição, já que ele e os colegas arrecadaram os produtos e são profissionais autorizados a prescrevê-las. Por fim, informou que posteriormente os voluntários foram dispensados, com a alegação de que profissionais contratados do governo realizariam o serviço.

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Oliveira forneceu contato de duas profissionais que estavam atendendo ao lado dele, uma médica, que não respondeu às tentativas de contato da reportagem, e a enfermeira Mara Arruda, moradora do interior de São Paulo. Conforme ela, no posto de enfermagem em que estava atuando, a equipe não presenciou apreensão de medicamentos. “O único problema que nós tivemos é que fomos gentilmente convidados a nos retirarmos porque o SUS ia tomar conta do prédio e o voluntariado não iria mais ficar. Não tivemos problemas diretamente ligados a medicamentos enquanto estávamos lá”, relatou.

Prefeitura diz que grupo de voluntários negou seguir protocolo

A prefeitura de Canoas afirma que um grupo minoritário de voluntários estava entregando medicamentos diretamente à população e, por isso, foi pedido que todas as medicações fossem encaminhadas para uma farmácia, onde seriam catalogadas e ficariam sob responsabilidade de uma farmacêutica. A prefeitura diz que após a orientação esse grupo se recusou a seguir o protocolo, recolheu medicamentos e decidiu ir embora.

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O município alega, ainda, que nenhum voluntário foi dispensado, mas que é preciso seguir uma organização e que todos precisam apresentar o registro profissional e documento pessoal. “Este pequeno grupo do Paraná não quis seguir as orientações e foi embora. Todos os demais voluntários aceitaram as normas e seguem atuando normalmente”, afirmou a prefeitura.

O município explica que o atendimento na Ulbra ocorre em um Hospital de Campanha de responsabilidade da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) e em um pronto atendimento, localizado no Prédio 8, onde atuam a Força Nacional do SUS, enfermeiros voluntários e profissionais de saúde do município.

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Ministério da Saúde nega apreensão de medicamentos

O Ministério da Saúde, por sua vez, afirmou que o Centro de Operações de Emergência (COE) não recolheu medicamentos para posterior distribuição. “Todos os medicamentos entregues ao Estado do Rio Grande do Sul pelo Ministério da Saúde são adquiridos pela pasta”, informou.

O órgão negou que a pasta tenha realizado ações de saúde na Ulbra, mas foi questionado pela reportagem sobre a presença da Força Nacional do SUS no campus, ao que não respondeu até o momento.

A Ulbra, por fim, afirmou ser uma entidade privada e que não tem poder de polícia para apreender qualquer mercadoria, acrescentando que vem recebendo apoio das forças policiais, bem como da Força Nacional do SUS e da Cruz Vermelha. “Todas essas entidades merecem a maior credibilidade em suas atuações. Desconhecemos as alegações da pessoa em vídeo”, disse.

Viu um post suspeito sobre as enchentes no Rio Grande do Sul? Envie para o nosso WhatsApp.

O que estão compartilhando: vídeo em que o deputado federal Sargento Fahur (PSD-PR) afirma que o governo federal confiscou medicamentos doados por profissionais de saúde no Rio Grande do Sul para redistribui-los e que impediu os voluntários de fazerem o trabalho deles.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O vídeo faz referência a uma situação ocorrida na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas (RS). Quem administra o abrigo é a prefeitura da cidade, não o governo federal. A prefeitura decidiu organizar os remédios em uma farmácia porque os medicamentos estavam sendo prescritos e entregues por profissionais de saúde diretamente aos abrigados, sem qualquer controle. Os voluntários foram orientados a encaminhar os medicamentos para serem catalogados e ficarem sob responsabilidade de uma farmacêutica. O Ministério da Saúde afirmou não ter recolhido medicamentos e a Ulbra disse não ter poder de polícia para apreender qualquer mercadoria.

Procurado, o deputado que fez o vídeo alega que o caso foi denunciado em redes sociais por membros de uma equipe médica que atuava no abrigo. “Eu, como deputado federal, fiz uso da minha força de fala nas redes sociais e reforcei a denúncia a partir dos relatos dos médicos”, declarou.

Coordenação de abrigo decidiu organizar os remédios em uma farmácia. Foto: Reprodução/WhatsApp

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Saiba mais: Em um vídeo que circula via WhatsApp, o deputado federal Sargento Fahur afirma ter recebido ligação de um profissional de saúde do Paraná irritado porque o governo federal teria confiscado equipamentos e medicamentos que ele e outros voluntários levaram para atender as vítimas de enchentes no Rio Grande do Sul. O político acrescenta que esses profissionais estariam sendo impedidos de trabalhar no Estado atingido pelas cheias. “O governo simplesmente confiscou os medicamentos e ele vai distribuir”, afirma. A alegação foi negada pelo Ministério da Saúde.

O deputado afirmou ao Estadão Verifica que o caso foi registrado no município de Canoas e que veio a público após o coordenador de uma equipe médica, Elan Figueiredo, falar sobre o assunto nas redes sociais. O gabinete compartilhou, ainda, os contatos de Figueiredo e do médico Nicolas Oliveira, que presenciou a situação.

O primeiro é morador de Florianópolis e se apresentou ao Verifica como executivo comercial e escritor. Ele afirmou que “apreenderam milhares de reais em medicação na Ulbra”, o que é dito também em vídeos publicados em suas redes sociais. Figueiredo não informou quem foi o autor da suposta apreensão e alegou que estava coordenando uma equipe de saúde quando os medicamentos doados pela iniciativa privada, com nota fiscal, foram apreendidos.

O médico Nicolas Michael de Oliveira, que atua no Paraná, relatou ter ido ao Rio Grande do Sul como voluntário, acompanhado de um grupo de profissionais de saúde que levou doações de mantimentos, roupas e medicações. Os remédios, disse, foram encaminhados para a Ulbra, onde os profissionais passaram a atender as pessoas, prescrevendo e entregando as medicações, pelas quais uma pessoa do grupo ficava responsável.

Após alguns dias, relatou, houve uma interferência nessa prática. “Eles tiraram esse responsável de lá e colocaram alguém do governo, não sabemos se do estadual ou do federal, para tomar conta das medicações, então não tivemos mais acesso. Eles tomaram conta das medicações porque eles iriam distribuir”, afirmou.

O médico disse entender ser necessária uma regulação das doações, mas acrescentou que se sentiu chateado por terem sido impedidos de fazerem a distribuição, já que ele e os colegas arrecadaram os produtos e são profissionais autorizados a prescrevê-las. Por fim, informou que posteriormente os voluntários foram dispensados, com a alegação de que profissionais contratados do governo realizariam o serviço.

Oliveira forneceu contato de duas profissionais que estavam atendendo ao lado dele, uma médica, que não respondeu às tentativas de contato da reportagem, e a enfermeira Mara Arruda, moradora do interior de São Paulo. Conforme ela, no posto de enfermagem em que estava atuando, a equipe não presenciou apreensão de medicamentos. “O único problema que nós tivemos é que fomos gentilmente convidados a nos retirarmos porque o SUS ia tomar conta do prédio e o voluntariado não iria mais ficar. Não tivemos problemas diretamente ligados a medicamentos enquanto estávamos lá”, relatou.

Prefeitura diz que grupo de voluntários negou seguir protocolo

A prefeitura de Canoas afirma que um grupo minoritário de voluntários estava entregando medicamentos diretamente à população e, por isso, foi pedido que todas as medicações fossem encaminhadas para uma farmácia, onde seriam catalogadas e ficariam sob responsabilidade de uma farmacêutica. A prefeitura diz que após a orientação esse grupo se recusou a seguir o protocolo, recolheu medicamentos e decidiu ir embora.

O município alega, ainda, que nenhum voluntário foi dispensado, mas que é preciso seguir uma organização e que todos precisam apresentar o registro profissional e documento pessoal. “Este pequeno grupo do Paraná não quis seguir as orientações e foi embora. Todos os demais voluntários aceitaram as normas e seguem atuando normalmente”, afirmou a prefeitura.

O município explica que o atendimento na Ulbra ocorre em um Hospital de Campanha de responsabilidade da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) e em um pronto atendimento, localizado no Prédio 8, onde atuam a Força Nacional do SUS, enfermeiros voluntários e profissionais de saúde do município.

Ministério da Saúde nega apreensão de medicamentos

O Ministério da Saúde, por sua vez, afirmou que o Centro de Operações de Emergência (COE) não recolheu medicamentos para posterior distribuição. “Todos os medicamentos entregues ao Estado do Rio Grande do Sul pelo Ministério da Saúde são adquiridos pela pasta”, informou.

O órgão negou que a pasta tenha realizado ações de saúde na Ulbra, mas foi questionado pela reportagem sobre a presença da Força Nacional do SUS no campus, ao que não respondeu até o momento.

A Ulbra, por fim, afirmou ser uma entidade privada e que não tem poder de polícia para apreender qualquer mercadoria, acrescentando que vem recebendo apoio das forças policiais, bem como da Força Nacional do SUS e da Cruz Vermelha. “Todas essas entidades merecem a maior credibilidade em suas atuações. Desconhecemos as alegações da pessoa em vídeo”, disse.

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O que estão compartilhando: vídeo em que o deputado federal Sargento Fahur (PSD-PR) afirma que o governo federal confiscou medicamentos doados por profissionais de saúde no Rio Grande do Sul para redistribui-los e que impediu os voluntários de fazerem o trabalho deles.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O vídeo faz referência a uma situação ocorrida na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas (RS). Quem administra o abrigo é a prefeitura da cidade, não o governo federal. A prefeitura decidiu organizar os remédios em uma farmácia porque os medicamentos estavam sendo prescritos e entregues por profissionais de saúde diretamente aos abrigados, sem qualquer controle. Os voluntários foram orientados a encaminhar os medicamentos para serem catalogados e ficarem sob responsabilidade de uma farmacêutica. O Ministério da Saúde afirmou não ter recolhido medicamentos e a Ulbra disse não ter poder de polícia para apreender qualquer mercadoria.

Procurado, o deputado que fez o vídeo alega que o caso foi denunciado em redes sociais por membros de uma equipe médica que atuava no abrigo. “Eu, como deputado federal, fiz uso da minha força de fala nas redes sociais e reforcei a denúncia a partir dos relatos dos médicos”, declarou.

Coordenação de abrigo decidiu organizar os remédios em uma farmácia. Foto: Reprodução/WhatsApp

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Saiba mais: Em um vídeo que circula via WhatsApp, o deputado federal Sargento Fahur afirma ter recebido ligação de um profissional de saúde do Paraná irritado porque o governo federal teria confiscado equipamentos e medicamentos que ele e outros voluntários levaram para atender as vítimas de enchentes no Rio Grande do Sul. O político acrescenta que esses profissionais estariam sendo impedidos de trabalhar no Estado atingido pelas cheias. “O governo simplesmente confiscou os medicamentos e ele vai distribuir”, afirma. A alegação foi negada pelo Ministério da Saúde.

O deputado afirmou ao Estadão Verifica que o caso foi registrado no município de Canoas e que veio a público após o coordenador de uma equipe médica, Elan Figueiredo, falar sobre o assunto nas redes sociais. O gabinete compartilhou, ainda, os contatos de Figueiredo e do médico Nicolas Oliveira, que presenciou a situação.

O primeiro é morador de Florianópolis e se apresentou ao Verifica como executivo comercial e escritor. Ele afirmou que “apreenderam milhares de reais em medicação na Ulbra”, o que é dito também em vídeos publicados em suas redes sociais. Figueiredo não informou quem foi o autor da suposta apreensão e alegou que estava coordenando uma equipe de saúde quando os medicamentos doados pela iniciativa privada, com nota fiscal, foram apreendidos.

O médico Nicolas Michael de Oliveira, que atua no Paraná, relatou ter ido ao Rio Grande do Sul como voluntário, acompanhado de um grupo de profissionais de saúde que levou doações de mantimentos, roupas e medicações. Os remédios, disse, foram encaminhados para a Ulbra, onde os profissionais passaram a atender as pessoas, prescrevendo e entregando as medicações, pelas quais uma pessoa do grupo ficava responsável.

Após alguns dias, relatou, houve uma interferência nessa prática. “Eles tiraram esse responsável de lá e colocaram alguém do governo, não sabemos se do estadual ou do federal, para tomar conta das medicações, então não tivemos mais acesso. Eles tomaram conta das medicações porque eles iriam distribuir”, afirmou.

O médico disse entender ser necessária uma regulação das doações, mas acrescentou que se sentiu chateado por terem sido impedidos de fazerem a distribuição, já que ele e os colegas arrecadaram os produtos e são profissionais autorizados a prescrevê-las. Por fim, informou que posteriormente os voluntários foram dispensados, com a alegação de que profissionais contratados do governo realizariam o serviço.

Oliveira forneceu contato de duas profissionais que estavam atendendo ao lado dele, uma médica, que não respondeu às tentativas de contato da reportagem, e a enfermeira Mara Arruda, moradora do interior de São Paulo. Conforme ela, no posto de enfermagem em que estava atuando, a equipe não presenciou apreensão de medicamentos. “O único problema que nós tivemos é que fomos gentilmente convidados a nos retirarmos porque o SUS ia tomar conta do prédio e o voluntariado não iria mais ficar. Não tivemos problemas diretamente ligados a medicamentos enquanto estávamos lá”, relatou.

Prefeitura diz que grupo de voluntários negou seguir protocolo

A prefeitura de Canoas afirma que um grupo minoritário de voluntários estava entregando medicamentos diretamente à população e, por isso, foi pedido que todas as medicações fossem encaminhadas para uma farmácia, onde seriam catalogadas e ficariam sob responsabilidade de uma farmacêutica. A prefeitura diz que após a orientação esse grupo se recusou a seguir o protocolo, recolheu medicamentos e decidiu ir embora.

O município alega, ainda, que nenhum voluntário foi dispensado, mas que é preciso seguir uma organização e que todos precisam apresentar o registro profissional e documento pessoal. “Este pequeno grupo do Paraná não quis seguir as orientações e foi embora. Todos os demais voluntários aceitaram as normas e seguem atuando normalmente”, afirmou a prefeitura.

O município explica que o atendimento na Ulbra ocorre em um Hospital de Campanha de responsabilidade da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) e em um pronto atendimento, localizado no Prédio 8, onde atuam a Força Nacional do SUS, enfermeiros voluntários e profissionais de saúde do município.

Ministério da Saúde nega apreensão de medicamentos

O Ministério da Saúde, por sua vez, afirmou que o Centro de Operações de Emergência (COE) não recolheu medicamentos para posterior distribuição. “Todos os medicamentos entregues ao Estado do Rio Grande do Sul pelo Ministério da Saúde são adquiridos pela pasta”, informou.

O órgão negou que a pasta tenha realizado ações de saúde na Ulbra, mas foi questionado pela reportagem sobre a presença da Força Nacional do SUS no campus, ao que não respondeu até o momento.

A Ulbra, por fim, afirmou ser uma entidade privada e que não tem poder de polícia para apreender qualquer mercadoria, acrescentando que vem recebendo apoio das forças policiais, bem como da Força Nacional do SUS e da Cruz Vermelha. “Todas essas entidades merecem a maior credibilidade em suas atuações. Desconhecemos as alegações da pessoa em vídeo”, disse.

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O que estão compartilhando: vídeo em que o deputado federal Sargento Fahur (PSD-PR) afirma que o governo federal confiscou medicamentos doados por profissionais de saúde no Rio Grande do Sul para redistribui-los e que impediu os voluntários de fazerem o trabalho deles.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O vídeo faz referência a uma situação ocorrida na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas (RS). Quem administra o abrigo é a prefeitura da cidade, não o governo federal. A prefeitura decidiu organizar os remédios em uma farmácia porque os medicamentos estavam sendo prescritos e entregues por profissionais de saúde diretamente aos abrigados, sem qualquer controle. Os voluntários foram orientados a encaminhar os medicamentos para serem catalogados e ficarem sob responsabilidade de uma farmacêutica. O Ministério da Saúde afirmou não ter recolhido medicamentos e a Ulbra disse não ter poder de polícia para apreender qualquer mercadoria.

Procurado, o deputado que fez o vídeo alega que o caso foi denunciado em redes sociais por membros de uma equipe médica que atuava no abrigo. “Eu, como deputado federal, fiz uso da minha força de fala nas redes sociais e reforcei a denúncia a partir dos relatos dos médicos”, declarou.

Coordenação de abrigo decidiu organizar os remédios em uma farmácia. Foto: Reprodução/WhatsApp

Leitores do Estadão Verifica pediram a checagem do conteúdo por meio do WhatsApp.

Saiba mais: Em um vídeo que circula via WhatsApp, o deputado federal Sargento Fahur afirma ter recebido ligação de um profissional de saúde do Paraná irritado porque o governo federal teria confiscado equipamentos e medicamentos que ele e outros voluntários levaram para atender as vítimas de enchentes no Rio Grande do Sul. O político acrescenta que esses profissionais estariam sendo impedidos de trabalhar no Estado atingido pelas cheias. “O governo simplesmente confiscou os medicamentos e ele vai distribuir”, afirma. A alegação foi negada pelo Ministério da Saúde.

O deputado afirmou ao Estadão Verifica que o caso foi registrado no município de Canoas e que veio a público após o coordenador de uma equipe médica, Elan Figueiredo, falar sobre o assunto nas redes sociais. O gabinete compartilhou, ainda, os contatos de Figueiredo e do médico Nicolas Oliveira, que presenciou a situação.

O primeiro é morador de Florianópolis e se apresentou ao Verifica como executivo comercial e escritor. Ele afirmou que “apreenderam milhares de reais em medicação na Ulbra”, o que é dito também em vídeos publicados em suas redes sociais. Figueiredo não informou quem foi o autor da suposta apreensão e alegou que estava coordenando uma equipe de saúde quando os medicamentos doados pela iniciativa privada, com nota fiscal, foram apreendidos.

O médico Nicolas Michael de Oliveira, que atua no Paraná, relatou ter ido ao Rio Grande do Sul como voluntário, acompanhado de um grupo de profissionais de saúde que levou doações de mantimentos, roupas e medicações. Os remédios, disse, foram encaminhados para a Ulbra, onde os profissionais passaram a atender as pessoas, prescrevendo e entregando as medicações, pelas quais uma pessoa do grupo ficava responsável.

Após alguns dias, relatou, houve uma interferência nessa prática. “Eles tiraram esse responsável de lá e colocaram alguém do governo, não sabemos se do estadual ou do federal, para tomar conta das medicações, então não tivemos mais acesso. Eles tomaram conta das medicações porque eles iriam distribuir”, afirmou.

O médico disse entender ser necessária uma regulação das doações, mas acrescentou que se sentiu chateado por terem sido impedidos de fazerem a distribuição, já que ele e os colegas arrecadaram os produtos e são profissionais autorizados a prescrevê-las. Por fim, informou que posteriormente os voluntários foram dispensados, com a alegação de que profissionais contratados do governo realizariam o serviço.

Oliveira forneceu contato de duas profissionais que estavam atendendo ao lado dele, uma médica, que não respondeu às tentativas de contato da reportagem, e a enfermeira Mara Arruda, moradora do interior de São Paulo. Conforme ela, no posto de enfermagem em que estava atuando, a equipe não presenciou apreensão de medicamentos. “O único problema que nós tivemos é que fomos gentilmente convidados a nos retirarmos porque o SUS ia tomar conta do prédio e o voluntariado não iria mais ficar. Não tivemos problemas diretamente ligados a medicamentos enquanto estávamos lá”, relatou.

Prefeitura diz que grupo de voluntários negou seguir protocolo

A prefeitura de Canoas afirma que um grupo minoritário de voluntários estava entregando medicamentos diretamente à população e, por isso, foi pedido que todas as medicações fossem encaminhadas para uma farmácia, onde seriam catalogadas e ficariam sob responsabilidade de uma farmacêutica. A prefeitura diz que após a orientação esse grupo se recusou a seguir o protocolo, recolheu medicamentos e decidiu ir embora.

O município alega, ainda, que nenhum voluntário foi dispensado, mas que é preciso seguir uma organização e que todos precisam apresentar o registro profissional e documento pessoal. “Este pequeno grupo do Paraná não quis seguir as orientações e foi embora. Todos os demais voluntários aceitaram as normas e seguem atuando normalmente”, afirmou a prefeitura.

O município explica que o atendimento na Ulbra ocorre em um Hospital de Campanha de responsabilidade da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) e em um pronto atendimento, localizado no Prédio 8, onde atuam a Força Nacional do SUS, enfermeiros voluntários e profissionais de saúde do município.

Ministério da Saúde nega apreensão de medicamentos

O Ministério da Saúde, por sua vez, afirmou que o Centro de Operações de Emergência (COE) não recolheu medicamentos para posterior distribuição. “Todos os medicamentos entregues ao Estado do Rio Grande do Sul pelo Ministério da Saúde são adquiridos pela pasta”, informou.

O órgão negou que a pasta tenha realizado ações de saúde na Ulbra, mas foi questionado pela reportagem sobre a presença da Força Nacional do SUS no campus, ao que não respondeu até o momento.

A Ulbra, por fim, afirmou ser uma entidade privada e que não tem poder de polícia para apreender qualquer mercadoria, acrescentando que vem recebendo apoio das forças policiais, bem como da Força Nacional do SUS e da Cruz Vermelha. “Todas essas entidades merecem a maior credibilidade em suas atuações. Desconhecemos as alegações da pessoa em vídeo”, disse.

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O que estão compartilhando: vídeo em que o deputado federal Sargento Fahur (PSD-PR) afirma que o governo federal confiscou medicamentos doados por profissionais de saúde no Rio Grande do Sul para redistribui-los e que impediu os voluntários de fazerem o trabalho deles.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O vídeo faz referência a uma situação ocorrida na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas (RS). Quem administra o abrigo é a prefeitura da cidade, não o governo federal. A prefeitura decidiu organizar os remédios em uma farmácia porque os medicamentos estavam sendo prescritos e entregues por profissionais de saúde diretamente aos abrigados, sem qualquer controle. Os voluntários foram orientados a encaminhar os medicamentos para serem catalogados e ficarem sob responsabilidade de uma farmacêutica. O Ministério da Saúde afirmou não ter recolhido medicamentos e a Ulbra disse não ter poder de polícia para apreender qualquer mercadoria.

Procurado, o deputado que fez o vídeo alega que o caso foi denunciado em redes sociais por membros de uma equipe médica que atuava no abrigo. “Eu, como deputado federal, fiz uso da minha força de fala nas redes sociais e reforcei a denúncia a partir dos relatos dos médicos”, declarou.

Coordenação de abrigo decidiu organizar os remédios em uma farmácia. Foto: Reprodução/WhatsApp

Leitores do Estadão Verifica pediram a checagem do conteúdo por meio do WhatsApp.

Saiba mais: Em um vídeo que circula via WhatsApp, o deputado federal Sargento Fahur afirma ter recebido ligação de um profissional de saúde do Paraná irritado porque o governo federal teria confiscado equipamentos e medicamentos que ele e outros voluntários levaram para atender as vítimas de enchentes no Rio Grande do Sul. O político acrescenta que esses profissionais estariam sendo impedidos de trabalhar no Estado atingido pelas cheias. “O governo simplesmente confiscou os medicamentos e ele vai distribuir”, afirma. A alegação foi negada pelo Ministério da Saúde.

O deputado afirmou ao Estadão Verifica que o caso foi registrado no município de Canoas e que veio a público após o coordenador de uma equipe médica, Elan Figueiredo, falar sobre o assunto nas redes sociais. O gabinete compartilhou, ainda, os contatos de Figueiredo e do médico Nicolas Oliveira, que presenciou a situação.

O primeiro é morador de Florianópolis e se apresentou ao Verifica como executivo comercial e escritor. Ele afirmou que “apreenderam milhares de reais em medicação na Ulbra”, o que é dito também em vídeos publicados em suas redes sociais. Figueiredo não informou quem foi o autor da suposta apreensão e alegou que estava coordenando uma equipe de saúde quando os medicamentos doados pela iniciativa privada, com nota fiscal, foram apreendidos.

O médico Nicolas Michael de Oliveira, que atua no Paraná, relatou ter ido ao Rio Grande do Sul como voluntário, acompanhado de um grupo de profissionais de saúde que levou doações de mantimentos, roupas e medicações. Os remédios, disse, foram encaminhados para a Ulbra, onde os profissionais passaram a atender as pessoas, prescrevendo e entregando as medicações, pelas quais uma pessoa do grupo ficava responsável.

Após alguns dias, relatou, houve uma interferência nessa prática. “Eles tiraram esse responsável de lá e colocaram alguém do governo, não sabemos se do estadual ou do federal, para tomar conta das medicações, então não tivemos mais acesso. Eles tomaram conta das medicações porque eles iriam distribuir”, afirmou.

O médico disse entender ser necessária uma regulação das doações, mas acrescentou que se sentiu chateado por terem sido impedidos de fazerem a distribuição, já que ele e os colegas arrecadaram os produtos e são profissionais autorizados a prescrevê-las. Por fim, informou que posteriormente os voluntários foram dispensados, com a alegação de que profissionais contratados do governo realizariam o serviço.

Oliveira forneceu contato de duas profissionais que estavam atendendo ao lado dele, uma médica, que não respondeu às tentativas de contato da reportagem, e a enfermeira Mara Arruda, moradora do interior de São Paulo. Conforme ela, no posto de enfermagem em que estava atuando, a equipe não presenciou apreensão de medicamentos. “O único problema que nós tivemos é que fomos gentilmente convidados a nos retirarmos porque o SUS ia tomar conta do prédio e o voluntariado não iria mais ficar. Não tivemos problemas diretamente ligados a medicamentos enquanto estávamos lá”, relatou.

Prefeitura diz que grupo de voluntários negou seguir protocolo

A prefeitura de Canoas afirma que um grupo minoritário de voluntários estava entregando medicamentos diretamente à população e, por isso, foi pedido que todas as medicações fossem encaminhadas para uma farmácia, onde seriam catalogadas e ficariam sob responsabilidade de uma farmacêutica. A prefeitura diz que após a orientação esse grupo se recusou a seguir o protocolo, recolheu medicamentos e decidiu ir embora.

O município alega, ainda, que nenhum voluntário foi dispensado, mas que é preciso seguir uma organização e que todos precisam apresentar o registro profissional e documento pessoal. “Este pequeno grupo do Paraná não quis seguir as orientações e foi embora. Todos os demais voluntários aceitaram as normas e seguem atuando normalmente”, afirmou a prefeitura.

O município explica que o atendimento na Ulbra ocorre em um Hospital de Campanha de responsabilidade da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) e em um pronto atendimento, localizado no Prédio 8, onde atuam a Força Nacional do SUS, enfermeiros voluntários e profissionais de saúde do município.

Ministério da Saúde nega apreensão de medicamentos

O Ministério da Saúde, por sua vez, afirmou que o Centro de Operações de Emergência (COE) não recolheu medicamentos para posterior distribuição. “Todos os medicamentos entregues ao Estado do Rio Grande do Sul pelo Ministério da Saúde são adquiridos pela pasta”, informou.

O órgão negou que a pasta tenha realizado ações de saúde na Ulbra, mas foi questionado pela reportagem sobre a presença da Força Nacional do SUS no campus, ao que não respondeu até o momento.

A Ulbra, por fim, afirmou ser uma entidade privada e que não tem poder de polícia para apreender qualquer mercadoria, acrescentando que vem recebendo apoio das forças policiais, bem como da Força Nacional do SUS e da Cruz Vermelha. “Todas essas entidades merecem a maior credibilidade em suas atuações. Desconhecemos as alegações da pessoa em vídeo”, disse.

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