É falso que mesários possam votar pelos eleitores que não compareceram nas eleições de 2022. Em um vídeo viral, um homem faz essa alegação ao dizer que os mesários podem liberar a urna quando a tentativa de reconhecimento do votante pela biometria falha por quatro vezes. Ele engana, no entanto, ao não dizer que para isso é preciso informar o ano de nascimento do eleitor e os mesários não têm acesso a essa informação. Por isso, a liberação da votação só pode ocorrer com o votante presente na seção.
O autor da gravação se apresenta como "especialista em comunicação persuasiva e mágico". Ele comenta que o mesário pode liberar a urna para a votação quando a tentativa de biometria do eleitor falha quatro vezes utilizando o ano de nascimento da pessoa. Ainda segundo ele, esse dado estaria disponível no caderno de votação dos mesários, o que permitiria a eles votar no lugar dos faltosos. Esse vídeo foi compartilhado ao menos 84 mil vezes no Facebook.
Apenas o dia e o mês de nascimento do eleitor ficam disponíveis para o mesário. O campo com o ano aparece com asteriscos. A padronização dos cadernos de votação pode ser consultada no Anexo II da Portaria Nº 70/2022 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), publicada em 4 de fevereiro de 2022.
Em nota, o TSE classificou o vídeo como enganoso. Confirmou que o eleitor pode votar mesmo que suas digitais não sejam reconhecidas pela máquina por meio da apresentação da data de nascimento e documento original com foto. Mas reforçou que os mesários não possuem essa informação. "A liberação só ocorre quando o ano de nascimento informado pelo próprio eleitor coincide com os dados que constam no cadastro eleitoral. Caso haja divergência, a votação não é autorizada pelo terminal", diz a nota.
Na gravação, o mágico diz que não está afirmando "que as urnas são fraudáveis" ou que tenha conhecimento de algum caso desse tipo, mas que fala de uma "possibilidade". Seu vídeo é interpretado por muitos internautas como prova de que houve alguma fraude de grande escala nas eleições. Uma pessoa comentou que "(foi) assim que o nove dedos acha que foi eleito", referindo-se de forma preconceituosa à deficiência do presidente eleito Lula (PT) e colocando sua vitória em suspeição. Outra pessoa chamou falsamente a eleição de "fraudulenta".
Lula foi o escolhido nas urnas para comandar o País a partir de 2023. A integridade do processo eleitoral foi atestada por diversos órgãos independentes do TSE, como o Tribunal de Contas da União (TCU) e a comissão de observadores internacionais da Organização dos Estados Americanos (OEA). Não há nenhum indício de fraude nesse pleito ou nos anteriores desde que as urnas eletrônicas foram implementadas.