O que estão compartilhando: homem em vídeo questiona confiabilidade do laudo do Instituto de Criminalística da Polícia Civil de São Paulo que concluiu ser falso o documento apresentado por Pablo Marçal (PRTB) que atestaria internação de Guilherme Boulos (PSOL) devido a complicações por uso de drogas. O homem questiona se o laudo poderia ter sido feito sem os peritos terem tido acesso ao documento original que foi divulgado por Marçal nas redes sociais.
O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é falso. Uma perita consultada pelo Verifica confirmou que a análise pode ser feita com base em documento digital. O laudo da Polícia Civil destaca que a simples comparação da assinatura questionada com a assinatura verdadeira do médico demonstra a falsidade daquela que consta no laudo divulgado por Marçal. Vale ressaltar que peritos da Polícia Federal confirmaram a conclusão da Polícia Civil -- um exame grafoscópico, que analisa padrões de escrita, indicou que as assinaturas de fato não são da mesma pessoa.
Saiba mais: no vídeo, o homem afirma ter experiência em perícia, mas na área de recuperação de informações, em relação a áudio e imagens, e não grafotécnica, a área relacionada à análise da Polícia Civil. O questionamento do homem se centra no fato de os peritos da Polícia Civil não terem tido acesso ao documento físico que foi reproduzido por Marçal nas redes sociais.
A conclusão da Polícia Civil foi divulgada pelo Estadão no início da noite de sábado, dia 5. A reportagem informa que desde aquela madrugada uma força-tarefa havia sido montada para examinar o documento. O laudo da Polícia Civil foi divulgado na íntegra pela reportagem.
O laudo da Polícia Civil informa que a perícia tem por finalidade constatar se há falsidade de assinatura em documento particular. Para tanto, utiliza como peça questionada uma folha impressa com o laudo que foi publicado na conta de Marçal no Instagram. A suposta assinatura do médico José Roberto de Souza, que consta na peça questionada, foi comparada com a assinatura dele em uma procuração judicial e em oitos documentos originais de diferentes de datas, entre pedido de passaporte e fichas de identificação civil.
Consultada pelo Estadão Verifica, a perita grafotécnica Katia de Paula David, especialista em falsidade documental, afirma que a forma do procedimento de análise usada pela Polícia Civil está correta. Ela explica que a perícia pode ser feita, sim, com base em material impresso a partir de uma captura de tela de internet.
“É um documento digitalizado, neste caso, um documento nato digital, que nasceu digital. Isso pode ser feito, não tem problema algum. A gente faz análises de contratos bancários, inclusive de casos de fraudes bancárias, em que o documento é digitalizado porque o banco não tem mais o documento original. Isso pode ser feito”, disse a perita, que faz parte da Associação dos Peritos Judiciais do Estado do Rio de Janeiro (APJERJ).
Após concluir pela falsidade da assinatura na peça questionada, o laudo da Polícia Civil destaca, na página 17, que “a simples inspeção ocular das figuras acima (os modelos de assinaturas) demonstra as divergências observadas entre a assinatura questionada e os padrões de confronto, evidenciando a sua procedência de natureza espúria”.
A Polícia Federal também concluiu ser falsa a assinatura do médico no atestado divulgado por Marçal.
Além da falsidade da assinatura, há uma série de outas evidências que demonstram que o atestado divulgado por Marçal foi forjado. O Estadão Verifica listou 13 delas.