Post engana sobre currículo de Haddad e exagera número de processos contra ministro


Titular da Fazenda tem mestrado em Economia e especialização em Economia Política; acusação de lavagem de dinheiro nas eleições de 2012 foi arquivada em fevereiro

Por Milka Moura, Gabriela Meireles e Thais Brunoro
Atualização:

O que estão compartilhando: imagem que compara o atual ministro da Economia, Fernando Haddad, e o ex-ministro Paulo Guedes. A publicação afirma que Haddad “estudou apenas dois meses de Economia”, é “réu em 32 processos de corrupção” e foi “eleito o pior prefeito de São Paulo”, enquanto Guedes foi eleito “o melhor economista do mundo”.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: todas as alegações estão erradas. Na realidade, Haddad tem mestrado em Economia e especialização em Economia Política. O número de processos citado está exagerado: em ao menos duas ações, o ministro foi absolvido. A postagem menciona ainda uma acusação de lavagem de dinheiro que foi arquivada em fevereiro deste ano por falta de provas. Também não é verdade que Haddad tenha sido eleito pior prefeito de São Paulo; na realidade, a pior avaliação de governo em fim de mandato foi de Celso Pitta. Por fim, Guedes foi eleito melhor ministro de Economia, e não economista, por uma revista inglesa em 2019.

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É mentira que Fernando Haddad admitiu não ter conhecimento sobre Economia. Foto: Reprodução/Facebook

Saiba mais: A publicação mostra uma montagem com fotos de Haddad e Guedes. A imagem afirma: “é fácil entender o motivo do rombo de 230 bilhões”. Como mostrou o Estadão, o governo Lula fechou o primeiro ano do mandato com um rombo de R$ 230,5 bilhões. É o segundo maior rombo nas contas públicas já registrado na série histórica iniciada em 1997. Os dados foram divulgados pelo Tesouro Nacional.

A postagem mostra pelo menos quatro afirmações desinformativas sobre Haddad e uma alegação enganosa sobre Guedes. A imagem foi compartilhada no Facebook e leitores pediram a checagem do conteúdo pelo WhatsApp 11 97683-7490. Confira abaixo a checagem de cada ponto compartilhado na imagem viral.

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Imagem cita processos arquivados e ações em que Haddad foi absolvido

A postagem diz que Haddad já foi indiciado em 32 processos de corrupção, mas o número é exagerado. Isso porque a fonte provável da afirmação é uma reportagem da revista Istoé, publicada em 2018, que informava que o então candidato à Presidência respondia a 32 processos na Justiça e era réu em dois. O texto não dizia se todas em todas as ações Haddad era acusado de corrupção. Desde então, alguns dos processos citados na reportagem foram resolvidos ou extintos.

A revista havia feito um levantamento das ações envolvendo o ministro com a empresa Kurier Analytics. A versão online da matéria da Istoé não especifica os processos um a um. Oito ações contra Haddad são descritas mais detalhadamente em imagens. Desses processos, o Estadão identificou pelo menos dois em que Haddad foi absolvido ou inocentado; um dos casos foi extinto. Dois ainda correm na Justiça.

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O processo extinto tratava da suspeita de superfaturamento na compra de salsichas para merenda escolar em São Paulo. Em 2015, um relatório preliminar do Tribunal de Contas do Município (TCM) apontou supostas irregularidades na compra de 268 toneladas de salsichas pela Secretaria Municipal de Educação. Denúncias feitas por vereadores opositores à gestão de Haddad na Prefeitura queriam apurar suposto superfaturamento na compra do alimento.

À época, a Prefeitura informou que o edital da compra questionada trazia em sua especificação “uma limitação nos teores de sódio, gordura e conservantes, com a obrigatoriedade de comprovação por laudos laboratoriais a cada entrega, tornando-a diferenciada das normalmente encontradas no mercado”, o que explicaria o valor mais elevado. Em 2022, a ação foi julgada improcedente e o processo foi extinto. A informação está disponível no Portal de Serviços do Tribunal de Justiça de São Paulo (e-saj).

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Um dos processos em que Haddad foi absolvido dizia respeito à suspeita de desvios de finalidade na arrecadação de multas de trânsito. Em 2021, a Justiça de São Paulo absolveu o ex-prefeito de São Paulo da acusação de improbidade administrativa. O inquérito apurava se a gestão de Haddad teria superfaturado a arrecadação de multas de trânsito, instalando inúmeros radares pela cidade. A juíza responsável pela decisão afirmou que o Ministério Público não comprovou o que chamou de “indústria das multas” e concluiu que Haddad e o então secretário de Transportes, Jilmar Tatto, não cometeram irregularidades ou desviaram verbas.

Em 2016, a Justiça de São Paulo considerou improcedente uma outra ação que acusava Haddad por improbidade administrativa por suposto uso indevido de verba arrecadada por meio de multas de trânsito.

A postagem diz ainda que Haddad seria réu por lavagem de dinheiro, o que não é mais verdade desde fevereiro deste ano. A Justiça Federal arquivou uma investigação sobre suspeita de lavagem de dinheiro na eleição municipal de 2012, no qual Haddad foi eleito prefeito. A decisão se deu por falta de provas e acolheu uma manifestação da Procuradoria da República, que pedia o arquivamento do caso. O juiz Silvio Gemanaque, 10ª Vara Federal Criminal apontou, ao decretar o encerramento da investigação, que o processo “já se prolongava por longo tempo, sem qualquer conclusão ou indicação razoável contra os investigados.”

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Reunião com Presidente da U.S. International Development Finance Corporation, Scott Nathan Foto: Diogo Zacarias/MF Foto: Diogo Zacarias/MF

Haddad é mestre em Economia pela USP

A postagem diz ainda que Haddad teria estudado apenas dois meses de Economia e teria confessado que “colou e não sabe nada”. Mas isso é falso. Como o Verifica publicou anteriormente, ele é mestre em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e tem especialização em Economia Política.

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O boato sobre a formação da Haddad começou a circular após um debate promovido pela universidade Insper e a revista Piauí em 2017. Na ocasião, o ministro disse: “Quero também registrar que, apesar de eu dar uns pitacos na economia de vez em quando, eu estudei dois meses de Economia, que foi para passar no exame da Anpec (Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia). Depois eu não estudei mais, porque eu colava um pouco do Alexandre Schwartzman, do Laércio Menezes pra passar. Então, eu tenho dois meses de estudo no meu escritório de advocacia, passei na Anpec e é o que eu mais ou menos domino.”

Haddad falava em tom bem humorado, o que evidencia que a fala nada mais era do que uma uma brincadeira. À Folha de S. Paulo, o ministro reforçou que a declaração se tratava de uma piada. “Você acha que eu falaria uma coisa dessas na frente de mil pessoas? Se a Folha quer tratar como uma piada de mau gosto tudo bem, mas não há como não tratar como uma piada”, disse, à época do comentário.

No Currículo Lattes do ministro consta que ele é graduado em direito pela USP e tem especialização em Direito Civil. Além do mestrado em Economia, Haddad é doutor em Filosofia. Ele também é professor de Teoria Política Contemporânea no Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Sociais da USP.

Haddad não foi eleito ‘pior prefeito’ de São Paulo

Na realidade, a pior avaliação na Prefeitura da Capital foi de Celso Pitta, eleito em 1996 pelo PPB. Com três anos e sete meses de mandato, ele tinha aprovação de apenas 7% da população paulistana.

Haddad foi prefeito de 2013 a 2016. No final de seu mandato, uma pesquisa do Datafolha mostrou que a avaliação do petista era a pior já registrada entre os prefeitos que tentaram reeleição (Pitta não se candidatou a outro mandato). Na época da pesquisa, 45% dos entrevistados responderam que não votariam “de jeito nenhum” no petista.

O levantamento apontou que o ex-prefeito de São Paulo teve a gestão considerada ótima ou boa por somente 14% do eleitorado. Os eleitores que consideraram o governo como ruim ou péssimo somaram 48% e os que avaliaram como regular foram 35%. O índice de aprovação foi o pior desde o registrado com Pitta.

Paulo Guedes foi eleito melhor ministro da Economia em 2019 por revista

Ex-ministro da Economia, Paulo Guedes.  Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

A imagem diz que Guedes foi eleito melhor economista do mundo, mas na realidade, ele foi eleito o melhor ministro da Economia do ano de 2019, pela revista inglesa GlobalMarkets.

Na postagem, as informações sobre o currículo do ex-ministro de Bolsonaro estão corretas. Guedes é graduado em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele cursou pós-graduação e mestrado na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Também obteve o título de PHD em Economia pela Universidade de Chicago.

Como lidar com postagens do tipo: Desde que disputou a Presidência em 2018, Haddad se tornou personagem frequente de boatos na internet. Antes de compartilhar uma postagem, pesquise em sites e jornais de confiança se a informação está correta. Neste caso, o Estadão Verifica já havia desmentido a mentira sobre o currículo do ministro. Também mostramos que é falso que ele tenha deixado um rombo de R$ 7,5 bilhões ao deixar a Prefeitura de São Paulo e que ele não disse que o País ficará sem dinheiro para pagar funcionalismo público a partir de junho.

O que estão compartilhando: imagem que compara o atual ministro da Economia, Fernando Haddad, e o ex-ministro Paulo Guedes. A publicação afirma que Haddad “estudou apenas dois meses de Economia”, é “réu em 32 processos de corrupção” e foi “eleito o pior prefeito de São Paulo”, enquanto Guedes foi eleito “o melhor economista do mundo”.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: todas as alegações estão erradas. Na realidade, Haddad tem mestrado em Economia e especialização em Economia Política. O número de processos citado está exagerado: em ao menos duas ações, o ministro foi absolvido. A postagem menciona ainda uma acusação de lavagem de dinheiro que foi arquivada em fevereiro deste ano por falta de provas. Também não é verdade que Haddad tenha sido eleito pior prefeito de São Paulo; na realidade, a pior avaliação de governo em fim de mandato foi de Celso Pitta. Por fim, Guedes foi eleito melhor ministro de Economia, e não economista, por uma revista inglesa em 2019.

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É mentira que Fernando Haddad admitiu não ter conhecimento sobre Economia. Foto: Reprodução/Facebook

Saiba mais: A publicação mostra uma montagem com fotos de Haddad e Guedes. A imagem afirma: “é fácil entender o motivo do rombo de 230 bilhões”. Como mostrou o Estadão, o governo Lula fechou o primeiro ano do mandato com um rombo de R$ 230,5 bilhões. É o segundo maior rombo nas contas públicas já registrado na série histórica iniciada em 1997. Os dados foram divulgados pelo Tesouro Nacional.

A postagem mostra pelo menos quatro afirmações desinformativas sobre Haddad e uma alegação enganosa sobre Guedes. A imagem foi compartilhada no Facebook e leitores pediram a checagem do conteúdo pelo WhatsApp 11 97683-7490. Confira abaixo a checagem de cada ponto compartilhado na imagem viral.

Imagem cita processos arquivados e ações em que Haddad foi absolvido

A postagem diz que Haddad já foi indiciado em 32 processos de corrupção, mas o número é exagerado. Isso porque a fonte provável da afirmação é uma reportagem da revista Istoé, publicada em 2018, que informava que o então candidato à Presidência respondia a 32 processos na Justiça e era réu em dois. O texto não dizia se todas em todas as ações Haddad era acusado de corrupção. Desde então, alguns dos processos citados na reportagem foram resolvidos ou extintos.

A revista havia feito um levantamento das ações envolvendo o ministro com a empresa Kurier Analytics. A versão online da matéria da Istoé não especifica os processos um a um. Oito ações contra Haddad são descritas mais detalhadamente em imagens. Desses processos, o Estadão identificou pelo menos dois em que Haddad foi absolvido ou inocentado; um dos casos foi extinto. Dois ainda correm na Justiça.

O processo extinto tratava da suspeita de superfaturamento na compra de salsichas para merenda escolar em São Paulo. Em 2015, um relatório preliminar do Tribunal de Contas do Município (TCM) apontou supostas irregularidades na compra de 268 toneladas de salsichas pela Secretaria Municipal de Educação. Denúncias feitas por vereadores opositores à gestão de Haddad na Prefeitura queriam apurar suposto superfaturamento na compra do alimento.

À época, a Prefeitura informou que o edital da compra questionada trazia em sua especificação “uma limitação nos teores de sódio, gordura e conservantes, com a obrigatoriedade de comprovação por laudos laboratoriais a cada entrega, tornando-a diferenciada das normalmente encontradas no mercado”, o que explicaria o valor mais elevado. Em 2022, a ação foi julgada improcedente e o processo foi extinto. A informação está disponível no Portal de Serviços do Tribunal de Justiça de São Paulo (e-saj).

Um dos processos em que Haddad foi absolvido dizia respeito à suspeita de desvios de finalidade na arrecadação de multas de trânsito. Em 2021, a Justiça de São Paulo absolveu o ex-prefeito de São Paulo da acusação de improbidade administrativa. O inquérito apurava se a gestão de Haddad teria superfaturado a arrecadação de multas de trânsito, instalando inúmeros radares pela cidade. A juíza responsável pela decisão afirmou que o Ministério Público não comprovou o que chamou de “indústria das multas” e concluiu que Haddad e o então secretário de Transportes, Jilmar Tatto, não cometeram irregularidades ou desviaram verbas.

Em 2016, a Justiça de São Paulo considerou improcedente uma outra ação que acusava Haddad por improbidade administrativa por suposto uso indevido de verba arrecadada por meio de multas de trânsito.

A postagem diz ainda que Haddad seria réu por lavagem de dinheiro, o que não é mais verdade desde fevereiro deste ano. A Justiça Federal arquivou uma investigação sobre suspeita de lavagem de dinheiro na eleição municipal de 2012, no qual Haddad foi eleito prefeito. A decisão se deu por falta de provas e acolheu uma manifestação da Procuradoria da República, que pedia o arquivamento do caso. O juiz Silvio Gemanaque, 10ª Vara Federal Criminal apontou, ao decretar o encerramento da investigação, que o processo “já se prolongava por longo tempo, sem qualquer conclusão ou indicação razoável contra os investigados.”

Reunião com Presidente da U.S. International Development Finance Corporation, Scott Nathan Foto: Diogo Zacarias/MF Foto: Diogo Zacarias/MF

Haddad é mestre em Economia pela USP

A postagem diz ainda que Haddad teria estudado apenas dois meses de Economia e teria confessado que “colou e não sabe nada”. Mas isso é falso. Como o Verifica publicou anteriormente, ele é mestre em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e tem especialização em Economia Política.

O boato sobre a formação da Haddad começou a circular após um debate promovido pela universidade Insper e a revista Piauí em 2017. Na ocasião, o ministro disse: “Quero também registrar que, apesar de eu dar uns pitacos na economia de vez em quando, eu estudei dois meses de Economia, que foi para passar no exame da Anpec (Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia). Depois eu não estudei mais, porque eu colava um pouco do Alexandre Schwartzman, do Laércio Menezes pra passar. Então, eu tenho dois meses de estudo no meu escritório de advocacia, passei na Anpec e é o que eu mais ou menos domino.”

Haddad falava em tom bem humorado, o que evidencia que a fala nada mais era do que uma uma brincadeira. À Folha de S. Paulo, o ministro reforçou que a declaração se tratava de uma piada. “Você acha que eu falaria uma coisa dessas na frente de mil pessoas? Se a Folha quer tratar como uma piada de mau gosto tudo bem, mas não há como não tratar como uma piada”, disse, à época do comentário.

No Currículo Lattes do ministro consta que ele é graduado em direito pela USP e tem especialização em Direito Civil. Além do mestrado em Economia, Haddad é doutor em Filosofia. Ele também é professor de Teoria Política Contemporânea no Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Sociais da USP.

Haddad não foi eleito ‘pior prefeito’ de São Paulo

Na realidade, a pior avaliação na Prefeitura da Capital foi de Celso Pitta, eleito em 1996 pelo PPB. Com três anos e sete meses de mandato, ele tinha aprovação de apenas 7% da população paulistana.

Haddad foi prefeito de 2013 a 2016. No final de seu mandato, uma pesquisa do Datafolha mostrou que a avaliação do petista era a pior já registrada entre os prefeitos que tentaram reeleição (Pitta não se candidatou a outro mandato). Na época da pesquisa, 45% dos entrevistados responderam que não votariam “de jeito nenhum” no petista.

O levantamento apontou que o ex-prefeito de São Paulo teve a gestão considerada ótima ou boa por somente 14% do eleitorado. Os eleitores que consideraram o governo como ruim ou péssimo somaram 48% e os que avaliaram como regular foram 35%. O índice de aprovação foi o pior desde o registrado com Pitta.

Paulo Guedes foi eleito melhor ministro da Economia em 2019 por revista

Ex-ministro da Economia, Paulo Guedes.  Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

A imagem diz que Guedes foi eleito melhor economista do mundo, mas na realidade, ele foi eleito o melhor ministro da Economia do ano de 2019, pela revista inglesa GlobalMarkets.

Na postagem, as informações sobre o currículo do ex-ministro de Bolsonaro estão corretas. Guedes é graduado em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele cursou pós-graduação e mestrado na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Também obteve o título de PHD em Economia pela Universidade de Chicago.

Como lidar com postagens do tipo: Desde que disputou a Presidência em 2018, Haddad se tornou personagem frequente de boatos na internet. Antes de compartilhar uma postagem, pesquise em sites e jornais de confiança se a informação está correta. Neste caso, o Estadão Verifica já havia desmentido a mentira sobre o currículo do ministro. Também mostramos que é falso que ele tenha deixado um rombo de R$ 7,5 bilhões ao deixar a Prefeitura de São Paulo e que ele não disse que o País ficará sem dinheiro para pagar funcionalismo público a partir de junho.

O que estão compartilhando: imagem que compara o atual ministro da Economia, Fernando Haddad, e o ex-ministro Paulo Guedes. A publicação afirma que Haddad “estudou apenas dois meses de Economia”, é “réu em 32 processos de corrupção” e foi “eleito o pior prefeito de São Paulo”, enquanto Guedes foi eleito “o melhor economista do mundo”.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: todas as alegações estão erradas. Na realidade, Haddad tem mestrado em Economia e especialização em Economia Política. O número de processos citado está exagerado: em ao menos duas ações, o ministro foi absolvido. A postagem menciona ainda uma acusação de lavagem de dinheiro que foi arquivada em fevereiro deste ano por falta de provas. Também não é verdade que Haddad tenha sido eleito pior prefeito de São Paulo; na realidade, a pior avaliação de governo em fim de mandato foi de Celso Pitta. Por fim, Guedes foi eleito melhor ministro de Economia, e não economista, por uma revista inglesa em 2019.

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É mentira que Fernando Haddad admitiu não ter conhecimento sobre Economia. Foto: Reprodução/Facebook

Saiba mais: A publicação mostra uma montagem com fotos de Haddad e Guedes. A imagem afirma: “é fácil entender o motivo do rombo de 230 bilhões”. Como mostrou o Estadão, o governo Lula fechou o primeiro ano do mandato com um rombo de R$ 230,5 bilhões. É o segundo maior rombo nas contas públicas já registrado na série histórica iniciada em 1997. Os dados foram divulgados pelo Tesouro Nacional.

A postagem mostra pelo menos quatro afirmações desinformativas sobre Haddad e uma alegação enganosa sobre Guedes. A imagem foi compartilhada no Facebook e leitores pediram a checagem do conteúdo pelo WhatsApp 11 97683-7490. Confira abaixo a checagem de cada ponto compartilhado na imagem viral.

Imagem cita processos arquivados e ações em que Haddad foi absolvido

A postagem diz que Haddad já foi indiciado em 32 processos de corrupção, mas o número é exagerado. Isso porque a fonte provável da afirmação é uma reportagem da revista Istoé, publicada em 2018, que informava que o então candidato à Presidência respondia a 32 processos na Justiça e era réu em dois. O texto não dizia se todas em todas as ações Haddad era acusado de corrupção. Desde então, alguns dos processos citados na reportagem foram resolvidos ou extintos.

A revista havia feito um levantamento das ações envolvendo o ministro com a empresa Kurier Analytics. A versão online da matéria da Istoé não especifica os processos um a um. Oito ações contra Haddad são descritas mais detalhadamente em imagens. Desses processos, o Estadão identificou pelo menos dois em que Haddad foi absolvido ou inocentado; um dos casos foi extinto. Dois ainda correm na Justiça.

O processo extinto tratava da suspeita de superfaturamento na compra de salsichas para merenda escolar em São Paulo. Em 2015, um relatório preliminar do Tribunal de Contas do Município (TCM) apontou supostas irregularidades na compra de 268 toneladas de salsichas pela Secretaria Municipal de Educação. Denúncias feitas por vereadores opositores à gestão de Haddad na Prefeitura queriam apurar suposto superfaturamento na compra do alimento.

À época, a Prefeitura informou que o edital da compra questionada trazia em sua especificação “uma limitação nos teores de sódio, gordura e conservantes, com a obrigatoriedade de comprovação por laudos laboratoriais a cada entrega, tornando-a diferenciada das normalmente encontradas no mercado”, o que explicaria o valor mais elevado. Em 2022, a ação foi julgada improcedente e o processo foi extinto. A informação está disponível no Portal de Serviços do Tribunal de Justiça de São Paulo (e-saj).

Um dos processos em que Haddad foi absolvido dizia respeito à suspeita de desvios de finalidade na arrecadação de multas de trânsito. Em 2021, a Justiça de São Paulo absolveu o ex-prefeito de São Paulo da acusação de improbidade administrativa. O inquérito apurava se a gestão de Haddad teria superfaturado a arrecadação de multas de trânsito, instalando inúmeros radares pela cidade. A juíza responsável pela decisão afirmou que o Ministério Público não comprovou o que chamou de “indústria das multas” e concluiu que Haddad e o então secretário de Transportes, Jilmar Tatto, não cometeram irregularidades ou desviaram verbas.

Em 2016, a Justiça de São Paulo considerou improcedente uma outra ação que acusava Haddad por improbidade administrativa por suposto uso indevido de verba arrecadada por meio de multas de trânsito.

A postagem diz ainda que Haddad seria réu por lavagem de dinheiro, o que não é mais verdade desde fevereiro deste ano. A Justiça Federal arquivou uma investigação sobre suspeita de lavagem de dinheiro na eleição municipal de 2012, no qual Haddad foi eleito prefeito. A decisão se deu por falta de provas e acolheu uma manifestação da Procuradoria da República, que pedia o arquivamento do caso. O juiz Silvio Gemanaque, 10ª Vara Federal Criminal apontou, ao decretar o encerramento da investigação, que o processo “já se prolongava por longo tempo, sem qualquer conclusão ou indicação razoável contra os investigados.”

Reunião com Presidente da U.S. International Development Finance Corporation, Scott Nathan Foto: Diogo Zacarias/MF Foto: Diogo Zacarias/MF

Haddad é mestre em Economia pela USP

A postagem diz ainda que Haddad teria estudado apenas dois meses de Economia e teria confessado que “colou e não sabe nada”. Mas isso é falso. Como o Verifica publicou anteriormente, ele é mestre em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e tem especialização em Economia Política.

O boato sobre a formação da Haddad começou a circular após um debate promovido pela universidade Insper e a revista Piauí em 2017. Na ocasião, o ministro disse: “Quero também registrar que, apesar de eu dar uns pitacos na economia de vez em quando, eu estudei dois meses de Economia, que foi para passar no exame da Anpec (Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia). Depois eu não estudei mais, porque eu colava um pouco do Alexandre Schwartzman, do Laércio Menezes pra passar. Então, eu tenho dois meses de estudo no meu escritório de advocacia, passei na Anpec e é o que eu mais ou menos domino.”

Haddad falava em tom bem humorado, o que evidencia que a fala nada mais era do que uma uma brincadeira. À Folha de S. Paulo, o ministro reforçou que a declaração se tratava de uma piada. “Você acha que eu falaria uma coisa dessas na frente de mil pessoas? Se a Folha quer tratar como uma piada de mau gosto tudo bem, mas não há como não tratar como uma piada”, disse, à época do comentário.

No Currículo Lattes do ministro consta que ele é graduado em direito pela USP e tem especialização em Direito Civil. Além do mestrado em Economia, Haddad é doutor em Filosofia. Ele também é professor de Teoria Política Contemporânea no Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Sociais da USP.

Haddad não foi eleito ‘pior prefeito’ de São Paulo

Na realidade, a pior avaliação na Prefeitura da Capital foi de Celso Pitta, eleito em 1996 pelo PPB. Com três anos e sete meses de mandato, ele tinha aprovação de apenas 7% da população paulistana.

Haddad foi prefeito de 2013 a 2016. No final de seu mandato, uma pesquisa do Datafolha mostrou que a avaliação do petista era a pior já registrada entre os prefeitos que tentaram reeleição (Pitta não se candidatou a outro mandato). Na época da pesquisa, 45% dos entrevistados responderam que não votariam “de jeito nenhum” no petista.

O levantamento apontou que o ex-prefeito de São Paulo teve a gestão considerada ótima ou boa por somente 14% do eleitorado. Os eleitores que consideraram o governo como ruim ou péssimo somaram 48% e os que avaliaram como regular foram 35%. O índice de aprovação foi o pior desde o registrado com Pitta.

Paulo Guedes foi eleito melhor ministro da Economia em 2019 por revista

Ex-ministro da Economia, Paulo Guedes.  Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

A imagem diz que Guedes foi eleito melhor economista do mundo, mas na realidade, ele foi eleito o melhor ministro da Economia do ano de 2019, pela revista inglesa GlobalMarkets.

Na postagem, as informações sobre o currículo do ex-ministro de Bolsonaro estão corretas. Guedes é graduado em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele cursou pós-graduação e mestrado na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Também obteve o título de PHD em Economia pela Universidade de Chicago.

Como lidar com postagens do tipo: Desde que disputou a Presidência em 2018, Haddad se tornou personagem frequente de boatos na internet. Antes de compartilhar uma postagem, pesquise em sites e jornais de confiança se a informação está correta. Neste caso, o Estadão Verifica já havia desmentido a mentira sobre o currículo do ministro. Também mostramos que é falso que ele tenha deixado um rombo de R$ 7,5 bilhões ao deixar a Prefeitura de São Paulo e que ele não disse que o País ficará sem dinheiro para pagar funcionalismo público a partir de junho.

O que estão compartilhando: imagem que compara o atual ministro da Economia, Fernando Haddad, e o ex-ministro Paulo Guedes. A publicação afirma que Haddad “estudou apenas dois meses de Economia”, é “réu em 32 processos de corrupção” e foi “eleito o pior prefeito de São Paulo”, enquanto Guedes foi eleito “o melhor economista do mundo”.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: todas as alegações estão erradas. Na realidade, Haddad tem mestrado em Economia e especialização em Economia Política. O número de processos citado está exagerado: em ao menos duas ações, o ministro foi absolvido. A postagem menciona ainda uma acusação de lavagem de dinheiro que foi arquivada em fevereiro deste ano por falta de provas. Também não é verdade que Haddad tenha sido eleito pior prefeito de São Paulo; na realidade, a pior avaliação de governo em fim de mandato foi de Celso Pitta. Por fim, Guedes foi eleito melhor ministro de Economia, e não economista, por uma revista inglesa em 2019.

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É mentira que Fernando Haddad admitiu não ter conhecimento sobre Economia. Foto: Reprodução/Facebook

Saiba mais: A publicação mostra uma montagem com fotos de Haddad e Guedes. A imagem afirma: “é fácil entender o motivo do rombo de 230 bilhões”. Como mostrou o Estadão, o governo Lula fechou o primeiro ano do mandato com um rombo de R$ 230,5 bilhões. É o segundo maior rombo nas contas públicas já registrado na série histórica iniciada em 1997. Os dados foram divulgados pelo Tesouro Nacional.

A postagem mostra pelo menos quatro afirmações desinformativas sobre Haddad e uma alegação enganosa sobre Guedes. A imagem foi compartilhada no Facebook e leitores pediram a checagem do conteúdo pelo WhatsApp 11 97683-7490. Confira abaixo a checagem de cada ponto compartilhado na imagem viral.

Imagem cita processos arquivados e ações em que Haddad foi absolvido

A postagem diz que Haddad já foi indiciado em 32 processos de corrupção, mas o número é exagerado. Isso porque a fonte provável da afirmação é uma reportagem da revista Istoé, publicada em 2018, que informava que o então candidato à Presidência respondia a 32 processos na Justiça e era réu em dois. O texto não dizia se todas em todas as ações Haddad era acusado de corrupção. Desde então, alguns dos processos citados na reportagem foram resolvidos ou extintos.

A revista havia feito um levantamento das ações envolvendo o ministro com a empresa Kurier Analytics. A versão online da matéria da Istoé não especifica os processos um a um. Oito ações contra Haddad são descritas mais detalhadamente em imagens. Desses processos, o Estadão identificou pelo menos dois em que Haddad foi absolvido ou inocentado; um dos casos foi extinto. Dois ainda correm na Justiça.

O processo extinto tratava da suspeita de superfaturamento na compra de salsichas para merenda escolar em São Paulo. Em 2015, um relatório preliminar do Tribunal de Contas do Município (TCM) apontou supostas irregularidades na compra de 268 toneladas de salsichas pela Secretaria Municipal de Educação. Denúncias feitas por vereadores opositores à gestão de Haddad na Prefeitura queriam apurar suposto superfaturamento na compra do alimento.

À época, a Prefeitura informou que o edital da compra questionada trazia em sua especificação “uma limitação nos teores de sódio, gordura e conservantes, com a obrigatoriedade de comprovação por laudos laboratoriais a cada entrega, tornando-a diferenciada das normalmente encontradas no mercado”, o que explicaria o valor mais elevado. Em 2022, a ação foi julgada improcedente e o processo foi extinto. A informação está disponível no Portal de Serviços do Tribunal de Justiça de São Paulo (e-saj).

Um dos processos em que Haddad foi absolvido dizia respeito à suspeita de desvios de finalidade na arrecadação de multas de trânsito. Em 2021, a Justiça de São Paulo absolveu o ex-prefeito de São Paulo da acusação de improbidade administrativa. O inquérito apurava se a gestão de Haddad teria superfaturado a arrecadação de multas de trânsito, instalando inúmeros radares pela cidade. A juíza responsável pela decisão afirmou que o Ministério Público não comprovou o que chamou de “indústria das multas” e concluiu que Haddad e o então secretário de Transportes, Jilmar Tatto, não cometeram irregularidades ou desviaram verbas.

Em 2016, a Justiça de São Paulo considerou improcedente uma outra ação que acusava Haddad por improbidade administrativa por suposto uso indevido de verba arrecadada por meio de multas de trânsito.

A postagem diz ainda que Haddad seria réu por lavagem de dinheiro, o que não é mais verdade desde fevereiro deste ano. A Justiça Federal arquivou uma investigação sobre suspeita de lavagem de dinheiro na eleição municipal de 2012, no qual Haddad foi eleito prefeito. A decisão se deu por falta de provas e acolheu uma manifestação da Procuradoria da República, que pedia o arquivamento do caso. O juiz Silvio Gemanaque, 10ª Vara Federal Criminal apontou, ao decretar o encerramento da investigação, que o processo “já se prolongava por longo tempo, sem qualquer conclusão ou indicação razoável contra os investigados.”

Reunião com Presidente da U.S. International Development Finance Corporation, Scott Nathan Foto: Diogo Zacarias/MF Foto: Diogo Zacarias/MF

Haddad é mestre em Economia pela USP

A postagem diz ainda que Haddad teria estudado apenas dois meses de Economia e teria confessado que “colou e não sabe nada”. Mas isso é falso. Como o Verifica publicou anteriormente, ele é mestre em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e tem especialização em Economia Política.

O boato sobre a formação da Haddad começou a circular após um debate promovido pela universidade Insper e a revista Piauí em 2017. Na ocasião, o ministro disse: “Quero também registrar que, apesar de eu dar uns pitacos na economia de vez em quando, eu estudei dois meses de Economia, que foi para passar no exame da Anpec (Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia). Depois eu não estudei mais, porque eu colava um pouco do Alexandre Schwartzman, do Laércio Menezes pra passar. Então, eu tenho dois meses de estudo no meu escritório de advocacia, passei na Anpec e é o que eu mais ou menos domino.”

Haddad falava em tom bem humorado, o que evidencia que a fala nada mais era do que uma uma brincadeira. À Folha de S. Paulo, o ministro reforçou que a declaração se tratava de uma piada. “Você acha que eu falaria uma coisa dessas na frente de mil pessoas? Se a Folha quer tratar como uma piada de mau gosto tudo bem, mas não há como não tratar como uma piada”, disse, à época do comentário.

No Currículo Lattes do ministro consta que ele é graduado em direito pela USP e tem especialização em Direito Civil. Além do mestrado em Economia, Haddad é doutor em Filosofia. Ele também é professor de Teoria Política Contemporânea no Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Sociais da USP.

Haddad não foi eleito ‘pior prefeito’ de São Paulo

Na realidade, a pior avaliação na Prefeitura da Capital foi de Celso Pitta, eleito em 1996 pelo PPB. Com três anos e sete meses de mandato, ele tinha aprovação de apenas 7% da população paulistana.

Haddad foi prefeito de 2013 a 2016. No final de seu mandato, uma pesquisa do Datafolha mostrou que a avaliação do petista era a pior já registrada entre os prefeitos que tentaram reeleição (Pitta não se candidatou a outro mandato). Na época da pesquisa, 45% dos entrevistados responderam que não votariam “de jeito nenhum” no petista.

O levantamento apontou que o ex-prefeito de São Paulo teve a gestão considerada ótima ou boa por somente 14% do eleitorado. Os eleitores que consideraram o governo como ruim ou péssimo somaram 48% e os que avaliaram como regular foram 35%. O índice de aprovação foi o pior desde o registrado com Pitta.

Paulo Guedes foi eleito melhor ministro da Economia em 2019 por revista

Ex-ministro da Economia, Paulo Guedes.  Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

A imagem diz que Guedes foi eleito melhor economista do mundo, mas na realidade, ele foi eleito o melhor ministro da Economia do ano de 2019, pela revista inglesa GlobalMarkets.

Na postagem, as informações sobre o currículo do ex-ministro de Bolsonaro estão corretas. Guedes é graduado em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele cursou pós-graduação e mestrado na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Também obteve o título de PHD em Economia pela Universidade de Chicago.

Como lidar com postagens do tipo: Desde que disputou a Presidência em 2018, Haddad se tornou personagem frequente de boatos na internet. Antes de compartilhar uma postagem, pesquise em sites e jornais de confiança se a informação está correta. Neste caso, o Estadão Verifica já havia desmentido a mentira sobre o currículo do ministro. Também mostramos que é falso que ele tenha deixado um rombo de R$ 7,5 bilhões ao deixar a Prefeitura de São Paulo e que ele não disse que o País ficará sem dinheiro para pagar funcionalismo público a partir de junho.

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