É falso que o ministro-chefe da Casa Civil, general Walter Braga Netto, tenha dito que os militares estão "prontos para combater" o Supremo Tribunal Federal (STF). A frase falsamente atribuída ao ministro circula em postagens no Facebook. Não há registro dessa declaração e a assessoria de imprensa da Casa Civil nega que Braga Netto tenha dito algo parecido.
Desde o fim de semana, publicações com a frase ultrapassaram 10 mil compartilhamentos. Em nota, a Casa Civil respondeu que o conteúdo é falso: "O ministro-chefe da Casa Civil, Braga Netto, não é o autor dessa mensagem. Inclusive as redes sociais estão sendo contactadas para tomarem providências em relação ao uso indevido da imagem do ministro".
Em abril deste ano, circulou nas redes sociais um áudio falsamente atribuído a Braga Netto, em que uma voz pedia intervenção militar. Na semana passada, o Estadão Verifica desmentiu que o ministro seja autor de carta contra o STF.
Análise pela ferramenta de monitoramento de redes sociais CrowdTangle demonstra que a frase atribuída a Braga Netto sobre intervenção militar no STF começou a ser compartilhada em dezembro de 2018. No final daquele ano, o militar era o interventor federal no Estado do Rio de Janeiro. Antes de assumir a Casa Civil, em fevereiro deste ano, também foi Chefe do Estado-Maior do Exército ao longo de 2019.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.