O que estão compartilhando: que um novo estudo da agência sanitária americana, a FDA, confirmou haver maior risco de convulsões em crianças após a vacinação contra covid-19. De acordo com os resultados, a incidência de convulsões febris foi 2,5 vezes maior em crianças um dia após receberem o imunizante.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Primeiramente, a vacina em questão não é aplicada em crianças no Brasil — aqui, dos 6 meses aos 5 anos incompletos, são usadas a Pfizer Baby e a Coronavac.
Ao Estadão Verifica, a FDA explicou que um estudo de fato identificou risco de convulsão febril em crianças de 2 a 5 anos de idade, no primeiro dia após vacinação com dose da Moderna contra a covid-19. Entretanto, ainda assim as convulsões febris eram muito raras. “O estudo identificou apenas 10 casos de convulsão febril após mais de 110.000 vacinações com a Moderna”, esclareceu a agência. “Apesar dessa nova descoberta, a totalidade das evidências científicas continua a mostrar que os benefícios da vacinação contra a covid-19 para crianças superam os riscos”, afirmou.
Saiba mais: A pesquisa original foi postada dia 19 de março deste ano, em um site para cientistas de saúde. O portal destaca logo na página inicial que publica preprints, ou “pré-impressões”, que são relatórios preliminares de trabalhos que não foram certificados pela revisão por pares. O site informa que “não se deve confiar (nos pre-prints) para orientar a prática clínica ou o comportamento relacionado à saúde e não devem ser divulgados na mídia como informações estabelecidas”.
Um alerta sobre esse estudo da FDA circula no Telegram desde o dia 28 de março e soma mais de 5 mil visualizações. Um texto sobre o assunto foi postado próximo à data no blog de Allan dos Santos, um blogueiro foragido da Justiça brasileira desde 2021 e banido de redes sociais por disseminar notícias falsas.
Crise convulsivas após vacinação
O pesquisador Marcus Tulius T Silva. da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e coordenador do serviço de Neurologia do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN/DASA), destacou que análises recentes, que reuniram vários estudos sobre um mesmo assunto, observaram que a incidência de crises convulsivas em pessoas vacinadas era muito pequena. Inclusive, era menor do que a chance de crise convulsiva pela própria covid-19.
“Quando você coloca na balança, vacinar é muito mais seguro do ponto de vista de todos os aspectos, do que não vacinar com temor de uma possível crise”, afirmou Silva. “Não se justifica esse medo”, assegurou.
O Estadão Verifica desmentiu, por exemplo, que a vacina infantil anticovid cause consequências mais graves que a própria doença. Também foi esclarecido que quadros da Síndrome de Guillain-Barré associados à vacinação são raros.